Save You escrita por Usagi


Capítulo 3
Capítulo 3 - Cidade


Notas iniciais do capítulo

E cááá estou eu ^^

Não que eu faça alguma diferença aqui '-'

Enfim, capítulo 3 ^^

Acho que se algo de ruim acontecer com o Matt eu apanho o__o

But, who cares? õ



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Levou mais ou menos uma meia hora até chegarmos ao centro da cidade. E, sinceramente, foi um dos trajetos mais chatos que já fiz na vida. É, deves estar pensando que eu e Matt conversamos empolgadamente o trajeto inteiro e coisas assim.

Sinto muito, mas não.

Eu passei o tempo todo ouvindo o Matt falar com videogame. É, você entendeu bem. O Matt estava falando como videogame, não comigo. E eu, por incrível que pareça, não joguei aquela droga pela janela.

Mas ainda estou pensando em fazer isso.

O tempo todo fiquei ouvindo coisas como ‘’Morra seu idiota! Morra!’’ e ‘’Quem você pensa que é para explodir meu carro?!’’.

E eu não sei por que ainda ajudo esse ruivo viciado idiota á ficar mais idiota e viciado ainda.

Finalmente, descemos daquele ônibus, e eu finalmente pude me expressar.

- MATT DESLIGA ESSA PORRA DE VIDEOGAME ANTES QUE EU O JOGUE EMBAIXO DE UM CAMINHÃO!E NÃO ESTOU NEM AÍ SE VOCÊ ESTIVER NA ÚLTIMA FASE, VENCENDO O CHEFÃO OU O CACETE Á QUATRO! – gritei, com toda a delicadeza do meu ser. Matt devia ter reparado que eu não estou nem um pouco feliz. Acho que o fato de eu estar com um olhar psicótico e ter uma veia de irritação saltada no meu pescoço já é o suficiente para que qualquer ser humano com um mínimo de inteligência perceba.

Mas estamos falando do Matt.

Não, eu não estou dizendo que ele é burro. Ele é apenas desprovido de atenção quando está com aquele videogame dele.

E ser desprovido de atenção quando eu estou irritado, é o suficiente para uma catástrofe, que pode variar de choro até passeios de ambulância.

- Certo, certo. Não precisa se irritar. – disse, revirando os olhos. Guardou o videogame na mochila, com um sorriso debochado no rosto. – Até parece que estás com ciúme do videoga... – parou, e qualquer um poderia ver em seus olhos que ele estava muito arrependido de ter começado á falar. Até parece, eu com ciúmes do videogame porque ele dava mais atenção para aquele troço do que para mim e...

Como é?!

- Como é, Matt?! – rosnei, contorcendo a face na pior expressão assassina que consegui imaginar, embora, internamente, eu estivesse corado até o último fio de cabelo.

- A-Ah... M-Mello... E-Esquece... – falou, ou melhor, gaguejou, recuando dois passos. Até agora me pergunto se ele começou á gaguejar por medo ou o quê.

Mas, até parece que eu me importo.

- Que seja. – bufei, dando-lhe as costas e começando á caminhar. Não demorou nem dois segundos para que Matt me alcançasse, em silencio.

Nada falei. Não sabia o que falar, me faltava assunto. Além do quê, minha cabeça já estava sendo metralhada por centenas de pensamentos e eu não podia, de jeito nenhum, esquecer do nosso objetivo, e principalmente, não podia ficar desatento.

Nada, absolutamente nada, podia dar errado. Um passo em falso ali, e seria o suficiente para que nós dois estivéssemos entalados de problemas até o pescoço.

- Mello... – ouço meu nome em sua voz em um murmúrio, e no mesmo instante sinto seus braços me rodearem a cintura, então paro. Paro, e sinto meu rosto arder novamente.

Embora pareça impossível, tento fazer com que minha voz saia calma, e não tremula, como podia sentir que sairia.

- Sim?

- Obrigado.  – e soltou-me, voltando á andar. Fiz o mesmo, ignorando o fato de que eu devia estar com a maior cara de tacho.

