Quando Felipe Conheceu Johnnie escrita por Zoombie_Misora


Capítulo 7
Show


Notas iniciais do capítulo

Chappie hiper fofo!



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O show só começaria perto das 11 horas. Já eram 10h30, quando o milico, namorado de Nando, chegou em casa. Dudu era alto, forte, com um sorriso simpático e careca. Olhos castanhos avelã e uma pele morena.

O cara parecia ter saído de um ringue de MMA.

-Oi! –Disse Nando selando os lábios do namorado. –Tudo bem?

-Na verdade não... –Dudu coçou a nuca. –Minha irmã pegou o carro agora a pouco.

-Tá brincando? Como vamos pro show?!

-Não tem como arrumarmos uma carona?

Fernando pensou um pouco. Pulou no colo do outro, lhe deu mais beijo e saiu correndo para o quarto onde Felipe se arrumava.

O loiro estava em duvida sobre qual camiseta usar. Uma era da banda da Maria dos Gritos, The O.R.B.I.L.I., que seria num modo por extenso, ‘Only rock, but I Like it’. Eles faziam covers desde rockabilly à rock mais pesado.

A outra, era a sua preferida do Matanza... Era do álbum Santa Madre Cassino, o seu preferido. Era tão novinha, quase nunca usava... Ok, seria essa.

Nando entrou no quarto alucinado. O loiro, num ato de reflexo, tapou o peito com a camiseta e ficou acompanhando a busca do moreno por suas coisas. Fernando pegou a mochila de Lipe, pegou seu livro do Drácula e sorriu.

-Tu vai fazer um favor pra mim... -Disse o moreno sorrindo. –Vai ligar pro seu príncipe encantado e pedir que ele nos leve na sua humilde carruagem.

-O QUE?! –Lipe corou no mesmo momento. –Tu enlouqueceu? Eu não vou ligar!

-Então não vamos no show! A irmã do Dudu pegou o carro dele. Daí tu não ver ele... –Nando foi saindo do quarto. –Reflita.

A porta se fechou. Com certeza a irmã de Dudu estava desconfiando. Lipe conversou a tarde toda com o casal e pode ver que o milico estava levantando muito a dúvida sobre si. Andar com um gay tão espalhafatoso como Nando o estava fazendo ficar também...

Mas e agora? Ligar para Johnnie?

No Balthazar’s

Johnnie arrumava algumas coisas para levar para a copa do show quando seu pai surgiu. Ele estava bonito como sempre, exalando um perfume que grudava em seus pulmões e o fazia querer vê-lo novamente.

-Meu filhote, precisamos conversar... –Disse o pai sentando ao bar. –Serve uma pro seu velho.

-O que foi? –Johnnie serviu uma dose de Red Label e sentou.

-Sabe, eu nunca fui um bom pai. Deixei tu me ver transando com mais de uma mulher, fiz cara feia quando tu quis fazer uma faculdade...

-Pai, não me importo. Eu sei que tu é galo velho. É o teu jeito.

-Não lembro de beijar você. –Ele parou um pouco de beber e mexeu no copo. –Estou preocupado contigo. Deve estar sem transar há meses!

Johnnie suspirou. Não sabia o que dizer. Não é que odeie o pai, mas ele errou. E bastante.

A mãe do moreno nunca encostou nele após ter nascido. Sumiu com um dinheiro que Balthazar havia lhe dado. Sim, ela era uma mulher da vida. Assim, ele cresceu com o pai, vendo-o engravidar mais mulheres, beber até vomitar, fumar maconha e quase morrer eletrocutar numa banheira.

Mesmo assim, nunca perdeu um sorriso sequer. Sempre foi forte para não chorar ao ver que o seu pai não estava ali quando foi se formar na pré-escola ou para comemorar que tinha passado no vestibular e iria estudar da UFRGS.

Cansou de chegar em casa e ver camisinhas na sala, ter que expulsar meninas... Mas é claro, toda essa má influência o fez querer ser pegador ou apenas transar para não se sentir tão sozinho.

Desde que começou a vida sexual, o máximo que havia ficado sem sexo eram duas semanas. Agora era quase um mês.

O moreno havia dormido com um homem para saber se era realmente bom na sua última experiência de cama. Finalmente havia descoberto o porquê demorava tanto para chegar ao orgasmo com uma mulher.

Agora tinha certeza, que sentia um sentimento verdadeiro pelo loiro. E sabia que poderia deixar aquele menino enlouquecido pela noite.

-Johnnie, teu celular tá tocando! –Disse Balthazar batendo na cabeça do filho.

-Alô. –Disse o moreno.

-O-o-i. –Disse uma voz trêmula. –Johnnie? É o Fe-Felipe.

