Os Outros escrita por Sochim


Capítulo 21
Os donos da escola (editar)


Notas iniciais do capítulo

Ai demora... Vocês nem podem reclamar tanto assim... Pra quem lê A Luz dos Olhos Teus a demora é muito mais ifícil de aguentar... Mas, como sempre, eu voltei e tem cap novo pra vocês. Esepro que gostem!!!



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Ontem, em um momento da mais pura e incontrolável inspiração, eu sentei em frente ao meu querido e inseparável computador e comecei a escrever. Tinha passado o dia todo pensando e pensando. Como não poderia deixar de ser, Gaara e Sasuke eram palavrinhas constantes na minha mente. Eu fiquei tentando imaginar algum motivo para eles terem começado com essa história de Populares e Impopulares. Como Kiba nos disse no dia que entrou para Os Outros, os dois grupos não nasceram com o propósito de sair pelos corredores aterrorizando as pessoas e nem os meus ex-amigos nasceram como líderes. Então... Por que, ou melhor, como os grupos surgiram?

Passei dois anos fora da cidade e, quando voltei, não tive nenhum tipo de notícias sobre eles, então, é de se imaginar que quando eu chegasse na Escola Secundária de Konoha, eu estranhasse (como de fato estranhei), vê-los daquele jeito tão... Diferente do que eles eram. Eu esperava algum tipo de aversão de um em relação ao outro, mas ódio... Devo admitir que, naquele momento, eu achava que só eu tinha direito de odiar alguém, então... Não sou exatamente uma pessoa admirável por isso.

Depois de tudo o que aconteceu nesse mês, as minhas dúvidas que estavam crescendo a cada dia, tomaram uma proporção ainda maior. Com a Briga, com a conversa que tivemos na minha casa (o “eu sinto muito deles” ainda está ecoando na minha cabeça), e com o Sasuke impedindo que o Neji apanhasse, enquanto o Gaara apenas assistia de longe... Não sei, mas acho que as coisas estão começando a entrar num terreno perigoso, para todos nós. O ódio deles nunca foi tão grande ao mesmo tempo em que a atitude do Gaara em se reunir conosco e dizer, sinceramente (pelo menos acho que foi assim), que sente muito, foi como se ele estivesse seguindo um caminho contrário ao próprio ódio.

Algo não está normal! Algo está irreversivelmente fora de lugar! Mesmo eu sou capaz de perceber isso!

Não sei se realmente quero chegar em alguma resposta. Não quero ter que admitir, daqui a um tempo que, mais uma vez eu estava errado. Mas, caso eu esteja certo, que fique documentado:

Algo me diz que nada mais será como antes.

Vejo isso mais claro agora. No entanto, ontem, não foi exatamente assim. Confesso que, num determinado momento, cheguei a pensar que talvez Gaara estivesse arrependido e quisesse, naquele dia na minha casa, realmente reatar a nossa amizade. Mas não faz sentido ele estar arrependido. Por que mudaria de opinião assim, do nada? Prefiro acreditar que o que estava acontecendo com ele era uma necessidade de tirar um peso dos ombros e, pra ser extremamente sincero, eu prefiro que seja essa a resposta. Seria menos... Não sei explicar. Mas, me sinto melhor encarando a covardia dele, do que imaginando que ele queira ser meu amigo. Não quero nunca mais chamá-lo disso.

Foi nessa base de pensamento que acabei escrevendo um dos meus melhores textos até hoje. Não tentando entender, mas ao invés disso, perguntando. Quando terminei, dei uma lida e percebi que ele estava com uma cara diferente. Como se ele não tivesse sido escrito para mim, mas para outras pessoas. Foi aí que tive uma idéia:

Fazer uma série de artigos, falando sobre os Donos da Escola, os Senhores Popularidade. Claro que não elogiando, mas fazendo com que as pessoas pensassem. E fazendo com que eles percebessem que nem todo mundo os adora.

Claro que, quando tive essa idéia, demorei alguns minutos para me lembrar que eu não era editor do jornal e que tinha um pequeno obstáculo para que a minha mais nova ambição se realizasse. Esse obstáculo se chamava, claro, Shino Aburame. Resolvi que a melhor opção era não adiar a decisão. Precisava de uma resposta logo e de preferência direta. Mas essa segunda parte, eu nem precisava pedir. Com o Shino, todas as respostas eram diretas. A menos, é claro, que ele não quisesse facilitar a nossa vida.

