Segunda-feira, 23:00 - Restaurante

-Eu adoro o seu trabalho. - falei sorrindo sincera a Ashley Greene.

Certo, tudo isso é loucura. Menos sobre eu gostar do trabalho dela! Amo a Alice! Só que é estranho elogiar a garota que namora com o cara que eu gosto.

-Obrigada. - ela sorriu de volta. Bom, ela parecia tão sem-jeito quanto eu. Sinal de que não é tudo coisa da minha cabeça.

Porque poderia ser. É loucura. É isso. Estou louca. Compreendo tudo agora.

-Está tudo bem, Demi? - Jake falou me olhando depois de eu ficar alguns minutos em silêncio.

Nãããããããããão!

Joe escondeu que tem uma namorada de mim; Eu e Sterling fizemos uma audição pra um filme com a avó dele!; A namorada secreta de Joe é Ashley Greene!!!!!; Sterling me beijou e eu adorei!!!!!!!!!; Sterling e eu estamos fingindo ser namorados!!!!!!!!!!!!!!!!!; Sterling e eu, Joe e Ashley, Tiffany e Jake estamos num jantar pra tentar acertar isso de casais amigos que escondem que estão namorando!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

Certo, estou um pouco melhor agora.

-Está. Só estou com um pouco de calor. - falei e ouvi que Tiffany e Ashley riam de algo que Sterling tinha dito. A coisa do jantar estava até tranquila. Eu havia mandado uma mensagem de texto explicando tudo para Joe.

"Joe, desculpe, ok? Não costumamos esconder as coisas um do outro, então... Estou namorando o Sterling. Menti, pode me crucificar. Mas acho que ambos deveríamos nos perdoar e comemorar tantos... relacionamentos! Convide a Ashley! Eu levarei o Sterling. A Tiffany também vai, com seu namorado Jake! Um beijo, Demi"

Ele me respondeu um pouco depois dizendo que tudo bem - a Ashley adoraria ir e me conhecer - e que não tinha nada o que perdoar: fizemos o que achávamos melhor. Não esboçou nenhum pingo de ciúme. Mas agora, no jantar, lançava a Sterling e a mim olhares hostis.

Já com Tiffany tudo foi diferente. Ela quase surtou quando nos viu entrando de mãos dadas no estúdio. E quase teve um ataque quando Sterling disse que estávamos namorando por causa do beijo. Só que foi tudo de... alegria. Pelo visto, Sterling e eu não conseguíamos conquistar nem uma mosca.

Quando nos encontramos em frente ao restaurante, todos parecíamos nervosos/animados/sem ideia de como agir. Eu tentava sorrir. Sterling parecia bem mais confiante que eu e fazia-me elogios de tempos em tempos, além de se gabar um pouco, dizendo que seu beijo era irresistível e bla, bla, bla. Todos engoliam e diziam como éramos fofos juntos. Minha vontade era arrancar os cabelos e gritar: "NÃO QUEREMOS SER FOFOS, QUEREMOS QUE VOCÊS SINTAM CIÚMES, DROGA!".

-Acho que deveríamos ir, Tiff. - disse Jake de novo. Jack era bem bonito: alto, com cabelos castanhos e olhos cinzas. Também parecia bem gentil e doce. Sterling parecia não se abalar e continuava fazendo piadas e provocando risos de todos (menos de mim, por não estar prestando atenção, e em Joe, que se negava a fazer outra cara que não fosse de enjôo).

-É mesmo. Temos que ir. - disse Tiff em resposta ao namorado e todos começamos a falar que tínhamos que ir ao mesmo tempo.

Fechamos a conta, pagamos, e quando estávamos na porta, nos despedindo, Joe sussurrou no meu ouvido.

-Temos que conversar depois.

Concordei levemente e me juntei a Sterling no rumo ao carro.

O silêncio reinava entre nós dois.

-Você acha que eles caíram? - foi o que Sterling disse quando já não podiam nos ouvir.

-Sim. Você foi muito convincente. Eu é que estava no mundo da lua. - sorri triste.

