Aron Wormior,o Melhor...dos Piores!!! escrita por zora


Capítulo 41
Capítulo 38: A História de Aron Wormior


Notas iniciais do capítulo

Nos capítulos anteriores de Aron Wormior:

Morte. Traição. O rompimento do casal Aron e Silph, e a fragmentação do clã New Down.

Serenity descobre que sua irmã com problemas físicos e mentais, Felicity, foi encontrada, e parte junto com Silphia e Mace para revê-la. Enquanto isso, o paradeiro do cavaleiro de cabelos verdes é incerto.

E agora, senhoras e senhores (se vocês conseguiram chegar até aqui! XD), orgulhosamente lhes apresento o penúltimo capítulo de Aron Wormior.



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   Sentado em um trono de ossos, ele fita, impacientemente, o globo translúcido a sua frente.

   Das sombras de seu covil, uma figura surge atrás de si, utilizando palavras bem articuladas, mas não o suficiente para esconder o sarcasmo em sua voz:

-Então esse é o plano do Grande Senhor de Glast Heim, sentar e esperar? Por que está tão sério, Lorde das trevas?

   A figura colossal e diabólica, ainda de costas, não move qualquer músculo.

-Seria por causa de um certo espadachim de cabelos azuis?

-Isso não é da sua conta, Andarilho. -Respondeu com Rispidez o Senhor das Trevas. -Por que está aqui?

   A figura misteriosa deu a volta no aposento e ficou de frente para o dono do covil. Em seguida, fez uma reverência.

-Caro colega, estou aqui para me despedir. Todos os planos que tracei durante tanto tempo finalmente chegarão ao clímax essa noite. Queria que fosse o primeiro a saber.

   Repentinamente, o Senhor das Trevas gargalhou histericamente, sua risada demoníaca ecoando pelas paredes cavernosas do lugar.

-Fazia tempo que algo não me divertia tanto. Sim, é claro, Aron Wormior. Aquele a quem você tanto classifica como "especial". Fico me perguntando como alguém com um potencial tão limitado quanto o daquele espadachim poderia ser útil para alguém. Tem certeza de que não esta equivocado, ou de que veio até essa dimensão apenas para me divertir com isso?

Dessa vez, o Andarilho estava sério. Ele caminhou em direção ao Lorde das Trevas e passou direto, e antes de desaparecer novamente na escuridão, disse calmo, mas ameaçador:

-Não me subestime, lorde. Afinal, Sabe muito bem que não estou nesse trono porque eu não existo em sua patética realidade.

                                          -xxx-

  Aquele era o primeiro dia de viagem, de um total de três, do agora desfalcado clã New Down. Anoitecia rapidamente e Mace, Serenity e Silphia (essa última, mais atrás), seguiam rumo a Prontera, onde Sity, como carinhosamente era chamada a amiga do meio, iria rever sua irmã, Felicity, desaparecida  e encontrada há pouco tempo.

-Ai, tô tão feliz que vou encher a cara quando chegar lá! -Balbuciou Sity, já com uma garrafa na mão e meio bêbada.

-Certo, como se você precisasse de desculpa pra isso... -Retrucou Mace, ironizando. Em seguida completou, séria: -Gente, tá anoitecendo, é melhor a gente ficar por aqui essa noite. Como você está, Silph?

-Estou bem -Respondeu Silphia, meio exausta. -Concordo, acho melhor a gente ficar por aqui mesmo.

   Mace estava preocupada com a amiga, mas já haviam conversado tudo o que podiam sobre o assunto que afligia a templária. Só o que podia fazer, achava, era deixar a garota pensar um pouco.

   Enquanto organizavam o acampamento, Silphia só conseguia pensar em uma coisa: onde estaria Aron Wormior?

                                         -xxx-

   Nos arredores da cidade Portuária de Alberta seria a resposta.

   O cavaleiro de cabelos verdes já podia distinguir os primeiros contornos de sua cidade natal a distância. Ele estava sentado embaixo de vários pedaços toscamente retorcidos de galhos que chamava de "cabana", enquanto esfregava, em vão, as mãos sobre alguns pedaços de madeira no chão, na esperança de, com o calor do atrito, acender uma fogueira. Certas coisas nunca mudam.

   Quando as mãos começaram a doer pelo esforço, o nobre herói retirou Felizberta da bainha, pois teve a ideia de usar um "impacto explosivo" para fazer o fogo. Conseguiu. Queimou sua cabana e uma boa parte das árvores ao redor. 

