Bleeding Love Life Lies Ii escrita por Amy Moore


Capítulo 4
Capítulo 4




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Capítulo 4
Completamente Louca

— GABRIELA! – Quem berrou meu nome dessa maneira tinha uma voz potente e aguda que fez meus tímpanos doerem. Lutei com meus lábios para que se mexessem e mandassem aquela pessoa calar a boca de uma vez, mas nada. Tentei abrir os olhos para ver quem era o ou a desesperada, e nada. Alguém, talvez o mesmo "ser" que berrava meu nome, jogou um líquido gelado na minha cara. Eu arfei com a baixa temperatura. Com isso, fui recuperando aos poucos a sensibilidade, tendo consciência de que meu corpo latejava com dor, ainda sem conseguir abrir os olhos ou falar algo. – GABBY! 
— OI, OI – gritei. Bom, era para ser um grito, mas estava mais para um grunhido de trasgo montanhês. É. Perfeitamente lindo. E isso, para completar, fez minha garganta doer. 
— Falei que conseguiria acordá-la. – Finalmente reconheci a voz que gritava por mim. Era de Gina. – Você está bem? 
— Sim, ótima! – disse mecanicamente, piscando freneticamente meus olhos para focalizar o grupinho que me rodeava, mas sem sucesso. Mal conseguia ver Gina a centímetros de meu rosto. 
— Pare de mentir – disse Gina, parecendo realmente brava quando finalmente consegui enxergá-la. Olhei ao meu redor e notei Blásio, Córmaco, Gina, Neville, Luna e Amelia. Todos me observavam como se eu estivesse com as tripas de fora ou algo assim. Tive medo de me mover. Eu não conseguia sentir meu corpo muito bem, só aquele latejar constante em cada músculo, mas sabia que quando movesse um dedo... Pronto, já era. Toda a dor desabaria sobre mim. 
— O que foi, gente? – perguntei. 
— Diga-nos você – retrucou Gina. – Te arrastaram do Salão Principal depois que bateu em Parkinson, aliás, que ideia idiota foi aquela, mocinha? – Com as mãos na cintura, ela me pareceu bem mais velha que eu, ou eu pareci uma criança, e, tanto faz, sem falar que ela era a Sra. Weasley em pessoa. – Viemos te procurar e te achamos assim! 
Quando esqueci que me mexer doeria, tentei levantar, e aí me ferrei, para não ser mal educada. Minha perna tinha um corte, e pude sentir que ele sangrava violentamente agora. Eu gemi alto. 
Córmaco foi quem tomou uma atitude diferente de assistir ao sangramento de minha perna: chegou perto de mim, se abaixou e me pegou nos braços fortes. Pensei que seu toque me faria sentir ainda mais dor, mas me enganei. Ele foi tão delicado que me surpreendi. Ele parecia realmente bruto nos livros, mas ao vivo era outra coisa. 
— O que pensa que está fazendo? – perguntei. Quando ele me tinha firme em seus braços, nossos narizes quase tocaram. Meio que suspirei ao encará-lo de tão perto. Wow. Ele era gato.
Veja bem: estou toda destroçada e ainda penso na beleza do cara. Maravilha, não? Devia significar que eu já estava pronta para outra. 
Okay. Não. 
— Vou te levar à enfermaria. – Meu Deus, como ele é bonito! Faltava-me o ar. Pestanejei diversas vezes enquanto o encarava, e ele me deu um sorriso safado. Aí me toquei: eu estava dando mole para ele! BURRA! Como posso fazer isso? Fiquei muito constrangida, e a saída foi esconder meu rosto no ombro dele. 
Ele saiu comigo pelo corredor e eu não protestei. Ele era tão forte. Nossa. Meu peso nem parecia incomodá-lo. Tanto que nem se lembrou de usar magia para me carregar. 
Acho que o que tem em beleza falta em inteligência. Tsc. 