-Felipe. –Disse o moreno não acreditando e sentindo o coração bater.

-Pode fazer um favor, tu vai que horas no show? –Falou o loiro rapidamente.

-Vou daqui a pouco, tenho que chegar um pouco antes. –Disse o moreno. –Por quê?

-É que precisamos de uma carona, porque a irmã do Dudu pegou o carro dele que ia nos levar daí nós não vamos poder ir não vai ter ônibus até lá eu não tenho dinheiro pra muita coisa e daí o Nando lembrou que eu tenho o teu telefone e perguntou se eu podia ligar pra você nos buscar, mas como amigos.

O moreno riu divertido com todo o nervosismo do outro.

-Claro, é só me dar o endereço. –Disse o moreno.

Felipe desligou o telefone após dar o endereço de Nando e caiu na cama. Seus músculos tremiam por inteiro, ele estava morrendo de vergonha e seu estômago já se remexia com o nervosismo de ver o outro.

Respirou fundo e quando menos esperou, a buzina tocou. Nando gritou alguma coisa que ele nem entendeu o que era. Passou um último desodorante, arrumou a maquiagem leve que passou e saiu.

Quando chegou na frente de casa, lá estava um lindo Impala preto com o moreno dentro. Como ele estava sexy! Camiseta vermelha, calça preta, corrente, sem contar o cabelo, parecia tão macio e sedoso!

-Senta do lado dele. –Disse Nando entrando no banco de trás e trazendo Dudu junto. –Oi Johnnie! Valeu pela carona... Esse é o Dudu, meu namorado.

-Prazer... –Disse o moreno. Ele viu que Lipe estava parado na frente da porta e não entrava. –Entra Lipe, prometo não passar do limite de velocidade.

-Tá...

O loiro falou no piloto automático! Estava quase morrendo com o charme do outro. Entrou no carro e sentiu que Johnnie o beijo na bochecha. Corou como um tomate e sentiu que podia explodir na mesma hora.

Não falou nada durante o caminho todo. Só sentia o perfume do outro e sorria de canto às vezes. Era impossível não mostrar os dentes com os papos que os três tinham.

Chegaram na casa e entraram carregando alguns fardos de cerveja para entrarem antes. Encontraram Pink e Maria em amasso sério no camarim. A Pin up estava linda como sempre, vestindo uma roupa no estilo cabaré dos anos 50.

-Vou mostrar pra vocês o meu namorado... –Nando estava corado. Puxou o milico para perto de si e o abraçou. –Esse é o Dudu, Meninas! Essas são Pink e a Maria...

-Você é foda cara, fez essa borboleta purpurinada ficar corada! –Disse Maria rindo.

-Ai Maria! –O moreno ficou sem jeito. –Fala de mim e nunca fala do Lipe!

-Essa loira sempre vai segurar vela pra nós, é escrito nas estrelas. –Maria piscou para Felipe. –Mas, como hoje não tem estrelas no céu, pode mudar!

-Nem me fala. –Disse o loiro corado.

Não se passou muito tempo. A banda de Maria entrou no palco e começou com a Arte do Insulto. Lipe ficou com Nando e Dudu, mas estava se sentindo mal. Ambos pareciam querer aproveitar mais um pouco...

Pink estava no bar, servindo as pessoas. Era incrível como ela conseguia servir tantas cervejas de uma vez só. Então o loiro avistou Johnnie. Conversava com um amigo e servia algumas pessoas.

Ele pareceu segurar vela também. O moreno apenas sorriu e continuou cantando. De vez em quando, parecia procurar algo na multidão. Lipe sabia quem era. Após cinco músicas, resolveu beber alguma coisa.

O pessoal estava mais quieto, cantando, parou de tomar tanto álcool. O loiro sentou no banquinho e sorriu para Pink. Ela cutucou Johnnie e ficou na outra extremidade do bar. Felipe corou muito.

-Eles tocam muito bem. –Disse Johnnie se aproximando. –Nunca tinha visto uma mulher cantar Matanza tão bem!

-Elas se conheceram num show do Matanza e a Pink veio pra cá depois. –Explicou Lipe. –Gosta bastante?

-Amo! Apesar que as vezes são machistas demais...

-Eu também tenho essa impressão.

Ambos riram. Os olhares se encontraram de maneira tão doce e pura. Estavam se divertindo mesmo.

-Pode me servir um Hi-Fi? –Perguntou o loiro pegando o dinheiro.

-Identidade? –Perguntou Johnnie.

-Só um. Prometo que não bebo mais.

O moreno fez uma careta, mas acabou preparando o drink. Pegou um pouco de whisky para si e fez uma leve celebração com o loiro. Às vezes, eram interrompidos, pois Johnnie servia alguém, mas o papo entre os dois fluiu.