A bem da verdade, desde que o Shino teve aquele problema no coração, ele tem se mostrado mais legalzinho com a gente. Isso é bom, claro. Quase me faz lembrar do Shino que conheci. Mesmo assim, o Shino que conheci não foi um poço de simpatia nos primeiros dias e demorou muito para que ele me tratasse como uma pessoa normal. De qualquer forma, com o tempo fui me entendendo com ele e, com ainda mais tempo, fui me desentendendo com ele. Hoje, como eu disse, estamos bem melhor. Como nunca foi.

Chamei o Shino no quarto e, antes que o Neji fizesse o favor de aparecer sem ser convidado, fechei a porta e pedi, sem demora, para que o chefe lesse o meu texto. Foi o que ele fez, com aquela cara séria, característica. O Shino tem uma mania que me irrita. Primeiro, ele lê o texto observando os erros de gramática e, na medida do possível, os conserta. Depois, ai sim, ele começa a ler de verdade. Mesmo que eu já estivesse acostumado com aquela mania irritante dele, não consegui me manter muito feliz quando ele começou a me corrigir. (Meu lado “Shino-fã”, que descobri recentemente, queria dizer eficaz ao invés de irritante, mas eu não deixei).

Quando ele terminou suas duas leituras, olhou bem para a minha cara, daquele jeito que só ele sabe e...

— Eu não vou dizer que não gostei. - Ele começou, olhando para a tela do computador. - Para ser sincero, eu achei muito bom. Comparado aos primeiros textos que você fez para o jornal, isso é completamente diferente.

Posso falar? Achei muito massa ele ter dito isso.

— Tem muita ironia, do começo ao fim. Se você estivesse falando de mim aí, eu ficaria com muita raiva.

— Eu não faria um texto assim para você. - Tentei ser legal, mas ele me encarou, meio estranho.

— Não estou muito certo sobre isso. - Ele comentou e, ao contrário do que sua expressão sugeria, senti um tom de ironia naquela fala.

— Mas, então, o que achou?

— Se perdeu um pouco no final, mas...

— Você que é muito metódico.

— Talvez. Mas repara aqui...

Nessa hora, nós iniciamos um momento de edição de texto que seria muito chato relatar aqui, mesmo porque demorou um bocado para ele mudar do modo editor e passar para o modo comentarista, que era o que me interessava no momento. E, tenho que admitir, ele repara em cada coisa, que eu nunca seria capaz de perceber, nem quando escrevo. Ele percebe quando uma vírgula está fora de lugar, quando uma palavra foi mal colocada, quando o sentido que eu quero passar com uma frase fica ou claro para o leitor... Acho que foi nesse momento que admiti para mim mesmo que eu sou fã desse cara. Que droga.

Depois de efetuarmos algumas mudanças estratégicas no texto, eis que chegamos à versão final. Então, expliquei para ele a minha idéia. Mas uma vez, tive como resposta a mesma expressão sem nenhum sinal compreensível para um homem comum. Shino não parava de olhar para a tela, como se dela fosse sair as palavras que ele queria usar, fossem elas quais fossem. Depois de um tempo ele finalmente me encarou.

— Sabe, nesse tipo de situação, não é o texto que importa.

— Então é o que é? - Estranhei ele dizer isso depois de levar tanto tempo nas correções, mas era com o Shino que eu estava falando afinal.

— Naruto... Eu sei que não há ninguém nesse jornal com mais moral para falar do Gaara e do Sasuke do que você. Vocês foram amigos, tiveram uma história confusa sobre seus pais e tudo mais...

O Shino fez uma pausa, provavelmente reparando na expressão que eu fiz. No dia da briga, eu já tinha tido a impressão de que ele sabia a verdade, mas não tinha certeza. Quero dizer, foi um daqueles momentos em que ele escolhe não ser direto. Como ele soube é outro mistério, mas considerando a boca grande da Temari, acho que não é um mistério tão grande assim.

— Shino, isso não tem nada a ver com o que aconteceu...

— Tem sim, Naruto. Se não esse artigo nem teria saido. - Shino olhou para o chão, antes de continuar. - Quero que pare para pensar, antes de fazer isso. Se você se propor a falar dos Populares e dos Impopulares, desse jeito, você vai ser ainda mais odiado por eles. Sabemos que até hoje, nenhum dos caras que andam com eles enguliu a história do Sasuke e do Gaara nunca terem ido até o fim quando a conversa era você. Mas, se fizer esses artigos, se estiver realmente disposto a falar dos dois, você vai ter que assumir os riscos.

 

— Que riscos? - Perguntei, meio inocente, admito.

