Sentia fome. Sentia frio. Sentia medo. Sentia dor. O talho em seu ombro esquerdo já havia parado de sangrar, ainda assim, estava ardendo muito por causa da atmosfera fria, úmida e da salinidade no ar. Estava cansado, exausto para falar a verdade – Para tentar escapar do grande perigo que o perseguia, corria sem parar pelo labirinto por mais de uma hora, sem resultado. Não importava quão rápido corria, sempre sentia seus pesados passos cada vez mais próximos de dele. Virou à esquerda. Grandes, pesados e rápidos passos seguiam em sua direção, mas não ousava olhar para trás; Ele estava tão próximo que era possível sentir seu cheiro, um cheiro tão desagradável quanto o de um esgoto – se não pior. Passou pelo corredor enorme à frente. Ele sabia o tempo todo de que não havia outra escolha senão encará-lo, e que fugir não adiantava, apesar de parecer muito tentador, mas mesmo que tentasse o encarar, olhar sua horrenda forma o assustava, mas ainda assim suas pernas o faziam correr mesmo que não quisesse. Seu instinto rugia para que saísse dali – e estava fazendo isso. Virou à direita: havia um enorme corredor em linha reta onde não havia lugares para escapar. Um beco sem saída. Sua espinha congelou e entrou em pânico na mesma hora que percebeu isso.

Tateou os lados de sua cintura procurando algo para atacar. Nada. Olhou para o corredor procurando qualquer coisa que pudesse machucar a criatura, e a única coisa que encontrou no corredor fora um esqueleto deitado no chão equipado com um elmo enferrujado – melhor do que nada. Num combate direto com essa criatura, morrer era quase provável, e não havia para onde fugir. Segurou o elmo enferrujado com força e encarou a criatura: ela percebeu que não havia saída para ele e diminuiu o ritmo de seus passos, sorrindo com a vitória; Segurou sua arma de duas mãos e bufou. O seu oponente era enorme, horrendo, assustador e fedia muito – e iria lhe matar.

Não havia saída, não havia escolha para ele, e se fosse morrer, morreria com honra, por que é isso que os heróis de Zherium fazem. Engoliu o medo e correu na direção da besta, com um elmo em mãos, segurando-o com força e ignorando sua terrível arma.