Um menino de cabelos negros sempre se sentava sozinho na hora do intervalo, ele tinha olhos castanhos escuros, usava óculos e sempre estava com um pacote de marshmallow na mão. Ele sempre passava todo intervalo sozinho comendo marshmallow e às vezes estava com o fone de ouvido, escutando música. Essa cena se repetia todos dias, sempre era assim.

Até que em um dia qualquer, uma garota de cabelos castanhos que iam até o ombro e olhos verdes, fitou o menino. Seus olhos transmitiam uma leve preocupação, afinal como ele podia comer tanto marshmallow e não se enjoar? A curiosidade da garota começou a aumentar a cada dia, até que ela resolveu sentar do lado dele no intervalo.

- Oi. – ela disse com um lindo sorriso.

- Oi. – ele a encarou.

- Meu nome é...

- Saphira.

- Como você sabe?

- Nada não. – ele disse colocando um marshmallow na boca.

- Hum... Ei...

- Pode me chamar de Ângelo. – ele sussurrou por causa do doce em sua boca.

- Ângelo, marshmallow é gostoso?

- Muito! – ele engoliu o doce e lambeu os lábios. – Nunca comeu?

- Nunca comi.

- Não creio! – ele arregalou os olhos. – Sério mesmo? Tem até no mercado aqui perto da escola.

- Sério mesmo. Eu sempre vejo no mercado, mas nunca me interessei em comprar.

- Então nunca provou a maravilha que é um marshmallow?

-Não. Além disso, só é um doce.

- HÃ? – Ângelo ficou surpreso. - Não é “um” doce, é “o” doce!

- Sei.

- Tá. – Ângelo se acalmou. – Posso até está exagerando.

- Você está exagerando. – ela riu.

- Ah tá. – ele ficou meio sem graça. – Então prova um marshmallow e me diz o que acha. – Ângelo pegou um marshmallow e colocou na mão dela.

- Tá bom.

Saphira colocou o doce na boca e o mastigou rapidamente. O marshmallow mole na boca dela, rodeava seus dentes e ela não acostumada muito com aquela sensação, fez uma careta e engoliu o marshmallow.

- Então? – Ângelo perguntou apreensivo.

- Sem gosto.

- O QUÊ? – ele quase ficou pálido.

- Calma, Ângelo. Fala baixo.

- Mas Saphi...

- Saphi?

- Desculpa, não foi minha intenção te chamar assim. Eu sei que não tenho nenhuma intimidade com você, desculpa! – ele ficou todo vermelho.

- Não precisa se desculpar, por me chamar assim.

Os dois ficaram calados por um momento, até que Ângelo quebrou o gelo:

- Saphi... marshmallow tem gosto sim, mas o gosto dele é fraco. Você tem que querer comer o marshmallow, você tem que querer apreciar o gosto. Se você tiver agitada ou pensando em outra coisa, você não vai sentir nada. – ele falava calmamente e abriu um sorriso. – É por isso que eu comparo o marshmallow com o coração.

- Marshmallow comparado ao coração? Hã? E pra terminar... O quê? – ela imitava as expressões de espanto do Ângelo.

- Eu não fiz essa cara.

- Fez sim, eu vi.

Os dois riram juntos, mas Ângelo logo continuou o assunto:

- É sério, Saphi. Tipo... você consegue ouvir seu coração? Consegue senti-lo? Você pode até conseguir senti-lo, mas pra isso tem que pegar na veia do seu pulso ou no pescoço, ou seja, você tem querer isso. E é ai que está a comparação ao marshmallow, o gosto dele está lá, basta a você querer degustá-lo.

Saphira ficou o encarando, fazendo Ângelo corar e abaixar a cabeça.

- O que foi? – ele perguntou comendo outro marshmallow.

- É que nunca pensei que você fosse de falar tanto.

- Eu não sou de falar muito, eu sou tímido.

- Nunca vi uma pessoa tímida falar tanto.

- Nem eu. – ele riu. – Mas mudando de assunto, toma! – ele deu outro marshmallow pra ela. – Agora prova de novo, mas dessa vez fecha os olhos e come o marshmallow devagar. Acho que agora você vai sentir o gosto.

Ela respirou fundo e colocou o marshmallow na boca, o degustou vagarosamente, fechou seus olhos e começou a morder  o marshmallow. Saphira soltou um gemido, tinha sentindo o verdadeiro gosto do doce, colocou sua mãos nas suas bochechas, as esfregando como se quisesse que aquele momento nunca acabasse.

- Tão fofa. – Ângelo sussurrou a admirando.

- Que delícia... – ela suspirou e virou para o Ângelo com os olhos brilhando, mas quando ia falar algo o sinal avisando o fim do intervalo toca.

- Temos que ir. – ele disse corado, pois Saphira estava mais perto dele.

- É, mas Ângelo... eu quero comer marshmallow com você mais vezes. – ela sorriu e ao mesmo tempo o coração de Ângelo pulou. – Me espera na hora da saída pra gente ir junto pra casa.

- Tu-Tudo bem. – ele quase não conseguiu falar.

- Tchau. – ela acenou indo embora e Ângelo retribuiu o aceno.

Ele respirava com dificuldade, nunca tinha sentindo aquele sentimento e era muito melhor que marshmallow. Mas ele não sabia o que era, por isso continuou comendo marshmallow e indo pra sua sala com aquele sentimento apertando seu coração. Mas de certo, Saphira tinha algo haver com aquilo.

Esse é o começo de uma história onde um simples marshmallow uniu duas pessoas, revelando um amor verdadeiro.