Alien: o Legado de Frankenstein escrita por fosforosmalone


Capítulo 1
It's Alive




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POLO NORTE: 1831

Em um navio preso em uma geleira, um marinheiro enrolado por vários cobertores, e usando uma grossa touca, esta em seu momento de vigília no navio. Ele bebe uma garrafa de conhaque, tentando espantar o frio intenso. De repente, avista uma estranha figura andando no gelo, se afastando do navio. Devido ao principio de nevasca, o marinheiro não consegue enxergar muito bem, mas a figura parece ser um homem enorme, de dois metros de altura, que se afasta da embarcação carregando um corpo.

MARINHEIRO

Ei você, pare ai!

Uma nuvem de vapor sai da boca trêmula do marinheiro quando ele grita. A estranha figura para ao ouvir o grito, mas logo volta a andar.

MARINHEIRO

– Mandei Parar!

O marinheiro ergue o mosquete, mas alguém agarra o cano da arma, e o abaixa. O jovem vira-se para encarar um velho que aparenta ter sessenta anos, com o rosto coberto por uma espessa barba branca, e a cabeça protegida por uma touca de couro.

CAPITÃO WALTON

– Deixe-o ir em paz.

MARINHEIRO

– Mas capitão. Aquele Homem esta levando alguém.

CAPITÃO WALTON

– Sim. Ele esta levando Frankenstein, mas ele esta morto, nada mais podemos fazer por ele.

A criatura carregando o corpo já sumira na nevasca que se intensificava.

MARINHEIRO

– Capitão, aquela coisa... Era o monstro de que Frankenstein falava?

O Capitão confirma com a cabeça

MARINHEIRO

– Se o que Frankenstein nos contou for verdade, é prudente deixar o monstro partir?

O Capitão olha profundamente para seu comandado.

CAPITÃO WALTON

– Aquela criatura passou por muita coisa. Ele sabe o que é, e o perigo que pode significar para o mundo. Eu falei com ele. Ele esta cansado, me disse que vai viajar para os confins do pólo e cremar a si próprio, junto com o corpo do pai. Esta criatura merece estes últimos momentos de paz. Alem do mais, pra onde ela vai, homem nenhum conseguira chegar. Agora junte-se aos outros, não há sentido em montar vigília com uma nevasca destas.

Os dois entram no navio, enquanto a nevasca se intensifica.

POLO NORTE: 545 ANOS DEPOIS

No meio do deserto branco do pólo norte, há um pequeno acampamento equipado com três tendas térmicas de porte médio. Do lado de fora, estão estacionados veículos que parecem tratores de pequeno porte. Há alguns quilômetros do acampamento, podem ser vistas cinco estranhas figuras. Parecem seres feitos de metal negro, medindo um metro e oitenta cada um. Seus rostos são cobertos por uma viseira, que protege seus olhos da luz refletida pela neve.

Do braço de uma das pessoas de armadura, sai um estranho objeto do tamanho de um hidrante. O objeto é pontudo, e tem um leitor em uma das extremidades. O operador da armadura crava o objeto na neve, enterrando-o bem fundo. Os dados obtidos pela maquina são transmitidas diretamente para os visores dos presentes.

HURT

– As leituras estão boas (Diz ele pelo comunicador do exoesqueleto). Isto aqui não deve demorar muito não.

NYSSIA

– Ótimo. Tenho que mandar o relatório para a companhia (diz a voz feminina e autoritária). Ei, o que é isso?

As pessoas na armadura vêem a barra indicada “pressão” subindo rapidamente em seus visores eletrônicos.

NYSSIA

– Temos que sair daqui, agora!

Todos começam a recuar. Hurt se aproxima do aparelho para tirá-lo da neve, mas algo no medidor chama a sua atenção.

HURT

– Tem coisa estranha aqui.

NYSSIA

– Hurt, vamos! (Diz ela virando-se).

Subitamente, Hurt some na neve junto com o aparelho. Com um som aterrador, toda a neve ao redor começa a afundar em um buraco que surge. Os jatos localizados nos pés das pessoas de armadura são acionados, e eles voam até uma distancia segura, enquanto o desabamento de neve para. Enquanto isto, Nyssia grita ao comunicador.

NYSSIA

Hurt? Você esta na escuta? Hurt!

SUBTERRÂNEO

Hurt sente seu corpo chacoalhar à medida que o exoesqueleto bate nas extremidades do buraco. A armadura atinge uma superfície de gelo. Antes que o homem tenha tempo de dizer ou fazer qualquer coisa, uma grande quantidade de neve cai sobre ele. A superfície de gelo se rompe com um estrondo, e Hurt volta a cair.

