Um Novo Halloween escrita por Uchiha Yuuki


Capítulo 1
Capítulo Único


Notas iniciais do capítulo

Fic presente para minha querida amiga invisível. Revelações no final da leitura.



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31 de Outubro de 2010

 Tenten Pov's

- Atchim!

Ótimo. Primeiro dia de férias após 3 anos trabalhando para a ANBU e o presente recebido fora um resfriado, ao que os sintomas indicavam, duradouro. De fato, passar o dia com a janela do quarto fechada, uma xícara de chocolate quente ao lado da cama, sob as cobertas e o único exercício praticado seria o zapear de canais através do controle remoto estaria perfeito. Agora, a parte boa de toda essa história é, infelizmente, reconhecer que nem um resfriado poderia lhe oferecer um dia de paz, pois minha grande amiga Hinata tivera a brilhante idéia de pedir ajuda nos preparativos para uma festa de Halloween.

Para perceber que o espaço de habitação do Clã Hyuuga era suntuoso não seria preciso muito esforço, mas, por Kami-sama, lugares majestosos sobrevivem devido ao contingente de mão de obra! Honestamente, minha presença seria apenas mais uma movimentação pela casa e, quem sabe, até ousaria dizer que se eu fosse um adorno, não passaria de mais uma bolotinha laranja ou um morceguinho com asas serrilhadas pendurada por um fio de náilon. Definitivamente, não tenho vocação para festividades.

Também, pudera eu dizer que meu maior problema seria o Halloween. Sim, o maior de meus problemas tinha longos cabelos negros e era portador da beleza mais embriagante de toda a Konoha, todavia nunca lhe daria o prazer de transformar ondas cerebrais em ondas sonoras de “This is halloween”. E se eu estava tão confortável, envolta em minha pacífica  e bem sucedida vida, por que haveria de me perder em devaneios amorosos que, provavelmente, nadariam e terminariam às margens do inalcançável?

Essa manhã, apesar de meu resfriado, estava irritantemente perfeita;  perfeita para bonitos casais que aproveitam o sol para ir às lojinhas e ruas comerciais procurar os últimos detalhes de suas fantasias macabras, mas não para mim. Eu, um alguém que abria mão de meu resfriado infinito e particular para estar ao lado de uma querida amiga (apesar de Hinata ser prima daquele insensível ser com quem dividi  e ainda divido 10 longos anos de treinamento, aquele que era o protagonista de meus pesadelos, aquele a quem quero retalhar com uma chuva de kunais). Talvez, esse até fosse um princípio de psicose, mas não tão psicótica quanto ao sádico sorriso de um gênio prepotente.

Enquanto caminhava percebi que os portões da mansão Hyuuga estavam cada vez mais próximos e, por mais que eu relutasse, ao máximo, para retardar minha chegada àquele local, a brisa diurna insistia em encorajar-me a seguir em frente. Sinceramente? O Halloween poderia ser muito mais tenebroso do que a mídia apregoa por aí. Assim, ninguém se atreveria a sair de casa e eu, felizmente, estaria embaixo das cobertas zapeando entre um ou outro filme de terror das antigas. Sim, nada melhor do que o bom e velho efeito cinematográfico capaz de causar boas gargalhadas.

Antes que pudesse pensar em alguma desculpa para me esquivar dessa tarde desastrosa, involuntariamente, senti a ação da Terra me atraindo ao seu encontro.

É. Isso foi um tombo.

-Tenten.

E antes que eu percebesse, parecia que o grande gênio já me aguardava ali, parado e observando a Terra dura embalar minha queda.

“Idiota!” Apesar de longos anos de amizade, mentalmente, o chamei de idiota.

- Bom dia, Neji.

E sem responder o gênio já me aguardava, de braços cruzados, escorado no batente do portão principal. Sua alegria era tanta que até ousaria dizer que Hyuuga Neji é a personificação do espírito jack-o'-lantern, faltando-lhe apenas a saia rodada e a salada de frutas na cabeça. Ops! Acho que troquei os personagens.

Ok. Eu poderia até dizer que faltavam os olhos triangulares iluminados por uma lanterna,  mas o Hyuuga já tinha olhos capazes de provocar uma labareda dançante. Como? O sorriso? Você ainda quer que eu disserte sobre sadismo? Não...Acho que não.