   Após passar alguns minutos rolando no chão para apagar as chamas na capa, Aron percebeu que anoitecera completamente, e que a floresta estava iluminada pelas estrelas, o luar e os lampiões, ao longe, em Alberta. Deitado na grama, refletiu sobre o quanto, durante os últimos anos, não sonhou em voltar para a cidade. Imaginava que, quando isso acontecesse, pequenas recordações do que viveu em Alberta iriam vir a sua memória. Mas agora, só conseguia pensar em Silphia, suas amigas e na raiva pelo Andarilho. Se o visse em sua frente, Aron não saberia o que...

    -Olá, Senhor Wormior. -Lhe cumprimentou uma voz tão conhecida.

   O cavaleiro se levantou rapidamente. Ali, iluminado pela noite, estava o homem de vestes cinzas, Chapéu que cobria todo o rosto e um cajado em uma das mãos. O Andarilho encontrava-se há poucos metros do jovem de cabelos verdes.

    -Linda noite, não? –Perguntou o homem, levantando a cabeça e admirando o céu noturno. Ainda assim, a parte superior de seu rosto estava escondida sobre a sombra do chapéu.

    Aron não podia acreditar. Ainda estava com Felizberta em uma das mãos, e a apontou, com as duas, para a figura. A expressão em seu rosto era de pura fúria.

    -Como você pôde? Como pôde... depois de tudo...? –O cavaleiro parecia tentar escolher as palavras, mas não conseguia completar uma frase. O Andarilho virou a cabeça para ele.

     -Não lembra? Já respondi essa pergunta: você precisava passar por tudo aquilo. Chame de Rito de passagem, se quiser. A verdade, Sr. Wormior, é que acredito que não vamos nos enfrentar, nem agora e nem nunca. Não depois do que tenho a lhe dizer.

     -Você traiu a minha confiança, a de Billy e a de todo mundo. –O cavaleiro agora tremia de raiva, os olhos com uma expressão assustadora, como jamais fizera. –Acha mesmo que quero ouvir seja lá o que tenha a dizer? Vou te fazer pagar por tudo o que fez!

      -É uma pena. –Suspirou o Andarilho, com um ar irônico. –Pensei que gostaria de conhecer mais sobre o seu passado.

      A exaltação do garoto de cabelos verdes desapareceu repentinamente, sendo substituídas pela complexidade e a dúvida. Ele baixou a espada sem perceber.

       -Como... como você pode saber disso? De algo que nem eu sei? –Em seguida, ele levantou novamente a lâmina de sua arma, tentando disfarçar: -Está mentindo novamente, não é? O que está tramando, Andarilho, Bulk... Cara-que-eu-não-sei-o-nome?

      Por de baixo do chapéu, o Andarilho sorriu.

      -Não fique assustado, Sr. Wormior. Há muitas coisas que sei sobre você, e estou aqui para respondê-las. –Ele levanta uma das mãos e faz um movimento, como se estivesse preparando um feitiço.

      O cavaleiro não sabia o que fazer. Deveria deixar o homem continuar? Deveria atacá-lo, e fazer justiça pela morte de Billy e tudo de mal que essa figura misteriosa fizera? Ele já fora seu amigo de verdade, quando usava o nome de Bulk Commoner, ou era tudo um truque?

      Antes do homem terminar o ritual, Aron só conseguira fazer a seguinte pergunta:

       -Quem é você? Quem é, de verdade?

       O Andarilho parou os movimentos com a mão e ficou calado por alguns instantes.

       -Nós dois temos uma história muito parecida. A diferença é que, no momento da escolha, eu decidi pelo caminho errado, e me arrependo até hoje. Não vou deixar que o mesmo aconteça com você.

       Antes que o cavaleiro pudesse processar o que o Andarilho lhe dissera, o homem completou o ritual com a mão, e logo eles não estavam mais próximos de Alberta.

                                          -xxx-

       Estavam no deserto de Sograt, nos arredores da cidade de Morroc.

       -O que estamos fazendo aqui, Bul... cara? –Perguntou Aron, desconfiado.

       O Andarilho nada disse. Ao invés disso, apontou em uma direção, ao longe. Ali, lavando roupas a frente de um lago, e de costas para eles, estava uma mulher. Um Peco Peco esperava ao lado da dona, pacientemente, sentado sobre as patas. 

