Os Outros escrita por Sochim


Capítulo 34
Despertar (editar)


Notas iniciais do capítulo

Capítulo postado... não ficou grandes coisas, mas é porque tive uma grande ideia para o capítulo 40 e precisei separar os dois. Na verdade... eu bem que podia ignorar esse 39 e fazer logo o 40, mas significaria duas coisas:

1) Ignorar as coisas que eu gostei nesse

2) Que o capítulo ia demorar ainda mais.

Eu havia prometido que Naruto ia deixar o drama de lado... e ele está chegando lá. No capítulo 38 ele estava 70% livre de drama... nesse, está 80%. No próximo, alcançará o 100% e poderemos seguir em frente com a história. Com um Naruto mais determinado e direto. :D

Estou animada!



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Naruto terminou de empacotar as últimas coisas que levaria de volta para Konoha no dia seguinte. Tentava desde a manhã ignorar aquela sensação de vazio na boca do estômago, mas foi em vão. O dia tinha escorrido por suas mãos, enquanto arrumava suas coisas, e a sensação não tinha passado. Ele sabia que não passaria, mas ficaria grato se, no meio de todas as emoções que se acumulavam desde que tinha decidido voltar para Konoha (aliás, desde que tinha decido sair de lá, para começo de conversa), ao menos a ansiedade lhe desse uma folga. Porém ele estava acostumado a querer demais da vida e não obter o que desejava…

Não, ele não ia voltar àqueles pensamentos. Tinha prometido a Jiraya, como condição para que ele o levasse de volta para Konoha, que ele tentaria melhorar. Tentaria de verdade! Além disso, havia dias que Naruto jurava que já estava melhor, que estava pronto para tudo aquilo. Se fraquejasse, Jiraya cancelaria tudo e Naruto perderia sua última chance de resolver todas aquelas coisas. A última chance que tinha para se libertar. Precisava ser forte agora. E sempre. Não havia mais tempo para reclamações, lamentos e autopiedade. Tinha tomado sua decisão e era definitiva.

Deixou a última caixa empacotada de lado, num canto já abarrotado de coisas no quarto que tinha sido seu nos últimos meses. Cansado, sentindo as costas doendo e as mãos levemente trêmulas, sentou-se na cama, uma das poucas coisas que deixaria naquela casa, e passou a mão pelo rosto, apertando fortemente, como se assim pudesse arrancar aquela angústia que ainda se apossava dele. Vai passar, repetia, vai passar. Assim que eu chegar em Konoha, não vou perder meu tempo com besteiras. Vou fazer o que tenho que fazer, e depois… depois, Naruto não sabia exatamente como seria e evitava pensar nisso. Mesmo agora, estava tão distante de imaginar como seria seu futuro, quanto estava quando tudo em sua vida parecia ter parado, adormecido… em coma.

Ficou alguns minutos apenas com os olhos voltados para a janela e o pensamento longe, em lembranças, de todas as cores e sabores. Jiraya bateu na porta do quarto e lhe entregou uma xícara de chocolate quente, que Naruto aceitou com um sorriso pouco expansivo, mas sincero. Sua relação com Jiraya tinha melhorado consideravelmente nas últimas semanas, não apenas por causa de seu “fingimento” em parecer bem, mas por causa da resolução de Naruto em transformar aquele fingimento em realidade. Sabia que, por mais difícil que fosse, estava na hora de seguir em frente.

Com a xícara quente na mão, Naruto ajeitou-se no colchão, seus olhos quase instantaneamente caindo sobre o notebook, na escrivaninha do outro lado do quarto, o qual tinha usado pouquíssimas vezes naqueles meses. Tinha parado de escrever, mas, na noite anterior, tinha voltado a digitar algumas linhas, suas últimas lamentações. Tinha comentado um pouco sobre voltar para Konoha e sua expectativa para encontrar os amigos… como eles estariam?

Sem conseguir se conter, Naruto apenas seguiu seu instinto. Deixou a xícara no chão um momento, e pegou o notebook e o trouxe para a cama, abrindo-o a sua frente. A primeira coisa que fez, como um hábito, foi abrir o editor de textos, mas em seguida abriu o navegador da internet.

As redes sociais nunca tinham sido uma paixão ou uma constante na vida de Naruto. Ele tinha conta em apenas uma, pois Lee, Tenten e Chouji tinham gastado uma tarde inteira tentando convencer os demais a entrar naquela. Segundo eles, era a menos popular entre as redes sociais, e provavelmente poucos ou nenhum outro aluno do colégio estava lá. Naruto lembrou do login e senha, o que parecia ser algum tipo de milagre, e logo que a página de sua conta carregou, as fotos recentes dos amigos surgiram na tela.

Shino sentado em sua mesa de chefe ditador, com seus óculos escuros inseparáveis.

Tenten, Chouji e Shikamaru sentados com expressões tristes no que parecia ser o estúdio de rádio e televisão, mas sem os aparelhos.

Kiba e Hinata sentados em frente ao computador. Ele tampava o rosto com a mão, parecendo irritado, enquanto ela ria abertamente, olhando para quem quer que estivesse atrás da câmera.

Shino, Chouji, Shikamaru e Lee em frente à República.

Tenten e Hinata conversando sobre a sombra de uma árvore qualquer na praça da cidade.

Shino e Tenten sentados na escadaria da República… será que eles tinham finalmente saído daquele chove não molha? Naruto tinha certeza que não.

