Casos Macabros escrita por Saito


Capítulo 12
Caso 12: Uma conversa em um bar


Notas iniciais do capítulo

Vortei, vortei! OE!

Tá tenso ter criatividade estes tempos... e reviews, né...?

Mas, porém, entretanto, todavia... aqui estou eu, com mais um caso!



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– Não faz sentido. – Eu olhei para meu amigo, Jeff. Estávamos sentados em um bar aleatório. Ele estava me acompanhando, bebendo um pouco, enquanto eu enchia a cara e falava. Falava até não aguentar mais. Falava sobre a época da escola, sobre meus pais, minha irmã prodígio... até chegar ao motivo que me levou àquele bar, com meu amigo.

– Eu sei. É uma pena. Vocês podiam ter ficado mais tempo...

– É injusto, Jeff! – Bati os punhos na mesa, a vodka pura tentando subir de volta. Forcei a sensação de enjoo de volta ao estômago – já me bastava ter vomitado duas vezes; e as duas foram no colo de Jeff. – Ela era tão perfeita...

O bar estava vazio. Não exatamente vazio, tinha eu, Jeff, e... um carinha ali. O cara que também estava sendo meu amigo naquela noite, o cara que servia as bebidas... Mas como é que se chama mesmo? Ah, dane-se.

– Barman.

– O quê? – Eu me virei para Jeff, que bebia devagar aquela cerveja básica.

– Você parece que está procurando por uma palavra. Daí, eu disse “Barman”.

– É isso mesmo.

Os dois me faziam companhia. Perder Carrie daquele jeito fora mesmo horrível. Eu me lembrava de todos os detalhes, e queria me esquecer de todos eles.

Havia uma poça de sangue no lugar do tronco dela. Metade do crânio tinha sumido, dava a impressão de que uma criatura de mandíbulas gigantes tinha arrancado-o.

Aquele fora mesmo um acidente muito estranho.

Virei o meu rosto para o barman. Ele parecia ter, sei lá, ficado estranho. O rosto dele estava vermelho, eu acho. Sei lá.

Ele me encarou. Foi então que eu tive a certeza. Ele não parecia estranho, ele ERA estranho! Parecia que um cavanhaque muito bizarro estava aparecendo no rosto dele, e tinha alguma coisa saindo do pescoço e da testa.

– Puta que... – Empurrei a cadeira para trás. O rosto dele estava normal de novo. Ele e Jeff me encararam; foi aí que o barman teve uma crise de risos muito diabólica, e falou alguma coisa para Jeff. Ele, por sua vez, pegou uma caneta e marcou uma letra no guardanapo. O barman se virou e foi pros fundos, deixando-nos a sós.

– Jeff, me tira daqui! Esse cara é muito estranho, ou será que já bebi demais?

– Sente aí, Rute. A gente precisa conversar um pouco. – Ele deu uns tapinhas na cadeira. Eu me sentei de novo, tomando cuidado para que a saia não levantasse. – Que letra você está vendo aqui?

Ele me deu o guardanapo e eu vi que a letra “D” estava escrita. Falei que era só a letra que ele usava para se referir a si mesmo, e dei de ombros.

– Outra pergunta: você gostaria de ver a Carrie de novo?

– Não. – Jeff ficou surpreso. – Eu não gostaria. Eu quero vê-la de novo. Tem algum jeito de fazer isso?

Ele pensou por um tempo. Já que o barman tinha sumido, eu peguei meu copo novamente, e fiquei me encarando pelo espelho. Putz, tô mesmo um caco! Olha só pra mim: cabelos desarrumados, a maquiagem tá uma danação só, e as olheiras estão piores do que nunca! Cara, a Carrie me mataria...

– Death.

– Cara, o que você falou? – Encarei o Jeff de novo.

– Eu me apresentei a você como “Jeff”. Mas o certo é me chamar de “Death”. – Ao dizer isso, um capuz começou a cobrir o rosto dele, e sua altura aumentou. A mão que segurava o copo se tornou branca, e, pouco depois, eram só ossos. Não era um ser humano.

– Morte. – Estava arrepiada, mas não foi exatamente uma surpresa, acho. – Já sei, você veio me buscar...

– Não. – A voz dele parecia ser um eco. O espelho rachou e quebrou em vários pedaços, um deles vindo parar à minha frente. Foi então que eu vi... Tinha lágrimas de sangue escorrendo pelo meu rosto, e os olhos tinham se tornado totalmente azuis; passei a mão no topo da cabeça, e senti que tinha um buraco enorme. – Eu não fui te buscar. Você veio ao meu encontro, mais cedo do que deveria. O suicídio é punido no Inferno.

Isso é o Inferno?

– Não. O Purgatório é só mais um caminho.

– E a Carrie?

A Morte apontou a mão para a porta do bar.

Minha Carrie estava ali, me esperando.

– Ela não devia estar no Paraíso? – Olhei para o pedaço do espelho de novo. Meus olhos ainda sangravam.

– A morte dela foi sobrenatural... não há um lugar definido para os que morrem assim, minha cara Rute.

Eu me levantei. Foda-se se estou no Inferno, no Purgatório ou se estou louca. Carrie estava comigo novamente, e era só isso o que importava. Antes da porta do bar se fechar atrás de mim, eu olhei para a Morte. Ela acenava, e ia se transformando em Jeff.

Foi então que tomei ciência de um fato.

A Morte nunca abandona quem precisa dela.  


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Notas finais do capítulo

Um oferecimento, e criatividade graças a uma bebidinha aqui e outra ali!

Até algum momento, quando aparecer mais uma ideia para o Caso 13! o/



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