Sterling olhou pra trás, e seja lá o que viu, decidiu que tínhamos que parecer mais um casal em fim de noite, pois me abraçou, colocando a mão por trás das minhas costas.

-É difícil pra você vê-lo com ela. As garotas são sempre mais sensíveis. - chegamos no carro, ele abriu a porta pra mim e eu entrei sorrindo pra ele.

Um segundo depois ele estava ao meu lado, no banco do motorista.

-Obrigada Sterling. - eu me ouvi dizer.

-De nada. - respondeu e voltamos ao silêncio.

Estávamos nessas curtas conversas e longos silêncios desde que ele havia me beijado ontem. Logo depois do beijo, ele havia dito que tinha me beijado pra praticar pra encenação e porque estava morrendo de vontade.

Eu respondi qualquer coisa idiota e ele deu uma desculpa pra ir embora. Desde então eu coro sempre que ele abre a boca. Ele também não está exatamente desinibido, então não puxa assuntos quando estamos a sós. Só conversamos na frente dos outros (onde fingimos ser um casal apaixonado) e em frente as câmeras, como Sunny e Chad.

-Desculpe-me por te beijar e dizer aquilo. É só... - ele disse me tirando do transe. Oi? Repete? - Tem uma atração muito grande entre nós. E não negue. É da onde vem a química pras telas. E pra mentirmos sobre estarmos juntos. Só que as vezes eu perco a cabeça. Isso da Tiffany, te ajudar, tudo isso!, está me deixando louco.

Suspirei.

Ah meu amigo, eu sei exatamente como você está se sentindo.

-Tudo bem. Não levei pro lado pessoal. - sorri torto. E ele deu uma risada. - Só não faça de novo, tá? A menos que seja pra convencer o pessoal.

Ele confirmou corando e murmurando alguns desculpes.

-Então, - limpei a garganta e o encarei mudando o meu sorriso pra um malicioso - quando Stemi dará o seu primeiro beijo público como casal?

Ele abriu a boca e ficou alguns segundos sem fala.

-Quando você achar que vai causar ciúmes em Joe e Tiff. – ele disse ficando vermelho.

O que se passava na cabeça de Sterling Knight nesse momento? Porque seu tom de vermelho ficava mais acentuado a cada segundo.

Ai, meu Deus! E se ele tiver tendo um ataque do coração?!

-Meu Deus! – berrei. – Sterling você está ficando roxo! Você está passando mal?

Sterling nunca tinha ficado tão vermelho.

-Não. – ele murmurou e eu tive um ataque de riso. Certo, então ele estava com vergonha.

De quê?

Então, percebi que a única pessoa que poderia deixá-lo com vergonha ali era eu. E instantaneamente comecei a ficar vermelha também. Só que nessa altura, ele já tinha recuperado a compostura e seu ar arrogante.

-Sério, eu fico com calor e coro um pouco e você já acha que tem tudo a ver com você, senhorita beterraba? – ele disse com um sorriso torto.

Ergui as sobrancelhas e fiquei com raiva (mas ainda corada).

-Certo, então não tinha nada a ver comigo? – perguntei com o queixo erguido.

-Na, na, ni, na, não. – ele falou virando o rosto pra mim e novamente pra a rua.

-Ok. O que você estava pensando, exatamente, quando corou?

Queria ver ele se safar dessa.

-Que estava muito quente e que eu estou derretendo. - Sorri mais ainda. Peguei ele! – o que foi?

-Estranho. – murmurei me fazendo de idiota – Você sentiu calor no momento em que eu falei sobre nos beijar. Será que está ligado?

Ele ergueu as sobrancelhas e sorriu maliciosamente (exatamente como eu).

-Sim. Quando uma garota como você me pergunta quando eu quero beijá-la, eu geralmente fico com calor. – ele respondeu e daí eu fiquei sem fala. Não. Ele me pegou. Eu fiquei catatônica alguns instantes e ele riu alto. Mas depois de um certo continuei sem ação e ele pareceu se preocupar. – Certo, foi só uma piada. Deus, Demetria, eu só estava brincando!

O único problema era que eu não queria que fosse brincadeira!

