A Little Bit Longer escrita por Clara B Gomez Sousa


Capítulo 50
Delírios Pré-Morte




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E, era estranho por que, de um lado eu estava beijando minha melhor amiga, de outro, eu estava com a garota que eu amava. Claro que nem tudo eram flores na vida real, e eu ainda não sabia se Gabby me amava de verdade. E, na vida real eu ainda enfrentava dilemas. Álcool, meus amigos falsos, os amigos verdadeiros do qual eu precisava me desculpar, e... Jessica Jarrel.

No dia seguinte, eu faltei á aula, e ela apareceu na minha casa. Disse que queria voltar, e que não se importava que eu tivesse Aids. Eu baixei a cabeça, cruzando os braços. Eu ainda gostava dela. Ainda sentia algo por ela. A cena de quando eu quase transei com ela e levei um fora veio á tona.

Flashback:

Voltando ao beijo, ela tocou meus cabelos com as duas mãos e ficou acariciando-os, eu retribuí o carinho segurando-a pela cintura e puxando-a para mais perto de mim. De repente, num ato automático, ela tocou na minha camisa, e desabotoou-a, ainda quando nos beijávamos, deixando-me com o tórax à mostra.

Fomos andando para o meu quarto, e ela deitou-se na cama. Me pûs em cima dela, apoiando parte do meu corpo em um dos braços. Quando ia abrir a sua camisa, eu acordei para a vida. Abri os olhos, surpreso com o que estava prestes a fazer, e saí de cima dela num susto, me encostando-me à parede.

-O quê foi, Jus? – Ela disse, se sentando.

-Eu... eu... Eu não posso fazer isso!

-Por quê? – Ela vai te ouvir, sei que vai, mas de qualquer forma, não conta!

-Por que eu... Eu...

-Você...

-Eu... – Fechei os olhos. – Eu estou com Aids! Pronto, falei!

-O quê?! – Ela se levantou e chegou perto de mim. – Você... Aids?

-É... – Ela tocou meu rosto delicadamente, parecia ter aceitado direito.

Não, não parecia. Ela transformou aquilo em um mega-tapa. Quase caí no chão com tanta força. Na verdade caí na cadeira.

-Seu tarado! E você queria transar comigo!

-Não, eu não queria!

-Eu vou embora! – Ela se virou, e eu disse:

-Jess, Jess! Deixa eu explicar!

-Eu não posso ficar com você...

-Por quê?!

-Adeus, Justin. – Me levantei e toquei seu braço.

-Jess, por favor, não me deixe, eu amo você!

-Eu sinto muito... – Ela tirou minha mão de seu braço e foi embora. Fiquei com uma cara de panaca olhando para a porta do meu quarto.

Flashback off;

-Justin... – Jessica murmurou, me tirando de uma dimensão alheia. A dimensão dos jovens abandonados pelo amor da sua vida... – Você me perdoa?

Eu suspirei.

-Eu não sei... – Gaguejei. – Vai saber se... O que te fez querer voltar?

-Eu estou com saudades. – Ela disse. – Estou com saudades de você. Do seu beijo... Eu fui uma idiota quando te deixei. Não me importo se você tem Aids... Só me importo com o fato de que eu te amo.

Eu engoli em seco. Agora eu não sabia o que dizer, o que fazer. Por que todas as coisas relacionadas a minha vida tinham que ser tão complicadas?!

-Jess... Eu... Eu não sei. – Disse. – Você... Você me abandonou no momento que eu mais... Mais precisava de ajuda... – Encostei na parede, e tentei limpar as lágrimas que se formaram nos meus olhos. Pensar naquilo doía. – Eu sei que... Eu ainda gosto de você, mas... Eu... Posso pensar?

Ela suspirou, de cabeça baixa, mas assentiu.

-Pensa com carinho, tudo bem?- Ela perguntou. Eu assenti rasamente. – Jura?

-Juro. – Falei. – Juro que vou pensar bem. Com carinho.

Ela assentiu, se despediu de mim, me deu um beijo, e foi embora. Quando ela saiu, eu me perguntei O que eu fiz? Deixei a garota que eu gostava ir embora com uma promessa de eu vou pensar?! Que tipo de apaixonado eu era?! Bem, eu descobri que eu me apaixonava muito, muito rápido, e muitas vezes ao mesmo tempo. Primeiro Jess, depois Gabby, e a minha terceira crush veio uma semana depois, em Los Angeles.

Eu estava numa premiação. Eu nem fui indicado em nada, era coisa de personalidades dos EUA, e, como eu era uma pérola canadense, como falavam, não estava participando. Nem sabia o que estava fazendo lá. Então eu simplesmente desapareci de lá. Levantei do banco e fui embora. Gênio eu, não?

