Anjo da Morte

Se já me encontro, eu, condenado
Que medo teria, eu, do fim?
Neste presente ou em outro passado
Busquei por ti, saí de mim

E ao encontrar seu olhar
Tive também a perdição da alma
E mesmo à fogueira milenar
Sua voz doce me acalma

Apesar de tuas palavras amargas,
A luz que emites por todos os lados
Faz abrir estradas largas
Rumo aos mais divinos pecados

Se tua luz é, por si, celestial
Esconde em sombras o abismo
No qual caí sem dor igual
Ao buscar intenso romantismo

Entrego-me então à queda pura
E minhas asas não podem voar
Tua mão, distante, não me segura
Teus olhos me vêem queimar

A imagem deles me liberta
Posso ver teu belo sorriso
Obrigado por tão generosa oferta
Tenho enfim, final juízo.