Família, Amigos e Missões escrita por VanNessinha Mikaelson


Capítulo 1
Capítulo 1. Surpresa em meio ao trabalho


Notas iniciais do capítulo

ÓTIMA LEITURA!
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  Capítulo 1 – Surpresa em meio ao trabalho

  Seis meses se passaram após a batalha contra Kasbeel, anjo que objetivava destruir tudo que existisse na Terra. Seis longos meses, nos quais nenhum ser angelical aparecera, nem para enfrentar Lúcifer, que continuava aliado aos Winchester’s e a Bobby, muito menos para desafiar Sam, que recebia treinamentos cada vez mais árduos por parte do ex-rebelde. Tudo se mantinha quieto até demais. O tempo passava impiedoso. E nas mentes dos irmãos e do caçador que consideravam como pai, apenas uma idéia preenchia os pensamentos deles: trazer Cass de volta. Ainda que Azrael estivesse sumido – se é que de fato vivera após o violento golpe que o flagelou –, nada era mais relevante do que libertar o amigo, que se sacrificara de maneira arriscada.

  Leram diversos livros, consultaram videntes, contataram espíritos; ninguém, contudo, sabia qualquer outro encantamento que viesse a abrir a jaula. Nem mesmo Lilith, que sugeriu quebrar outros 66 selos e ser morta por Sam novamente, o que Dean desconsiderou de pronto. O loiro não queria perder mais nenhum amigo – e ainda que soasse estranho, a mulher era tida como tal.

  Samael, por sua vez, tentava abrir a gaiola com os anéis dos cavaleiros – morte, peste, fome e guerra –, o que não surtia efeito algum. Intrigado, procurou compreender o porquê, mas não encontrou nada de concreto que o ajudasse. Olhava desolado para o horizonte a cada vez que os utilizava; chegou a ir ao cemitério em Lawrence – local da quase inevitável batalha entre Miguel e ele –, para destrancá-la. Nada, no entanto, foi obtido. O desespero tomava conta dele, que permanecia em silêncio; a culpa o consumia por inteiro por não poder salvar Castiel.

  Considerando a busca infrutífera, Bobby aventou, com um ar desolador, a possibilidade de retomarem a estrada, de caçar monstros e outros seres. Os irmãos e o anjo concordaram de imediato; era melhor auxiliar alguém que precisasse a ficar ali sem tarefa alguma.

  Enquanto isso, Lilith se concentraria em descobrir uma maneira eficaz de abrir o buraco para resgatarem Castiel. Assim que soubesse de algo, prometeu entrar em contato para pô-los a par do assunto e partiu em direção a Detroit.

  As semanas seguiam sem qualquer notícia, o que inquietava os Winchester’s. Bobby tentava acalmá-los, afinal de contas seriam informados pela ex-demônia caso houvesse novidades. Mas o que mais lhes preocupava não era somente a falta de uma hipótese sequer, e sim o visível desespero demonstrado por Lúcifer, que pouco falava durante as caçadas. De forma mecânica, fazia o trabalho e já buscava um outro acontecimento sobrenatural para investigarem.

  Sam, por sua vez, pretendia conversar com o anjo. Procurava o melhor momento para tal, porém não obtinha sucesso. Quando se livravam de um trabalho, eles arranjavam outro logo depois. Aquilo deixava o jovem Winchester alarmado frente à desesperança emanada pelos tristes olhos do outro. Parecia que a cada dia sem notícias, a cada segundo sem saber o que Lilith viria a lhes dizer, sua expressão se tornava mais pesada.

  Foi em uma noite quente, do mês maio de 2012, enquanto Bobby e Sam dormiam, que Dean conseguiu falar com Samael. O Winchester mais velho se aproximou cauteloso, ao notar que o homem vestido de preto sentara no sofá do quarto de motel que reservaram e que, com olhos semicerrados, sorvia um grande gole de uísque.

  Acho que o calor é inapropriado para essa bebida, não concorda? – perguntou, apontando para o copo; era um modo eficaz de iniciar o diálogo.

  – Eu não sei, pouco me importo com isso sussurrou, para não parecer rude.

  – Olha cara, a busca ta difícil, eu sei. Mas acredite, nunca senti tanta falta de Cass como sinto agora. Aquela expressão, aqueles olhos de desentendido, a proteção, a lealdade conosco... Eu sinto muita falta do meu amigo anjo – fez uma pausa e prosseguiu: – Imagino como você deve estar; o observo sempre que possível, e o que vejo não é nada agradável. Sei que seria complicado se estivesse tudo bem pra você, porque não está – o outro assentiu e o loiro continuou: – Só que nós vamos trazê-lo de volta, o Cass não merece...

