Quatro.

            Depois de Leah ir embora, foi à vez de Aidan inventar uma desculpa qualquer para sair dali. Estava confuso, acuado, inquieto, aqueles olhos haviam levado sua paz de espírito, se é que ele tinha um.

            Dentro do carro, manobrou, rapidamente, precisava sair dali, precisava da solidão da estrada. Seus pensamentos eram uma espiral nublada, onde só era possível distinguir a figura da índia, não conseguia pensar direito e isso o assustava. Estava com medo, precisava falar urgentemente com Myridan. Ligou o som, talvez um pouco de musica o acalmasse. Tocava Coldplay:

“Bones sinking like stones,

All that we fought for,

Homes, places we've grown,

All of us are done for...”

            Adorava aquela musica, mas ao ouvi-la rapidamente trocou de estação. Deixando em uma onde tocava alguma banda de heavy metal, não gostava muito desse estilo. Mas, Don’t Panic, soou-lhe como uma piada cruel.

            -- Don’t Panic, Don’t Panic... – que ironia ouvir aquela musica, justo agora que se sentia em pânico. – Sem pânico... isso é porque não é você – ironizou, falando com o radio.

            Acelerou.

--------------------------------------

            Estacionou, em frente ao grande casarão branco. Subindo rapidamente as escadas da entrada. Tão logo abriu a porta já começava a chamar Myridan.

            -- Myridan! – gritou, deixando a chave em cima da mesinha no hall de entrada. Na suntuosa sala de estar de estilo conservador, tornou a gritar-lhe o nome. – Myridan! – Não havia resposta. Olhou na cozinha, na biblioteca, no escritório, e por fim no da própria. Ela não estava em casa, pegou o celular e ligou para ela, não atendia. Devia estar muito ocupada com seu atual hobbie, médica. Há quase dois anos a mestiça havia se tornado colega de trabalho de Carlisle, só que diferentemente deste, para ela a medicina era um passatempo, ajudar as pessoas não passava de uma simples conseqüência, nada mais que isso.

            Estava sozinho. Jean e Justine haviam viajado para investigarem alguns casos de ataques de animais na outra ponta do país. E tudo que ele menos precisava naquele momento era se sentir desamparado. Aidan estava prestes a fazer o que Myridan pedira que não mais fizesse, mas ele estava assustado e sabia que o sangue quente e fresco descendo por sua garganta era capaz de acalmar o caos de sua mente.

            Sua ultima barreira de autocontrole ruíra quando Aidan, manobrou o carro, com um nome claro na cabeça. – “Seattle”.

------------- Banheiro de Leah --------------

            Leah estava sentada no chão do banheiro em meio à pequena poça de sangue que se formava, amedrontada. Já estava ali há dez minutos e o fluxo somente agora começava a se normalizar. A cólica em nenhum momento a abandonara.

            Quando o fluxo finalmente se normalizou, a loba se levantou do chão, a camisola estava inutilizada, seu rosto estava pálido e ela sentia muita dor. A passos curtos se dirigiu ao chuveiro e foi com prazer que sentiu a água escorrer por seu rosto, por seu corpo, lavando o sangue menstrual.

            Enrolada na toalha ela lentamente se dirigiu a sua cômoda, nos fundos da primeira gaveta, havia um pacote de absorvente, intacto, o ultimo que comprara antes da morte do pai, antes de se transformar pela primeira vez. Quantas vezes havia se julgara fraca por não conseguir se desfazer deles, mas simplesmente não podia aquele pequeno pacote esverdeado era a prova de que um dia ela havia sido uma garota comum, a única lembrança que havia dos filhos que não teria. E, agora, mal podia acreditar que os usaria.

            Com a roupa trocada, tornou a se deitar na cama, sentia-se de certa maneira um pouco feliz, era uma mulher outra vez, a sensação delicada do absorvente em contado com seu sexo lhe garantia isso, assim como aquela maldita cólica.

            -- Merda! Esqueci-me de como isso dói. – gemeu a loba se encolhendo na cama.

------------- Seattle ---------------

            Já devia estar passando das 22 horas, quando Aidan entrou num bar de streptease. Era cedo, mas o movimento já era grande, havia uma loira muito bonita dançando no palco central, ela usava uma fantasia de colegial, a saia muito curta mostrava-lhe o bumbum, os seios pareciam querer saltar de dentro da blusa. “Muito sexy, mas não o suficiente.” – pensou. O belo vampiro se dirigiu a uma mesa mais afastada, dentro daquele ambiente escuro e lascivo. Ao seu redor inúmeras garotas dançavam sensualmente para homens gordos ou adolescentes virgens.

            Estava naquele bar há uma hora. Desde que se sentara naquela mesa já havia dispensado, umas três belas loiras, duas ruivas falsas, uma oriental bem jeitosinha. – “Mas onde é que se escondem às morenas?” – precisava de uma morena. A imagem de Leah não lhe saia da cabeça. Foi, então, que uma linda morena, de pele bronzeada subiu no palco principal, usando um maiô preto que mais mostrava que cobria as generosas curvas, calçando um bota de salto agulha e cano alto, que lhe alcançavam o meio das coxas roliças. – “Finalmente, achei.” – pensamentos nada puritanos se formavam na mente de Aidan.

----------------------------------

            Era uma da manhã. Aidan estava nos fundos do bar esperando a morena sair. Demorou menos do que ele imaginava, a morena saia calmamente pela porta dos fundos, sem desconfiar que não mais voltaria para casa.

            Rapidamente, Aidan prendeu a mulher contra a parede, com uma das mãos a lhe cobria a boca, impedindo que esta gritasse. Ele podia sentir o medo dela, seu coração acelerado, escutava o sangue quente correndo cada vez mais rápido pelas veias da bela mulher de olhos escuros. O vampiro olhou bem no fundo dos olhos da strepr.

            -- Está tudo bem. – disse num sussurro. – Você que vir comigo, não é?

            -- Por favor! – o medo deixara os olhos da bela mulher. – Deixe-me ir com você.

            Aidan saiu tranqüilamente do beco, com a bela mulher segurando-lhe a mão, quem os visse pensaria que se tratassem de um belo casal.

------------------------------

            Aidan estava deitado na cama de um hotel barato, a linda morena dançava sensualmente, enquanto se despia em frente a ele, às vezes o próprio se surpreendia com o que seu poder de persuasão era capaz de fazer com as pessoas. Mas, o vampiro não a via, sua mente estava longe dali, se encontrava naqueles olhos escuros que lhe roubavam o sossego, que o forçaram a estar ali.

            Ele se levantou da cama, tirou o suéter cinza, revelando a completa perfeição pálida de seu corpo. Caminhou até a bela morena de olhos escuros e pele bronzeada, lhe acariciou os cabelos, segurou seu rosto, fazendo-a lhe encarar, tocou-lhe os lábios, não eram tão carnudos como os de Leah. Aidan se sentia sedento e faminto, a fome deveria ser morta antes da sede, então, tomou os lábios da morena, com a língua lhe explorou a boca quente, saboreando o sabor da saliva, as mãos massageavam os generosos seios.

            Praticamente a jogara na cama. Deitou-se por cima dela tomado pela volúpia, precisava possuir aquele corpo quente antes de lhe beber o sangue, morder-lhe delicadamente as macias carnes, sentir-se dentro dela naquele vaivém gostoso que conduzia ao ápice sexual.

            Em nenhum momento, a figura de Leah abandonara os pensamentos de Aidan. Conquistado o intenso gozo, os dentes do vampiro penetraram na delicada pele do pescoço, matando-lhe a sede.