— Até hoje, ninguém nessa escola sequer imagina que você, Sasuke e Gaara tenham sido amigos algum dia. Nem sabem da história dos seus pais, o que é perfeito, assim nenhum de vocês fica exposto a comentários que não serviriam de nada. Vocês três, ainda que não tenha sido um acordo formal, guardam o mesmo segredo. - Aqui, eu já estava entendendo onde ele queria chegar e acertei. - Então... Se publicar esse artigo, eles terão o direito de revidar. E isso pode sair do controle.

— Eu sei disso...

— Por mim, eu publicaria esse texto. Mas eu só faria isso, se você estivesse certo de que poderia lidar com todas as consequências. Todos podem saber sobre os seus pais. Todos podem saber sobre o pai do Gaara. Eu sei que ele não representa nada para você, mas o Gaara teria problemas enormes se todos soubessem que o pai dele foi preso. Para os alunos dessa escola, não importa se foi um homicídio culposo ou doloso. Eles nem sabem a diferença. Gaara será, simplesmente filho de um assassino.

— Mas é o que ele é! - Falei depressa, quase sem pensar.

— Você tem que entender que há uma diferença entre quem é Kenn e que é Gaara. Independente do que aconteceu com vocês, mexer assim na ferida dos outros, não é uma decisão fácil.

— Eles nunca pensaram duas vezes antes de mexer nas minhas feridas.

— Mas você não é igual a eles, é? Espero que não, porque eu sempre imaginei você como uma pessoa diferente, que chegou nessa escola com uma visão única das coisas. Forte o bastante para enfrentar quem quer que seja com artifícios melhores que os deles. - Shino parecia estar falando de outra pessoa não de mim, mas preferi não falar nada a respeito daquilo. Ele continuou. - Pensa bem sobre isso. Ainda temos tempo até a próxima edição.

Shino levantou da cadeira em frente ao computador, me deixando lá, sentado. Mas, antes que ele abrisse a porta para sair, chamei.

— Sobre o que disse antes, sobre o segredo... Não sei mais se vale a pena. Sinceramente, Shino, tem horas que eu gostaria que todo mundo ficasse sabendo o que aconteceu. É cansativo o modo como eles parecem estar no topo do mundo. Eu queria que todos soubessem como eles foram idiotas.

Shino olhou para mim de um jeito que quase me fez arrepender do que tinha dito.

— Mas aí as pessoas também vão perceber que você é um coitado, com uma vida difícil, sem pais para cuidar de você, sem amigos... Quer mesmo estar na posição de coitadinho?

Eu não tinha pensado nesse lado das coisas. Ser o coitadinho nunca foi uma preocupação minha. Eu tinha medo mesmo era de que as pessoas comparassem o que Sasuke e Gaara se tornaram e depois olhassem para mim. Eu não tinha nada que chamasse a atenção. A não ser, como Shino disse, uma história triste.

— Eu sinto como se estivesse mentindo para as pessoas o tempo todo. Para o pessoal do jornal. Tirando você e o Kiba que parecem ter fontes realmente muito boas... Não acho que uma amizade possa ser criada a partir da mentira.

— Cada um sabe dos segredos que carrega e por que prefere manter suas verdades apenas para si. Ninguém tem o direito de cobrar isso dos outros. Ser amigo é não ter segredos? Não vejo dessa forma. Ser amigo também é aceitar que a outra pessoa não quer contar tudo a respeito dela. - Shino voltou para perto de mim e do computador. - Eu descobri sobre o seu segredo quando tentava entender porque tudo o que envolvia Gaara e Sasuke no último ano girava em torno de você de alguma forma. A trégua no campeonato, o modo como você foi empurrado para Os Outros... Mas quando eu fiz isso, eu não te considerava meu amigo. Ironicamente... - Acho que vi um pequeno sorriso no rosto dele nessa hora. - Eu só me senti parte de um grupo de amigos, quando vocês descobriram o meu segredo.

— Shino...

— Mas, eu não queria que soubessem, porque eu não queria que ficassem me olhando diferente.

— Nós não fizemos isso.

— Realmente não fizeram, mas... Outras pessoas fizeram. A diretora Tsunade, os professores, a Temari... Os alunos, que não tinham nada a ver comigo. Agora, todos eles comentam. Todos eles acham que eu posso ter um treco a qualquer momento. E serão essas pessoas que vão falar de você depois.

Aquela declaração do Shino, talvez tenha sido a que mais me surpreendeu, dentre todas. Nunca imaginei, nem por um segundo que ele fosse do tipo de pessoa que se preocupava com o que os outros pensavam. Ele não apenas se preocupava com isso, como tinha medo que nós, seus amigos, fôssemos capazes de olhá-lo da mesma forma. Mas... Pensando nisso, ele não se sentia parte de "um grupo de amigos até aquele momento" e, se eu prestar atenção, também foi naquele dia que eu percebi que não estava tão sozinho. Eu tenho mais coisas em comum com o Shino Aburame do que pensava.