Hurt aciona os jatos de seu exoesqueleto, mas é atingido por um pesado pedaço de gelo, o que desestabiliza o seu vôo. Ele gira para frente fora de controle, até bater em uma parede. Por mais que use os comandos manuais para acionar os jatos novamente, não obtêm sucesso. O homem começa a se desesperar a medida que cai, e apesar da queda não ter durado mais de sete segundos, lhe pareceu uma eternidade

O exoesqueleto absorve grande parte do impacto ao se chocar ao solo gelado. Todos os sistemas da armadura se apagam, e Hurt se vê na mais completa escuridão. Por um instante, o homem fica em pânico. Com os sistemas do exoesqueleto não operacionais, o sistema de isolamento térmico da armadura o mataria por asfixia, e se abrisse a armadura manualmente, morreria congelado. Entretanto, para seu alivio, as luzes do visor voltaram a ser acionadas, e os sistemas ficaram novamente operacionais. Um som de estática passa a ser ouvido no comunicador, e a voz de Nyssia surge acompanhada de um chiado.

NYSSIA

– Hurt? Você pode me ouvir? Responde droga!

HURT

– Hurt respondendo. Cai há uma profundidade bem considerável, mas estou bem.

NYSSIA

– Fique onde esta. Não tente subir, ouviu bem?Pode haver um desmoronamento mais grave. Estamos triangulando a sua posição. Vamos tirá-lo daí o mais rápido possível, mas fique onde esta. Avise qualquer mudança de situação, entendido?

HURT

– Entendido.

Usando os controles, o homem põe o exoesqueleto de pé. Devia estar uma temperatura de 20º negativos do lado de fora, mas dentro da armadura, Hurt sentia-se confortavelmente aquecido. O rapaz aciona o sistema de luminosidade de armadura, e um grande feixe de luz passa a emanar do peito da maquina.

HURT

– Dá pra fazer melhor.

Com um ruído eletrônico, novas fontes de luz surgem nos ombros, costas e pernas da armadura, banhando todo o ambiente em luz. As paredes de gelo reluzem diante da luminosidade. Hurt olha em volta, e percebe estar em uma espécie de caverna congelada. O lugar onde caiu não é apertado como imaginava, mas bem amplo. Ele olha ao redor, procurando ver se existe alguma passagem ali que indique outras galerias, quando algo na parede chama a sua atenção. Ele se aproxima lentamente, e tenta secar o embaçado do gelo com a mão.

HURT

– Nyssia, na escuta?

NYSSIA

– Sim, na escuta. Esta com algum problema ai embaixo?

HURT

– Não sei ao certo. Tem alguma coisa no gelo. Parece um corpo.

Preso no gelo vê-se a silhueta de um corpo enorme. Tem longos cabelos, e em torno de dois metros de altura.

AMAZONIA: CASA DE RIPLEY

Ripley toca o Touche screen na parede, e água gelada começa a cair da torneira. A mulher com as mãos em concha joga água sobre o rosto, para tentar espantar o sono. A água para de cair, e Ellen Ripley, ou Ripley oito como tambem ficou conhecida, olha-se no espelho. Seu cabelo ruivo caído até a altura do pescoço emoldurava seu rosto bronzeado, que costumava ser pálido no passado.

Após tomar um banho, Ripley vai até a cozinha, vestindo um short caqui e uma regata branca. Em seu braço, vê-se uma tatuagem que estampa em preto o numero oito.

RIPLEY

– Café e frutas.

Do centro da mesa da cozinha, se ergue um aparelho do tamanho de um abajur. De sua parte inferior sai uma xícara, enquanto café vindo da parte superior cai precisamente dentro da xícara. O aparelho se recolhe para dentro da mesa, sendo substituído por uma tigela de frutas. Ripley pega uma maça, e a morde.

A mulher passa pela entrada da sua casa, e olha ao redor. Ela esta em um ambiente florestal, e a frente e ao lado de sua casa, há varias casas iguais. Na frente da casa de Ripley, um grupo de crianças passa correndo enquanto brincam. Ripley dá um meio sorriso, e toma um gole de seu café.

BASE MILITAR SHADOW CHARON: POLO NORTE

Mais de 24 horas haviam se passado desde que Hurt descobrira o corpo congelado. Foram necessárias seis horas para encontrar um modo seguro para resgatar o rapaz, e mais dezesseis horas para tirar o cadáver congelado da caverna. Nyssia teve que entrar em contato com a companhia para conseguir reforços, Foram enviados mais nove homens com exoesqueletos, e equipamentos para auxiliar o resgate do corpo. Foram usados pilares retrateis de sustentação para manter a caverna estável e emissores de calor de baixa intensidade para remover o cadáver da parede, na forma de um grande bloco de gelo. Cinco dos nove militares enviados içaram o corpo para a superfície, com a ajuda de cabos especiais. Na superfície, o bloco de gelo foi colocado cuidadosamente em um tanque criogênico móvel, e levado para a nave que trouxera os militares.

