Quando Felipe Conheceu Johnnie escrita por Zoombie_Misora


Capítulo 2
Lamen


Notas iniciais do capítulo

Perdão por postar atrasada!
Tinha um trabalho pra entregar onte, por isso não consegui terminar de escrever...
Ficou grande, me puxei!



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O loirinho tentava ao máximo não bater nas pessoas à sua volta. Todos estavam amontoados, tentando comprar desde pacotes de salgadinhos de polvo até lamens extremamente picantes. Isso era deixava a fome de Felipe ficar mais evidente.

Quando a sua vez finalmente chegou, comprou o lamen e namorou os bolinhos de morango que também estavam à venda. Olhou para eles e sentiu seu coração bater tão forte! Pareciam tão deliciosos.

-Mais alguma coisa? –A atendente perguntou.

-Não... –Felipe fechou os olhos. –Arigato...

Ele pegou o pote vermelho, saiu da fila e entrou em outra. Retirou o plástico e sorriu para o letreiro. Tinha economizado muito para o evento, só que seu irmão Hans pegou quase tudo emprestado!

Só tinha sobrado para comprar a passagem de ida para Porto Alegre, o ingresso e o ônibus para a casa de Nando. Este lamen ia ser a sua única compra no anime. Por isso, sorriu bobo ao ver que a sua vez chegou.

-Pode botar o tempero todo. –Falou para o moço que colocava a água quente no seu almoço.

-Não é muito picante? Vai sair troteando guri. –Disse o moço.

-Sou acostumado. –Felipe sorriu. –Arigato!

-Cuidado com a pimenta! –Falou o homem rindo e entregando o pote para o loiro.

Felipe tem consciência que é uma das pessoas mais desastradas que existe na face da Terra, por isso andava em passos minúsculos. Andar com um lamen com água pelando de quente no meio de otakus era a mesma coisa que dirigir uma moto. Deveria cuidar mais dos outros do que de si mesmo.

Seus passos de tartaruga foram recompensados com o final das stands e o sol novamente lhe querendo deixar cheio de bolinhas no rosto. Era um alívio, a parte mais difícil do transporte já ido sido completada.

Sentiu um toque no seu ombro. Virou e percebeu que um garoto, que estava atrás dele na fila, estava corado e meio estranho... Estava vestindo uma roupa normal e uma camiseta do anime Soul Eater. Após muita luta, a sua boca se abriu.

-Eu vi que tu... Queria comprar isto... –O garoto lhe estendeu um bolinho de morango.

-Sim... –Disse o loirinho não entendendo.

-Quer? –Perguntou o menino.

-Preciso dar algo em troca?

-Pode ficar comigo?

O loirinho ficou corado. Tá certo que o menino era bonitinho, mas não iria ficar com alguém, assim do nada! Não tem coragem o suficiente para isso e nunca alguém que prestou lhe fez essa proposta.

-Não. –Felipe respondeu e saiu nos passos mais rápidos que podia fazer com o lamen na mão.

Tá certo que foi um pouco sem coração o que fez, mas não tinha outra resposta para dar! Ficou um pouco mal por ter sido rude, mas não encontrou outra maneira para sair da pergunta de maneira menos constrangedora.

Viu Nando e fez sinal com a cabeça para o moreno. Estava chegando na mesa quando sentiu algo batendo diretamente no seu pote e o fazendo cair no chão, espalhando todo o seu conteúdo.

Na hora, levou um susto com a violência, então só fechou os olhos e trouxe as mãos vazias para perto do corpo. Nem queria ver o seu almoço sendo desperdiçado no chão... E estava tão perto! Pode até escutar a sua barriga roncando de fome.

-MERDA MESMO! –Escutou uma voz masculina gritando.

-Johnnie, a sua jaqueta! –Disse uma feminina.

Felipe abriu os olhos e viu o macarrão todo no chão. Nando veio até a sua frente.

-Tu tá bem? –Perguntou o moreno.

-Tô. –O loiro estava com tanta raiva. Sua mão tremia tanto...

-Seu animal! –Disse Nando em direção ao cara. –Como...

Ele parou. Não estava acreditando! Era o rockabilly com quem Felipe havia flertado. Ele ficou encabulado, tanto por reconhecer o cara, quanto por ver que ele era mais bonito de perto.

-Desculpa. –Falou Johnnie sem jeito. –Eu não vi que ele estava vindo.

-Ele que deveria ter visto! –Disse a menina.

-Guria, cala a boca e vai botar mais laquê no cabelo. –Nando disse se virando para Johnnie. –Pede desculpa pra ele, não pra mim!