Ele logo tratou de me colocar com cuidado e carinho numa das macas, me olhando ainda com aquele olhar safado dele. Madame Pomfrey logo veio cuidar de mim – de novo –, lamentando-se que mal começara o ano e eu chegara naquele estado deplorável ali mais uma vez. Não posso fazer nada, certo? Preciso completar a droga da missão de Dumbledore. Para tanto, preciso permanecer em Hogwarts. 
Os outros, que ficaram para trás, entraram poucos minutos depois de chegarmos. Inclusive, Blásio entrou. Contudo, não se demorou e logo saiu. Eu fiquei encarando-o abertamente antes que ele se fosse para ver se me dizia algo, mas... tudo o que ele fez foi me olhar intensamente, e, depois, partir. Estranho. 
— Aquele Zabini... Ele é o melhor amigo de Malfoy! Que fazia aqui? – Gina perguntava a mim, fazendo com que eu parasse de encarar a porta por onde o foco do assunto saíra. 
— Eu não sei – respondi. – Estou tão ou mais surpresa que você, para falar a verdade. 
— E quanto a ela? – Gina olhou abertamente e sem cerimônias para Amelia de cara fechada, e ela instantaneamente ficou escarlate. 
— Amelia Armstrong é legal, Gina – eu disse, num tom repreensivo. – Não é como os outros de lá. 
— Hunf. 
Gina cruzou os braços e me deu as costas. Eu não podia acreditar. Que estava acontecendo com Gina? Fiquei observando-a, enquanto ela se mantinha na postura irritada, olhando para fora da janela. 
Madame Pomfrey veio me medicar e tratar de meus ferimentos. Foi um momento ruim, mas era para meu bem. Logo se afastou. Olhei para Gina uma vez mais. Ela ainda não se movera. 
— Gina, qual é o problema? – Fui direto ao ponto. Aquele clima estava constrangendo todo mundo ali. 
Gina chegou a me assustar. Aquelas palavras foram como se eu abrisse uma torneira: o que ela pensava jorrou como água. 
— Gabriela, talvez você não se lembre, mas na última vez em que confiou em alguém da Sonserina, pessoas que você ama morreram! – Meus olhos se arregalaram e minha boca se abriu num "O" de espanto. – Gabriela Dumbledore, quando é que vai aprender a confiar somente nas pessoas certas? 
Como ela podia ser tão dura comigo? Será que tinha noção do quanto aquelas palavras me fizeram mal? De repente, senti-me a garota mais idiota do mundo, a culpada pela morte dos próprios pais, cuja culpa baseia-se no fato de que amou o menino errado. O que era a realidade, eu sabia disso, mas ela precisava realmente me lembrar? 
— Não preciso que você me lembre que meus pais morreram porque confiei demais num comensal da morte, okay? – eu disse à Gina, com lágrimas ameaçando cair em meus olhos. – EU SEMPRE SOUBE QUEM ELE ERA, MAS EU O AMAVA, GINA! ACHEI QUE ELE PODERIA MUDAR, QUE QUERIA SER DIFERENTE! E SE FOSSE HARRY? 
Gina arregalou os olhos e sua expressão passou de fúria à culpa e vergonha um instante. Claro que se fosse Harry ela faria a mesma coisa. 
Mas não havia cabimento algum em comparar Harry e Draco. Eram pessoas diferentes, com valores diferentes. E claro que Harry era uma pessoa muitíssimo melhor. 
— Cometi uma merda de um erro horrível, mas porque ele é assim não significa que todos da Sonserina também são! Lia é a única pessoa que me apóia lá! 
— Desculpe, Gabby. – Ela suspirou, encarando os sapatos. 
Virei o rosto, limpando duas lágrimas que escaparam e recompondo a expressão. Na certa, minhas bochechas estavam coradas e meu nariz vermelho. Argh. 
— Perdoe-me – pediu Gina. 