Eu queria que ele gostasse da minha aparência e repetisse isso mil vezes. Que ele me beijasse com fúria! Que ele me protegesse! Que ele me ajudasse! Não queria que fosse exatamente o Sterling que fizesse isso, mas queria que fosse alguém. Eu já estava cansada de ser ignorada por Joe. E era Sterling que, nesse momento, estava fazendo tudo isso por mim.

E eu não tinha problema nenhum com isso.

-Pare o carro. – eu ordenei. Ele ergueu as sobrancelhas e desfez qualquer sorriso que houvesse antes ali. Parecia preocupado.

-Eu não quis te ofender. Eu te levo até em casa, certo? Sem nenhuma piada no caminho. Não precisa descer só pra me evitar.

Eu suspirei e rolei os olhos.

-Não quero te evitar. Só pare o carro. – ele ainda parecia preocupado e receoso. – Anda. Juro que não foi fugir.

E só então ele encostou o carro em uma calçada.

-O que foi? – ele soou nervoso. Ele ainda achava que eu ia pular do carro, não é?

-Eu estou cansada de fingir que não quero de beijar. – falei em alto e bom som. A boca de Sterling se abriu alguns centímetros – Você ama a Tiffany, eu amo o Joe. Certo, definido. Fingimos ser namorados, certo, mas só sentimos amizade um pelo outro. Então, voto para que fiquemos. Não tenho nada a perder. Nem você. E assim, um consola ao outro.

Ele ficou alguns segundos apenas parado me olhando como se eu tivesse acabado de sugerir que 2 mais 2 eram 55.

-Demi, você não tem que ouvir cada besteira que eu falo. É claro que eu me sinto atraído por você, mas não quero que você pense que...

Eu bufei interrompendo-o.

-Ah, pelo amor de Deus, Sterling! – choraminguei e soltei-me do sinto de segurança, e soltando o dele também com dois clics seguidos. – Não precisa fazer nada, então.

E foi aí que eu me agarrei ao cabelo dele e o beijei como se não houvesse amanhã.

Sterling ficou imóvel e parecia se decidir sobre algo. E do nada, ele pareceu mandar tudo ao inferno, começou a corresponder, com até mais intensidade do que eu havia começado. Ele passava as mãos nas minhas costas, acariciava o meu cabelo, e eu me prendia ao cabelo dele, como se precisasse sentir cada fio em meus dedos.

Céus, que bom que o vidro é fumê, se não estaríamos na capa de umas 50 revistas amanhã. – Mas eu nem ligaria muito, na verdade.

Eu estava me jogando pro assento do motorista quando, sem querer, esbarrei no volando e a buzina soou alto. Sterling deu uma risada contra a minha boca e me empurrou para o banco de trás, indo logo depois de mim. E em seguida voltando a me beijar.

Em algum momento sua blusa abriu e eu tive uma visão de seu peito definido. Passei uma mão por lá e senti-o ficar mais agitado. Logo, era a sua mão debaixo da minha blusa. E quando eu estava numa batalha interna entre querer continuar e não dever continuar, Sterling se agarrou a mim com mais força durante um minuto e então me soltou indo pro banco da frente.

-Você disse – sua voz era rouca – que queria ficar. Certo, concordo. Mas ir mais longe que isso faria com que um de nós dois nos arrependêssemos mais tardes. Você ainda ama Joe, eu ainda amo Tiffany. Por mais que eu goste do seu beijo e você do meu, isso não é capaz de mudar o que sentimos.

E antes que eu estivesse recuperada o suficiente, ele começou a dirigir o carro novamente e eu me senti completamente perdida.

O que foi isso tudo?

Sterling Knight é bipolar, tenho certeza. E provavelmente, eu também sou.

Ele parou na porta da garagem de minha casa.

Ambos nos olhamos como se perguntássemos “Devemos esquecer isso?”. E então sorrimos sem graça. Não havia como. Dessa vez, ele se aproximou e me beijou, algo leve, rápido, de despedida.

Eu levantei do carro e me senti flutuando até o meu quarto.

Lamentavelmente, meu coração queria um cara e todo o resto (a mente, o corpo) outro.