Começaram falando sobre bebida. Agora estavam na parte da música. Riam de maneira gostosa, sem se preocupar com o que poderia acontecer se o pai de Johnnie, que estava lá, duvidasse da aproximação dos dois.

Felipe havia tomado três drinks e já começava a ficar meio tonto. O moreno viu que as bochechas dele estavam coradas não pela vergonha, mas pelo álcool. Johnnie tocou o nariz do menor e sentiu ele tremer.

-Acho melhor tu parar, ok? –Disse o moreno sorrindo.

-Tá. –Falou Lipe com um biquinho nos lábios. –Eu to corado ne?

-Na verdade, desde que cheguei na casa do Nando tu tá assim...

Felipe corou mais ainda. Sorriu sem graça e não encarou o moreno por um bom tempo. Todos começaram a gritar com o início de ‘Ela Roubou Meu Caminhão’. Pink chegou perto de Johnnie e começou a dançar.

-Essa música vai pra ela... –Disse Maria.

Maria começou a cantar. Todos cantavam juntos e bebiam mais cerveja. Johnnie pulou o balcão e sentou ficou ao lado de Felipe. Colocou um braço em volta do corpo do pequeno e sorriu.

Quando a vocalista falava da parte da prisão, mostrava a tatuagem que havia feito com o nome de Pink no braço, unido à um coração pegando fogo e chifres de diabinho. Não foi preciso dizer que o povo foi à loucura.

Depois de uma hora e meia de show, entrou a outra banda, que varia as covers de Johnny Cash na versão Matanza. Nando e Dudu se reunirão à Pink e Maria, que foram ao encontro de Felipe e Johnnie.

Nando sorriu ao ver o braço do moreno em volta do amigo. Estava tão feliz, queria muito que o loirinho se desse bem com aquele cara... Felipe se tocou na mesma hora da aproximação e tirou o braço do moreno.

-Você tem que trabalhar. –Disse o loirinho quase desmaiando com o calor do outro.

Johnnie e Pink voltaram para o bar. Eram quase quatro da manhã, quando resolveram ir embora. Nando e Dudu estavam num estado deplorável. Pink havia sumido com Maria e o moreno não falava com Felipe.

O loiro estava com tanta vergonha. Bebeu mais dois Hi-Fi’s e resolveu ficar na sua. Mas estava impossível com Nando bêbado.

Felipe e Johnnie carregaram os dois para o Impala, após Johnnie pegar o seu dinheiro. Balthazar ajudou um pouco.

-Acho melhor não irmos no seu carro. –Disse Felipe. –Tenho medo que um deles vomite.

-E tu? Tá bem, vivente? –Perguntou Balthazar. –O seu pai ia se orgulhar da esponja que criou. Faz o seguinte Johnnie, fica na casa do menino pra ajudar qualquer coisa, o careca é um armário! Nunca que o júnior vai conseguir carregá-lo.

-Acho melhor não! –Felipe estava tonto e ficando nervoso. Péssima combinação.

-Tá pai. –Disse o moreno abrindo a porta do carro e entrando. –Vamos Felipe.

-Faço questão! –Disse Balthazar. –O Johnnie cuida muito bem de bêbados, acredite! Se quiser eu levo umas meninas pra sua casa, tem tanto macho!

-Melhor não pai.

-Ok... Chega mais tarde tá filho, eu vou cuidar de umas três gurias hoje...

-Usa camisinha, por favor! –Johnnie falou enquanto Lipe entrava no carro. O pai do moreno saiu e ele virou para o banco de trás. –Meninos, se querem vomitar, avisem ou peguem o balde embaixo do banco, ok?

Os dois sinalizaram que entenderam. Johnnie ligou o carro e assim, começaram a viagem de volta para a casa de Nando. Felipe olhava para a janela e ficava tenso com os namorados dormindo no banco de trás. Estava com medo de ficar acordado com o moreno ao seu lado, especialmente agora que estava meio bêbado e desinibido.

-Fica tranqüilo. –Disse Johnnie olhando para o loiro. –Vai ficar tudo bem.

-Tá. –Respondeu o loiro o olhando com um sorriso. –Tu é muito gentil... Só não sei como vai dormir lá, mas tudo bem.

-Sem problema. Acho que eles nem darão trabalho. –O moreno botou a mão no joelho do loiro. –Vão dormir bem.

-Tu deveria ter encontrado alguém pra passar o show junto...

-E quem disse que eu não encontrei?

O menor corou violentamente. O carro estava parado no sinal vermelho. O céu estava querendo ficar alaranjado. Era um cenário perfeito. Felipe engoliu um seco e resolveu se aproximar, quando escutou um barulho. Nando havia acordado.