— Esquece – murmurei. 
Eu já estava de saco cheio. Precisava trabalhar na missão à qual Dumbledore me incumbira o quanto antes. Pois, assim que conseguisse a merda de arma secreta que provavelmente faria com que Voldemort triunfasse no final dessa história, eu poderia me libertar dessa prisão de dor, sofrimento e angústia, e assim viver em paz em algum lugar. 
De preferência, no meu mundo trouxa. O mundo da magia era muito complexo – percebi tarde demais. 

No restante desse dia e no seguinte, tive bastante tempo para pensar em Harry, Rony e Hermione em sua caçada pelas horcruxes. Eles, juntos, tinham muito mais chance que EU nisto tudo. Havia Hermione, muitíssimo inteligente, e Harry, cheio de valentia e com um talento para desvendar mistérios. Rony sempre tinha um surto surpreendente que realmente solucionava muita coisa, sem falar que ele fará tanto ou mais que Harry. Tá, não mais, mas definitivamente destruirá duas das horcruxes. Agora, como, meu Deus, eu sozinha posso ter isso tudo? Só sirvo mesmo para saco de pancadas e para exibir meus poderes anormais até para uma bruxa. Argh. Dumbledore tirou praticamente toda a responsabilidade das costas dos três e jogou para mim. E vem cá, dona J.K. Rowling, como pode ter deixado um pequeno detalhe como A ARMA SECRETA QUE SUPOSTAMENTE IMPEDE VOLDEMORT DE MORRER escapar em sua narração? COMO? E Dumbledore, como pode deixar tudo isso para mim apenas com uma ordem e nenhuma explicação? 
Estão querendo me ver louca. Só pode. 
Era hora de surtar. 
Após alguma melhora – ou seja, algumas horas na enfermaria –, levantei no meio da noite, sem um plano formado em mente, e fiz meu excelente feitiço da desilusão em mim. Eu não seria pega nos corredores, disso podia ter certeza. Quando dei as caras no corredor, uma coisa extremamente óbvia me ocorreu, e me apressei para o corredor do sétimo andar, finalmente tendo uma fagulha de excitação no meio de tudo de ruim. Não me deixei hesitar ao chegar à gárgula que guardava a escada para o escritório do diretor. 
— Lord das Trevas – eu disse. A gárgula deu passagem, e pude ver a familiar e em outros tempos acolhedora escada em espiral que levava ao escritório do diretor. Eu não tinha conhecimento prévio da senha, mas era absolutamente previsível. 
Ao chegar à porta, não bati; fui entrando sem pudor. Snape encarava o horizonte pela janela, com uma mão segurando a outra nas costas, como se estivesse muitíssimo distraído. Havia até o semblante, que eu via meio de lado, que parecia sereno, como se estivesse só. Mas provavelmente sabia que havia alguém com ele no cômodo. Contudo, não se deu ao trabalho de se mover. 
— Precisamos conversar! – eu disse, depois tranquei magicamente a porta. Só então lembrei que estava invisível. – Finite! – Com esse feitiço, tornei-me visível novamente. Ainda assim, qualquer um poderia nos ouvir. Encarei a porta e empunhei a varinha no alto: – Abaffiato! 
— Não esperava vê-la aqui, senhorita Dumbledore. 
— Severus, eu sei que você não é Comensal. Sei que ainda é fiel a Dumbledore. 
— Eu o matei – disse. Ele era realmente convincente. – Não seja tola. 
— Severus, por favor, sem teatrinhos comigo – eu disse. – Você deveria saber que sei de tudo sobre todos com quem convivo no mundo da magia. Sabe que conheço seus segredos. 
Os lábios dele se franziram. Claramente desgostava do fato de eu ter conhecimento de seus segredos. 
