Baú da Perdição escrita por nikka
Notas iniciais do capítulo
Recomendo, este´está bem legal.
Evarínya apareceu pela manhã e acordou Allan com um sussurro que arrepiou os cabelos mal cortados dele
- que horas são? – perguntou o garoto reprimindo um bocejo
-aproximadamente umas três da manhã – disse a Elfa totalmente desperta
- TRÊS DA MANHÃ! – exclamou o garoto indignado
- Você quer que eu te ensine magia na frente de todo mundo?
- não, mas três da manhã?!?!
- por mim tudo bem, se você fracassar não sou eu quem vai passar vergonha – chantageou a Elfa fazendo menção de ir embora.
- Não, espere! Você disse magia?
Quem visse a cena poderia até achar engraçado: uma mulher muito bela em trajes masculinos com um garotinho no meio do mato sentados lado a lado segurando um punhal comum olhando para o céu ainda meio escuro.
Na verdade a Elfa estava recitando uma ladainha para invocar os poderes concedidos pelos Deuses apenas aos seres místicos. Quando já passava das cinco da manhã a Elfa parou de falar passou meia hora deitada de borco no chão, o garoto preocupado foi dar uma espiadela e por pouco não deu um berro que seria capaz de acordar a ilha inteira.
Os olhos da Elfa (normalmente cor de mel) estavam completamente brancos, e no momento em que o menino preparava os pulmões a Elfa se ergueu do chão voltando ao normal.
- Aproxime-se – Chamou a Elfa.
O garoto negou em silencio, ainda abobalhado pelo que vira.
- não seja idiota, estou normal, pode vir!
O garoto não se mexeu
- se você não vier a magia não poderá se concluir e você não terá Poder algum!
O garoto se aproximou istantânemente
- preste atenção, o que aconteceu aqui morre aqui, é proibido expressamente pelo Código de Base invocar o Poder e repassá-lo para algo ou alguém. Por enquanto o Poder está no punhal.
- Por que um punhal?
- pois o Poder precisa passar para o seu sangue, ou você acha que eu iria cortar você com uma espada?
- Na verdade eu não esperava ter que me cortar – disse o garoto com um pouco de medo do que a Elfa iria fazer.
- você quer realmente acabar com a maldição?
- Quero! – Respondeu o garoto tentando parecer mais corajoso do que se sentia.
-Ótimo, então não terá nenhum problema.
E depois de dizer isso a Elfa se aproximou agilmente do garoto e fez com que o punhal atravessasse a garganta dele, o sangue começou a jorrar e o garoto desabou no chão.
- Merda! Matei o menino, a magia não deu certo e... – mas a Elfa foi obrigada a parar suas lamentações, pois o garoto foi bruscamente erguido no ar, o sangue que manchava o chão começou a brilhar, punhal se iluminou e tudo cessou tão rápido quanto tinha começado, o menino desabou e tudo voltou ao silencio matinal.
- Allan! Allan... Allan... – Evarínya falava com o menino para mante-lo acordado enquanto saiam da mata.
Quando Allan despertou estava em uma cabana de madeira que ele supôs que fosse da Elfa, ao se lembrar do que havia acontecido involuntariamente levou a mão ao pescoço e deu um berro ao sentir o tamanho do corte que ali estava. Levantou-se da rede em que estava deitado e se sentiu um pouco tonto e pensou enquanto tocava novamente o pescoço que adoraria saber onde estava Evarínya e de repente escutou a voz dela, olhou em volta mas não viu ninguém então a voz disse “você é realmente meio burro, não garoto?eu estou na sua mente!”
- Na minha mente?
“não precisa falar, é só pensar o que quiser me dizer”
“Eu quero que você venha aqui, seja lá onde seja o buraco onde você me largou depois de tentar me matar”
“eu não tentei te matar, eu lhe matei. O ‘buraco’ onde você está é minha casa e eu estou chegando”
- Cheguei! – essa ultima palavra a Elfa disse em voz alta.
