Todo Mundo Odeia o Chris escrita por erico_nietto


Capítulo 5
Capítulo 4 - Todo Mundo Odeia o Museu




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Brooklyn, 1982

Mais um sábado feliz em nossa família. Enquanto meu pai trabalhava, minha mãe decidiu nos levar ao Museu.

Rochelle: Tonya, olha só aquela múmia.

Drew: Parece até com você.

Tonya fez uma cara de rejeição:
- Valeu a tentativa.

O local era grande e não estava muito movimentado.
Chris, ao entrar no grande salão de quadros, encontrou Greg.

Chris: E aí Greg, o que faz aqui?

Greg: Fiquei sabendo que chegaram quadros novos. Cara, tem uma mulher aqui que é a cara da sua mãe!

Logo, todos ficam de frente para o quadro. Era enorme, assim como o orgulho de Rochelle.

Tonya: Aqui na legenda diz que era uma rainha perdida que veio do Brasil, atrás de uma caverna cheia de ouro.

Rochelle: Olha o chapéu dela. Deve ser puro ouro.

Greg: Ela é muito parecida com você, senhora Rochelle.

Rochelle: Você acha?

Então eu sou o 'James Brow'.

Drew: Olha só as unhas dela. Parecem com as suas, mãe.

Rochelle olhou para suas unhas:
- Aposto que ela não era tudo isso. Como duvido que o marido dela tenha dois empregos e um filho que estuda em escola de brancos.

Não demorou muito até uma mulher branca chegar e estragar toda a brincadeira.

Mulher Branca: Vejo que vocês se familiarizaram com uma das bruxas de salém.

Tonya: Bruxa?

Mulher Branca: A lenda da "Rainha Perdida" diz que na verdade ela era uma bruxa, pois jamais envelhecia. Sua caverna do tesouro foi encontrada e até hoje esperam alguém da geração dela.

Minha mãe estendeu a mão.

Rochelle:
Prazer, Rochelle.

A mulher estranhou, mas foi educada dizendo "prazer".

Rochelle: Eu sou a neta dela e estou muito surpresa em saber que a lenda da minha avó é realmente verdade.

Tonya: Mas mãe...

Rochelle belisca Tonya no braço e diz com aquele sorriso enorme:
- Cala a boca, menina.

Depois do fracasso com o senhor Omar, minha mãe tentaria dar um golpe no Museu. Quem não ficou nada feliz com isso foi o meu pai.

Julius se joga no sofá:
- Rochelle, isso não é uma boa idéia. Acha que ninguém pensou nisso antes?

Rochelle: Pensa na nossa oportunidade! Vida tranquila, nossos filhos na faculdade...

Menos a Tonya, que depois de dez anos virou chefe do crime.

Rochelle: Ninguém vai saber de nada. Eu só preciso ir no tribunal amanhã e contar como foi meus últimos dia com ela. Afinal, era minha avó!

Julius: Eu não sei... Essa história não me cheira bem.

No dia seguinte, minha mãe foi ao tribunal. Mas eis que a fortuna já estava garantida...

Morello: Ela era um amor de pessoa. Apesar de ser negra, usava os talheres com perfeição. Ela sempre foi muito batalhadora e...

Morello viu Rochelle com a cara fechada sentada de frente pra ela.

Morello: ... O marido dela tinha três empregos.

A boca da minha mãe foi no chão.

Morello: Os filhos dela estudavam em escola de brancos. Mas a minha mãe foi a única que sobreviveu lá dentro.

Ainda bem que ela sabe disso.

Chris estava tranquilo no sofá quando Rochelle entrou comemorando.

Rochelle: Aquela branquela se deu mal!

Chris: O que houve?

- A senhorita Morello estava lá, a sua professora! Ela deu um depoimento que comoveu todo mundo, mas quando foram entregar a "caverna do tesouro"... HAHAHA.... Ela recebeu na verdade era um monte de roupa velha! Essa tal de 'rainha perdida' era uma escrava-costureira!

Enquanto minha mãe vibrava com o acontecimento, Drew brigava com Tonya sentados na entrada do prédio, bem no meio da escada.

Drew: Você roubou! Não pode comer minha rainha desse jeito!