— E acredito que você sabe que estou aqui em Hogwarts só por causa de Dumbledore. – Ao terminar essa frase, olhei para o retrato do Profº Dumbledore atrás da mesa do diretor. Ele dormia serenamente. – Se eu falhar... – Meus olhos encheram-se de lágrimas. – Severus, se eu falhar, tudo pelo que Dumbledore lutou, tudo o que sacrificou e o que ainda há por sacrificar... será em vão. 
Snape encarou-me por um longo momento. Percebi que ele usou legilimência comigo, e então permiti. Ele suspirou após ver alguns dos acontecimentos mais recentes. Ou melhor, ao ver meus pensamentos e saber que eu confiava nele, e deve ter concluído que podia confiar em mim. 
— O que posso fazer por você? 
Sorri para ele. Era a primeira vez que sorria verdadeiramente em tempos. 
— Preciso encontrar algo que possa impedir de que Voldemort morra no fim deste ano letivo, como deve ser. Para isso, preciso aprender a detectar magia negra. 
— E como espera fazer isso do dia para a noite, Gabriela? – Snape mantinha no rosto uma expressão sarcasticamente amargurada. Típico. 
— Aprendo rápido – murmurei. – Sei que pode me ensinar com perfeição. 
— Não seja tola, menina. – O jeito que ele falava soava como reprimenda. Ele até fez uma careta; eu quase me esqueci que ele meio que me desprezava por causa de Harry. Esperava que isso tudo tivesse ficado no passado. Eu precisava dele, no fim das contas. – Todos notarão quem realmente sou! E inviável! 
— Tenho um bom plano, Severus. Não sou uma menininha tola como você pensa que sou – eu disse, com arrogância. Argh. Parecia até com Narcisa Malfoy. CREDO. – Farei coisas que deixará longe de qualquer mente a ideia de que estamos mentindo e enganando a todos. 
Snape saiu detrás de sua mesa e caminhou até mim, apoiando-se de costas na mesa enquanto me encarava. 
— O que quer dizer com isso? 
— Querem que eu sofra, não é mesmo? Então, você pode muito bem dar o que querem! Pode me torturar durante algumas horas em alguns dias, com o pretexto de descobrir onde Harry está e o que faz. Sabe que se o fizesse, eu jamais abriria a boca para lhes dar qualquer informação. Sabe que podem me matar que não abrirei a boca. – Eu sorri. – E enquanto você supostamente me tortura, estarei aprendendo tudo o que preciso. 
— E qual será a explicação para sair ilesa de cada sessão de tortura? 
— Quem disse que sairei ilesa? 
Com essas palavras, ele meio que se encolheu e semicerrou os olhos. Claramente esperava que eu estivesse blefando. Esperava em vão, obviamente. 
— Depois que acabarmos com a aula, você me faz alguns machucados e me atira para fora da sala, para que todos possam me ver chorando e sofrendo. Garanto que minhas lágrimas e o sangue farão um bom trabalho. – Eu sorri novamente para ele, enquanto pela expressão pude perceber que questionava a minha sanidade. 
— Não posso fazer isso – disse. 
— Começamos amanhã – fingi não tê-lo escutado. – Vou aprontar alguma coisa grave que mereça castigo. Aproveite e dê ordens aos malditos Carrow para me entregarem a você, não importa o que eu faça, se puder. Não vou aguentar olhar para a cara daquela vaca novamente sem amaldiçoá-la... 
Sem mais, me virei e deixei sua sala. Mas não sem antes olhar uma vez para Dumbledore, e ver que dormia profundamente em seu retrato. Meus olhos marejaram, e por isso me mandei dali o mais rapidamente possível. 

— Outro ponto de vista —
— Vocês acham que a Gabby voltou a Hogwarts ontem? – perguntou Hermione, observando Harry, que encarava a lareira do Largo Grimmauld, sério. 
— Espero que não – disse ele. – Ela é nascida trouxa; seria como suicídio. 
— Mas qual será a missão que Dumbledore deu a ela? – Rony, deitado no sofá com os pés para cima, mantinha o rosto numa carranca intrigada. Típico. 
