Fate escrita por _Mihi


Capítulo 2
Those painful words


Notas iniciais do capítulo

É... Eu sei que demorei... E peço minhas sinceras desculpas a todos que esperaram pacientemente (ou não) pelo 2º capítulo!
Eu gostaria de agradecer de coração a todos os que mandaram reviews! Juro que foi graças a eles que, mesmo em meio a tantos problemas (provas, gripe, acidentes, entre outros desastres que não vale a pena citar), esse capítulo saiu. Cada um deles foi, sem dúvidas, um importante suporte para mim.
A todos aqueles que esperaram ERAS pela continuação, MUITO OBRIGADA e boa leitura!



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“Pessoas são como tinta de caneta...

...Apenas dão corpo ao que escrevemos...

...E a tinta não fala com o escritor...

...Então, porque você se abala toda vez que usa essa tinta?”

Sentado no chão e de costas para a cama, onde apoiava a cabeça inclinada, Lavi observava as estrelas pela janela do quarto enquanto recordava das palavras do Bookman, ditas sob aquele mesmo céu nostálgico. Ele também se lembrava do momento em que encontrou Mia e da expressão dela ao o ver ajudá-la. Confuso quanto aos próprios desejos, ele via, aos poucos, o destino abrir um caminho de forma impassível e aparentemente imutável.

xXxXxXx

Já eram quase sete horas da manhã e Lenalee ainda não havia conseguido pegar no sono. Deitada em sua cama e com o corpo tenso espalhado entre as cobertas, ela via os primeiros raios de sol invadirem o cômodo escuro enquanto relembrava o que havia acontecido após ter deixado o quarto de Lavi.

*Flashback*

Lenalee desencostou-se da porta do quarto do ruivo e, ainda com os pensamentos tomados pelo ocorrido, caminhou em direção aos seus aposentos. Distraída, só percebeu a presença de outra pessoa no final daquele longo corredor quando já se encontrava quase cara a cara com ele.

– Lenalee?

– A-Allen-kun! – Falou ela num tom assustado.

– Haha... Desculpe. Eu te assustei?

– Eu... Não tinha percebido que você estava aí...

– Onde você estava? Komui está procurando por você a um bom tempo...

– M-me desculpe...- Foi o que ela conseguiu responder.

Os dois caminharam em silêncio até o quarto dela. A morena andava um pouco atrás, com passos pesados e que requeriam grande esforço para serem realizados, pois seu corpo teimava em não obedecê-la. Ela estremecia cada vez que se perguntava desde quando Allen poderia ter começado a observá-la. Teria ele visto-a sair dos aposentos de Lavi? E visto-a encostada naquela porta completamente sem rumo? E, para aumentar suas preocupações, estaria Komui procurando-a desde a hora em que Lavi a impediu de sair do quarto dele? Calafrios percorriam sua espinha ao imaginar que seus sentimentos pudessem ser descobertos.

Ao chegarem ao cômodo que pertencia à chinesa, a porta subitamente se abriu.

– Lenalee! – Gritou Komui chorando e abraçando a irmã.

– Maninho! Deve ser umas duas da manhã! Não faça tanto barulho! – Sussurrou ela, depois se arrependendo um pouco de ter lembrado todos do horário.

– Mas... Lenalee... O seu irmão veio pessoalmente te ver e você... – Ele choramingava – ONDE VOCÊ ESTAVA AFINAL? – Ele gritou novamente, ainda com uma cascata de lágrimas nos olhos.

Antes que Lenalee pudesse responder, foi cortada por um quarto indivíduo.

– Supervisor! Te achei!

– Encarregado Reever! – Falou Allen.

– Lenalee... O seu irmão já volta! – Komui gritou enquanto corria.

– Supervisor! Pare de fugir! – Berrava o loiro enquanto perseguia o chinês.

– Ah... Então ele só veio aqui para se esconder e fugir do trabalho... – Concluiu o de cabelos grisalhos.