-Eu acho que o Johnnie não gosta de ruivas! –Falou o menino bêbado, acordando Dudu. –Acho que o Johnnie gosta de loiros! Loiros de olhos verdes! Aqueles descendentes de alemães!

-Por quê? –Perguntou o moreno com um sorriso vendo Lipe corar.

-Por que... Você é moreno! Morenos gostam de loiros de olhos verdes! –Respondeu Nando. –Tipo, o Lipe! Ele gosta é loiro e gosta de morenos! MO-RE-NOS! Aqueles de olhos castanhos, CAS-TA-NHOS! Entendeu Lipe? Eu sou moreno, mas tenho olhos A-ZU-IS! E já tenho o meu Dudu!

-Fica quieto Nando, vai dormir... –O loiro entrou em desespero. –Por favor...

-Teoria interessante, essa sua Nando. –Disse Johnnie rindo.

-Não dá corda pra ele! –Disse o loiro. –Ele vai começar a falar de nós e vai acabar falando algo que vai te machucar!

-Relaxa. Você é casado ou algo assim? –O loiro acenou um não com a cabeça. –Então, não tem o que me machucar sobre você.

Nando e Dudu estavam se amassando no banco de trás. O moreno riu e viu o loiro olhando para a janela com pavor nos olhos. Os dois gemiam um pouco, riam e se beijavam mais profundamente. Era possível notar que o moreno havia botado a mão dentro da calça do namorado.

Quando chegaram em casa, Lipe pegou as coisas para arrumar uma cama na sala, enquanto Johnnie tratava de deixá-los confortáveis na cama de solteiro do dono da casa. Ele pegou um balde e deixou ao lado da cama, mas acha que eles nem escutaram. Estavam quase transando já.

Isso deixou Johnnie um pouco inquieto. Estava deixando a sua mente imaginar como seria uma noite com Felipe. O jeito que ambos os corpos poderiam se comportar e deixar o prazer rolar... Deveria ser um tesão ver aqueles lábios carnudos entreabertos chamando pelo seu nome.

Foi no banheiro, lavou o rosto. Voltou para a sala e viu o loiro já deitado, tapado até o pescoço no sofá. Era possível ver as suas roupas num canto. Ele parecia usar apenas a cueca. Johnnie se controlou e retirou a roupa.

Felipe fechou os olhos, fingindo dormir, mas não conseguia. O corpo do outro era tão belo! O peito definido, as pernas tão fortes, os braços sedutores! Como um homem podia ser tão perfeito?

Sem contar que ele possuía certo volume... Espera! Lipe não estava olhando para lá, não estava mesmo! Começou a tremer de frio, é isso! E sentiu um calor na sua região íntima por causa da... Temperatura! Isso! Estava quente a noite!

O moreno deitou no chão, que estava bem mais confortável que aquele sofá velho e sorriu para o teto. Como acho que o loiro já estava dormindo, nem desejou boa noite. Apenas dormiu.

Felipe teve alguns pesadelos, não conseguia dormir direito. Estava sentindo um desconforto na sua cueca, um calor enorme lhe atingir. Acordou e resolveu tomar água. Pena que por um acaso, esqueceu que o moreno estava na sua cola.

Ele despencou em cima de Johnnie, o acordando e o fazendo quase pular de susto. Lipe sentiu os braços em volta do seu corpo. O moreno parecia voltar a dormir. Seu peito subia e descia de uma maneira tão deliciosa. Seu coração e respiração davam uma sensação de paz...

O loiro pegou num sono, se aninhando mais no peito do outro.

Quando abriu os olhos, viu Johnnie de pé, colocando a calça. Continuou deitado e quase não abriu os orbes por causa do sono. Viu que o moreno acariciou os seus cabelos. Sorriu.

A luz do dia refletia em ambos olhares. Lipe estava com a respiração tão forte, o coração tão acelerado. Era o momento.

Aos poucos, os dois lábios se encontraram. Mal se tocavam por causa da vergonha, do desejo e do medo. Johnnie sabia que estava selando a sua sentença de morte. Aquela boca o levaria para a perdição, sabia disso.

Por minutos, nenhum deles se mexeu. Apenas deixaram o contato falar por eles. Johnnie levantou. Abriu um lindo sorriso, o mais bonito que já havia feito. Passou a mão nos cabelos loiros novamente.

Foi embora. Não preciso de palavras para dizer tchau.

Lipe havia sentado para não perder o contato visual até que a porta se fechasse. Quando deitou novamente um sorriso enorme se abriu. Sentiu a mente viajar e a sua vontade era correr atrás dele.

Nunca se sentiu tão feliz.

Tinha certeza que era ao lado desse moreno o seu lugar.


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Notas finais do capítulo

Acho que postarei domingo
e.e'
beijos