— Seja o que for, não está escrito nos livros e com certeza tem ligação com o fim que terá esta batalha entre Harry e Voldemort, como na profecia. – Hermione sentou-se ao lado de Rony, fazendo com que ele se pusesse numa posição ereta rapidamente. – Deve ser algo muito ruim. Gabby jamais gostaria de voltar à Hogwarts. Não depois do que Malfoy fez. 
— Apesar de tudo, ainda não entendo como ele teve capacidade de fazer isso com ela – disse Harry, e havia um brilho de revolta em seus olhos. – Quero dizer, ele não presta, disso todo mundo sabe, mas a Gabby... Ela fez de tudo por ele. Sabemos o quanto ela gostava dele, o que ela queria deixar para trás para salvar sua pele... 
— Eu cheguei a pensar que ele gostava dela, sabe – disse Rony. – Apesar de ser o rato imundo que é, ficou com ela, mesmo com todo o preconceito por ela ser nascida trouxa... 
— Juro que achei o mesmo que você, Rony – disse Hermione, com o olhar meio duro. – Eu, melhor que ninguém, conheço o preconceito nojento que ele tem. Com ela foi tão diferente que achei que ele estivesse mudando. Se eu estivesse no lugar dela, juro que cometeria uma loucura. – Ela passou a mão pelos cabelos com força, irritada. – Mas agora devemos voltar nossa atenção para os nossos problemas, já que não podemos fazer mais nada por ela. E, além disso, é de invadir o ministério que estamos falando! Vamos logo repassar os planos para recuperar o medalhão que está com a velha nojenta da Umbridge. 

— Fim do outro ponto de vista —

Não dormi nada naquela noite. Eu tinha um plano e isso era um começo, mas ter começado me deixava ansiosa por terminar. Ainda mais levando-se em consideração que meu plano me traria mais dor e sofrimento. 
Eu tinha conseguido cochilar, mas o dia amanhecera e era hora de ir estudar. Então, atormentei Madame Pomfrey para que me liberasse, e ela deixou que eu saísse. Tive então pequenas dúvidas de que Dumbledore pediu para todos os professores e funcionários me darem o que precisasse e quisesse. Bom, era algo ao meu favor. 
Corri para o Salão Comunal para me livrar do pijama que eu usava. Eu ainda estava bastante deplorável, por isso fui o assunto das fofocas matinais. Só encontrei Amelia quando saí do dormitório e retornei ao salão comunal. Já ali, tinha usado bastante pó e blush no rosto, para disfarçar os hematomas. Ela estava conversando com Malfoy e Zabini. 
COMO É? Minha amiga tinha se juntado com o inimigo? COMO ASSIM? 
Quem via a cena, me comparava com aquelas mulheres traídas que vão até o marido e metem a mão na cara dele. Caminhei decidida até o grupinho e encarei minha suposta amiga. 
— Bom dia, Amelia. – Meu tom era formal, e minha expressão queria dizer: "que merda você tá fazendo com esses nojentinhos?!" 
— GABBY! – Ela literalmente gritou e pulou em cima de mim. Por pouco não desabei. O que havia de errado com essa menina? Eu estava quase caindo e ela se atira em mim?! – Meu Deus, o que você está fazendo aqui?! Tem que se recuperar! Tem que ficar em repouso! Você- 
— Hey, hey, vá com calma – eu disse a ela, arregalando os olhos. – Estou maravilhosamente bem e pronta para outra. Tão pronta que... – Foi aí que dei atenção para Malfoy e Zabini, que participavam da conversa. Eu deveria revelar meus planos na frente deles? Fiquei em dúvida, mas pensei um "que se dane" e prossegui: – Tão pronta que vou armar alguma coisa hoje. 
Amelia me olhou com aquela cara de "oh, não". 
— Nem pense... 
