– Eu preciso te puxar pelas orelhas para me escutar? – Jacob apareceu na cozinha direcionando seu olhar impaciente em John – Você vai se atrasar para o colégio, sabe disso. – disse, tentando se controlar.
– Era essa a ideia, pai. – murmurou Ian.
– Querido, sabe o quanto do futuro vai perder se não estudar? – Dei um sorriso a John, tentando encorajá-lo.
– Eu só quero ser lobo que nem o papai. – John se pronunciou.
Eu sabia o quanto isso desagradava Jake, mas parecia que era inevitável. Desde que contamos a verdade as crianças, elas perderam o controle e vivem achando que existem mais seres lendários. Não havia nada que pudesse mudar aquelas cabecinhas com poderes incríveis de imaginação.
– Muito bem, o colégio nos aguarda. – Gemidos baixos vindos de John interromperam Jake, enquanto ele controlava suas mãos instáveis – O que está esperando? Vamos! – John olhou suplicante para mim. Eu conhecia esse olhar, era quase impossível não resistir a ele. Desviei antes que cedesse, devorando a omelete que estava em meu prato. – Se é assim que quer, será pelas orelhas. Eu posso fazer isso, está me entendendo? – Agora ele batia o pé no chão.
– Eu tenho alguma escolha? – A pergunta fora direcionada a mim.
– Não.
Era incrível como uma criança de cinco anos podia odiar consideravelmente uma escola como John odiava. Herança do pai, obviamente. Ele desceu de sua cadeira, cabisbaixo, parecendo realmente que suas pernas estavam pesando milhões de quilos enquanto se arrastava ao lado do pai indo em direção a porta.
– Ian, quer ir comigo e seu irmão? – No mesmo segundo, Ian já não estava em sua cadeira. Eu ri de seu entusiasmo. E por impulso, captei o olhar de John, agora magoado.
– Não olhe assim para mim, querido. A escola não é assim tão ruim. Jake, preciso ter uma conversinha com você.
Ele assentiu e as crianças rapidamente entraram no carro.
– Querido... Pegue leve com as crianças.
Jake suspirou pesadamente. Coloquei seu rosto em minhas mãos. Ele era tão quente! Nunca me acostumei com sua temperatura, mesmo depois de sete anos. Afaguei suas bochechas, enquanto ele fechava os olhos e virava o rosto para beijar minha mão direita.
– Se continuar agindo assim, nunca conseguirei evitar... Ei, não me olhe assim. Quem pediu para ser tão... Ah, minha Bella. – e me pegou para um beijo rápido. – Eu te amo.
– Eu também. Mas eu estou falando sério, amor.
– Tudo bem, vou tentar. – e deu o meu sorriso, que involuntariamente me fez sorrir. – Tenho que ir. Já estou com saudades.
Eu tirei minhas mãos de seu rosto e dei um sorriso amarelo, enquanto ele ia em direção à porta.
Sentei-me no sofá e lembrei-me de sete anos atrás.
Aquela lembrança dolorosa, vampiresca. Desde que se fora, ele realmente nunca mais voltou. Isso me abalou, me lembro de como tudo foi ruim para mim e para todos que estavam ao meu redor.
Será como se eu nunca tivesse existido. Ele me disse.
Não me lembro mais como era a sua voz, por conta dos anos. É claro que ele existiu. Agora não é a mesma coisa. E as minhas lembranças eram vagas, eram apenas... Lembranças. Tudo mudou sem ele, é verdade.
Os lobos conseguiram pegar Victoria, eu estava grata por ninguém se machucar.
A ferida foi cicatrizada, graças ao meu Jake, aquele que eu realmente amo, que é inegável, inevitável. Jake não iria me abandonar, eu vejo isso em seus olhos. Ele jamais me abandonaria, por mais necessário que fosse.
Aquele que feriu meu coração será apenas uma lembrança, que poderia mesmo ser um sonho. Mas definitivamente, eu estava com Jake.
Jake me amava. E eu o amava também. Nós ficaríamos juntos, sempre.
Até que nossos corações parassem de bater.