Tonya: Você é que não sabe jogar dama! Não aceita perder pra mim!

Ela cruzou os braços e ergueu o queixo. 

Drew: Vamos jogar valendo alguma coisa.

Tonya: Que tal um desafio?

Drew: Perfeito!

- Ótimo! Se eu ganhar, você precisa pegar o quadro da Rainha perdida do Museu!

- O QUE? Mas isso é roubar!

- Vai amarelar logo agora?

Imaginem daqui à dez anos, chefe do tráfico!?

Drew: Tudo bem, mas se eu ganhar, você vai ter que me trazer um osso de dinossauro.

- Negócio fechado!

A noite chega e quando Chris entra no quarto, dá de cara com o quadro em cima da cama do Drew, e ele ao lado de Tonya.

Chris: O que está acontecendo aqui?

Tonya: Fala baixo! Fecha essa porta!

Chris fechou a porta e se aproximou.

Drew: Temos um problema enorme!

Chris: O que vocês fizeram?

Tonya: Convencemos o Zelador a nos emprestar o quadro para um trabalho da escola, mas o Drew fez um corte bem em cima dele!

Drew: Eu já disse que foi sem querer!

Chris: Mas esse quadro não vale nada!

Tonya: Mas refazê-lo custa uma fortuna! E eu não sei como vamos arrumar.

Chris: O jeito é fazer outro!

Drew: Temos menos que uma noite. Como vamos fazer outro?

Quando Tonya deixava escapar aquele sorriso no canto da boca...

Rochelle: Onde vocês arrumaram esse vestido? E esse chapéu?

Tonya: Eu peguei emprestado da equipe de teatro na escola. Mãe, você só precisa ficar igualzinha a mulher do quadro no Museu para que eu possa ganhar um ponto alto em artes.

Quando Tonya, depois de duas horas, eu só tinha certeza de uma coisa...

Chris: É impressão minha ou você foi possuída pela picasso?

Rochelle: Tonya, minha filha! Ficou maravilhoso!

Drew: O pessoal do Museu não vai nem perceber a troca!

A Tonya quis arrancar a língua de Drew.

Tonya tentava abrir a boca dele, que estava deitado no sofá enquanto, na outra mão, segurava uma faca:
- Abre essa boca, eu não estou brincando!

- Me deixe em paz!

- Abre agora, Drew!

Rochelle: Eu não acredito que vocês foram capazes de fazer isso. Eu devia cortar as mãos de vocês!

Apesar da gritaria que deu lá em casa, devolvemos o quadro ainda naquela noite no museu e na manhã seguinte, fez o maior sucesso.

Greg: Chris, é a cara da sua mãe!

Mulher Branca: Isso realmente é inacreditável.

A minha mãe fez um sucesso no Museu que até entrevista na rua de casa ela deu.

Repórter: Como se sente sabendo que tem um parentesco tão importante pra história da cultura negra?

Rochelle: Eu me sinto muito feliz! - disse articulando os braços e fazendo caras e boca - Meu marido tem dois empregos e eu estou muito feliz! 

Depois da tarde movimentada, alguém tocou a campainha e quando minha mãe abriu a porta...

Rochelle: Chris!!! O que é isso??

A porta estava lotada de roupas. A senhorita Morello não conseguia nem ver Rochelle.

Morello: Acho que isso lhe pertence!

Rochelle: E precisava jogar tudo na minha porta?

- Eu sinto muito, quer ajuda?

- Tudo bem, me ajude com isso. Vou levar tudo pra caridade!

No final das contas eu, Tonya e Drew que pagamos o pato! No fim da tarde, chegamos em casa e nos lançamos no sofá.

Chris: Esse é um dia que eu jamais vou contar pra alguém.

Tonya: E eu não quero nem lembrar que existiu!

Chris e Greg, na manhã seguinte, entram na sala de aula e todos estavam com medo. Caruso passou ao lado de Chris e comentou com medo:
- Feiticeiro!

Naquela semana eu parecia um "Lord das Trevas". Não havia Voldemort que pudesse me vencer!

Fim do Capítulo 4.

Mais capítulos após reviews ! =D  


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