— O quê, Amelia? – Eu sorri. – Me arrependi de ter retornado à Hogwarts e, já que não posso sair, vou fazer jus ao tratamento que recebo. 
— Não entende o que farão com você? – Ela me pareceu bastante preocupada. Revirei os olhos. – Isso é sério, Gabby! Eles te machucam sem você fazer nada. Se você- 
— Eu não quero me meter nem nada, mas sua amiga tem razão – disse Blásio Zabini. – Estão implicando com você. No seu lugar, me comportaria muito bem. Ainda mais depois do que fizeram com você ontem. 
Eu sorri para ele. Então, agora os mais filhos da mãe da Sonserina queriam ser meus amiguinhos? Veremos onde isso vai dar. 
— Nunca gostei muito de regras, sabe. – Sorri para ele com ironia. – Uma das características que me levaram a ser da Grifinória. 
— Vai me dizer que não combina em nada com Sonserina? – retrucou, arqueando a sobrancelha numa típica expressão arrogante de "aham, sei". 
Encarei o chão, depois olhei para Amelia, Malfoy e para ele. Eu ia dizer algo que não tinha revelado para ninguém – que eu me lembre, ao menos. 
— O Chapéu cogitou me mandar para a Sonserina, é verdade. – Pude perceber que os olhos de Malfoy e Amelia se arregalaram. Zabini não se impressionou. Na verdade, deu um sorriso presunçoso. – Mas eu não me importo com quem é sangue puro ou não. Portanto, não sirvo para Sonserina. 
— O que pretende fazer? – perguntou Amelia, retomando o foco da conversa. 
— Por ora, só vou ofender alguém. Acho que a Carrow... – disse, com um sorriso maldoso. – Para começar. Mas depois, não serei a única a precisar de cuidados da Madame Pomfrey. 
— Não... Gabriela, não seja tola! 
Eu ri. 
— Garota, por acaso as maldições Cruciatus que recebeu afetaram seu cérebro? – Ela parecia apavorada. 
Arqueei a sobrancelha. 
— Não é essa a finalidade? – Fiz uma expressão meio insana, completamente estranha. – Enlouquecer a vítima? 
— Contigo o trabalho está completo. 
Eu ri com vontade. 
— Não há nada de errado comigo, Lia. – Esbocei um sorriso bondoso para ela, enquanto colocava uma mão no ombro dela, tentando acalmá-la. – Essa sou eu. Não há mais nada que eu possa perder que me faça falta, aliás. Quando isso acontece com a pessoa... Como posso dizer? Ela se torna destemida. Essa sou eu agora. 
— Maluca – comentou Zabini. 
— Acho isso idiotice – disse Draco, se fazendo ouvir, finalmente, depois de todo esse tempo calado. Eu o fuzilei com o olhar. – Vão acabar ferindo você de verdade. Isso pode vir a ser ainda mais grave do que já... 
— Não finja que se importa. – E, ao dizer isso, dei-lhe as costas e saí de lá com Lia. Podia até falar com Zabini, mas com ele? Não. Eu preferia até ser amiga de Parkinson! 

No fim do período de aulas, corri à biblioteca para encontrar uns bons livros de magia negra. Tinha feito Amelia me dizer exatamente o que estava fazendo com aqueles dois, e tudo o que me disse foi que Zabini era uma pessoa legal e extremamente amável e que Draco era um pouco deprimido, porém legal. Fiquei calada. Ela tinha direito de escolher com quem andava, mas... Esse era um bom motivo para me afastar dela. 
Só que isso não me importava, não é mesmo? Não estava em Hogwarts para fazer amizades. Estava lá para destruir Voldemort. Então... 
Fiquei chocada ao receber conselhos de Madame Pince para pegar emprestado algum livro da seção reservada. Dumbledore realmente me deu muitos privilégios. 
