- Neal, isso é errado, depois de tudo que Peter fez por você...

- Ele sempre soube que um dia eu ia fazer isso. Sabe, uma vez no lado negro, sempre temos um pezinho lá.

- Ela tem quantos anos? 34?

- 35. E eu 32, cara, não importa!

- Claro que importa, estamos falando de Elizabeth Burke!

- Eu me arrependi de ter te contado – Neal fuzilou Mozzie com o olhar. – Estou indo. Sabe se virar sem mim né?

Mozzie olhou sério para Neal, sem esperanças de convencer ele do contrário. Sabia que ele nunca seria pego, nem mesmo por Peter. Neal Caffrey é profissional.

Neal saiu pela porta e o vento bateu em seus cabelos, jogando-os para trás. Ele arrumou-os ligeiramente e pôs seu típico chapéu. Acenou para uma moça que o observava no outro lado da rua e ela corou ligeiramente. Riu baixo do efeito que provocou na moça e começou a caminhar pela calçada, a caminho de uma das tantas casas de Mozzie, que seria palco de seu delito.

Elizabeth não tinha a experiência e malandragem de Neal. Muito menos uma equipe que poderia lhe apoiar, como com Peter. Ela só tinha a coragem e esse sentimento estranho que a dominava, fazendo-a aceitar essa loucura. Olhou-se no espelho da sala e passou as mãos suavemente por seus cabelos. É a hora. Pensou.

Neal chegou à casa de Mozzie e ficou feliz por ser o primeiro. Abriu a porta e um aroma de jasmim o dominou. Olhou pela sala, tentando recordar do lugar que há tanto tempo na vinha. Não era a casa predileta de Mozzie. Não demorou muito para Neal escutar batidas na porta. Ele reconhecia aquelas batidas, eram inconfundíveis. Era Elizabeth.

Foi em passos largos até a porta, passando as mãos pelos cabelos, arrumando-os.

- Elizabeth?

- Neal! – Ela respondeu, com certo alívio.

Ele abriu a porta, ela entrou e o abraçou. Ele fechou a porta com o pé e envolveu a mulher em seus braços, sentindo seu perfume. Podia sentir que ela estava com medo, e por um momento não soube o que fazer.

- Hey, Ellie, tudo bem?

- Agora estou bem.

Ela levantou o rosto. Ele sorriu para ela e beijou seus lábios com calma e sentiu ela se soltar aos poucos. Eles riram por alguns segundos.

- Não quero ver Peter vendo isso.

- E eu não quero ver você na prisão novamente. E por minha causa.

- Isso não me botará na prisão. Adultério não é crime.

- Mas ele faria qualquer coisa para de pôr lá. Ou no mínimo abriria a mão de ser seu responsável... Ah Neal, eu não quero isso!

- Ele não me pegava nem quando eu falsificava obras de arte. Acha que vai fazer isso só porque estou saindo com a mulher dele?

Ela riu. Não eram apenas os olhos azuis ou o corpo atlético de Caffrey que a seduzia. Era sua personalidade. Era seu lado mau que vinha tona toda vez que ele falava em particular com ela. Seu toque era incomparável. Talvez não fosse o toque de Neal, mas o que existi entre eles. Isso sim era incomparável.

Ela abriu a boca para começar a falar, mas foi interrompida por um bip do localizados de Neal. Os dois olharam imediatamente para o tornozelo dele.

-Peter quer saber onde estou.

- Oh my... Neal, eu preciso ir!

- Não! Você fica! Vamos lá pra cima.

Os dois subiram rapidamente as escadas e entraram no primeiro cômodo que viram. Era um quarto de casal com uma sacada para o fundo do lote.

- Por que raios fizeram uma sacada para o fundo do lote?

- Bem, vai nos servir para alguma coisa.

Neal empurrou sem muita força Elizabeth para a sacada.

- Fique aí, Peter nunca vai te ver. Fique em silêncio. Depois eu venho te buscar.

- Neal!

- Vai ficar tudo bem. – Ele deu um selinho demorado nela – Te amo.

Ele fechou a porta e era como se ninguém tivesse ali do outro lado. Buscou uma mala e começou a por algumas roupas do armário lá dentro. Não passaram 5 minutos até alguém bater na porta.

Neal desceu as escadas correndo e abriu a porta.

- Peter. Sabia que vinha.

- Ouviu o localizador? Cadê seu celular?

- Esqueci com Mozzie lá em casa.

- Não pode desaparecer assim.

- Eu não desapareci, você me achou.

- Há, engraçadinho.

- Quanto mau-humor Peter...

- O que está fazendo aqui?

- Vim pegar umas roupas do Mozzie. Será que podemos deixar com ele antes de irmos.. er... trabalhar?

- Ah, claro. Pegue logo e vamos.

Neal se inclinou para o lado da porta, com se assentisse e pegou a chave. Subiu as escadas correndo e entrou no quarto. Abriu a porta da sacado.

- Ele desconfiou de nada – Disse ele para Elizabeth e lhe entregou uma chave – Esta é a chave dos fundos. Saia daqui a vinte minutos. Depois conversamos.

- Espere! – Ela trancou a porta com o pé. – Também te amo.

Ele sorriu e beijou ela rapidamente. Fechou a porta e pegou a mala. Desceu as escadas e saiu da casa com Peter com aquela satisfação de vitória que sempre sentia quando realizava um roubo.