Joshua foi aparecer dois dias depois. Dois dias em que vivi uma agonia dentro do meu peito. Era uma necessidade pessoal minha de olhar diretamente em seus olhos e tocá-lo para saber se não era mais uma de minhas ilusões em minha frente.

Era de manha ainda quando a campainha tocou. Eu estava tomando meu café. Quando vi pelo olho mágico que era ele, abri a porta rapidamente, ele entrou e fechei a porta. Ele abriu seus braços esperando meu abraço, e eu me entreguei. Abracei-o com toda a minha força. Apertava seu corpo contra o meu para sentir seu cheiro. Nem ousamos falar alguma coisa, o abraço falava por nos.

– O que você tem? – Ele perguntou ainda abraçado em mim.

– Tudo o que você pode imaginar, mas principalmente saudade.

– E o que fizeram pra você estar magoado.

– Jonathan e os outros. Não me obrigue a dizer mais, isso dói tanto.

– Não vou te obrigar a nada. – Ele me abraçou com mais força e pude ouvir seu coração batendo.

– Achei que você não viria mais me ver. – Comentei.

– Eu estava pensando o mesmo antes de vir pra cá. Alec, só passei pra ver como estava, agora tenho que ir. O Spencer está me esperando voltar pra irmos comprar algumas coisas. Podemos marcar alguma coisa pra outro dia?

– Tudo bem. – Falei triste. – Você e o Spencer podem vir jantar aqui no sábado que vem, se estiverem livres.

– Marcado. Sábado que vem estaremos aqui.

Ele deu um beijo na bochecha, olhou pra trás com um sorriso bobo nos lábios, abriu a porta e foi embora. Simplesmente foi embora. Eu fiquei ali sem entender aquele gesto. E o sorriso que ele deu ao olhar pra trás.

Mais que diabos tinha sido essa atitude do Joshua? Se for o que eu estou pensando, as coisas com aquela vaca estão de mal a piores e que essa demonstração de afeto era um sinal vindo do alem. A única certeza que eu tinha era de que se ele ainda estava com ela e de repente começou a me amar, embora já me amasse antes, alguma coisa estava acontecendo. Talvez ele tenha notado que ela não é o que ele pensava que fosse.

Enquanto eu pensava o que iria preparar no jantar com Spencer e Joshua, peguei meu caderno e procurei mais um titulo para iniciar a descrição dos meus motivos.

MOTIVO 6: CIUMENTA

Pode ser coisa da minha cabeça, mas sempre que ela vê você comigo ela sente certo grau de ciúmes que dá para sentir o cheiro de ciúmes no ar de longe. E nem se fala no olhar que ela faz.

Não sei se isso acontece só comigo ou com outras pessoas também, mas é constrangedor não só pra ela, mas para mim também. E isso tudo acontece por uma única coisa: ela sabe sobre a gente e não sabe pouca coisa não! Ela deve saber de tudo, exatamente tudo o que aconteceu entre a gente.

Penso que esse ciúme dela deve ser algo normal, afinal você está com ela, mas sou eu quem estou em seus pensamentos. Joshua, coloca uma coleira nela porque qualquer dia ela pode avançar em alguém e passar alguma doença para a pessoa que ela morder.

Terminei de ler e pensei comigo mesmo “Como o meu humor é negro.” De tão negro chega a ser maléfico, mas a vaca que está ao lado dele merece esse humor negro. Eu só queria ser um mosquito pra ver a cara do Joshua quando lê-se meus motivos. Seria uma expressão, uma careta inexplicável. Se me perguntassem o que eu sinto quando vejo ela eu responderia qualquer palavra que me viesse a cabeça no momento. Embora sejam muitas as palavras que eu tenho em mente quando a vejo.

Eu estava sendo cruel ao escrever tais palavras de meus motivos e estaria sendo sincero com Joshua, e quando ele lesse meus motivos ele saberia que não passa de verdade. Foi o que eu fiz quando ele listou seus motivos para detestar a Iza. Era isso que me incomodava nela: o seu jeito patético. Ela não é nada sem ele, sequer seria famosa se não fosse por ele. Por causa do nome dele. E por coincidência ou não isso também aconteceu comigo meses antes quando eu estava com a Iza.

Embora a verdade doa no ego das pessoas, é a verdade é que o que falamos é mesmo a verdade e quando falamos a verdade, a mascara de algumas pessoas simplesmente caem.