        Aron suspirou. O que diabos aquilo queria dizer? Semicerrou os olhos e tentou visualizar melhor a mulher: era magra, parecia jovem e tinha curtos cabelos verdes.

        O cavaleiro tremeu, repentinamente.

        Correu desajeitadamente. Ao aproximar-se, percebeu que a garota, de aspecto alegre (que nem se dera conta da presença do rapaz) era muito bonita e tinha olhos azuis, da cor do oceano. Aron nunca a vira antes, mas seu sorriso lhe era estranhamente familiar. Tentou tocar em seu ombro, mas a mão do cavaleiro passou direto: era apenas uma recordação.

        -Seu nome é Esmeralda. E sim, ela é a sua mãe.

        O garoto nada disse, continuando a fitá-la, sem conseguir tirar os olhos. Tentou acariciar-lhe o rosto.

        -Eu a observei durante alguns anos... com licença –Com um movimento, o cenário ao redor se desfez, ficando negro. O Andarilho então nada disse, esperando pelo movimento do cavaleiro de cabelos verdes.

        -Onde ela está? –Perguntou, após alguns segundos, na mesma posição.

        -Ela morreu há alguns anos.

        Aron virou-se para o homem. Com a expressão fria, caminhou em sua direção e o pegou pela gola da roupa, com as duas mãos.

         -E VOCÊ NÃO FEZ NADA PARA EVITAR? VOCÊ A OBSERVAVA, POR QUE NÃO IMPEDIU ISSO? –Gritou próximo ao rosto do Andarilho. Mas esse apenas sorriu:

         -Nada pude fazer. Infelizmente, ela morreu no parto.

         O Cavaleiro soltou o inimigo, cambaleando para trás. Sentia uma dolorosa e pesada dor no peito. Era sua culpa. Ela estava morta, e era sua culpa.

         -Não se sinta tão mal. Foi necessário. –Continuou o homem, calmamente. Aron, que estava tão cabisbaixo que quase caía de joelhos, olhou para o Andarilho, em lágrimas.

         -Preste muita atenção agora, Senhor Wormior, porque não vou repetir uma segunda vez. Vou lhe contar aquilo que não sabe sobre sua própria vida.

         “Poucos dias depois da cena que mostrei, Esmeralda Wormior foi encontrada nos arredores de Sograt, sangrando muito. Ela havia sido brutalmente estuprada por um monstro do local, e engravidado deste. Após passar nove meses em coma, ela deu a luz e morreu. Como a criança nascera humana, fora criada até os três anos de idade pelos avós, e então foi abandonada nas ruas, porque esses a consideravam culpada pela morte da filha”.

        “Odiado por todos, o mestiço fugiu da cidade, e no deserto nunca era atacado por outros monstros, que sentiam que o garoto era, em parte, como eles. Se tivesse sido criado longe da civilização, tudo seria mais fácil, e eu não teria tanto trabalho. Achei que, pelo que tinha passado, e por estar seguro, o garotinho seguiria seu destino, e não precisaria de minha supervisão até crescer. Mas não imaginei que, após um ano de andanças, ele se mudaria das areias para os campos, chegando, por fim,  em Alberta, onde se criaria com a metade da raça que tinha em seu sangue. Levei muito tempo para encontrá-lo ”.

         O Andarilho terminara de contar a história. Aron estava a sua frente, de joelhos e cabeça baixa, as lágrimas escorrendo. A figura encapuzada então aproximou-se do cavaleiro e disse, se abaixando para ficar cara a cara:

         -Entende agora? Percebe por que nunca terá amigos de verdade? Você não é um deles, nem será reconhecido como tal. Eles sentem isso. E não importa o que faça, seu destino sempre o levará a ficar sozinho, para sempre.

         O garoto balança a cabeça para os lados, em desespero. Não podia ser, não queria que fosse. Não agüentando mais tudo o que sentia, levantou a cabeça e gritou angustiado.

                                          -xxx-

         Em algum lugar dos campos próximos a Prontera, Silphia Belnades acorda também gritando, soando e arfando. Suas amigas, assustadas, perguntam o que aconteceu, mas Silphia, aflita, só consegue balbuciar uma coisa:

         -Eu sei onde ele está! O Aron precisa da nossa ajuda!


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