Bem, eu não me dei muito bem, como sempre. Estava criando uma espécie de superstição para mim mesmo. Toda vez que eu fujo, eu me dou mal. Tudo bem, eu estava de carro, tudo corria bem até minha Range Rover enguiçar. Tive de andar alguns quarteirões escuros sozinho, o que até me deu arrepios.

Tudo bem, eu fui abordado por dois homens que me puxaram para um beco e me mandaram dar tudo que eu tinha. Entreguei na hora celular, carteira e chaves. Agora eu ouvia o que a minha mãe falava. Os homens não acreditaram que era só aquilo.

-Não ouviu, moleque? Entrega tudo!!

-Isso é tudo!! – Gritei.

-Está querendo brincar comigo?! – O homem mais alto disse.

-Não, eu juro, é só isso!! – Falei em resposta. Recebi um tapa na cara e caí no chão. Depois, vieram chutes e mais chutes, e, pra eu receber uma surra daquelas, eu nem estava bêbado... Geralmente quando eu estava bêbado a surra era grande. Quando eu estava sóbrio nem apanhava. Mas, aquela superou todas. E, eu sei que eu quase morrer está ficando repetitivo, mas eu juro que já está acabando!

Enfim, whatever, voltando.

Quando os homens perceberam que eu não tinha mais nada mesmo, já era tarde. Recebi um pisão na garganta, e, desmaiei. Minhas roupas estavam rasgadas, meu rosto sangrava, talvez eu tivesse quebrado de novo algum osso (e olha que eu ainda estava com o braço quebrado), e meu paletó havia sido arrancado de meu corpo e jogado longe. Os assaltantes pegaram o que haviam conseguido de mim e fugido. Eu fiquei lá, jogado.

Eu tive uma espécie de delírio pré-morte. Me vi são e salvo, com vestes brancas soltas, numa espécie de céu, com nuvens, e anjinhos pra lá e pra cá, com uma iluminação celestial e tal, e uma espécie de Deus falando comigo. Dizendo que eu havia pecado contra o nome dEle, e, que agora Ele não podia decidir mais o que iria acontecer comigo. Então, a imagem do céu se transformou em um mar de fogo, com erupções e fantasmas pulando das águas, com uma espressão de terror em suas faces transparentes, e Deus, com uma lágrima nos olhos, foi se dissolvendo. E logo se tornou um vazio.

-Não, espere! Eu me arrependo de tudo!! – Eu gritei, antes que Deus desaparecesse. Comecei a sentir o calor subir meu corpo. Essa não. Caí no chão ajoelhado e tentei pedir para que Ele voltasse, para que me perdoasse. No vazio que Sua falta fez, já transformado em rochas vulcânicas, foi subindo uma coluna de lava, que se transformou em um demônio vermelho em chamas ardentes, com um sorriso sarcástico e olhos aterrorizantes. Ele não tinha pupilas, nem nada. Só um círculo vazio como olho.

Usei meus conhecimentos bíblicos rasos para tentar descobrir que ser era aquele. Bem, e a lógica. Se o lugar belo e branco que eu estava antes era o céu, e Deus estava á minha frente, e agora estava em um mar de fogo, e tinha um demônio na minha frente, no lugar de Deus, eu só podia estar no Inferno, e aquele só podia ser... Ser o Diabo. E eu só podia ter morrido e ter sido condenado ao fogo eterno por tudo de errado que fiz, e não me arrependi a tempo.

-Mais um famosinho para a minha coleção! – O ser em brasas disse, á minha frente. Eu desejei que ele ficasse calado, por que uma baforada de enxofre, seguida de uma gargalhada sinistra, bateu em meu rosto.

Depois de eu quase morrer sufocado, o demônio segurou em meu braço. Dei um grito de dor ao sentir o fogo em contato com a minha pele. Mas então senti que estava voltando a viver. Senti um puxão em meu peito, seguida de uma pontada de dor. E tudo começar a se embaçar, a dor ficar mais indefinida.

-Não!! Não pode ser!! – O Diabo, Satanás, capeta, sei lá o quê gritou. E eu senti como se estivesse desaparecendo. – Você ainda é meu! – Ele gritou. Estava tudo ficando mais distante. – Eu ainda vou te tentar! Você ainda será meu! Aguarde!!

E então tudo escureceu.

Socorro.


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Notas finais do capítulo

Então, eu troquei a capa da fic! Comentem o que acharam!
(Se não gostarem eu mudo pra original, okay?)



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