  – Tem razão, ele não merece – interrompeu o ex-rebelde. – Mas eu sim. Essa merda toda é por minha culpa, porque o desejei para mim, e as coisas descambaram. Agora lido com um sentimento que não sei se posso encarar sozinho, e ele corre perigo lá no buraco com Miguel... Se aqueles malditos anéis funcionassem, ao menos teríamos... – parou de falar; o celular que carregava consigo tocou.

  Em um sobressalto, Lúcifer o retirou do bolso e o atendeu. O alívio ao ouvir a voz de Lilith foi indescritível. Não apenas porque queria alguma notícia nova, mas sim também porque já estava preocupado com a mulher, que sumira há semanas.

  – Por que demorou tanto para telefonar? – a questão soou em um tom amável.

  – Acho lindo quando você usa esse jeito de falar... Tão dócil – o sarcasmo dela o fez sorrir. Um sorriso que não dera há seis meses. – Não liguei porque busquei informações a respeito de um certo alguém que os ajudará a abrir a jaula.

  – O quê? Quem? Onde você está? Ta tudo ok, ou precisa que eu vá voando?

  – Não, obrigada, tudo certo até agora. Estou em um local para encontrar Baltazar, um soldado angélico que me será útil.

  – É... Bem, ele era um dos únicos amigos de Cass no exército – rememorou.

  – Exato. Por isso estou atrás dele. Creio que ele saiba onde Azrael foi parar, se é que o irmão mais velho de Castiel sobreviveu.

  Sim, claro, entendo. E onde temos de ir, quem temos de encontrar? – perguntou, depois de pegar uma caneta e um papel.

  Dean observava a expressão impaciente do outro e tentava compreender alguma coisa do diálogo, ainda que fosse bastante difícil.

  – Detroit, Michigan. Vocês devem procurar por um jovem da família Campbell – o anjo ficou confuso.

  – Mas o que esse sujeito tem a ver... E como vai nos ajudar a abrir a gaiola?

  – Ele é da família dos Campbell; vem de uma linhagem respeitável. É neto do irmão de Sammuel Campbell, James. O pai do rapaz de que falo era um dos mais temíveis caçadores da época. Mas você sabe como a família de Mary Winchester, filha de Sammuel, era envolvida até o pescoço com os de nossa classe, não é?

  – Sim, sei perfeitamente bem. E o garoto também se vendeu a um demônio?

  – Não. Ele foi morto pouco antes de completar vinte e um anos, em uma das várias tempestades provocadas por Kasbeel, que destruiu boa parte de Detroit. Esse fato ocorreu há oito meses. Por motivos que não sei quais são, o anjo queria o jovem morto. Só que deu errado. Alguém o trouxe de volta. Após uma rápida investigação, percebi que ele procurava pelos irmãos.

  – Os Winchester’s? Mas que diabos...? – Lúcifer se mostrava impaciente com as novidades.

  – Isso mesmo! Conversei com o garoto rapidamente. Ele me disse que anjos e demônios queriam pegar seu físico; precisavam de uma inscrição feita no tórax dele, a qual infelizmente eu não consegui transcrever. Pelo jeito é por isso que não o deixam ir muito longe... Porque ele parece ter a chave da jaula.

  – Ok, ok, entendi agora, me diga o nome do sujeito, nós iremos até ele o quanto antes.

  – Tudo bem. O nome é Adrian Campbell – o ex-rebelde tomou nota do endereço onde o encontrariam, pediu a Lilith que se cuidasse e que, se necessário, os procurasse.

  Ao desligar o telefone, contou a Dean tudo que dialogou com ela. Explicou que, por motivos que não sabia quais, o garoto parecia conhecer algo que o tornaria peça chave no resgate de Castiel. O caçador e o anjo continuaram a conversar. Beberam mais um pouco e foram descansar por algumas horas.

  (..........................................).

  No dia seguinte, os caçadores e o ex-rebelde saíram de Dacota do Norte em direção ao local que lhes fora dito. Como a viagem era longa, apenas o rock faria o tempo passar mais depressa. Por isso o loiro ligou AC/DC e só retirou a fita quando chegaram a Detroit.

  Assim que entraram na cidade, o medidor de energia paranormal começou a vibrar descontroladamente, o que chamou a atenção dos ocupantes do Impala. Sam enchia as armas com sal, porque não sabiam o que havia ali.

  – Aí tem coisa – comentou Bobby. – É melhor nos prepararmos, levarmos tudo que temos a mão.