Johnnie viu a silhueta do menino. Era o loiro que havia lhe tomado a atenção! Aquele tinha olhos verdes como jóias dignas de estarem na coroa da rainha da Inglaterra. Conseguiria reconhecer aqueles fios loiros cevada em qualquer lugar.

Engoliu um seco ao escutar Michele e o moreno discutirem. Se aproximou do menino e lhe tocou o ombro com cuidado. Quando o menor virou, pode ver os olhos verdes tão de perto. Aqueles orbes eram de tirar o fôlego de qualquer um.

-Desculpa. –Ele disse sem jeito. –Eu não te vi.

-Sem problema.

Felipe segurou a vontade de dar um soco no moreno. Se fosse qualquer um, já estaria beijando a lona. Mas aquele moreno... Não ousaria danificar obra tão bela que Deus havia feito.

Um mix de raiva e vergonha lhe tomou os sentidos. Estava com fome, cansado, irritado e extremamente fascinado pelos olhos castanhos mel. Uma cor tão linda e rara na sua família, que lhe fazia sonhar.

Nenhum dos dois falava. Absorviam o máximo possível do oxigênio ali entre ambos. Como poderia haver um momento tão perfeito na vida? A troca de olhares era tão pura e doce! Não havia maldade, apenas a sede de conhecer, que se tornaria em poucos instantes, a vontade de tocar.

-Seu idiota. –Falou Nando pegando na mão de Felipe. –Vamos...

-Tá... –O loiro não tinha reações. Estava petrificado com o outro.

O mesmo podia se falar do outro. Se oferecessem uma viagem para o inferno com tudo pago, ele aceitaria no mesmo instante sem notar. Só quando percebeu que o loiro estava indo embora, que acordou do transe.

-Espera! –Ele disse segurando o pulso do menino. –Eu... Posso pagar um lamen pra ti?

Os olhos se encontraram de novo. Podia se perceber que por baixo da máscara de médico, Felipe estava corado. A mão forte do moreno lhe segurando o pulso estava fazendo o seu corpo tremer por completo.

-Eu acho melhor... –Lipe abriu a boca, tentando recuperar o controle. –Não...

Nando esperou a resposta do amigo e percebeu a reação dele. Era muito estranho, nunca tinha visto o loiro daquele jeito... Só quando ele tinha contado sobre um amor no passado...

O moreno de olhos azuis sorriu para o rockabilly e recomeçou a puxá-lo. Tinha que tirá-lo dali antes que o loiro caísse duro no chão de vergonha.

-Espera! –Johnnie segurou mais forte ainda o pulso do menino. –Guri, deixa eu te pagar o lamen. Tu deve tá morrendo de fome...

-Olha... –O loiro começou.

-Olha nada! –O rockabilly tomou a atenção. –Por favor, eu preciso me desculpar contigo. É só isso, ok?

-Tá... –Lipe respondeu meio cabisbaixo. –Eu te encontro depois, tá Nando?

-Ok. –Fernando largou a mão do menino e sorriu, se aproximando do ouvido dele. –Cuidado com o garanhão...

O moreno de olhos azuis piscou para o loiro. Sorriu endiabrado e saiu.

Quando Nando deu as costas para si, Felipe já tinha se arrependido por completo da idéia. Onde estava com a cabeça? Iria ficar sozinho com aquele cara!

A garota saiu jogando fogo pelas ventas. Johnnie olhou para o loiro e perdeu novamente a linha de raciocínio. Respirou fundo por alguns segundos e lembrou que precisava comprar o lamen.

-Vamos? –Perguntou o moreno com um leve sorriso.

-Ok... –Lipe estava olhando para baixo. Se encarasse aquele cara, iria desmaiar de vergonha.

Como se fossem dois estranhos que pegaram o mesmo caminho, andaram pelo povo enlouquecido, quase sendo arrastados pela massa que procurava bottons, camisetas e qualquer coisa que os denunciasse como otakus.

Chegaram na stand e esperaram a sua vez chegar. Para o loiro, o tempo havia parado. Estava sendo sufocado pela presença do moreno ao seu lado. Não sabia como agir, só rezava para que a fila andasse de uma vez por todas!

-Mora aqui em Porto? –Perguntou o moreno. O loiro respondeu com um aceno, que não. –Ah... Olha... Desculpa guri... Eu não queria... Mesmo.

O moreno deixou o outro numa sinuca de bico. Teria que falar agora...

-Sem problema... –O loiro viu que a jaqueta de couro estava suja. –Sua jaqueta...

-Da nada... É só mais história pra contar.