- onde estava? – perguntou o garoto em tom de acusação
- calma, eu fui buscar o jantar.
Enquanto o menino via a Elfa trabalhar em cima dos legumes que ela trouxera ele não agüentou mais e perguntou
- O que realmente aconteceu comigo?
- eu lhe matei e lhe dei a vida. – respondeu a Elfa sem deixar revelar nenhuma emoção.
- Mas como isso pode ser verdade? – perguntou o garoto, e então a Elfa se aproximou com duas tigelas com cozido. O menino fez uma cara de nojo, mas começou a comer quando viu que a Elfa estava olhando para ele.
- preste atenção moleque, pois eu não quero ter que explicar mais de uma vez: o Poder é concedido ao seres místicos, apenas aos seres místicos Eu fiz uma magia perigosa e proibida, que é invocar o poder e dá-lo a você. Você não é mas a mesma pessoa, você passou por um processo de renascimento, a partir de hoje você é como eu, como um Serêiaco, como um Anão, ou como qualquer outra raça mística. O Poder foi concedido a você, isso não significa que você vai conseguir tirar o baú da ilha sem esforço.
- aquela transmissão de pensamentos foi..
- Algo comum entre os dotados de Poder.
- o que realmente é esse Poder? – quis saber o menino
- é a relação que agora você é capaz de ter com todas as coisas vivas que o cercam, cada espécie foi destinada a uma parte da natureza: Os Elfos foram destinados a floresta, os Serêiacos ao mar, os anões aos animais e os gnomos são os guardiões das outras espécies.
- E eu?
- Você, eu acho, que por causa da maldição seu poder também é sobre o mar.
- e por que o Capitão Francis não pode ter a magia para lhe ajudar?
- quando Francis descobriu a maldição começou a vagar pelos mares sem um curso, navegou por todos os mares, até encontrou-se com um Serêiaco que lhe deu o Poder, porém o Jovem Francis não sabia como controlá-lo e tentou então restaurar a vida um dos seus melhores amigos que havia morrido e que estava para ser jogado no mar.
Isso vai contra com a regra mais importante do Código de Base. Ele teve a memória apagada e não se lembra de nada disso, ele se lembra de ficar perdido no mar, então eu apareço com meu navio e o salvo junto com o resto de seus tripulantes.Quando Allan reparou já estava na terceira tigela de cozido, quando a Elfa lhe falou para passar a noite ali para ela poder observar se houve alguma mudança em seu aspecto físico. Allan começou a pensar em uma cama fofa e quentinha quando a Elfa interrompeu o pensamento.
- você vai passar a noite toda fazendo testes de força e agilidade.
- o quê?!?!? Você me acorda às três da manhã, me mata, me faz renascer como um ser místico e ainda quer que eu fique acordado para fazer testes?
- Sim – a Elfa respondeu com tal firmeza que o menino nem pensou em resmungar mais
- esse corte em meu pescoço as pessoas vão reparar, porque não é todo dia que aparece uma pessoa viva e com um buraco no pescoço e... – ele reparou que a Elfa dera um sorriso, e que era a coisa mais linda que ele já tinha visto. De repente ficar a noite toda em companhia da Elfa não pareceu tão ruim
- Fique parado para eu poder ver o que é preciso fazer. – o garoto sentiu quando a Elfa encostou a mão no seu pescoço cortado, sentiu a palma da Elfa esquentar , sentiu como se o seu pescoço se juntasse novamente e inesperadamente tudo cessou, assim mesmo sem luzes, sem estrondos, sem mais nem menos.
- é só isso? – perguntou o menino um tanto decepcionado
- o que é que estava esperando, uma varinha mágica, luzes brilhantes e depois um chá quentinho para ir dormir? Aprenda de uma vez por todas que isso não é um conto de fadas, é a realidade e quem nem sempre vai ter um final feliz.
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