Alemanha, para ser mais específica, Berlim. Uma das cidades mais gélidas que eu já conheci. Prazer, meu nome é Karina. Uma menina que viu a vida ser tirada de sua mãe bruscamente em sua frente.  Você com certeza deve estar se perguntando, o que uma pessoa como eu está fazendo andando pelas ruas livres de Berlim, já que eu deveria estar na cadeia por ter matado o assassino da minha mãe. Infelizmente, minha vingança nunca passou de uma vontade, pois desde aquela noite o assassino fugiu e nunca mais foi encontrado... Se eu o encontrasse na rua provavelmente nem saberia quem seria.

         Atualmente tenho 21 anos. Moro sozinha, mas obviamente tenho uma família. Meu pai, que agora já é casado, teve duas filhas, Maria Isabel e Amanda. Eu só converso mais com a primeira. Maria Isabel, uma menina que possuía cabelos do tom castanhos claros, era liso, com uma franja acima das sobrancelhas, um olho verde, verde que me dá inveja por não ter herdado isso do meu pai.

       Eu ao contrário dela, era morena, de cabelos compridos e olhos claros, os olhos eram uma das poucas coisas que eu havia herdado da minha mãe, já de resto, meus traços eram idênticos aos do meu pai.

       Eu não era uma daquelas meninas amarguradas com a vida, que choravam a noite inteira em seu quarto, andava com roupas góticas e maquiagens escuras. Pelo ao contrário, eu sempre fui muito alegre, receptiva, e simpática. Muita gente estranha isso em mim, mas fazer o quê, não consigo ser de outra forma.

       Bom, como havia falado, estava andando pelas ruas de Berlim, estava indo em direção ao meu trabalho, não é muito lá essas coisas. É em uma loja de cd, eu gosto muito, escuto músicas enquanto trabalho.

       - Bom dia xuxu. – disse dando um beijo estalado na bochecha de Milena, uma amiga que me conhecia desde os 14 anos, éramos melhores amigas.

       - Bom dia, flor do dia! E aí, passou bem o fim de semana?

       - Sim, dormi, dormi e dormi. Mais nada. – eu disse rindo. – Hoje eu vou lá na casa do meu pai, vou dar uma volta com a Bel. – disse com um sorriso involuntário no rosto. – Essa menina

é minha versão mais jovem.

       - Ah eu imagino, sonhadora, que só vendo. – Milena respondeu rindo. – Mas aonde pretendem ir?

      - Não sei cinema, shopping, coisa que garotas costumam fazer, e aproveitamos pra dar uma olhada em garotos. – eu disse rindo.

     - Aiai, 21 anos e você indo pra shopping pra paquerar meninos, mas enfim, vamos trabalhar.

       O dia passou igualmente como todos os outros, calmo, sem muita movimentação, cheia de conversas e risos, eu trabalho meio turno, ou seja, acordo cedo, almoço, e faculdade depois.

       - Ah, vou lá na casa do meu pai buscar a Bel, depois deixo ela e te encontro na facul, falô? – disse pegando minhas coisas, minha bolsa, etc.

       - Ok dude! – disse ela rindo.

       Sai apressadamente da loja, e fui em direção a casa da Bel.

       - Ai. – disse eu quando senti um esbarrão, e acidentalmente minhas coisas caíram no chão.

      - Me desculpa moça. Mesmo! – o homem disse enquanto recolhia minhas coisas.

      - Ah, imagina. Mas, se um dia a gente se vir de novo, não me chame de moça, ok? – eu disse soltando uma risada – Me chame de Karina. – disse olhando em seus olhos castanhos claros e corando um pouco. – Enfim, tenho que ir. – disse sorrindo.

       - Ah ok Karina, e a propósito, meu nome é Bill. – ele disse sorrindo de volta. Meu deus que sorriso mais lindo! Mas enfim, virei-me e continuei meu trajeto.

       Cheguei na casa do meu pai, meu pai ao contrário de mim, era extremamente rico! Morava em uma mansão enorme, com milhares de luxos e bens materiais. Entrei calmamente até o portão e toquei a campainha.

       - Pois não? – o mordomo respondendo, ainda sem ver quem estava na porta.

       - Ei Alfred, sou eu! – eu disse rindo.

       - Ah, olá Srta Oliveira, pode entrar. – ele disse exibindo aquele sorriso de um bom velinho.

       - Vim buscar a Bel, ela já ta pronta? – falei olhando em volta daquela mansão, incrível que quanto mais passava o tempo, mais moderna a casa ficava.

       - Oi, Kah! To sim. – ela disse sorridente descendo as escadas. – Preciso falar para o meu pai colocar um elevador no meu quarto, que dê direto na sala. – ela disse séria, sinceramente eu ri muito.

       - Ué, qual foi a graça? – ela disse fingindo estar indignada.

      - E eu preciso falar pro zelador concertar o único elevador que tem que leva a gente do térreo, para o corredor de apartamentos. – eu disse rindo.

      - Ah Karina, você sabe que pode morar aqui se quiser. – Eu ouvi a tão temida a voz, da minha querida madrasta. Eu não sei por que, mas nunca gostei dela.

      - Obrigada Claire, mas eu recuso o convite. – disse sorrindo sinicamente

      - Mora em uma espelunca, porque quer. – ela disse me esnobando.

      - Escuta aqui... – fui interrompida por Bel que tentava evitar uma confusão.

      - Então Kah, vamos? – ela disse me puxando pela mão.

      Saímos da casa e eu ainda estava com raiva, quem ela achava que era, para falar do lugar que eu moro?

      - Essa sua mãe, hein Bel. É tenso. – eu disse bufando.

      - Ah, ela é brava, mas eu amo ela. – ela disse sorrindo meigamente.

      - Enfim, que bom que está bem agasalhada, está muito frio. – eu disse mudando de assunto.