Lenalee presenciava tudo com um ar de incredibilidade no que via. Contudo, agradecia pelo aparecimento de Reever que havia interrompido a conversa e a livrado da interrogação do mais velho. Já era a segunda vez que ela se esquivava daquela pergunta e, para acabar logo com aquelas confusões no meio da madrugada, resolveu se retirar logo para os seus aposentos.

– Me desculpe pelo meu irmão Allen-kun. – Ela disse depois que os gritos não podiam mais ser ouvidos – Obrigada por tudo.

– Não se preocupe com isso. – Ele respondeu com um sorriso meio forçado.

Ao colocar a mão na maçaneta da porta para entrar no quarto, a garota foi cercada pelo mais novo que havia deixado o corpo logo atrás do dela, apoiando os braços, que estavam ao redor dela, na porta.

– É melhor tomar cuidado com o Lavi... – Ele sussurrou no ouvido dela.

Lenalee, assustada, permaneceu de costas para o rapaz e, mesmo após ele ter ido, continuou estática e com a mente vazia por um longo tempo.

*Fim do flashback*

Desistindo das tentativas de pegar no sono, a chinesa se trocou e rumou ao refeitório. Seus olhos, como sempre, inconscientemente localizaram Lavi, que estava numa mesa que se encontrava num canto do local. Ao lado dele estava Mia, que conversava animadamente com Allen, Miranda e alguns membros da divisão de ciências que se encantavam com o carisma e o rosto delicado dela.

– EEh? Você tem dezessete anos? – Assustavam-se todos ao descobrir a idade dela.

– Você parece ter menos... – Completou Miranda – Ah! Mas no bom sentido!

– Obrigada Miranda. – A mais nova sorria meigamente.

– E de que país você é? – Perguntou Johnny

– Da Inglaterra... Mas eu morava em um local bem afastado da cidade... – Ela respondeu.

A conversa continuava com Mia sendo sempre o centro das atenções. Lenalee, por um instante, sentiu que seu olhar havia cruzado com o do ruivo. A chinesa desviou rapidamente, mas logo voltou a olhá-lo e viu-o cochichar algo para a britânica, que corou assim que o rapaz se aproximou dela.

Lenalee deu meia volta e saiu do lugar rumando em direção à enfermaria. Sua cabeça latejava por causa da noite passada em claro e ela sentia que seus maus pressentimentos em relação à nova exorcista estavam se concretizando.

Ao entrar nas dependências hospitalares, encontrou bookman, que se retirava do local naquele momento.

– Bom dia jovem Lena.

– Bookman! Não me diga que o senhor... Passou a noite aqui?

– Por recomendação da enfermeira-chefe tive que ficar aqui, mas já estou melhor.

– O senhor tem certeza que já pode sair?

– Sim. Obrigado pela preocupação jovem Lena.

Ele a cumprimentou com a cabeça e saiu. A garota, preocupada, foi até a enfermeira que havia passado aquelas recomendações.

– Enfermeira-chefe... O bookman... Ele estava muito ferido? Seu estado era grave?

– Lenalee-chan... Antes de tudo, você não deveria me agradecer por isso? – A mais velha perguntou com uma sobrancelha arqueada e um sorriso malicioso.

– O que? – Perguntou a outra sem entender.

– Aconselhar o repouso na enfermaria foi a única desculpa que encontrei para não deixá-lo voltar ao quarto em que você passou a noite.

A mais nova petrificou.

– E-eu... Acabei pegando no sono sem querer enquanto cuidava do Lavi... Não foi intencional! – Ela tentava se defender de uma acusação que não havia sido feita.

A enfermeira riu.

– Mas eu só cochilei. - A chinesa continuou - Não consegui dormir bem e agora minha cabeça está doendo muito.

– Descanse um pouco aqui. Medicarei você para que consiga pegar no sono.

