A Little Bit Longer escrita por Clara B Gomez Sousa
Mais um tempo passou, agora eram quatro e dez, quando Usher abriu a porta do banheiro. O encarei com uma cara digna de Jason McCann, mas por dentro, meus olhos brilhavam e eu dizia, no tom mais infantil já criado: “Você não me esqueceu!”. Ele me estendeu a mão, para que eu pudesse me levantar, e eu me pus de pé.
-Obrigado. – Disse, estendendo a mão, para um cumprimento formal. Eu estava sujo, todo abandonado lá, com um olho roxo, num estado deplorável, e Usher não pensou duas vezes antes de abaixar minha mão e me abraçar com toda a força. Arregalei meus olhos, mas lágrimas começaram a escorrer de meu rosto, e eu o abracei fortemente.
De repente, minhas pálpebras começaram a pesar em meus olhos. Estava abraçado a ele quando isso começou a acontecer. Minha respiração começou a fraquejar, e Usher percebeu o fato.
-Você está bem? – Mal consegui respirar, e desabei no seu colo. Usher me segurou, antes que eu caísse no chão, e me pegou no colo para me tirar daquele lugar.
Acordei deitado cuidadosamente num banco, o banco de trás do Porshe prata de Usher. Gemi ao me levantar, e algum tempo depois, eu estava sentado com a boca apoiada no vidro da janela. Usher dirigia em alta velocidade, e nós não trocávamos uma palavra sequer. O celular de Usher tocou, e ele atendeu.
-Pattie? Sim, eu soube. Não, ele está comigo. Ele foi para uma festa, e me pediu para buscá-lo. Sim, ele está bem. Claro, de nada. Tchau. – Ele desligou, e olhou para mim pelo espelho. – Vou te levar pra casa, tudo bem?
-Tudo bem... – Respondi, friamente.
Uma hora depois, minha mãe havia acabado de abrir a porta para nós. Ela me abraçou com força, chorando. Retribuí o abraço, sem emoção nenhuma, e assim que nos separamos, ela tocou meu rosto, e disse:
-O que aconteceu? Por que fugiu?
-Pensei... Pensei que não me quisesse... – Olhei para baixo, como se dissesse que eu não merecia olhar para ela. – Que eu não te agradava... Nem a você nem a Scooter...
-Foi por causa do que nós dissemos? Justin, eu nunca iria pensar isso de você... Não trocaria você por ninguém nesse mundo! – Ela disse.
-Mas eu... Eu pensei que... Que... – Ela tocou minha boca com o dedo indicador de leve, e disse, me abraçando:
-Shhh... O que importa é que você está bem. – Depois, se virou para Usher. – Obrigada, Usher, não sabe o quanto estava preocupada...
-De nada. – Ele disse. Scooter só observava tudo, a uns passos de distância de nós três. Ele nem tinha falado comigo ainda... Definitivamente eu me senti péssimo. Isso é um fato.
Quando Scooter começou a conversar com Usher, minha mãe foi me conduzindo até a cozinha para beber um copo de água, quando eu comecei a sentir tontura, e dor na cabeça, na nuca. Coloquei a mão na cabeça, perto de onde doía, e tentei avisar pra minha mãe que eu estava com aquela dor. Mas, não deu outra, desmaiei novamente. Minha mãe se ajoelhou ao meu lado e apoiou minha cabeça em suas pernas. Usher e Scooter se aproximaram também.
-Ele desmaiou enquanto estava comigo também! – Usher disse.
-O que é isso? – Scooter disse, observando uma falha em meu cabelo, perto da nuca. Minha mãe levantou meu cabelo, para mostrar o que aquilo era, e eles viram um corte no meu couro cabeludo.
-Meus Deus... O que é isso?!
-Parece que alguém o jogou contra uma quina de mesa... – Scooter concluiu.
-Quem o jogaria contra uma mesa? – Usher perguntou.
-Os machucados que Justin ganha em brigas só são olhos-roxos e hematomas... – Minha mãe disse. – Eu acho melhor o levarmos para o hospital.
-É melhor chamarmos uma ambulância. – Usher disse.
Dito e feito, fui levado para o hospital. Quando acordei, estava sendo examinado por um neurologista. Ele me disse que o motivo de eu ter desmaiado foi um ferimento mal cicatrizado. Eu não conseguia me mexer e estava com aquela coisa cervical no pescoço.
Descobri na prática que aquela bosta incomodava pra caramba.
Quando o médico saiu, entraram meu pai e minha mãe. Eles perguntaram aonde eu havia conseguido aquele machucado.
-E-eu não sei... – Murmurei. – Acho que... – Suspirei. – Não lembro.
Eu olhei para minha mãe. Ela sabia o que era, pelo menos a base. Ela pareceu entender minha conversa, e colocou a mão na boca. Meu pai olhou para ela e tentou entender tudo.
-O houve? – Ele perguntou.
-Justin... – Minha mãe murmurou. – Posso contar a ele?
Eu assenti, e só pedi que fosse longe de mim.
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