Sabe, eu daria tudo para saber o que raios anda acontecendo comigo. Adoraria saber por que diabos ando tão esquisito assim. Estou começando á achar que estou enlouquecendo.

Andamos em silencio pelas ruas, que, não eram as mais agradáveis e iluminadas. Eram meio sinistras, na realidade. Haviam lojas fechadas e algum barzinho que outro aberto, e eu podia sentir o cheiro de álcool á distancia.

Matt e eu descemos no subúrbio do centro. Na área nada amigável e legal.

Meus olhos passeavam por tudo enquanto caminhávamos. Em um beco, vi alguns olhos pousados em nós. Não demorei nada á perceber o que aquelas pessoas fariam se demorássemos mais um segundo, e então, puxei Matt pelo braço, apressando o passo e tentando parar de olhar para tudo, antes que visse algo não muito bom e que acabasse nos causando alguns problemas.

Depois de certo ponto, onde a rua parecia mais deserta, olhei para todas as direções rapidamente, sem deixar de segurar o pulso de Matt, que não falava nada fazia muito, olhei em seus olhos e gritei‘’Corre!’’, correndo feito um louco no mesmo instante.

- Mello o que te deu?! – gritou, enquanto eu praticamente o arrastava pela calçada deserta. É Matt, eu sei que não é nada normal alguém gritar ‘’Corre!’’ do nada e sair te arrastando como se fosse tirar o pai da forca, mas POR FAVOR pode calar essa boca e continuar andando?!

- Agora não Matt, por favor. – rosnei, ainda arrastando-o pela calçada. Eu tinha de tirar nós dali o mais rápido possível antes que qualquer um daqueles malucos-drogados-que-atacam-o-primeiro-que-vier pegassem qualquer um de nós e fizessem sabe-se lá o que.

- O que raios está havendo?! – gritou, parando de andar, enquanto encarava-me. Sua expressão dizia que ele não moveria um músculo que fosse até que eu lhe esclarecesse tudo.

- Entenda que este lugar é perigos... – um grito interrompeu-me, de modo que um espasmo percorreu-me a espinha. Segurei seu pulso novamente, decidido á sair dali. – Vamos logo.

O ruivo assentiu, e no mesmo instante saímos em disparada, quase que aos tropeços. Corremos cerca de um quilometro, mas finalmente conseguimos chegar à parte ‘’decente’’ do centro da cidade.

Paramos de correr, ofegantes. Demos mais alguns passos e jogamo-nos em um banco da praça central, que não estava lá muito movimentada.

Olhei para o relógio, e este marcava oito horas da noite. Ainda tínhamos tempo.

- O... O que você viu? – perguntou Matt, entrecortadamente. – O que... O que aconteceu para sairmos correndo daquela maneira?  – parou para recuperar o fôlego. – Por que... Por que você estava tão transtornado?

- Matt, com certeza você notou onde nós estávamos. – ele assentiu rapidamente, mas ainda com a expressão de quem não entendeu. – Eu vi pessoas escondidas nos becos. Eu vi o modo como elas olharam para nós. Eu sabia o que iria acontecer se demorássemos mais um segundo. E aquele grito que ouvimos... Foi a confirmação de isso tudo.

- Está falando de... – seus olhos se estreitaram e sua boca permaneceu um pouco aberta, como se estivesse chocado. Assenti, suspirando. Gangues.

Passamos alguns minutos em silencio, olhando para o movimento. Após esse tempo, levantei-me, estendendo á mão á Matt, que parecia absorto demais em algo. Sorriu, levantando e parando-se ao meu lado.

- Vamos, então. – disse, acenando com a cabeça e caminhando em passos lentos pela bela rua da praça, onde parecia haver uma espécie de feira, de modo que havia um numero considerável de pessoas. O ruivo lançou um olhar para a feira e logo em seguida pousou os olhos em mim, com a expressão de ‘’por-favor-podemos-passar-lá-depois?’’. – Pode ser. – assenti, dando de ombros. Não demonstraria de modo algum o quanto eu queria passar ali. Feiras sempre me atraíram, mas que ninguém saiba disso. – Se ainda tivermos tempo, por mim...