Deitada na cama, Lenalee escutou a senhora que a medicara dizer que precisava sair e logo retornaria. Alguns minutos depois, ouviu a porta se abrir novamente.

– Lenalee?

– Lavi? – A garota abriu os olhos e pôde enxergar, de forma embaçada, o rapaz – O que está fazendo aqui?

– Eu vim procurar o velho, mas pelo jeito ele já saiu... E você, o que aconteceu?

– Minha cabeça está doendo um pouco.

– Você não conseguiu dormir bem a noite passada não é? Me desculpe, eu dei muito trabalho a você...

– Os seus ferimentos... Eles estão melhores?

– Eles não me incomodam desde que você refez os curativos – O ruivo respondeu desviando o olhar dela.

A garota sentiu o coração saltar para fora do corpo. Mas o cansaço a consumia de tal forma que ela não pôde enxergar a face ruborizada dele.

– Me desculpe... Eu acho que o remédio está fazendo efeito...

Ela tentou continuar, mas seus olhos foram se fechando rapidamente e Lenalee logo adormeceu. Ao despertar, Lavi já não se encontrava ao lado dela. Entretanto, estranhamente, a garota sentia uma de suas mãos muito quente, como se alguém tivesse a segurado por um longo tempo. Em sua mente, uma frase ecoava repetidamente, como um profundo sussurro que parecia alcançar o âmago de seu ser: “Aquilo foi cruel”.

xXxXxXx

Lavi encontrava-se na biblioteca lendo, como de costume, enormes pilhas de livros indicadas pelo Bookman. De repente foi interrompido por uma doce voz.

– Lavi-kun?

Ele se virou.

– Yo, Mia.

– Onde você tinha ido mais cedo? Depois que saiu do refeitório não te encontrei mais em lugar nenhum...

– Ah... Eu fui procurar o velho na enfermaria.

– Hm... E como ele estava?

–... Ele... Ele estava melhor. – Mentiu o rapaz que não havia encontrado o mais velho naquele local.

– Entendo... Bom, fico contente que ele esteja melhor... – A outra sorriu forçadamente.

– Mia... Aconteceu alguma coisa?

– Hm?

– Você... Está um pouco estranha...

– O que? Que grosseiro da sua parte falar isso Lavi-kun!

– Me desculpe. – Ele disse rindo – Você estava me procurando desde cedo não é? O que queria falar comigo?

– Ah... Sobre isso... Eu só queria esclarecer uma coisa... Uma dúvida que está me perturbando há algum tempo...

Neste instante, Lenalee apareceu cortando a fala de Mia e flagrando a face de susto e medo feita por Lavi após ouvir a última frase da britânica.

– Eu... interrompi algo? – A chinesa falava fitando o rosto de Lavi.

– Não... – A mais velha respondeu.

– Ah... – Disse o rapaz tentando parecer normal - Lenalee, esta é a Mia. Mia, esta é a Lenalee. – Ele apresentou-as.

– Muito prazer Lenalee!

– Prazer...

A garota de cabelos rosados deu uma desculpa qualquer e se retirou rapidamente do local. Lenalee não conseguia parar de fixar o olhar no rapaz, que suava frio e tinha o olhar alterado.

– Ela ia falar algo importante não é? Me desculpe... – Falou Lenalee saindo também.

– Não... Não era nada... – Falou o ruivo segurando o braço da moça.

– Lavi... Suas mãos estão geladas...

Ele a soltou.

– Podemos sair daqui um pouco? - O rapaz pediu.

Os dois saíram da biblioteca e passaram por vários lugares, até que o barulho sumiu completamente e eles se viram sozinhos no meio de um longo corredor. Lavi sentia-se mais calmo depois da longa caminhada e voltou a agir normalmente.

– Foi mal... Eu tava meio nervoso não sei por quê...

Não obtendo resposta, ele virou para trás e percebeu que Lenalee estava parada há alguns passos de distância dele. Dentro da cabeça da garota, ela se perguntava sobre o que Mia e Lavi estariam falando para fazer este ficar tão alterado. Ao mesmo tempo, não conseguia esquecer as palavras que ficaram em sua mente desde que acordara na enfermaria.

