Fate escrita por _Mihi


Capítulo 4
When the truth is out


Notas iniciais do capítulo

Então né... Não contava com uma viagem de fim de ano de última hora, fiquei muitos dias sem pc e agora, véspera de ano novo, não deu para produzir muita coisa... A história vai virar o ano sem final, gomenasai!! /apanha

Feliz Ano Novo!! (se alguém ler isso antes do Ano Novo...)
E Boa leitura!



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Lavi acordou com o som de alguém batendo na porta de seu quarto. Ainda sonolento, olhou no relógio que marcava dez horas. Ele olhou para a cama do avô, que se encontrava vazia como já esperava, por causa do horário. O brilho do Sol que entrava pela janela fazia seus olhos arderem e sua cabeça latejar um pouco. O ruivo levantou-se escutando passos lentos que já se afastavam daquele cômodo e abriu a porta ajeitando a franja que caía sobre o rosto.

         - Ah... Me desculpe... Eu não sabia que você ainda não tinha levantado... – Falou Lenalee vendo o outro com uma expressão sonolenta.

         Ao vê-la, Lavi automaticamente despertou por completo.

         - Tudo bem, é que eu acabei perdendo a hora.

         - Eu só queria te devolver isso – Ela estendeu uma sacola para ele – É o seu casaco. Ontem eu acabei me esquecendo de devolver...

         - Ah... Valeu. Não precisava se incomodar com-...

         O olhar dele alterou-se de repente e o rapaz rapidamente puxou a chinesa pelo braço para dentro do quarto, encostando a porta logo atrás de si. Assustada e ao mesmo tempo envergonhada por sentir as mãos do ruivo em sua cintura, ela o olhou não entendendo o que estava acontecendo.

         - O que foi? – A garota perguntou.

         - Shh... – Ele pediu silêncio.

         Alguns segundos depois, outra pessoa batia na porta. Lavi fez um sinal para que Lenalee ficasse dentro do quarto e abaixou a maçaneta.

         - Ainda tava dormindo? – Disse Allen rindo – O Bookman pediu para eu vir te chamar.

         - O que aquele coroa quer agora... – Falou o mais velho suspirando.

         - Parece que ele está te esperando na biblioteca há algumas horas...

         O ruivo sentiu um arrepio na espinha quando escutou “há algumas horas” e começou a suar frio ao tentar imaginar a expressão que encontraria na face avô ao chegar ao local.

         - Eu vou me trocar e já vou para lá – Ele disse entrando no quarto.

         - Tá... Eu vou esperar aqui, também tenho que ir para aqueles lados – Respondeu o de cabelos grisalhos encostando-se à parede do corredor que ficava de frente para o quarto.

         Lavi encostou a porta e num rápido movimento tirou a camiseta que vestia fazendo Lenalee ficar muito vermelha.

         - O que você tá fazendo? Eu ainda tô aqui! – Ela sussurrou envergonhada para que Allen não a ouvisse.

         - Ah... Foi mal... Pode virar para lá um pouco? Acho que não vai dar para você sair por enquanto.

         A morena fez como ele pediu. Por alguns instantes, sentiu-se tentada a virar e espiá-lo, mas acabou não por não o fazer. Estava tão nervosa e sentia o rosto tão quente que chegava a sentir tontura e resolveu sentar-se na cama.

         - Ei...

         Ela olhou na direção da voz de Lavi e viu-o ainda sem a parte de cima da roupa.

         - O que você ficou fazendo? Por que ainda não se trocou? – Ela perguntou sem jeito.

         - Você está sentada em cima da minha camisa.

         Ela levantou-se rapidamente e, ainda muito alterada, cambaleou para o lado e foi amparada pelo outro, que segurou o corpo dela com um dos braços enquanto puxava a peça de roupa com a outra mão.

         - Pff... – Ele tentava conter a risada presa na garganta – Por que tá tão nervosa? Essa não é a primeira vez que você me vê assim não é? – Ele provocava vendo o rosto ruborizado dela.

         Lenalee lembrou-se da noite em que não somente viu como também tocou no corpo do rapaz pela primeira vez, após uma missão em que ele voltara muito ferido. Caindo na provocação do ruivo, ela fez um movimento com o corpo para frente, tentando desvencilhar-se do abraço dele, e sem êxito fez com que os dois perdessem o equilíbrio e caíssem na cama.

A chinesa fechou os olhos durante a queda e ao abri-los novamente, viu Lavi com o rosto muito próximo do seu. O corpo dele estava alguns centímetros acima do dela, apoiado sobre as pernas que ladeavam a cintura da garota e sobre as mãos que se encontravam entre algumas mechas negras.