Johnnie abriu o zíper e simplesmente tirou a jaqueta, revelando a regata branca e uma tatuagem no braço. Era um demônio de asas negras e grandes. Ele também tinha um escorpião, que ficava escondido na regata.

Felipe não conseguia falar. O corpo dele era forte, a pele parecia tão macia... Seu peito era largo, os braços definidos e o mais incrível... Era lindo. Era na proporção certa! Podia se notar que ele era saudável e praticava exercícios.

Não era um cara de academia...

-Qual tu quer? –Perguntou o moreno. A vez dele havia chegado.

-O mais forte. –Respondeu o loiro.

Felipe foi para a fila da água. O moreno comprou mais algumas coisas e foi para junto do loiro. Ele tinha uma caixa de Mupy, um suco extremamente doce e bom, no sabor morango!

Johnnie sacudiu, botou o canudo no suco e ofereceu para o menino. Lipe fez como se não fosse com ele.

-Toma guri! –Disse o moreno botando o suco na mão do outro. –Tu não tiro o olho deles.

Felipe corou. Além de tirar a máscara teria que chupar um canudo? Nunca com o moreno do lado. Com muito dó no coração, entregou a caixinha para o outro.

-Não to com sede. –Disse corado.

-Sério? –Perguntou Johnnie. –Ele parece delicioso... E tá geladinho. Ia cair muito bem num dia de sol forte como esse.

Com um pouco de hesitação, Felipe tirou a máscara de médico, revelando a pele branca, o nariz fino e a boca rosada e carnuda. Levou o canudo a boca e sorveu um pouco do líquido, sentindo o gosto doce o invadir e deixá-lo mais calmo.

Johnnie entregou o pote de lamen para o cara da água e ficou paralisado vendo o loiro tomar o suco. Pegou a comida, já tampada e levou o menino até o fim das stands.

Felipe botou a caixa vazia fora e pegou o pote.

-Muito obrigado. –Agradeceu o loiro.

-Nem foi nada! Meu nome é Johnnie. –Disse o rockabilly com um sorriso. –E...

Um amigo do moreno chegou e o virou para si no mesmo instante que perguntou:

-Cara, posso pegar a Michelle? –O outro rockabilly parecia muito nervoso.

-Ela não mais a minha namorada há três meses! Claro que você pode... –Respondeu o moreno.

-Sério?

-Sim... To procurando novos ares...

-Tipo.. Ruivas?

-É... –Johnnie ficou corado. –Tipo ruivas de peitos grandes.

-Demais! É por isso que você é Johnnie B. Good!

-É... –O moreno lembrou do loiro ao seu lado. –Olha... Eu só tenho que terminar um assunto com...

Não havia ninguém atrás de si. Olhou para os lados e não encontrava ninguém! O loiro havia sumido! Como assim, agora que ia lhe perguntar o seu nome?!

Atrás de um muro não muito longe, o loiro respirava fundo. Suas mãos tremiam, as lágrimas escorriam pelo seu rosto. Não deveria ter feito isso, sabia, mas iria morrer se aquele cara lhe tocasse novamente.

Depois de secar as lágrimas, olhou para o lugar que estava antes e o rockabilly havia sumido. Uma dor no seu coração o atingiu. Estava triste. Queria ver o moreno e novo...

O evento passou, ele não trocou uma palavra sobre o moreno com Nando, que ficou colocando pressão até o fim para entender o que havia acontecido e porque o loiro estava tão mal.

Quando foram embora, exaustos de caminhar, correr e rir, a silhueta de Johnnie chamou a atenção de Felipe. Ele estava indo embora com os amigos. Tinha um sorriso lindo no rosto.

Suas pernas diziam para ele correr até lá e roubar um beijo no moreno... Mas depois de escutar ele falar sobre as ruivas, era melhor não.

-Vamos Lipe... –Nando agarrou o braço do loiro. –Vamos pra casa, tu vai ir embora só amanhã!

-Por quê?

-Vai me contar tudinho quando chegarmos em casa.

De uma coisa o loiro sabia... Ele iria rezar muito para que o destino botasse um moreno tão bonito e carinhoso no seu caminho novamente.


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Notas finais do capítulo

Esse loiro me mata!
Gente, se eu contar que o Lipe existe mesmo vocês acreditam ne?
Só não sei se gosta de homem, já peguei o bus com ele e me apaixonei pela beleza encantadora!
Agora eu já vi eles umas três vezes, me inspirando mais ainda pra escrever enquanto vato ele nas paradas de poa...
O próximo chappie vai aparecer a família dos dois!