Voltando a realidade, o escrúpulo e o bom senso esforçavam-se para me controlar; sempre mantive muito respeito e admiração por seu Clã e, como sempre fazia, assim que cheguei ao portão fiz uma demorada reverência a Neji. Sem que pudesse perceber sua presença, Hiashi-sama se encontrava parado atrás do gênio e meticulosamente observava tudo ao seu redor, inclusive meus movimentos.

-Hiashi-sama.

Ao perceber sua presença, prontamente, o reverenciei.

-Resfriada, Tenten?– o mais velho me dirigiu a palavra.

-Infelizmente.

Incrível era a capacidade, que tinha esse homem, de reparar naquilo que era invisível aos olhos. Certo, um nariz vermelho e olhos lacrimejantes eram sintomas que qualquer “não portador” do Byakugan teria notado, porém Hyuuga Neji era a exceção à regra. Ele nunca notava.

-Minhas estimadas melhoras. – proferiu educadamente.

-Muito obrigada, Hiashi-sama.

Antes que pudesse terminar meu ato, aquela figura celestial - e que agora cultivava longos cabelos azulados-, aproximava-se amigavelmente e cobria-me com seus braços calorosos.

-Obrigada por vir, Tenten!.

-Sem problemas!- – respondi um pouco sem graça – -Não posso deixar uma amiga sem sua festa de Halloween. Por onde começaremos, Hinata-sama?.

Percebi seu olhar de reprovação. Se havia algo que realmente tirava Hinata do sério era quando eu utilizava o sufixo “sama” apenas para lhe irritar.

-Vão ficar o dia todo aí ou começarão logo a ajudar na ornamentação do Clã?

Oh, Lord. Por que será que tudo o que ele fala não poderia ser resumido em um simples “Blah, blah, blah Whiskas sachê”? Tenho quase que a plena certeza de que é isso que meu gato escuta quando chego em casa e encho seu pote de ração. Na verdade, acho que é por isso que nosso relacionamento entre dona e criatura é duradouro. Hum...Quem sabe se eu, ao invés de encher o pote do Neji com ração, o enchesse com razão? É, é algo a se pensar.

-Certo, comandante. Já estamos a caminho. E você?  O que fará? – indaguei, como se não desse muita importância aos resmungos, miados, o que seja, dele.

-Tomarei conta para que as damas não se machuquem-.

Certo, a brincadeira acabou. Tirar-me de casa para ajudar uma amiga a ter sucesso em sua festa é uma coisa. Levantar da cama com um resfriado infeliz também é uma coisa. Mas ver o Neji trabalhando como cinto de segurança e nada mais é outra coisa. Creio que acabei de despertar para o dia.

-Neji, enquanto não começamos, pode me fazer um favor? Esqueci meu protetor auricular amarelo sobre a mesa de minha casa. Você poderia dar uma passada lá e pegar? É que como trabalharemos com a furadeira, seria bom não ficar muito tempo exposta ao barulho.

Sem dizer sim ou não, o Hyuuga deu um resmungo e partiu. Devo mencionar também que reparei o olhar inquisidor de sua prima.

-Ten...Tenten, você tem mesmo um protetor desses? – a azulada perguntou desconcertada.

-Não. – e ri. –Então, o Halloween desse ano tem tudo para ser bom, não é mesmo?

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- Tenten , sua petulante!

Se os vizinhos de Tenten não tivessem viajado, a segurança pública já teria sido acionada por conta dos urros do Hyuuga. Assim que ele chegou na casa da morena, foi no lugar por ela indicado, mas nada encontrou. Supondo, então, que ela poderia ter confundido os locais, foi até seu quarto e resolveu procurar o tal protetor, mas nada também. Em suma, percorreu a casa toda com e sem byakugan ativado e...Nada, nada, nada, nada e nada.

Após todo o surto de raiva por concretizar que havia sido passado para trás por uma parceira que sabia interpretar muito bem, o homem deixou-se cair sentado sobre  a cama de Tenten.

Foi então que reparou no dvd que a morena havia deixado largado num canto.

Pet Sematary

- Hum...Então era assim que Tenten pretendia passar sua noite de 31 de outubro. Bom saber de seu gosto por coisas assustadoras. – e coçou o queixo – Muito bom saber.

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- Gostaria de tomar um banho, Tenten? – Hinata perguntou assim que terminaram de pendurar a última abóbora nos corredores do Clã.

- Adoraria, mas acho que estou precisando de um bom banho gelado e ir direto para debaixo das cobertas, ok? Creio que seja melhor ir pra casa repousar e mais tarde retorno para a festa.