O cabelo dele, sem a usual bandana que o prendia, caía agora sobre a face de Lenalee. E a respiração dos dois, que parecia ter se tornado uma só pela proximidade, foi tendo o pouco espaço que os separava diminuído gradativamente. Os olhos, que até então se encaravam com um misto de susto e vergonha, agora fechavam de forma sincronizada. E aqueles lábios, que pediam por algo que aqueles dois jovens jamais haviam experimentado antes, tocaram-se com receio, de forma tímida, mas apaixonada.

- Ei, Lavi! Fugiu pela janela? – Gritava Allen batendo na porta.

Dentro do quarto, os dois foram puxados de volta a realidade. O ruivo rapidamente levantou da cama e vestiu a camisa enquanto Lenalee tentava recuperar o fôlego e recobrar os sentidos.

- Desculpa... Eu não sei que horas vou voltar e pode ser que o velho apareça... Dá uns dois minutos para o Allen e eu deixarmos o corredor e tente sair do quarto se tiver tudo calmo, ok? – Ele instruía para a garota.

- T-tá... – Foi o que ela conseguiu responder.

O rapaz colocou a bandana no pescoço e abriu a porta do quarto, fechando-a logo em seguida.

- Foi mal... – Lavi falava para o amigo.

- O que tava fazendo? Como consegue demorar tanto só para trocar de roupa? – Allen dizia meio impaciente.

- Eu tava me preparando psicologicamente para encarar o coroa... – O mais velho brincou.

- Que? Tá falando sério? – O de cabelos grisalhos ria.

Lenalee, ainda deitada na cama, esperou que a voz dos dois não pudesse mais ser ouvida. Entre aqueles lençóis ela podia sentir o cheiro do ruivo que a fazia se sentir mais calma. Com a mente ainda longe, ela abriu a porta do quarto e ao sair para o corredor, deparou-se com Mia que passava pelo local. A chinesa admitia que teria sido melhor se não tivesse encontrado ninguém, mas após imaginar a possibilidade de estarem a sua frente Allen ou até mesmo seu irmão, sentiu que não estava numa situação tão ruim assim.

- Lenalee-chan! Bom dia! – A de cabelos rosados falava animada.

- Bom dia...

A morena respondeu com a mesma expressão da outra e, diferente do que imaginava que aconteceria, não teve que se esforçar para manter um sorriso no rosto. Um enorme sentimento de felicidade tomava conta de seu corpo e ela começou a se perguntar se aquilo resultante do beijo que recebera minutos atrás ou do encontro que estava acontecendo naquele momento.

- Então o seu quarto é aqui... – Mia falou fingindo não saber de quem era o cômodo.

- Não... Meu quarto... Fica para lá... – A morena dizia hesitante apontando para o lado onde ficava o seu real aposento.

- Ah... – Foi o que a britânica se limitou a dizer fitando o chão.

- Vem... Eu te mostro onde fica, estou indo para lá agora.

As duas caminharam em silêncio. Mia um pouco mais atrás pensativa e Lenalee com um sorriso que escapava dos lábios enquanto lembrava-se daquela manhã.

- Pode entrar. Está um pouco bagunçado... – A chinesa falava enquanto abria a porta de seu quarto.

- Lenalee-chan... Você está realmente contente hoje não? – A outra perguntou.

- P-por que acha isso?

- O seu sorriso está diferente.

A morena olhou para a companheira e abriu a boca, mas as palavras não saíram. Uma parte de si queria muito desabafar o que havia acontecido entre ela e Lavi, mas a outra tinha medo. E o que a fazia hesitar não era a falta de confiança, e sim uma pequena desconfiança de que a mais velha nutria sentimentos parecidos com os seus pelo ruivo.

- Sabe... Durante a minha infância eu morei em uma pequena vila na Inglaterra. – Mia começou sentando-se num canto do chão do quarto – Era tão pequena... Mas ainda assim estava em guerra. E certo dia apareceu dois indivíduos. O primeiro era um senhor de meia idade e o outro um garoto de oito anos.

Lenalee também se abaixou do outro lado do cômodo, encostando-se à parede que ficava de frente para Mia, ouvindo a história em silêncio e no fundo sem vontade, mas tentando ao máximo prestar atenção.

- Dois meses depois da chegada deles, eu já havia me apaixonado por aquele garoto. Ele se dava bem com todos, era distante, mas sorria sempre, diferente das outras pessoas da vila que estavam sempre com semblantes de ódio e medo.

