Please Dont Go! escrita por Paula Chan
Please... Don’t Go!
As últimas malas foram fechadas. O último casaco fora apanhado. Ainda olhara em volta para certificar-se de que não se esqueceria de nada. Apesar de ter-se crente que o mais precioso que pudera esquecer, talvez fosse o mais necessário a se resgatar.
Seu amor. Ou o que restara dele.
No entanto, não adiantaria mais esgotar-se por isso. Não valeria de nada, assim como nunca valeu realmente. Permanecer ali acabaria com quaisquer vestígios de sanidade. Quaisquer vestígios de emoção... Força... De querer reerguer-se.
Acabaria de vez com os vestígios do seu amor próprio.
E ele estava exausto...
...Esgotado...
... Machucado...
Agarra as alças com firmeza e se dirige em passos lentos, porém decididos, até a porta que o colocaria para fora daquele lugar que algum dia já chamara de lar.
Mais alguns passos e estaria livre de toda dor... Todo abandono... Toda humilhação.
- Desculpe-me.
A mão direita alcança a maçaneta, mas não a move. Aquela voz hora serena... Hora extremamente rouca o faz parar, mas não o faz se virar. Talvez não quisesse vê-lo. Talvez achasse que doeria menos de não o fizesse.
- Talvez seja tarde de mais para isso.
E sua única frase vai-se junto a um suspiro... E desaparece.
- Você partirá... Me deixará aqui sozinho?
- Você não estará sozinho. Seu enorme ego lhe fará companhia.
E nada mais fora ouvido ou verbalizado. Ele abrira a porta e saia. Em momento algum olhara para trás.
Alcançara o elevador e apertara o botão que o levaria ao estacionamento. Alguns segundos de passam e a porta metalizada se abre, dando-lhe caminho para dentro. Vazio. Agradecera por isso.
Solta um suspiro frustrado quando percebe um corpo atravessando o vão da caixa fria. Com os olhos lacrimejantes, sendo fortemente segurado por um porte orgulhoso e perdido.
- Por favor... Não vá.
E porta em sua frente se fecha. E o elevador inicia-se sua descida. Os dois corpos existentes naquele espaço pela primeira vez naquela tarde se encaram. Sem obstáculos. Sem impedimentos. São obrigados a se enfrentarem. Desiludissem.
- Não faça isso. Não o faça conosco.
- Eu o quero comigo. Para sempre...
- Você me teve. Nunca lhe faltei um instante sequer. Mas, a verdade... Não pude ser o suficiente para você.
- Olhe para mim. Você pode ver todo o amor que tenho por você?
- Eu não consigo... Não o vejo, Shaka...
- Ele está aqui... Esteve sempre... Por todos os momentos... Todos eles...
Ele se aproxima lentamente. Seus olhares juntam-se cúmplices. Seus corpos se encostam. Sua cintura é rodeada por um abraço carinhoso enquanto uma palma alva afagava sua face corada.
Seus narizes se tocam. Suas respirações misturam-se. Seus lábios são tomados numa caricia leve... Saudosa... Afetiva... Tenra.
O beijo mesclava-se entre o doloroso... A magoa acumulada... O medo repreendido... O amor puro e leal...
Era correspondido de mesma intensidade. De mesma saudade...
O elevador chega ao destino. A porta se abre.
Mú aparta o beijo e se afasta, entre o ofegante e o tenso.
Seus olhos cruzam-se novamente. Seus passos o movem.
Seus olhos cruzam-se novamente. A porta volta a se fechar.
Uma lágrima vaga por seu rosto.
Era hora de partir.
END
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