Sangue Vermelho

   “Mamãe?”, perguntou Draco, a mão na cintura e os olhos observando a água escorrer vermelha na pia do banheiro, o sangue jorrava de seu braço.

            “Sim, querido?”, disse Narcissa, tentando estancar o ferimento.

            “Por que o sangue é vermelho? Por que ele não é verde?”, indagou Draco, com a inocência e curiosidade de uma criança de seis anos.

            Narcissa segurou-se para não rir e ofender o menino. Tratou de responder.

            “O sangue é vermelho porque é vermelho, Draco, não há explicação.”

            Draco reduziu a boca em um biquinho e fez um muxoxo de irritação.

            “Eu não gosto de vermelho, não quero que meu sangue seja vermelho.”, falou com irritação.

            “Querido, não há nada que podemos fazer. Mas porque você não gosta de vermelho?”, disse Narcissa com carinho, pondo o curativo no machucado do filho.

            Ele fez sua melhor expressão de desprezo aprendida com o pai.

            “Humpf, Gryffindor.”, respondeu, a voz carregada de desprezo e asco.

            A mãe quase riu, mas, novamente, não o fez. Parecia tão crescido assim.

            “Porque você não gosta de Gryffindor, Draco?”

            “Gryffindor é para idiotas, Slytherin é a melhor.”, disse, com as duas mãos na cintura, agora.

            “Draco, querido, o que exatamente seu pai anda ensinando a você sobre Hogwarts?”, indagou cuidadosamente Narcissa.

            Ele bateu o pé esquerdo no chão, um sinal de impaciência.

           “Ah, mamãe, um monte de coisas. Papai fala como a escola é por dentro, os professores, as casas, a sala comunal da Slytherin...”, seus pequenos olhinhos acinzentados se iluminaram, era visível que já possuía tamanha admiração pela casa que ainda não entrara, ainda. “... as aulas, tudo, mamãe, tudo.

            Passou a mão pelos curtos fios sedosos do cabelo louro platinado, tão pequeno, mas já dotado de uma forte personalidade.

            “Agora, mamãe, se a senhora não se importa, eu pretendo continuar a brincar com a mini-vassoura motorizada de última geração que papai me deu, afinal, estou treinando para entrar no time de Quidditch, quando, é claro, for para Hogwarts.” Ele terminou a frase sorrindo, um sorriso resplandecente, cheio de covinhas. Tão logo terminara de falar já se encaminhava para fora do banheiro e para o enorme pátio da mansão.

            Narcissa Malfoy começou à refletir sobre ter sido uma boa decisão deixar Lucius ter uma grande influencia sobre seu pequenino Draco, e, é claro, sobre todas as opiniões do menino, inclusive sobre a cor de seu sangue.