Olhei pro relógio que já estava novamente em meu pulso e me assustei em ver como o tempo passa rápido ao lado de quem a gente gosta. Cocei a cabeça um pouco nervoso sem saber o que dizer a ela. Resolvi que não perderia mais tempo. Nunca mais.
- com esse convite vindo de você, não tenho como negar, não é?
Ela deu pulinhos de alegria e foi sorrindo pro quarto. Fiquei sem reação. Será que ela queria que eu a acompanhasse até lá??
Meus pensamentos sujos foram logo desmanchados quando ela voltou deslumbrante, com os cabelos soltos e segurando um enorme edredom mais dois travesseiros.
- me ajuda, vai. Não seja tão preguiçoso. – ela disse fingindo ser séria e tentando não rir.
Ajudei a arrumar tudo e nos deitamos no tapete da sala, cobertos pelo edredom. O cheiro dela é tão bom e a vontade que eu tinha de abraçá-la era enorme.
- o que vamos ver? – perguntei.
- você escolhe o filme.
- e se eu escolher algum que você já viu?
- não tem problema. Eu não me importo de ver filme repetido. Aqui em casa eu só tenho filmes que gosto e que me fazem relembrar.
- relembrar o quê?
- algumas coisas... – ela desviou o assunto. – vai escolhendo aí enquanto eu faço a pipoca.
Ela foi pra cozinha e eu fiquei na sala pensando em como ela era doce e misteriosa ao mesmo tempo. Algo nela fazia meu coração bater mais rápido do mesmo jeito que eu teimava em acreditar que era ali... que ela não tinha morrido de verdade.

Entre os filmes que ela tinha, eu fui escolher logo o mais sentimental. “Antes Que Termine o Dia” era o nome do filme. Sugestivo não? Logo me arrependi quando a vi chorar nas primeiras cenas do filme.
- o que houve? Jamie, você está bem? – me desesperei.
- Gerard... me desculpe. Eu menti quando disse que não me importava. Eu não posso ver esse filme. Vamos ver outro, por favor? – ela dizia entre soluços e lágrimas, o que me deixou extremamente preocupado e com dor de culpa, mas resolvi aceitar o pedido dela sem falar nada.

Colocamos um filme chamado “Por Água Abaixo”, um desenho de fazer rolar de rir. E foi exatamente isso que fizemos durante as próximas 2 horas. Rimos que nem crianças no jardim de infância e confesso que me senti bem. Tão bem como eu não me sentia há muito tempo.
Julie ou não, a verdade é que aquela menina tinha o poder de me fazer feliz.

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