Mais fotos de Kiba e Hinata… na casa dele, um olhando pro outro, abraçados, rindo, fazendo careta, fazendo pose, no colégio, trabalhando juntos, estudando juntos, ou apenas sentados na mesa do refeitório com os demais.

Naruto se perdeu naquelas fotos, todas elas. Nas de cada um dos amigos, e nas fotos de Kiba, Hinata, e dos dois juntos. Era mais provável que eles tivessem avançado na relação, embora as fotos não revelassem mais que uma amizade. Uma amizade forte, provavelmente, mas se fosse qualquer coisa mais do que isso, também estaria lá, não estaria? Haveria mais do que sinais, haveria provas…

No entanto, não fazia diferença se estavam ou não juntos. Naruto sabia que Kiba gostava de Hinata, e era assim que tinha que ser. Ficaria feliz se chegasse em Konoha e os visse juntos, realmente juntos… Tinha que ficar feliz.

Tinha que parecer feliz simplesmente com a ideia de voltar para Konoha e enfrentar cada um de seus fantasmas. Kiba e Hinata eram o menor de seus problemas.

A viagem de volta para Konoha durou uma eternidade para Naruto, quase tão exaustiva quanto na ida, quando seu estado de espírito pesava mais que toda sua bagassem física. Estava grato, apenas, porque agora era tarde demais para Jiraya perguntar se ele tinha certeza, se queria desistir, se estava tudo bem. Agora era real, estavam em Konoha, descarregando o caminhão de mudança na nova casa, organizando móveis e objetos. Real. E sem volta.

A sensação era estranhamente boa. Melhor do que Naruto poderia supor. A nostalgia que o invadiu na primeira vez que voltou para Konoha, há cinco anos, não falhou dessa vez também, e lá estava ele, sentindo-se como se algo se renovasse dentro dele. Sorriu para Jiraya quando este o chamou para o almoço.

Eles se sentaram nas duas poltronas velhas, mas bem conservadas, que Jiraya fez questão de trazer, e colocaram os pratos de macarrão instantâneo sobre as pernas.

— Como se sente? – Jiraya perguntou, depois que Naruto já tinha dado duas ou três garfadas desesperadas na comida.

— Com fome.

— Isso eu posso ver por mim mesmo. – O velho comentou com um tom indisfarçavelmente divertido. – Quero dizer, como você se sente consigo mesmo?

Naruto deixou a mão com o garfo parado no ar por um instante, enquanto dava de ombros. Depois de mastigar e engolir com certa pressa desnecessária, resmungou um “bem” evasivo.

— Vai me dizer quais são seus planos?

— Não tenho planos, Jiraya. – Naruto dessa vez nem chegou a levantar o garfo, percebendo que o padrinho tentaria ir o mais longe possível naquela conversa. Não estava interessado em conversas profundas, mas sabia que precisava dar algumas respostas satisfatórias, antes de desviar novamente do assunto, por, quem sabe, mais um dia pelo menos. – Eu não faço planos, faço o que acho que tenho que fazer na hora, e torço para que dê certo.

— Você não pode levar sua vida inteira assim, sem planejar, apenas torcendo para que as coisas deem certo. – Jiraya ponderou, mas ao olhar Naruto, percebeu que seria inútil seguir essa linha de raciocínio.

— Você sabe sobre Kenn, não sabe? Sobre a possibilidade dele cumprir o resto da pena em liberdade, considerando que falta um ano para que ele seja solto…

— Eu sei. – Naruto respondeu simplesmente, os olhos fixos no macarrão.

— E o que sente em relação a isso?

— Eu não tenho que sentir nada, Jiraya. – Naruto deu de ombros novamente, dessa vez usando a comida quente na boca para adiar a necessidade de explicação. – Mas, eu acho que sei como Gaara e os irmãos dele se sentem agora.

Jiraya o olhou, com expectativa. Naruto o encarou de volta, seu olhar melancólico.

— Como se o pai deles estivesse saindo do coma. Eu não sei como é, por que não tive a chance… mas, eu entendo que isso é importante para eles.

A resposta de Jiraya foi apenas um muxoxo sem palavras. Naruto ignorou, voltando a atenção para seu prato, sua comida, e o dia que o aguardava na manhã seguinte.

Jiraya tinha preparado um café da manhã reforçado para Naruto, algo para, segundo ele, prepara-lo para o dia que se seguiria. Mesmo sem vontade de comer, por causa da ansiedade que tinha tomado conta de seu corpo e mente, Naruto forçou-se a engolir algumas torradas e um suco de laranja. Café seria uma péssima ideia para seus nervos naquele momento. Antes de sair de casa, tomou uma pílula de remédio contra a ansiedade e avaliou por um longo instante as mãos trêmulas. Quando aquela droga teria fim? Terminou de se arrumar, lançando um olhar demorado para o espelho. Aquele uniforme não lhe cabia bem. Aliás, não cabia bem em ninguém! Se tivesse se lembrado dele antes, não teria voltado, definitivamente. Ah, se Jiraya soubesse como teria sido fácil argumentar com sua teimosia se apenas tivesse o lembrado da necessidade de usar aquele uniforme…

Arrancou a gravata e o casaco social, os amarrotando na mochila. Não ia vestir aquilo e não importava quantas advertências levaria dali até o fim do ano. Depois, passou por Jiraya, lançando para ele um aceno que talvez parecesse animado, se ele tivesse se lembrado de sorrir um pouco.


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Notas finais do capítulo

Bem, espero que tenham gostado. Como de praxe, qualquer dúvida, reclamação, sugestão ou elogio (!!!), estou à disposição.

Obrigada por ler!!!