Peguei um livro realmente horrível de magia das trevas e pus-me a ler no tempo livre que tive, no Salão Comunal. Era repugnante, porém útil. Inclusive, anotei dúvidas para saná-las posteriormente com Snape. Eu estava muito absorta naquele estudo. Só que... 
— Estudando magia negra? – perguntou Carrow, olhando meu livro. Ela claramente achara que estava tirando sorte grande ao ir me provocar, mas o que ela não sabia é que eu tinha um trufo na manga. Ela provavelmente não podia me punir diretamente. Ou seja: eu era intocável. Amelia formava com os lábios um "por favor, não faça besteira", mas não se atrevia a falar. É claro. Por que arriscar a própria pele por alguém como eu? Afinal, eu não era realmente sua amiga. 
E essa sou eu perdendo o foco novamente. 
Semicerrei os olhos para Carrow. Ótima hora para conseguir um bom castigo, não é mesmo? Meus colegas observavam, já imaginando que de alguma forma eu iria parar na direção. 
Mal sabiam eles como estavam certos. 
— Bom, na realidade, estou aprendendo algumas azarações bem perversas. – Sorri para ela, fechando o "Livro Padrão das Piores Azarações do Mundo Mágico e Suas Contra-Azarações", e tive certeza de que ela pôde ler o nome na capa velha e desgastada. – Agora tenho apenas uma dúvida: qual delas eu posso usar em você? Ou melhor! Qual será o método mais doloroso de matar você? 
— Pensei que matar fosse algo indigno de um Dumbledore – disse debilmente. 
— Você não conta. – Eu ri. Era uma risadinha afetada digna de Pansy Parkinson. 
Céus, a que nível estava me rebaixando! 
Os que observavam arfaram, chocados com minha impertinência. Ela não gostou nada das minhas respostas. Agarrou-me pelos cabelos e me encarou, furiosa. 
— Você vai pagar por isso! 
— É só me dizer quantos galeões e nuques eu estou devendo! – eu disse, sorrindo. – Qual é? O que vai me fazer? Hein? 
Ela estava ficando vermelha. Eu sentia vontade de gargalhar bem alto. Snape, eu te amo! 
— Você tem sorte porque tenho ordens de te levar diretamente ao diretor quando tivesse problemas com você, escória! Se não fosse por isso... 
— Dobre sua língua ao falar de mim! – retruquei, dando um tapa na mão que ela segurava meus cabelos. – Você não é ninguém para me chamar de escória, sua vaca maldita! 
Ela fez uma cômica expressão de "como ousa?!" 
— Olhe aqui, mocinha... 
— Não, olhe aqui você – retruquei mais uma vez, lhe apontando um dedo. – Eu estava estudando e você não tinha o direito de vir me perturbar sem uma boa razão! Mereceu cada palavra que ouviu de mim, e ainda merece ouvir mais! Você só está no direito de me levar à direção porque eu disse que você é uma vaca maldita, te dei um tapa e ameacei te matar, e, tecnicamente, eu não posso dizer esse tipo de verdades. Infelizmente. Agora, a partir do momento que você me chamou de escória e me puxou os cabelos, você mereceu ser punida tanto quanto eu. Tecnicamente, estamos ambas erradas e, portanto, você está sem autoridade. – Olhei-a de cima a baixo com olhar esnobe e um sorriso sínico. Ela estava boquiaberta. – Mas para provar que não tenho medo de uma vaca maldita como você ou de qualquer lixo que tenha nessa escola, estou indo agora mesmo ver o diretor. 
Dei-lhe as costas, juntei meus materiais e saí dali. No último relance que tive de seu rosto, ela ainda parecia idiotamente chocada. Tipo computador antigo tentando processar alguma coisa. Já à porta, ouvi alguém dizer: 
— Ela é completamente louca, mas não posso negar: ela tem estilo. – E, ao olhar para ver quem era, encontrei o olhar de Blásio Zabini, ao lado de Malfoy. Sorri para Zabini e fui ver o diretor. 


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