De repente, algo naquela história começava a chamar a atenção da chinesa.

- Um dia, após do enterro de vários homens que haviam morrido em combate, o garoto disse para o avô: “Que idiotice. Guerrear é a única coisa que sabem fazer? Chega a dar pena.” No dia seguinte eles nunca mais foram vistos. Alguns dias depois a vila foi praticamente aniquilada. Os poucos que sobreviveram foram morrendo com o passar do tempo. E dez anos depois, eu enterrava a penúltima pessoa daquele grupo de sobreviventes.

- Você...

- A única que sobreviveu fui eu – Mia falava olhando para o nada - Sem família e sem amigos, eu já não tinha muita perspectiva. Foi estranho... Na mesma hora em que eu perdia as esperanças, eu vi novamente dois indivíduos passando bem na minha frente. “Será que é um sonho?” “Será que eu estou imaginando coisas?” Eu via várias pessoas gritando e correndo no sentido contrário ao que aqueles dois caminhavam. Mas... E se fossem eles? Aquelas mesmas pessoas de dez anos atrás? A chance era tão pequena. Mas o que eu tinha a perder naquele momento, agora que já não havia mais ninguém comigo? Eu corri para onde eles estavam indo.

- Não me diga que... Aquelas pessoas eram...

- O resto da história você mais ou menos já sabe não é? Eu fui atacada por akumas, minha innocence acionou sozinha de repente e só não morri porque o Lavi e o Bookman me salvaram. Eu nem sabia se o Lavi era o mesmo garoto de dez anos atrás... E eles tinham nomes diferentes também. Mas uma pequena esperança acendeu dentro de mim. O meu sorriso durante os dias em que eu tentei perguntar isso para o Lavi... Ele era exatamente o mesmo que o seu de hoje...

Lenalee sentia tristeza, dor, alegria e principalmente compreensão, que se misturavam dentro dela e pareciam querer explodir. Ela abaixou a cabeça sobre os joelhos e as pernas, dobradas contra o corpo, foram envolvidas pelos braços.

- Era o Lavi não era? O garoto de dez anos atrás... – Perguntou a chinesa.

- Sim.

- Desculpa... Eu jamais imaginei que você se sentia assim há tanto tempo.

- Não é bem assim... É verdade que eu gostei dele durante dez longos anos. Mas agora... Eu não saberia dizer, nesse exato momento, o que eu realmente estou sentindo...

Lenalee permaneceu em silêncio.

- Você gosta dele não é? – Perguntou Mia.

A morena assentiu com a cabeça ainda abaixada, fazendo um sorriso sair nos lábios da mais velha que a abraçou feliz pela resposta sincera que ouvira.

xXxXxXx

         - Miranda, você viu a Lenalee por aí? – Lavi perguntou.

         - Não... Mas acho que a Mia deve saber. Eu vi as duas andando juntas pelo corredor de manhã.

         - Ah tá, valeu.

         O ruivo olhava pelo refeitório e não encontrava a chinesa em parte alguma. E não cogitava a possibilidade de perguntar para a britânica, já que estava a evitando ao máximo desde que voltaram de Londres. Uma hora depois, a morena ainda não havia aparecido e o rapaz logo percebeu que Allen também não. Desconfiado, ele levantou da mesa e rumou aos dormitórios com passos largos e rápidos. Os outros exorcistas que dividiam a mesma mesa olhavam a reação de Lavi assustados. Mia, por sua vez, correu atrás dele e puxou-o pelo pulso já no corredor.

         - Lavi-kun!

         - Mia, podemos conversar depois? – Ele pediu se soltando e voltando a andar apressadamente.

         - Pare de fugir! – Ela disse num tom sério.

         O rapaz ficou imóvel.

         - O que você tem tanto medo de escutar de mim depois de eu ter ficado sabendo da verdade?

         - ... Eu não estava fugindo de você...

         - Então me escute... Por favor.

xXxXxXx

         Naquele mesmo instante, Allen encontrava-se no quarto de Lenalee. Esta, em lágrimas, era amparada pelo companheiro que a abraçava da forma mais gentil que ela já havia sentido. Aquelas mesmas mãos que em uma noite chuvosa em Londres deram conforto à garota, agora a faziam enxergar o futuro de uma forma diferente.


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Notas finais do capítulo

Enquanto escrevia eu sentia que o capítulo havia ficado tão curto (?) quanto denso...
Desculpem-me pelas falas gigantescas...
Tive que cortar por aí... (gomen...) >.