- E o céu? É da cor de seus olhos, não é?

Senti um aperto no peito. Sabia que momentos como esse seriam cada vez mais raros. Mas queria ter comigo essa lembrança, quando fosse para o campo de batalha.

- Então você gosta dos meus olhos, hum? - Sorri, maliciosamente.

- Você não tem jeito mesmo... - ficando encabulada.

- Queria te levar para Midgard, para ver o céu. Assim que eu tiver umas férias eu te levo! E para ver o mar também...

Quando me virei vi Aerith com aquele olhar. Um olhar triste e distante. Olhar de quem conhecia o futuro, mesmo sem saber. Nunca entendi esse olhar.

- Aerith, que foi?

- Nada, nada. Estava pensando... Você gosta de lutar, não gosta?

- Ora que pergunta. Eu luto porque preciso!

- Sei, mas você gosta disso, não é? Você sente prazer em estar batalhando, isso às vezes me assusta... - aquele olhar de novo.

- Ainda tenho que arrumar umas coisas... Assim que conseguir resolver esses problemas eu volto para ajudá-la com as flores. Prometo! - disse animado, tentando alegrá-la um pouco.

- Certo! Então vou esperar por você! Mas verei você antes de ir nessa missão, não verei? Você prometeu me ajudar com o carrinho para as flores!- fazendo charme.

- Claro, claro. Vou fazer esse carrinho. Você vai encher toda Midgard com suas flores!

- Nos dois vamos! - disse - me com um sorriso lindo.

Me despedi com certa tristeza. Sempre me sentia assim quando me despedia de Aerith.

Quando me afastava da igreja, vi ao longe Tseng me observando. Quando viu que havia sido notado veio ao meu encontro.

- Zack, você sabe que não pode brincar assim com os sentimentos dela...

- Quem te deu autoridade para avaliar meus sentimentos?! Ora, não quero discutir, quero te pedir um favor. Preciso que cuide de Aerith para mim, enquanto eu estiver fora. Sabe que confio em você.

- Esse já é o meu serviço. Você não está me pedindo nada além do que eu já faço...

- Cara, não deixe a Shinra pegá-la ainda. Quero resolver uns assuntos antes. Não estou brincando.

- Zack, eu só cumpro ordens!

- Conto com você, amigo! - disse a ele com tom bem sério. Ele só me acenou com a cabeça. Posso contar com Tseng.

- Cara! Você anda sumindo muito! Nem treinando mais você está! O que você anda aprontando? - mal entro no andar dos SOLDIERS que Kunzel me enche de perguntas.

- Ando meio enrrolado. Também estou para sair em uma missão com Sephiroth e...

- Eu soube! Nossa! Que inveja! Cara, você é muito sortudo! E também com toda essa história dos desertores... Nunca acreditei na morte deles...

Enquanto Kunzel falava, minha mente estava em outro lugar. Não conseguia parar de pensar em Aerith, em como minha vida poderia ser diferente se eu não trabalhasse para a Shinra. Se eu fosse apenas um cara comum...

- Ainda mais com o desaparecimento do Lazard, imagina só!

- Cara, eu preciso ir. A gente se fala depois.

- Ok. Mas vê se lê os meu e-mails! - sorrindo. Às vezes penso que não vou sentir saudades dele!

Preciso muito de tempo. Tenho certeza de que é isso que está faltando. Vou terminar essa missão e vou pedir umas férias. Isso, daria para eu ajudá-la com as flores. E quem sabe a gente se acertava de vez. Gosto muito dela...

- Ei Zack! Vou nessa missão com vocês! - Cloud animado.

- Que bom, amigo. Vamos resolver isso rápido!

- Está com pressa? Hehehe imagino que sei por que quer voltar rápido... - com sorrisinho no rosto.

- Certo, mas você sabe, a missão é na sua cidade natal... - agora eu, sorrindo maldoso - Quem sabe os podres que vou descobrir por lá...

- Pode parar! - e caimos os dois na gargalhada.

E pensar que talvez essa fosse a última vez que riria assim, tão discontraído.

- Pelo visto os dois estão preparados para partir! - Sephiroth, sério.

- Sim, senhor! - Cloud, em posição de sentido.

- Antes de partir preciso resolver alguns assuntos pendentes. Não vou demorar... - no mesmo tom de voz.

- Seja breve. Iremos partir logo. - disse, enquanto se afastava.

Preciso ir vê-la. Pelo menos mais uma vez. E fazer seu carrinho de flores. Af, não sei como se faz isso. Vou me esforçar! Amanhã irei ver Aerith...

Esses pensamentos me confortavam à noite. Gostava de fechar os olhos e imaginar seu rosto, sempre sorrindo. Mas às vezes lembrava-me daquele olhar. Sempre que isso acontecia meu coração ficava apertado.

Ainda não tenho certeza do que sinto por Aerith, mas sei que quero muito ficar com ela. Olho para o bilhete que ela me deu e tenho certeza de que ela sente o mesmo.

Irei vê-la, direi a ela como me sinto. E talvez nos abracemos. Queria não precisar ir nesta missão... Queria mostrar a ela o céu... e o mar...

Adormece.