Theres Never a Forever Thing escrita por LittleFish


Capítulo 1
One-Shot.


Notas iniciais do capítulo

Criei essa fic apartir dessa música do A-Ha, que apesar de bonita, é bem triste.
E também de um fato que ocorreu comigo, quando vi uma mulher mais ou menos com as mesmas características, dormindo na rua em um dia chuvoso.

Fiquei extremamente triste depois desse fato e então criei essa one-shot curtinha.

Espero que curtam.



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A mulher cobriu-se com o lençol rasgado por causa do imenso frio, porém de nada adiantou.  Os buracos que nele havia eram grandes de mais para que proporcionassem alguma espécie de calor. Ela tremeu, desolada.

Dearest...Close your eyes now. Don't you cry. It's all right

Querida... Feche seus olhos agora. Não chore. Está tudo bem

Queria chorar, mas não conseguia. Todo o seu “estoque” fora gasto assim que perdera tudo. E o que seria tudo para aquela mulher de cabelos desgrenhados, vestido imundo e rasgado, que morava na rua? Pois, apesar de poucas, ela ainda tinha posses antes de ir parar naquele lugar, onde sobreviver é uma luta.

Ela presenciara coisas terríveis ali. Mortes horrorosas, pessoas deficientes sendo chutadas e espancadas, dores, tristezas, maldades... Sempre havia uma lápide improvisada para aqueles que morreram na rua. E ela temia que a dela fosse a próxima.

Antigamente possuía uma pequena casa na favela, feita de taipa, era o seu bem mais precioso. Naquela época ela tinha um teto para cobrir sua cabeça, alguns lençóis limpos e cheirosos... Algo para chamar de seu.  Ela nunca chegou a reclamar de sua vida, pois mesmo com pouco, conseguia ser feliz e levar a vida sempre sorrindo, apesar da dificuldade.

Mas desde o dia que fora despejada de sua casinha, ela nunca mais soube o que era sorrir. Sua vida havia se tornado um inferno.

– Vamos lhe ressarcir – Eles disseram quando derrubaram sua moradia.

Ela acreditou e esperou. Sempre tentando se manter otimista, ela esperou... E esperou e esperou. Mas nada aconteceu. Então foi obrigada a ir para o único lugar para onde iam aqueles que perderam tudo: a rua.

Foi aí que todo o seu tormento começou.

Nunca havia imaginado que o dia a dia na rua seria daquela forma. Às vezes passava fome, nem todos os dias tinha uma refeição completa... E quando tinha alguma refeição. Os carros quase lhe atropelavam, os adolescentes riam e a xingavam... Ninguém lhe dava valor, ninguém a amava. Sua existência tornou-se um infortúnio para si própria.

Vivia ao relento, levando chuva e outras intempéries. Seu sono era sempre perturbado pelo frio, pela chuva ou pelos carros que passavam. Criaram-se olheiras em seus olhos castanhos. Seus cabelos perderam o tom, ficando apenas os fios brancos. Ela nunca fora bonita, mas agora havia perdido o que mais encantava em si: o sorriso. Nada mais lhe restara de seu antigo lar, apenas um velho cobertor, que ficara velho com o passar dos anos.

Lie back. Leave the light on. It's all right, dear

Deite-se. Deixe as luzes acesas. Está tudo bem, querida

Sim, passaram se anos desde que ela havia se mudado para a rua, e nada havia sido feito. Aqueles que a despejaram, talvez a julgassem morta e não lhe restituíram a casa... Mas era mais provável que nem se quer se importassem realmente com esse fato do passado.

A mulher só queria deixar a cabeça em sua cama, pelo menos um dia, e dormir tranqüila. Não queria mais viver naquele frio terrível... Não queria ficar a mercê da chuva ou dos carros... Só queria ir para casa.

It's all right now. Don't you cry now

Está tudo bem agora. Não chore agora

Vivia da caridade de poucas pessoas. Não que fosse pedinte, não... Isso nunca. Mesmo que estivesse passando fome, ela era muito orgulhosa para esticar a mão e pedir assim. Com as poucas moedas que sempre lhe jogavam, a mulher passou a comprar bombons e a vendê-los nas ruas ou nos sinais. Não era uma renda muito boa, mas pelo menos ela poderia ter uma refeição razoável por dia.

Triste? Sim, muito. Mas não havia nada para ser feito. A mulher apenas tentava sobreviver da melhor maneira que podia.

Tinha sonhos? Vários. Queria construir uma casinha simples, onde tivessem inúmeros cobertores para que nunca mais sentisse frio. Queria uma lareira onde o fogo crepitasse de modo acolhedor. E principalmente: queria ter motivos para sorrir novamente.

Podia ser que ela realmente estava sonhando muito, mas não conseguia evitar de fazê-lo. Precisava de algo que a mantivesse viva e com vontade de superar os obstáculos. Precisava de algo que a mantivesse motivada, que a fizesse querer viver, que lhe impulsionasse a continuar naquele frio de gelar a alma.

Ela precisava de algo... E esse algo eram seus sonhos.

Não desistiria, apesar de tudo. Secou suas lágrimas então. Sim, sempre que pensava naquelas coisas, as lágrimas que outrora não saiam, finalmente brotavam de seus olhos tristes, caindo com certo alívio por seu rosto marcado.

“Hush...Wipe your tears away. There's never a forever thing”

“Acalme-se... Seque suas lágrimas. Nada é para sempre”

A mulher apenas sabia que não adiantava chorar. Um dia toda aquela dor iria passar, aquele tormento iria desaparecer. De uma forma ou de outra, finalmente poderia descansar em paz em sua cama quente. Ela tinha certeza e convicção.

Pois nada é para sempre.

*FIM*


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Notas finais do capítulo

Bom... É isso.

Espero que tenham gostado. E que por gentileza digam o que pensam (que formalidade!).

Então aqui vai a típica pergunta:
— Reviews??



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