-Tudo bem! – a anfitriã  concordou -  Muito obrigada pela ajuda!

- Não se preocupe quanto a isso, Hinata. Só de ter mantido seu primo longe, o trabalho ficou muito mais agradável!

-Tenten-chan...O Neji não ficará satisfeito em saber que você o enganou.

- Não se preocupe com isso, Hinata. Ninguém fica zangado com uma mulher resfriada! E...Além do mais, todos devemos estar imersos pelo espírito do “trick or treat”! Até logo mais! – e com isso me virei para ir embora.

Enquanto caminhava pelas ruas, não pude deixar de refletir sobre o que a Hinata havia acabado de comentar. O Hyuuga prodígio, com certeza, ficaria uma fera quando deduzisse que eu o havia enganado, mas a real questão é “O que o manteve ocupado a manhã inteira?”. Minha casa é próxima ao Clã. Por mais que ele levasse uma hora para descobrir tudo, retornar a casa não levaria mais do que quinze minutos. Alguma coisa Neji estava aprontado.

Sendo assim, resolvi vasculhar pela cidade. Campo de treino. Nada. Restaurantes. Nada. Casa de amigos. Nada. Torre da Hokage. Nada. Centro ANBU. Nada. Retornei ao Clã e...Nada também. Bem, considerando que só faltou um lugar, a minha própria casa, local esse que eu não gostaria nem um pouco de encontrar o homem, resolvi ir e conferir.

Tudo bem. Vou parar de amortecer a verdade. Com toda a certeza ele está em minha casa e prestes a me dar um susto. É. É isso o que ele vai fazer. Bom, então por que não entrar na brincadeira?

Mantive os procedimentos tradicionais. Logo, chacoalhei o molho de chaves para alertar ao meu gato de estimação de que já estava na porta de casa, bati as sapatilhas no carpete e depois as coloquei escoradas na parede interna da casa.  Se o Hyuuga fosse um assaltante, depois de todo o barulho possível que fiz,  a essa altura já teria corrido pra bem longe. Em seguida, fui até a cozinha pegar água e, por último, parti em uma busca “despretensiosa” pela casa.

O curioso é que tudo se encontrava em seu devido lugar. Nem sequer havia sinais de chakra em algum cantinho escondido, como uma armadilha prestes a me pegar. A única coisa diferente foi a televisão da sala ligada em um canal sem sintonia. Ótimo. O gênio veio, gastou energia e se mandou.

Ou não.

Olhando mais minuciosamente, não pude deixar de notar a cabeleira esparramada pela mesa. Neji cochilava sobre a mesa. E...Pensando bem, até que Kami-sama havia sido generoso comigo. Até porque, quem daria o susto, a partir desse momento, seria eu.

Pé ante pé caminhei até ele, pensando em como seria seu susto. Com um berro? Clichê demais. Cócegas? Haveria o risco de ele não gargalhar. Pense, Tenten! Pense!

Já sei! O copo de água que estava em minhas mãos ainda estava praticamente cheio. Pois bem, um banho no meio da tarde não seria nada mal e...Água não machuca ninguém, não é mesmo? Vamos lá, então.

1...

2...

3.... e....

Feito! Molhei a mesa toda, mas o Hyuuga ainda mais! YES! Vitória para mim! Comecei a gargalhar gostosamente para depois ver a expressão do gênio! Imagino que deve sibilar mais de meia dúzia de palavrões, perguntar se estou louca e me mandar para o inferno. Sim, típico de quem incorpora o espírito do Halloween.

Curiosamente, nada disso aconteceu. Nem palavrões, perguntas incisivas ou farfalhar de braços. O Hyuuga nem se mexeu.

Droga! O que diabos estava acontecendo?

- Neji! Por acaso está com tanta raiva que não consegue nem falar? – arrisquei antes que me aproximasse dele e começasse a lhe balançar freneticamente pelos ombros.

Nada aconteceu.

- Ta bom, Neji. Pode parar com a brincadeira. Desculpe-me, não te molharei mais. Agora, pode parar com esse surto e falar direito comigo?

Nada aconteceu. De novo.

Afastei sua cadeira da mesa, levantei seu rosto para que pudesse lhe observar melhor e encostei seu corpo nas costas da cadeira. O olhar vazio fitava o longe. Me esforcei para tentar sentir qualquer movimentação de chakra, mas...Inferno! Nada! Nem um sinal!