Apesar de todas as coisas que eu disse e pensei sobre o Shino, posso dizer, nesse momento, consciente de que amanhã estarei me contradizendo, mas posso de verdade, dizer que gosto dele. Talvez Shino tenha, sim nascido para ser líder, mas ele simplesmente escolheu não ser.

Shino então me deixou sozinho, cheio de coisas na cabeça.  A sinceridade do Shino era sempre tão incômoda, que fazia a gente pensar. Então... Eu pensei. E até agora não cheguei a nenhuma conclusão.

Olhei para o texto no computador e resolvi deixá-lo de molho por um tempo.

 

*

Artigo - Os donos da escola

Muito além do Sr. Popularidade

Há exatamente um ano, eu estava parado em frente à Escola Secundária de Konoha, preparando-me para o início de mais um ano letivo, em mais uma escola nova. Passei por tantas escolas nos últimos cinco anos, que nem me lembro da cara da maioria dos meus colegas de sala desse período. Quando cheguei, tive dois pensamentos. O primeiro foi que eu não precisava me preocupar com as pessoas daqui, porque logo iria embora e eu esqueceria deles tão rápido quanto eles de mim. O outro foi que aqui era igual a , ou seja, que essa escola, apesar de nova, era e é igual a qualquer outra por que passei. Mas foi aqui que eu fiquei.

O que ela tem de comum com as outras? Os alunos. São sempre as mesmas preocupações banais, as mesmas reclamações, os mesmos motivos para ser amigo ou inimigo. Há sempre aquelas garotas lindas e intocáveis que você vai passar toda a sua vida escolar desejando conhecer. E há sempre aqueles caras que são fúteis ou brutos e que você passará a vida toda odiando. Mas são eles que tem sempre aquilo que você quer ter, ocupam os lugares que você quer ocupar, especialmente no coração daquela menina linda... Sabe... Aquela que nem sabe que você existe. Com ele por perto, você simplesmente não tem chance.

O senhor Popularidade é sempre aquela pessoa que tem a aparência certa, a força bruta necessária e a cara de pau peculiar que lhe garante obter as coisas num piscar de olhos. Mas é aí que A Escola Secundária de Konoha apresenta uma pequena, quase insignificante diferença em relação às outras escolas por esse mundo à fora. Aqui é o único lugar que conheci que tem não apenas um, mas na verdade dois senhores Popularidades. Um deles, aliás, chamado de Impopular, não por de fato ser impopular, mas por sua oposição direta ao outro.

Acredito que agora todos saibam de quem estou falando, correto? O Popular Sasuke Uchiha e o Impopular Gaara Sabaku. Confesso que no começo não achei a idéia dos nomes lá muito original e até confusa, mas com o tempo me acostumei a apanhar ou de um ou do outro e, já que eu precisava odiar um de cada vez, fui me acostumando. Os dois são representantes de tudo o que falei até aqui. Eles podem não ser tão bonitos quanto aquela garota por quem você levanta toda a manhã e por quem você não quer sair da escola nunca mais. Mas, essa garota só estará no seu pensamento até a formatura. Os outros dois, serão para sempre a razão pela qual você não se importava de ficar um dia sem ver a garota.

Ninguém sabe ao certo como os dois simplesmente viraram a cara um para o outro e disseram, comumentes, "não gosto de você". O importante aqui, no entanto, não é desvendar os mistérios por trás do ódio mútuo que há entre eles, mas entender porque eles em si existem. E, principalmente, porque tem tanta gente que os seguem por todos os cantos.

Eu particularmente não entendo como pessoas como Neji, Sai, Juugo e Suigetsu podem se sentir parte de uma briga, que provavelmente nem eles mesmos sabem como começou. E essa, na verdade, é a parte engraçada. Como os nossos amados Senhores Popularidade (e Impopularidade), conseguem controlar tanta gente, sem dar uma luzinha de esclarecimento sobre os motivos que os movem? Não que eu esteja realmente preocupado com o quanto esses quatro sabem a respeito de seus líderes, mas já que nós, os alunos, meros mortais, somos as vítimas dos dois grupos, será que não mereceríamos uma explicação mais definitiva e direta que um simples "não fui com a sua cara".

