Guia de Campo - o Soldado dos Deuses escrita por Thinking


Capítulo 2
Segunda Noite




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                                                           Eu havia despertado há horas, ou não. Minha noite estava sendo uma verdadeira batalha. Sonhos guerreavam em minha mente, e eu não conseguia me manter preso em nenhum deles. Finalmente despertei, estava suado. Olhei para os lados, eu ainda estava dentro do meu quarto. Tudo estava escuro, era madrugada ainda. Não consegui – na verdade, não tive coragem para – voltar a dormir. Levantei-me da cama, estava sem camisa, apenas com uma cueca samba-canção. Andei pelo apartamento, meio desorientado consegui chegar à cozinha. – Água. É. – Abri a geladeira e peguei uma garrafa com água gelada. Peguei também um copo no armário. Servi-me e voltei para meu quarto. O pânico tomou conta de meu âmago. Usei o máximo de minha força de vontade para voltar a me deitar. Finalmente o fiz. Até que não foi tão difícil. Mas então os sonhos voltaram. Eu estava em um lugar que parecia com a parte de dentro de um vulcão. Mas eu não estava me queimando com lava nem nada assim. Eu vestia uma armadura grega de bronze, um elmo pesado me tirava o equilíbrio. Minha espada nova estava em minha mão direita. E então eu começava a andar, mas não podia ser pelo magma. Eu tinha que pular de pedra em pedra. E no fim eu caía. E quando eu caía, estava morto, não por causa da queda, do magma, ou qualquer coisa assim. Era minha mãe, que estava lá, era ela que me golpeava com uma lança para que eu caísse. E o pior não era isso. O pior era que ela mantinha o sorriso enquanto fazia isso. Além da pose que demonstrava que ela realmente estava satisfeita com o que fazia. E então, novamente eu acordei. Agora já era manhã, e era o meu terceiro dia após a expulsão do colégio. Não estava sendo tão ruim até agora. Minha mãe esperaria até que as férias de verão chegassem para me matricular em uma nova escola. Bom, o lado ruim disso é que eu estava à toa todo o tempo. Vesti-me rapidamente, agora trajava uma calça jeans, uma camisa do filme “O estranho mundo de Jack” com um casaco cinza por cima. Peguei a carteira, ainda havia pelo menos 100 libras ali. – Mãe. Tô indo! – Gritei para avisá-la de que eu ia dar um passeio pela cidade, enquanto eu já abria a porta do apartamento. Apertei a campainha do elevador e aguardei que ele chegasse. O elevador chegou e eu desci até a portaria, e logo deixei o prédio. Caminhava lentamente em direção à padaria, as ruas estavam desertas como sempre. Mas nada de anormal acontecia, chequei meu bolso e a moeda estava lá. Depois do ocorrido com a Harpia eu nunca mais tiraria aquilo do bolso. Ouvi então um grito de dor, uma voz masculina, parecia um garoto, não devia ser muito mais velho do que eu. Corri na direção do grito, e cheguei perto de um beco. O beco onde eu enfrentara aquele monstro. Era terrível. A sensação era a mesma que eu senti quando tentei dormir de manhã. O pânico tomava conta. Eu pensava que agora estaria preparado para algo como aquilo. Mas e se fosse um monstro mais forte? Se fosse uma criatura muito mais poderosa do que eu conseguiria vencer? Não consegui me mover, foi apenas o suficiente para chegar na ponta do beco. E ver um garoto, talvez um pouco mais alto do que eu, tinha cabelos negros curtos, tinha um porte tão atlético quanto o meu, mas seus olhos eram mais imponentes. Me intimidava. Ele focalizou em mim. E o alívio surgiu quase instantaneamente em seu rosto. E com a mesma velocidade o alívio sumiu e o desprezo tomou sua expressão. Só então eu percebi que estava caído de joelhos no chão, enquanto ele lutava bravamente com uma criatura que tinha cauda de serpente, o corpo de uma cabra e a cabeça era de leão. Pelo nariz saía uma fumaça, como se ela pudesse cuspir fogo. Voltei à realidade quando ouvi a voz do garoto que era atacado. – Se não for ajudar, não interrompa. Garoto fraco. – E eu percebi claramente que aquilo fora para mim. Não consegui dizer nada, só assisti enquanto ele dava um último golpe e a criatura explodia em um pó dourado. O garoto estava passando direto por mim.

Quinze de Fevereiro de 2007


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