- Mas que droga foi essa que fez, Hyuuga?

Perdida, olhei ao redor para tentar encontrar qualquer vestígio do que estava acontecendo e encontrei algo bem claro. Próximo onde seu rosto antes estava apoiado, havia um pequeno papel amassado que dizia “Muito obrigado, Tenten”.

Tudo parou.

Os batimentos cardíacos aceleraram, comecei a suar frio e a tremer. Droga! Tive que me apoiar no batente próximo a mesa para não desfalecer ao chão. E agora? Ainda não consegui conectar e compreender tudo o que se passava ali.

- hahahahahhahahaha – o som abafado de uma risada do corpo que antes jazia sem vida começou a me incomodar.  – Você deveria ter visto seu rosto, Tenten! – o Hyuuga sacudiu os fios molhados e levantou-se para retirar o resto da umidade que havia em sua roupa. – Sabe, você deveria ter lido o verso da “mensagem” que deixei.

“Pela diversão”, era o que estava escrito. Droga, droga, droga! “Muito obrigado, Tenten, pela diversão”, essa era a real mensagem.

- Você é um idiota, Neji. – xinguei após dar uns três socos no batente que antes estava escorada. – Saia da minha casa!

- Sinto muito, Tenten. Não posso fazer isso.

- Como não? A casa é minha! Ande! Saia logo! – vociferei cada vez mais alto – Essa brincadeira foi de extremo mau gosto!

- Diga-me, Tenten – e o moreno começou a se aproximar perigosamente -, como posso abandonar a casa de uma mulher que quase teve um infarto por acreditar que eu estava morto?

- Se o problema é a preocupação com minha saúde, não alimente nada! Posso ligar para um pronto socorro qualquer e eles me ajudam. – gesticulei enquanto andava em círculos, agora,  pela cozinha.

- Não estou falando desse tipo de preocupação, Tenten. – ele ameaçou – Sua reação foi de alguém que se importa. Sentiu-se perdida, não foi?

- Mas é claro! O que você esperaria se encontrasse um defunto na sua sala? Sairia por aí agindo como se fosse a coisa mais normal do mundo? É só mais um morto ornamentando a casa nessa data tão querida do Halloween! – ironizei.

- Admita que seu estresse se deu pelo fato de ser eu, Neji, que jazia em sua sala. Você precisa de mim, Tenten. Por que não aceita isso logo? – e se aproximou mais ainda de onde estava.

- Do que está falando, Hyuuga? – ótimo! Começamos um a andar atrás do outro ao redor da mesa de jantar.

- Tão obstinada para algumas coisas, mas um coelho acuado para outras, não é mesmo? Do que tem medo? – dizendo isso, apressou um pouco mais o passo, agarrou minha cintura por trás e a empurrou de modo que ficasse sentada na beirada da mesa e ele, a minha frente, me imobilizando com as mãos na cintura, ainda.

- Sinto muito, Neji, mas parou por aqui. – falei com um pouco mais de seriedade do que o meu normal. – Nesse momento, a única coisa que quero é te ver  longe da minha frente.

- Não aceita nada na esportiva, Tenten? – ele retrucou, ainda rindo.

- Seria, no mínimo, indicado que pedisse desculpas.

- Só por causa disso? – seu cenho fechou e, finalmente, pareceu que ele compreendeu o quão insatisfeita eu estava.

- Se você considera “disso” uma brincadeira de mau gosto sobre vida  e morte, sim, eu quero desculpas.

Sem dizer uma palavra mais, o Hyuuga soltou meus quadris, se afastou e foi embora. Certamente, não posso negar que fui eu quem fez uma brincadeira para o manter longe, mas não brinquei com algo tão forte assim. Não posso negar  que sempre nutri certa admiração pelo gênio, mas também não posso admitir a tolerância por alguém que não alimenta o mínimo de consideração por mim. Desculpe-me, Neji, mas cheguei ao meu limite.

-

-

-

Neji  Pov’s

Já havia passado mais de uma hora de festa e nada de Tenten aparecer. Não seria possível que a pessoa que mais ajudou minha prima a concretização de toda a ornamentação não estivesse presente. Será que aconteceu algo grave ou...

- Olá, Tenten! Que bom que veio! Estava ficando preocupada – era Hinata que acabara de passar por mim e foi em direção a Tenten. – Você está ótima!

