A Estrela Mestra escrita por Modena


Capítulo 27
A volta dos que não foram


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura, espero que gostem.



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Ao lado de Dirceu outro homem, de turbante amarelo e vestes indianas cor creme, andava de um lado ao outro do aposento alisando a barba. Trazia na cintura uma cimitarra adornada de rubis. Seus olhos vermelho-sangue estavam fixos no chão e ele parecia estar refletindo.

                Mas o que fez Nico congelar de dentro pra fora e perder a respiração foi a cena medonha no meio da sala. Um rapaz que não poderia ser mais velho do que eles mal respirava, sentado sobre um caixão de granito, e se debruçava sobre uma cômoda revestida com almofadas. Ele tinha as costas expostas e ao ver a ceifa de Cronos fincada ao longo de sua coluna espinhal Sally apertou a boca do estômago para conter uma náusea.

                - Me tragam outro, esse já acabou. – continuou a voz de Cronos, de dentro do caixão de pedra.

                O rapaz desmaiou, mas Nico não sabia se ele sequer estava vivo. Cronos estava usando sua ceifa para sugar energia dos semideuses e se fortalecer com ela. Certamente um de seus pedaços estava fechado no caixão de granito, de onde vinha a voz e os calafrios que os corroíam.

                - Esse não era forte o suficiente? – disse o homem que não haviam visto antes.

                - Não, fraco demais. E vejam se dessa vez... – a voz cessou. Dirceu e o outro se entreolharam e quando Cronos voltou a falar, o pavor que Sally e Nico sentiram congelou seus sangues e seus pensamentos – Nyx?

                Eles continuaram paralisados. Dirceu virou a cabeça para trás completamente, sem mexer o corpo. Catherine arregalou os olhos. Quando eles perceberam que precisavam correr, já era tarde demais. O outro homem agarrara o Véu da invisibilidade no ar com unhas curvas e enormes. Eles apenas deram um passo para trás, Nico desceu Catherine e a escondeu atrás de si.

                - É claro que não seria Nyx. – continuou Cronos – Ela já teria nos mandado para os confins do Tártaro. Mas ninguém poderia alegrar meu dia como você, Nico di Ângelo.

                Nico quis recuar, mas estava afixado à aura amarelenta que circundava o caixão.

                - Sabe, eu ia te usar pra prender aquele espírito e depois ia... vestir o seu corpo. – ele riu cruelmente – Ora, sinta-se orgulhoso por isso. Apenas os mais fortes são sacrificados desta maneira pra que eu retome o meu trono. Eu e os daityas temos esse plano invencível. Nós jogamos os hindus contra os gregos, convencemos a filha de Nyx a nos dar a Lança de Aquiles, destruímos todos eles depois que eles já tiverem batalhado até a exaustão e nos reerguemos no final.

                - Ah, e esses seus semideuses têm sido muito úteis. Sem toda essa energia deles, meu irmão Rahu – disse o homem desconhecido que agarrara o Véu, abraçando Dirceu pelos ombros – não teria força suficiente para me trazer de volta. E ainda há vários de nós para retornar da escuridão.

                Então tudo ficou claro na mente de Nico. Cronos passara os últimos três anos se fortalecendo para trazer de volta os daityas indianos e causar uma disputa entre Oriente e Ocidente. Os deuses se destruiriam e titãs e os daityas poderiam reinar novamente. Dirceu era Rahu, o daitya de quem Annabeth havia falado. Com certeza eles ainda estavam bem fracos, os deuses hindus ainda não haviam se dado conta de que estavam sendo enganados por seus meio-irmãos do mal. E todo esse tempo eles estiveram se alimentando da energia mágica dos filhos de Hécate e da vontade de sangue e guerra dos filhos de Ares.

                Naquele momento, eles precisavam sair dali e contar a alguém o que estava acontecendo, antes que a guerra começasse. Mas antes disso, teriam de escapar de duas divindades armadas e da energia maçante de Cronos.

                -Vocês esqueceram-se da parte em que tudo dá errado. – adiantou-se Sally, trazendo Nico de volta para a realidade urgente.

                Ele procurou sua espada, mas ela tinha sido levada quando ele foi capturado. Catherine puxou sua camiseta esfarrapada para chamar sua atenção, entregando-lhe a arma, cujo metal estígio tinia. Ela sorriu e puxou sua própria adaga.

                - Você e os seus irmãos feiticeiros sabem ser petulantes... – chispou Dirceu, que agora eles sabiam que era Rahu. – Mas isso não é importante, vocês estão perdidos.

                - Ninguém vai se entregar. – disse Nico, assumindo uma posição ofensiva e tornando-se ao caixão de Cronos - E você já esteve aprisionado em coisa melhor.

                Sally avançou para o daitya desconhecido, ele apenas se ocultou com o Véu de Nyx e ela acertou o ar com sua espada. Ela deu dois passos olhando em volta, sem poder enxergá-lo. Enquanto isso Nico já estava aos golpes com Rahu. O daitya apenas bloqueava os ataques e ria. Então ele o desarmou em um contra-ataque o lançou de encontro à parede. Nico levantou cambaleando, mas ao olhar ao redor, viu Sally flutuando e agarrando um braço invisível que a sufocava.

                -Sally! Não! – ele gritou e tentou correr.

                Rahu o arrancou o braço de uma estátua que estava em um canto e a utilizou como um bastão, golpeando Nico em cheio nas canelas. Ele tombou com um urro de dor. Catherine gritou de longe. Seus olhos púrpuros giraram nas órbitas e o Véu voou, fazendo com que o homem reaparecesse esganando Sally. Os objetos na sala começaram a voar de um lado ao outro, se espatifando nas paredes. Uma estante se chocou contra o homem e ele foi obrigado a soltar Sally, que caiu no chão tossindo. Ela se arrastou até Nico enquanto móveis passavam zunindo por sobre sua cabeça.

                - Pelos Deuses! – exclamou Nico – O que aconteceu...

                Mas parou de falar, porque Rahu corria em círculos gritando com as vestes em chamas.


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Notas finais do capítulo

E aí, o que acharam, lindos?



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