  – Essa localidade deve estar cheia de demônios – ponderou o mais novo dos irmãos. – E eles devem querer pegar o tal Adrian. Vamos com calma.

  – As ruas estão vazias e parcialmente destruídas, o que é um mau sinal. Mas agora que viemos pra cá, é melhor seguirmos até o local dito por Lilith – disse Dean, enquanto estacionava o carro.

  Desconfiados, os ocupantes do veículo desceram e ficaram a postos. Examinaram o lugar, nada havia em volta. Apenas dois caminhões tombados em uma esquina e alguns corpos, possivelmente dos ocupantes dos veículos. Os caçadores e o anjo decidiram, porém, andar até que encontrassem sinal de vida. Logo pararam, já que Samael sentiu algo estranho.

  – O que foi cara? – o loiro percebeu a inquietação do amigo. – Aconteceu alguma coisa?

  – Não sei, é o que vou descobrir. Retornarei depois – e sumiu no ar sem dizer uma palavra que lhes desse pistas do que iria fazer.

  – Excelente! Se não temos o Cass, outro anjo assume o posto que ele ocupava! – resmungou Dean.

  Os caçadores continuavam caminhando. Não sabiam que, na rua que entraram, o perigo era maior do que o costumeiro. Diversos fantasmas esperavam por eles. Espíritos enfurecidos, que prenderam Bobby e o Winchester mais velho a uma parede com o mínimo esforço possível. Sam ficou de pé, mas não foi muito longe. Um dos seres – que parecia ser o líder do grupo –, o atacou com uma faca bastante afiada. Como a arma de corte usada originalmente por Ruby estava com Dean, que não conseguia se mover e, para piorar, o sal não surtia o menor efeito, o rapaz não obteve vantagem. O Winchester mais novo caiu ao chão com dois profundos cortes na cabeça. Era o fim para ele. Sem poder usar os dons que treinara, pois eram controlados por uma energia misteriosa, apenas esperava o golpe final. O irmão gritava desesperado, bem como Bobby, mas nenhum deles tinha forças suficientes para se libertar.

  Um garoto, entretanto, apareceu. Chamou a atenção dos espíritos para si, enquanto que Sam se arrastava até Singer e o loiro para, com a telecinésia, libertá-los de uma vez por todas. Quanto ao recém-chegado, se defendia de um ataque organizado pelos fantasmas.

  – É exatamente ele a criatura que procuramos – comentou Dean. – Mas... Como diabos o cara luta tão bem?

  – Vai ver que você se enganou – sugeriu Bobby. – Talvez seja alguém parecido...

  – Não, é ele sim! – enfatizou. – Temos que ajudá-lo! – levantou-se e vislumbrou uma sombra atrás de si. Pegou a faca da Ruby, mas abaixou a arma ao notar que era Lúcifer.

  – Ei, obrigado pela gentileza de não me atacar – o tom era brincalhão. – Cuide de Sammy, eu auxilio o garoto.

  O Winchester mais velho acenou que sim, enquanto que o ex-rebelde chamava Bobby e lhe entregava uma pistola carregada.

  – Isso é... O Colt? – surpreendeu-se. – O que quer que eu faça, se eles não ficam lentos nem com sal?

  – Apenas quero que atire neles depois que eu piscar; esse revólver mata muitos seres sobrenaturais, você sabe. Não se preocupe se errar e acabar me ferindo, apenas vai doer um pouco em mim. Só atente para não acertar no rapaz.

  Samael correu até o jovem e, com algumas palavras recitadas em latim, desmanchou a aura energética que se formara, sem deixar de piscar, indicando que Bobby podia concluir o trabalho. Em seguida os espíritos não existiam mais, o velho Singer os matara após as frases proferidas pelo ser alado.

  Deitado ao chão, um rapaz de cabelos negros, na altura dos ombros, mantinha os olhos entreabertos frente à expressão imponente do anjo que o encarava. Sequer mexia um músculo, apenas aguardava que Lúcifer o matasse, ao menos era o que pensava.

  – Não vou machucar você, Adrian Campbell, não se preocupe – o tom dócil era evidente, pois procurava tranqüilizá-lo.

  – Como... Sabe... Meu nome? – abriu os olhos, de um intenso e escuro azul.

  – Lilith, se lembra dela? – o rapaz assentiu. – Então, fui avisado por ela de que poderíamos encontrá-lo aqui. Ele é Robert Singer – apontou para o caçador mais velho. – E eles são...