- Muito obrigada, Hinata. – gostaria de dizer que não tive essa impressão, mas assim que seu olhar encontrou o meu, notei o quão rígida sua feição verteu-se.

- Olá, Ten...- saí de onde estava para cumprimentá-la.

- Hey, Hinata! Onde estão Ino e Sakura? – ela me ignorou. Largou minha mão jazendo sozinha no ar e...Foi para bem longe  sem nem ao menos me dirigir o olhar.

- Um aperto de mão, Neji? Francamente. – jamais ousei escutar esse tom de voz partindo de Hinata.

- O que houve com Tenten?

- Adoraria dizer que foi sua iniciativa de aperto de mão, mas, infelizmente, algo me diz que você deve conhecer o motivo melhor do que eu, não? – dito isso, saiu ao encontro das meninas.

Porcaria! Todos agem como se a  culpa fosse minha. Bom, talvez seja mesmo. Tenten parece estar bem chateada e levando a sério o que me disse mais cedo, mas...O que eu deveria fazer? Parar na frente dela e dar um berro de “desculpas”? Me ajude, Kami!

Valsa.

Não sei como ou porque, mas quando a música começou a tocar, me agarrei a primeira coisa coerente que me veio a cabeça. Agora, o mais difícil seria tirar seu bumbum daquela cadeira. Espero que não seja difícil, já que a maioria dos casais já foi para a pista, mas só a cara que ela está fazendo nesse exato momento poderia afastar um exército inteiro do front. Kami, se o Senhor plantou em mim a ideia da valsa, poderia me conceder alguma armadura contra ataques nesse exato momento? Amém.

Tirei o lenço do bolso, sequei as últimas gotas corajosas de suor que insistiram em cair e caminhei. Com o peso do mundo nas costas, mas  caminhei. Confesso que notei seu olhar esguio enquanto eu estava preste a alcançá-la, assim como a confusão que se formava por não saber para onde correr.

- Apenas uma dança, Tenten. Por favor. – não desviei de seus orbes um segundo sequer. Eu precisava recuperar sua confiança.

Ficamos uns dois minutos nos encarando. Imagino que ela esperava que eu desistisse, mas me recusei a fazê-lo. Sem mais, a morena se levantou e apoiou uma das mãos na mão que mantive estendida o tempo todo apenas para ela. E me lançou um último e profundo olhar. Apesar de não ter verbalizado nada, foi clara a mensagem de “Espero que saiba bem o que está fazendo, Hyuuga!”. Sim, eu tinha certeza do que fazia.

A guiei em silêncio até um dos cantos do salão, aproximei nossos corpos e tentei sorver ao máximo o ritmo da melodia para que a deixasse tranqüila com o balançar suave dos corpos. A valsa já havia parado, mas  o soar de “Come away with me”, me pareceu o melhor para o momento.

Dançamos uma, duas, três músicas em silêncio. Quando senti que finalmente ela havia relaxado e pendido a cabeça em meu ombro, sabia que havia chegado meu momento.

- Me desculpe...- era o que precisava lhe dizer.

Nos minutos seguintes a isso, ela não disse nada, mas também deixou bem claro que pretendia continuar dançando um pouco mais as baladas lentas da noite.

- Hey, Neji... – seu sussurro me pegou de surpresa. – Feliz Halloween.

- Tenten – soltei um muxoxo-, espero não ter estragado por completo seu dia. Feliz Halloween para ti também.

- Nunca gostei mesmo de festividades, Hyuuga. – dito isso, me assustei um pouco com o peso que ela depositou em meus ombros, mas logo relaxei quando senti o roçar suave de seus lábios sobre os meus. – Bom, - falou assim que se afastou e abriu os olhos – acho que está na hora de eu voltar para casa.

- Posso lhe acompanhar?

- Seria ótimo.

Dito isso, ela se afastou para pegar seus pertences, mas não deixei que as coisas fossem assim tão simples. Segurei sua mão e entrelacei meus dedos nos seus.

Agora sim estávamos prontos para ir.

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Notas finais do capítulo

Minha amiga invisível de Halloween é um docinho de pessoa! Não poderia ter ficado mais feliz em ter lhe tirado! Na verdade, fico muitíssimo feliz por poder lhe retribuir pelo presente recebido ano passado!

Espero que goste dessa simples fic, Prisma-san. Foi feita de todo o coração.

Grande beijo,
Uchiha Yuuki