FLASHBACK ON:

Não via nada a não ser as minhas lágrimas, nem sequer sabia onde estava, só passava uma coisa na minha cabeça, aquele traidor com aquela uma. A dor sufocava-me, não sei como conseguia caminhar. Estava a chover muito, não via o caminho, também não me importava, nada na minha vida fazia sentido, só queria morrer, desaparecer, sei lá.

Mas de repente vi um vulto à minha frente e ergui a cabeça, mas não vi nada, provavelmente a dor estava-me a fazer imaginar coisas. E aí uma dor insuportável me queimou a mão. Caí no chão a gritar de dor, era insuportável parecia que estavam a  espetar-me  uma faca na mão, repetidamente. Assim fiquei durante três dias a morrer lentamente e no entanto, era tudo o que mais desejava.

Assim que tive forças para me levantar e reparei que me sentia mais forte, um homem passou e perguntou-me se precisava de ajuda e num impulso saltei-lhe para a garganta.

FLASHBACK OFF

Tinha acabado de matar um homem e agora partia para a mulher e a sua filha mais pequena. Aproximava-me lentamente como uma caçadora sem limites e de repente a mulher começa a gritar e a pequena a chorar.

-Mate-me mas deixe a minha filha viver, por favor. – Ela dizia e chorava ao mesmo tempo.

E instantaneamente lembrei-me quando estive grávida do Charlie, mas infelizmente, e mesmo na situação em que me encontro digo infelizmente, perdia com dois meses, houve uma discussão entre duas colegas minhas e antes de elas começarem à chapada eu interferi e levei um grande murro na barriga, pois ninguém sabia que eu estava grávida na escola, a não ser eu e o Charlie.

FLASHBACK ON:

Tinha acabado de acordar a gritar pelo Charlie, eu precisava de saber o que tinha acontecido e ele era o melhor para me explicar.

Ele entrou no quarto e rapidamente veio-me segurar na mão, com lágrimas nos olhos.

-O que aconteceu? -eu sussurrei baixinho, mas ele podia ouvir.

-Levaste um murro na barriga e vieste aqui parar. -ele respondeu.

-E o bebé? -perguntei, com medo da resposta.

-Não sobreviveu. -sussurrou e com essas palavras, o meu mundo parou e comecei a gritar e a chorar descompassadamente.

           FLASHBACK OFF

E lembrando-me disto parei, simplesmente não conseguia mover um só músculo.

Num movimento rápido e gracioso fui-me embora.

Entrei dentro da floresta e fui a correr para perto do penhasco, era um sítio muito calmo de onde se via o mar e sempre me ajudava a pensar.

Fui até à ponta, sabia que para mim não havia risco de cair, sou uma vampira.

Mas para que é que isso me serve se me tornei num monstro, no que nunca acreditei alguma vez ser, numa coisa que devia ser morta. Fiquei durante mais algum tempo a pensar.

Voltei a casa era de madrugada, passei toda a noite a pensar na vida, mas pelo menos cheguei a uma conclusão.

Se o problema era eu, então só havia uma solução...