Você, que já apanhou do Kimimaru ou do Kidoumaru (ou de qualquer outro, não faz tanta diferença assim), com certeza ouviu essa resposta, estou certo? Porque foi o que eu ouvi depois do terceiro mês estudando nessa escola, quando fui cercado pelo baixo escalão dos Impopulares na saída do banheiro e levei um agradável e, devo dizer, bem aplicado soco no estômago. Não é uma região muito boa para levar um soco, mas considerando as opções, não posso reclamar. Ou eles acertavam as minhas partes baixas ou o meu nariz. A essa altura não duvido da capacidade deles de causar "boa impressão", por assim dizer.

Considerando a seriedade com que esses dois grupos, os Populares e os Impopulares, levam essa história toda, eu me pergunto, será que o que realmente os motiva é um simples ódio? Uma simples questão de rivalidade? Uma questão de popularidade, para ver qual dos dois se adapta melhor à condição de Dono da Escola? Ouso dizer que não. Há um motivo maior, uma razão escondida... Tem que haver. Não quero ser um saco de pancada, só para servir como números. Quero ser um saco de pancadas por uma causa maior, nobre, para que eu possa dizer aos meus netos que o avô deles fez parte de algo grande, sem precedentes. Isso se eu chegar a ter filhos pelo ritmo que as coisas estão tomando.

Dizer para os netos que você entrou para a história, não tem preço! Ainda que seja mentira...

No entanto, há que se considerar o histórico da escola quando o assunto é os seus antigos donos. Talvez nem todo mundo saiba, mas prefiro acreditar que uma pequena parcela dos meus colegas tenham lido o edital do jornal há algumas semanas. Enfim, como ia dizendo, talvez nem todo mundo saiba, mas não é a primeira vez que a Escola Secundária de Konoha tem esse tipo de rixa entre alunos. Os registros mais antigos constam que pequenos grupos de três ou quatro, faltavam na escola para ficar badernando pelas ruas da cidade. Mas vamos nos ater aos antecessores diretos de Gaara e Sasuke. Mais precisamente, Kankuro Sabaku e Itachi Uchiha. Os irmãos mais velhos.

Todos se lembram da Briga, não é? E se lembram também do desfecho? Dois caras vindos sabe-se lá de onde, entrando no campo de futebol e separando os dois astros principais daquela tarde. Para mim, foi inexquecível. Especialmente a expressão do Gaara quando Kankuro estava sobre ele e o modo como Sasuke ficou quietinho quando Itachi apareceu na frente dele.

Kankuro e Itachi eram os antigos Donos da Escola. Seus feitos iam desde pequenas brigas nos corredores, armações para que um ou outro fosse fazer uma visita à diretoria, ou, ocasionalmente, pixações nas paredes e visitas cada vez mais freqüentes à delegacia. Nada demais... Não tenho certeza se eles tinham seguidores estúpidos, que perseguiam alunos sem nenhum motivo aparente, nem faço idéia de porque se odiavam naquela época. Mas vale ressaltar, no entanto, que após cinco anos desde que saíram da escola e da cidade para morar no centro, eles voltaram misteriosamente, renascidos das cinzas. Coincidência ou não, no dia em que seus irmãos estavam arrumando uma confusão imensa. E, claro, não posso esquecer, Kankuro e Itachi, hoje, são amigos.

Um Sabaku e um Uchiha amigos? Isso foge dos padrões, das leis da física, leis do universo, das leis da nossa cidade! Mas é a mais pura verdade. Em algum momento, de alguma forma, eles olharam para trás e perceberam que não havia mais motivos para se odiarem e simplesmente passaram a ser amigos. Pode chamar isso de irônico. Eu chamo de óbvio.

Agora o leitor deve estar confuso. "Ele disse óbvio? Esse Naruto pirou!". Não. Não pirei. Disse óbvio, sim. Por que não? Kankuro e Itachi pensavam igual, tinham as mesmas idéias e até as mesmas técnicas. Tinham mentes sádicas e humor diferenciado, que permitia que achassem graça das banalidades que faziam um ao outro e das que sofriam. Tinham uma espécie de competição, no início sadia, depois mais séria, mas ambos acabaram se mudando quase na mesma época, para o mesmo lugar. Era uma questão de tempo. Portanto, óbivio. Obra do destino se preferir.

Mas Gaara e Sasuke não são como os garotos populares que existem por aí. A disputa entre eles vai muito além de qual dos dois será o Senhor Popularidade. Mas isso é assunto para outra hora.

Artigo por Naruto Uzumaki


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Notas finais do capítulo

E aí, valeu a espera?
*pergunta apreensiva* Uma coisa ruim da demora, tenho que admitir, é que as pessoas depois de um tempo se desencanam tanto, que só depois de uma semana vão se dar conta de que tem capítulo novo =S Bem feito pra mim...