Walter entrou no escritório. Integra controlou-se para não fazer uma careta para a reprovação que viu no olhar de seu mordomo, quando o mesmo notou as fortes olheiras sobre os olhos de sua jovem mestra.

Murmurou um 'obrigado' para Walter quando ele serviu-lhe o chá, e imediatamente pegou um papel qualquer que estava em cima de sua mesa e fingiu lê-lo com atenção.

Aquilo não passava de uma tentativa um tanto quanto infantil de escapar da bronca que sabia que levaria de Walter se ele soubesse que ela nem sequer dormira.

Notou a saída do mordomo e suspirou de alivio jogando o papel sobre a mesa. As palavras e as letras simplesmente pareciam não se encaixar em sua mente.

Retirou os óculos e esfregou os olhos.

Droga, ela estava cansada, mas nem por isso conseguia dormir. Havia quase três dias que não dormia, e tudo isso apenas por mais uma reunião da Távola Redonda, em que finalmente foi tomada a decisão que ela já sabia que viria, mas ainda assim rezava para que não acontecesse.

Ou ela arranjava um marido o mais brevemente possível, ou estaria com sérios problemas.

Respirou fundo e olhou para seu relógio.

Em seus lábios havia o indicio de um sorriso, mesmo que fraco.

Não passava das sete da manhã.

oOo

O vermelho era parte predominante do cenário. Sim, sangue! Correu a língua pelo seu próprio lábio, e sorriu.

Três leves pancadas ecoaram em sua mente.

Tomaria todo aquele sangue, seria um belo banquete, de fato.

Mais duas pancadas.

O vermelho começou a desfazer-se lentamente, sem motivo algum que pudesse notar.

O negro tomou sua visão, até mais duas pancadas ecoarem.

Alucard abriu os olhos. Estava em seu caixão, e as tais pancadas vinham do lado de fora.

Quem ousava acordar o No-Life-King a uma hora dessas?

Walter, provavelmente. Ou então a policial, que se fosse realmente, ele provavelmente mataria por sua ousadia.

Ele resmungou alguma coisa e de mau-humor abriu a tampa do caixão.

Surpreendeu-se ao dar de cara com um par de olhos muito azuis a lhe encararem, de uma forma curiosa.

“Master?” Ele indagou espantado.

Integra o deteve com uma mão quando o vampiro fez menção de sentar-se. Em lugar disso ela ordenou:

“Afaste-se.”

Alucard obedeceu a ordem, um tanto quanto confuso. Integra simplesmente entrou no caixão ignorando o fato de que era visivelmente apertado para duas pessoas.

Enterrou o rosto na curva do pescoço do vampiro, e fechou os olhos, respirando fundo.

“Mestra?”Alucard perguntou. Ele definitivamente estava confuso.

“Shiii!” Integra respondeu.

“Está tudo bem?” ele voltou a perguntar.

Integra resmungou alguma coisa, e olhou o vampiro nos olhos.

“Eu apenas preciso pensar.”

“E um caixão com um vampiro a ajudaria?” Alucard perguntou sarcasticamente, e sorriu ao ver Integra corar de leve.

“Não. Isso é por que eu preciso dormir um pouco, e isto está se mostrado impossível nas últimas noites.” Ela respondeu e voltou a afundar o rosto no pescoço do vampiro, atirando um braço sobre ele, em uma espécie de abraço.

O vampiro riu levemente.

“Eu poderia leva-lá para seu quarto mestra...”

“Apenas mantenha-se como está.” Integra ordenou, mas não protestou quando o vampiro passou os braços por sua cintura, abraçando-a, e segurando-a mais perto dele.

“Eu vou me arrepender disso depois.” disse Integra antes de ceder ao sono.

O vampiro sorriu e voltou a fechar os olhos e também adormeceu.