- É verdade! Quase tinha esquecido o motivo para estarmos aqui! – falou, rindo, enquanto pegava-me pelo braço e começava á arrastar-me pela calçada.

Vou fingir que Matt não disse isso.

Certo, é impossível.

- COMO ASSIM CONSEGUIU ESQUECER O QUE VIEMOS FAZER AQUI?! – gritei, incrédulo, atraindo – novamente – diversos olhares para nós. Acho que a expressão irritadiça em meu rosto não contribuía muito para que os olhares cessassem, de modo que algumas pessoas olhavam para mim e seguida para o ruivo, e em seus rostos surgiam uma expressões do tipo ‘’ Como esse garoto ruivo ainda está vivo?’’ ou ‘’O coitadinho vai levar um soco desse jeito’’.

Mas, desde que ninguém chamasse a policia, temendo pela vida de Matt, ia ficar tudo bem.

Acho eu.

Certo, certo. Finalmente fomos comprar o tão falado jogo do ruivo. Um jogo tão, mas tão importante, que ele foi capaz de esquecer.

Estou começando á achar que o jogo é só uma desculpa para sairmos do orfanato. Não que ele não queira o jogo. De forma alguma ele não iria querer o jogo.

Enfim, ao virarmos a esquina, deparei-me com uma cena deplorável, que provava que havia outros como Matt no mundo. E, por mais impossível que possa parecer, - ao menos soou insólito para mim -, existem sim, pessoas em um estado pior que ele.

O ruivo não estava acampado ali, pelo menos.

- Vamos para a fila, Matt... – falei, mas este nem me ouviu. Passou na frente de mais da metade das pessoas, e estas, ao invés de xingá-lo ou espancá-lo, cumprimentavam-no, e permitiam que ele passasse. Eu achei que eu era o único amigo do Matt. Mas, pelo jeito ele conhece muitas pessoas... Tão nerds quanto ele. E eu nem sabia disso.

Senti minhas bochechas corarem e por um instante, senti uma raiva diferente tomar conta de mim. Não era a raiva que eu sentia pelo Near. Era algo que me fez ter vontade de chorar. Vontade de chorar sentado no colo do ruivo. Vontade de dizer para todas aquelas pessoas que Matt era meu amigo. Tive vontade de agir feito uma criança retardada de cinco anos.

Por que eu estava com uma droga de ciúme.

Feito um inseguro.

- Uhn, o que aconteceu, Mello? – disse, segurando meu queixo e virando meu rosto na sua direção.

- Não aconteceu nada. – resmunguei, desviando o olhar rapidamente. – Vamos, o vendedor já vai abrir a loja. – desconversei, esforçando-me para não corar com seu toque.

- Hunf, sei. Quando as pessoas dizem que não aconteceu nada, é porque é exatamente o contrário.  – retrucou, dando um sorriso de lado. – Conheço-te mais do que imaginas, Mello. – e foi em direção á loja, já que o vendedor abria a porta de vidro, receoso, aparentemente temendo que fosse atropelado por uma multidão de gamers problemáticos.

Enquanto aqueles viciados malucos quase se matavam para conseguir o seu próprio volume de algum jogo eu não sei o nome, e que provavelmente deve ser um RPG que vai deixá-los ainda mais lunáticos, fui até a saída e encostei-me na parede, esperando.

Alguns minutos depois, vi o ruivo ir em direção do caixa e parar no meio do caminho cumprimentando uma garota de cabelo azul – isso, você entendeu bem, o cabelo da garota era azul – com um beijo na face, o que fez com que eu amuasse novamente. Senti seus olhos pousarem em mim, e pude ver um sorriso bobo e doce formar-se em seus lábios, enquanto ele voltava á ir para o caixa, pagar aquele videogame estúpido.

Tirei meus olhos dele.

Eu tinha de tirar meus olhos dele por mais de um minuto, mas parecia impossível. Parecia que meu olhar era atraído por uma espécie de imã. Um imã ruivo, com um par de óculos estranhos e camiseta listrada.