  – Sam e Dean... Não são? – o ex-rebelde fez que sim com a cabeça e apontou para os dois caçadores. – Ótimo, porque preciso falar com eles. E com você também, só não imaginava que estivesse assim... Tão sociável. Não escutei coisas positivas de você no pouco tempo em que estive no Céu.

  – Geralmente não existe muito de proveitoso para se ouvir por lá. Não é um bom recanto para informações, exatamente como os vendedores de produtos por telefone – brincou o loiro.

  – Tem razão – concordou com um sorriso. Os anjos me contaram da relação de Castiel com Samael, eu sei de tudo que eles sabem. Mas não entendi bem porque o tal soldado Baltazar me trouxe para a Terra de novo.

  – Ele não disse nada a você, qualquer coisa que nos dê pistas...? – perguntou Lúcifer.

  – Sim, falou que precisava me entregar algo muito importante, e que eu deveria procurar os Winchester’s ou até mesmo você o quanto antes. – Com calma, Adrian foi até Sam e o observou. Olhou também para Bobby e para Dean. Depois, caminhou em direção a um depósito e explicou: – Esperem-me aqui, vou buscar alguém que preciso levar conosco.

  Retornou à rua com uma criança de cerca de dois anos nos braços. Chamou-a pelo nome, Evelin, e disse que ia ficar tudo bem. Os rapazes o encaravam com espanto.

  – A pequena tem algum parentesco com você? – questionou o loiro.

  – É minha filha. Ficou com a mãe dela após minha morte. Mas assim que regressei ao planeta, os demônios a mataram. Por pouco não assassinaram a pequena também. Precisamos deixá-la em um lugar seguro para que eu possa embarcar com vocês nessa viagem.

  – Tudo bem – iniciou Bobby. – Você tem razão. Eu cuido dela.

  – Tem certeza? Não vou incomodar o senhor? – o garoto tinha um tom gentil.

  – Não, claro. Eu não me importo de fazer isso. Já tenho de cuidar de dois marmanjos – apontou para os irmãos, que riram do comentário. – Porque, então, não posso ficar com ela?

  – Ok, ta bem então. Quem sabe não vamos até onde o senhor mora? Assim explico tudo a vocês.

  – Será ótimo – concluiu Dean, que já caminhava em direção à rua na qual estacionara o negro Chevy.

  – O que diabos aconteceu para você sair voando daquele modo estabanado? – perguntou o loiro.

  – Lilith foi atacada, tive de auxiliá-la e levá-la a um hospital, pois perdeu muito sangue – respondeu Lúcifer.

  – Ah sim, e nós passamos pelo maior problemão aqui! Se o garoto não aparecesse, meu irmão estaria morto agora!

  – Desculpe, eu não imaginava que vocês seriam alvo de...

  – Mas fomos – interrompeu Dean. – Da próxima vez, pense antes de sair, ok? E treine melhor o Sammy, porque essa palhaçada toda não...

  – Ei, quer se acalmar? Aquilo era uma congregação, um rito específico, os poderes de seu irmão estavam bloqueados por causa disso. Nós somos poucos, precisamos permanecer unidos se quisermos vencer. Sugiro que dirija, por favor – o tom de Adrian era calmo. – Prometi explicar tudo a vocês, e é o que farei. Não esconderei nada do que sei.

  – Ta bem, só estou nervoso; quero Cass de volta – falou o loiro, atônito frente à personalidade demonstrada pelo rapaz.

  – Ah, e eu não? Mas não é por isso que vou brigar com meus amigos assim – argumentou o ex-rebelde.

  – Ta, que droga... Eu entendi! – o Winchester mais velho ligou o veículo e passou a guiá-lo. Sam, que se mantinha quieto, era examinado pelo garoto, que contou a eles que sabia um pouco de medicina graças ao pai, John Campbell. Bobby segurava Evelin no colo e conversava com Samael, em uma tentativa de acalmá-lo. E Dean seguia atento à estrada. No pensamento, uma única idéia: tirar Castiel da jaula o quanto antes.


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Notas finais do capítulo

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Oi pessoal! Quero agradecer a todos que leram "Depois do Apocalipse", e dizer que vem mais surpresas por aí. Como John, Mary, Helen e Jo, entre outros personagens aparecerão no decorrer da história, só lendo pra saber! Mas posso adiantar que, por não haver notícia alguma deles no Céu, resolvi aproveitar algumas informações da 6ª temporada de Supernatural para criar esta história; spoiler sutil, mas que será esclarecido! Afinal de contas, um pouco de mistério não é ruim, ehehe.
Deixem reviews, por favor. Eu adoro saber o que vocês acham da fic! Valeu!