Nyssia avisou os colegas que o pequeno centro de pesquisa que haviam montado ali para estudar a fauna local e as condições climáticas, não previa este tipo de situação. Por isto, o corpo seria levado para Shadow Charon, uma base militar pertencente a United Systems Military, que se localizava naquela região. A Companhia manifestou interesse pelo corpo, já que na profundidade que estava, deveria ter ao menos trezentos anos.

Neste momento, Nyssia e Hurt acompanham o descongelamento do corpo através de uma vidraça. Hurt usa uma calça comprida, e uma camisa social preta, que contrasta com seu cabelo ruivo. Já Nyssia usa uma calça cinza, uma camisa branca, e um tailleur negro. Seus longos cabelos negros estão soltos. Dentro do laboratório, dois cientistas cuidadosamente manipulam um raio de calor que incide sobre o bloco de gelo.

NYSSIA

– Você devia cair dentro de fissuras mais vezes.

HURT

– Sei. Falou a moça que ficou toda desesperada no comunicador. Acha que eu não notei? (Diz sorrindo maliciosamente para a bela mulher).

NYSSIA

– Obvio que eu fiquei desesperada. Como é que eu ia explicar que um babaca morreu em uma pesquisa que devia ser simples e sem riscos? (Responde asperamente, deixando o rapaz sem jeito).

HURT

– Mas pelo menos encontraram o cadáver. Já definiram quantos anos tem?

Ouve-se um barulho eletrônico, e a porta atrás deles se abre. Um homem de estatura baixa, e com ralos cabelos brancos na cabeça entra na sala.

DR. HOLM

– Ainda não, mas o processo de degelo não deve demorar, então logo saberemos.

NYSSIA

– Hurt, este é o Dr. Henry Holm. Esta liderando as pesquisas com o cadáver. Dr. Holm, este é Tom Hurt, foi ele que encontrou o cadáver.

Os dois homens apertam as mãos.

NYSSIA

– O que já sabemos Doutor?

DR. HOLM

– Pouca coisa. Pelas roupas deve ter vivido durante o século dezoito ou dezenove. Deve se tratar de um homem pela altura, embora ainda não possamos ter certeza. Como já disse, o degelo deve levar só mais alguns minutos, então vamos poder apurar todos os detalhes que desejarmos do nosso amigo gelado.

HURT

– Creio que o corpo não vai ter serventia para a companhia, certo? O que vão fazer com ele? Doá-lo para uma universidade?

DR. HOLM

– É o mais provável, rapaz.

HURT

– E suponho que nós, como descobridores, devemos ganhar alguma coisa, certo?

NYSSIA

– Hurt! (Diz ela dando-lhe uma cotovelada).

Antes que Holm possa responder, seu bipe toca.

DR. HOLM

– Com licença. Tenho que voltar.

Ele se retira da sala, enquanto Nyssia olha feio para Hurt.

HURT

– Que foi?

LABORATÓRIO

O Dr. Holm entra no laboratório colocando as luvas. Sobre uma maca cercada por vãos para onde escorre muita agua, esta o cadáver já totalmente descongelado. Holm se aproxima lentamente do corpo. Realmente, seja quem havia sido esta pessoa, teve um crescimento fora do normal, pois com certeza media mais de dois metros de altura. De seus longos cabelos negros ainda escorria muita agua, assim como ainda haviam pedaços de gelo presos a ele. O longo casaco de inverno feito de pele cobria todo o corpo do cadáver. Mas o que mais chamou a atenção do cientista sobre o espécime foi o seu rosto.

O nariz do cadáver quase afundava na face. Havia varias cicatrizes sobre a pele, e varias regiões possuíam estranhos inchaços. Era um rosto totalmente lívido e deformado.

DR. HOLM

– Tirem o casaco dele. Com cuidado.

Os assistentes de Holm pegam pequenos aparelhos metálicos parecidos com alicates, e começam a descascar o casaco, que após séculos congelado, se tornou uma casca quebradiça. Enquanto os assistentes descascam os trajes do espécime, o Dr. Holm pega uma pinça, e delicadamente abre a boca do cadáver. Seus dentes parecem podres, mas ainda sim bem fixos. Quando um dos assistentes termina de descascar parte da primeira camada de roupa, o cadáver sofre um espasmo, e tosse fortemente no momento em que o doutor ainda analisava seus dentes. Todos os cientistas se afastam rapidamente do corpo, enquanto Holm tropeça ao recuar e cai no chão. Um dos seus assistentes vai ajudá-lo enquanto ele exclama incrédulo.

DR. HOLM

– Isso não pode ser possível! Ele esta vivo!


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Notas finais do capítulo

Bem, decidi me arriscar na ficção cientifica. Para isto, decidi promover o encontro entre um grande icone da literatura, e um grande icone do cinema. Espero realmente que gostem. Ah, e quem puder, deixe reviews. Até!



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