– Lenalee?

– O que “foi cruel”? – Ela perguntou de forma direta.

– O que?

– Foi você não foi? Quem disse isso para mim na enfermaria...

“... A tinta não fala com o escritor...“

O rapaz de repente soltou um riso.

– Você estava acordada naquela hora?

– Não... Mas, não sei como, eu me lembro dessas palavras...

Ele riu novamente enquanto se aproximava velozmente da moça. Assustada, ela deu alguns passos para trás e foi colocada contra a parede, onde o rapaz apoiou as mãos logo acima dos ombros dela.

– O que o Allen sussurrou para você na noite passada? – Ele perguntou com um rosto que Lenalee nunca havia visto antes.

“... Então, porque você se abala toda vez que usa essa tinta?”

A chinesa sentiu o corpo fraquejar e um calafrio subiu-lhe até o estômago. Lavi havia visto o momento em que Allen a impediu de abrir a porta do quarto enquanto dizia algo que a paralisou. Ela começava a imaginar o ruivo saindo dos aposentos dele e vendo unicamente aquela cena e começou a se sentir tola por não ter percebido a presença do mais velho e nem sequer ter cogitado a possibilidade dele ter visto o ocorrido. Um pouco depois começou a se perguntar se Allen não teria feito aquilo propositalmente por ter percebido que o outro se aproximava. Ela não dava muita credibilidade para esta possibilidade, pois não conseguia imaginar um motivo que faria o garoto de cabelos grisalhos querer tentar provocar o amigo e nem como ele saberia que isso provocaria Lavi, mas não a descartou completamente.

A realidade era que naquele exato momento, Lavi estava bem à sua frente, com uma expressão que ela jamais vira, fazendo uma pergunta que a fazia concluir que, para o rapaz, ver Allen a imobilizar e sussurrar algo em seu ouvido havia sido cruel. E as conclusões a que ela chegara a fizeram ficar mais nervosa ainda: a garota agora tremia e sentia o rosto quente, ao contrário do resto do corpo.

Lenalee também se sentia mais tensa ainda porque não poderia jamais falar o que Allen realmente disse a ela, já que o conteúdo daquela frase referia-se à Lavi. E a moça não cogitava a possibilidade de mentir. Na situação em que se encontrava, tão próxima do outro e tão alterada, era capaz do mais velho perceber caso ela não dissesse a verdade.

– Eu... Só te respondo se me disser o que você sussurrou para a Mia no refeitório.

– Ótimo! Então responda o que eu perguntei primeiro!

– Porque quer saber o que o Allen me disse?

– Porque você quer saber o que eu disse para a Mia?

“Essa tinta que até então passava da caneta para o papel dando corpo à escrita de repente manchou o escritor...”

Ela ficou em silêncio e desviou o olhar para o lado. Lavi, vendo o estado em que Lenalee se encontrava e sem saber como explicar o que acorrera mais cedo no café da manhã, apenas deu meia volta e foi embora em silêncio. A garota, que havia usado todas as forças que tinha apenas para se manter em pé, desabou ao chão.

O ruivo caminhou até seu quarto e, segundos antes de fechar a porta, foi impedido por Mia.

– Podemos continuar a conversa de antes?

“... E então, a tinta foi penetrando nele...”

“... Até alcançar seu coração.”



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Notas finais do capítulo

Eu prometo! Se não ocorrer tantos imprevistos quanto ocorreu enquanto eu tentava escrever o 2º capítulo, em uma semana eu posto o 3º ok?
E para aqueles que estão se perguntando... Sim, eu pretendo terminar isto ainda esse ano... /leitores abaixando as armas e tochas
Obrigada mais uma vez pelos reviews! Eles me fariam mais feliz ainda numa 2ª vez! hihi...