Agradeci internamente quando ele disse que podíamos ir embora. Se aquela obsessão por videogames fosse contagiosa, não iria demorar muito para eu ter uma vontade incontrolável de jogar Tibia e World of Warcraft.

E eu definitivamente não quero isso.

- Por que estás assim? – falou, enquanto caminhávamos lentamente pela calçada, em passos lentos. Ele andava agarrado na sacola da loja, e só faltava ele começar á babar em cima ou beijar aquilo.

- Assim como? – grunhi, desviando os olhos para o movimento dos carros. Não queria olhar nos olhos dele.

- Assim, diferente do normal. – deu de ombros. – Não está tão mal-humorado, como de costume.

Franzi a testa.

- Por acaso queres me ver de mau-humor? – perguntei, encarando seus orbes, com um tom não muito amigável.

- De modo algum. – e sorriu, passando um dos braços sobre meus ombros. Aproximou os lábios de meu ouvido, provocando-me um arrepio, ao ouvir seu sussurro. – A propósito, não precisa sentir ciúmes. Você sempre será o numero um para mim, Mello.

Senti minhas bochechas estalarem de tão vermelhas, e por um instante, pensei que fosse engasgar-me com ar e saliva.

Como assim ‘’Você sempre será o numero um para mim, Mello’’?

Você por acaso tem noção do que eu entendi, Matt?!

- O... Do... O Q-QUÊ VOCÊ ESTÁ D-DIZENDO?! – falei, aumentando relativamente o meu tom de voz, enquanto gaguejava de um modo ridículo, e controlava-me para não ter uma crise de tosse ou corar violentamente.

Ele parecia achar graça.

- O que você ouviu.Realmente precisa que eu repita?- sorriu, puxando-me pela mão ao ver que nos aproximávamos da feira.

Tentei ignorar as palavras.

Tentei ao máximo.

Tentei desviar minha atenção daquilo.

Mas apenas fazia com que ecoasse ainda mais em minha mente.

‘’Você sempre será o numero um para mim, Mello.’’

Pare!

‘’Você sempre será o numero um para mim, Mello.’’

Não quero mais pensar nisso!

‘’... O numero um para mim, Mello.’’

- Mello? – quando me dei conta, estávamos relativamente próximos. Tão próximos, que se eu quisesse beijá-lo, poderia fazê-lo em menos de um segundo. Beijá-lo? Eu pensei em... Beijar o Matt? – Mello? – chamou novamente, despertando-me do transe. – Venha! Há algo ali, vamos ver! – e puxou-me pela mão, em direção á multidão.

Um homem fazia truques de mágica realmente bons, e aparentemente todos estavam impressionados com ele. Podia ver o brilho nos olhos das crianças, o sorriso nos adultos, mas o que mais me chamou á atenção, foi o sorriso bobo e o olhar deslumbrado do ruivo, que parecia ter voltado á ser criança outra vez.

E então desviei o olhar novamente.

Creio que foi por um pouco mais de um minuto, mas quando voltei á olhar para o ruivo, não o vi. Não estava em lugar algum.

Uma musica extremamente alta tocava de algum lugar, mas mesmo assim fui capaz de ouvir seus gritos. Seus gritos abafados, desesperados. Implorando por socorro.

Ele havia sido pego.

Saí em disparada, guiado por sua voz, ignorando o fato de que haviam muitas pessoas, e que eu devia estar parecendo um maluco, atropelando tudo e todos.

Mas, não importava.

Ainda guiado por seus gritos, quando dei por mim, estava próximo daquele subúrbio novamente, em uma rua deserta que eu desconhecia. A única coisa que encontrei ali, foi a sacola do jogo do ruivo, que juntei e coloquei em minha mochila.

Matt estava com problemas.

E eu tinha de ajudá-lo.

De qualquer jeito.

Continua....


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Notas finais do capítulo

* se esconde atrás do Kanda*

Eu realmente pensei em matar algum deles no final .-.

Mas ainda não decidi ;-;

Enfim, posto quando o cap. 4 estiver pronto /avá e eu tiver tempo lol

Reviews? *8*

Please? *8*

Nhaa, kissu! ;3