Ela era uma deusa.

Deusa das Trevas,

Assim conhecida,

Era temida por todos,

As pessoas tinham medo do que ela fosse capaz.

Vivia na montanha mais alta daquela cidade,

Parecia o fim do mundo,

E para alguns era.

Sensual como era,

Enfeitiçava àqueles homens que por ali passavam,

Levava-os para sua alcova, e, ali,

Sacrificáva-os, arrancando-lhes o coração,

Coração que ela não possuia

Ou pelo menos pensava não ter.

E assim ela vivia,

Vivia a sua vida patética,

Fria, insensível,

E sozinha nas trevas,

Onde ninguém mais teve a ousadia de aparecer.

Contudo, um dia um homem decidiu enfrentá-la,

E com suas armas,

Até as trevas ele foi,

Receoso de que vivo não voltaria,

Mas iria tentar.

Cavalgando em seu cavalo negro,

Perto daquele terrível lugar ele estava.

Parou.

Nenhum ruído ele ouviu.

E então, com muito esforço,

A alcova ele adentrou.

Onde estaria ela? – pensava o homem.

E, assim, ele procurou-a,

Sem encontrar nenhum vestígio dela.

Em milésimos de segundos ele estava encurralado,

O escuro se foi,

Velas foram acesas,

E ele se deparou com milhares de espelhos ao seu redor.

Como sairia dali?

Ele andava,

Tentava escapar,

Mas era tudo em vão.

E preso ali ele ficaria,

Até que um dia alguém fosse salvá-lo.

Ela estava preparando-o para a morte,

O inferno.

Aquilo era apenas o começo,

Ele passaria fome,

Sede e,

Assim, ele estaria preparado para o final,

O fim da vida.

O seu descuido não deixou

Que isso ocorresse.

Inconscientemente,

Por uma fresta que lá havia,

Ela viu-o.

Olhou-o nos olhos,

Pôde  ver a preocupação do homem

E sua coragem em enfrentá-la.

Sentira algo.

Mas o quê?

O homem ficara preso,

Não havia saída.

Os dias foram se passando

E ela ia alimentando-o muito pouco,

Ele começava a passar fome.

Mas ele nunca a viu,

Ela somente deixava a comida

enquanto ele dormia.

Ele, então,

Conseguiu escapar,

E onde ela estava,

Ele conseguiu entrar.

E uma batalha começou

E ele tentava evitar

Colocar os olhos em seu colar.

Diziam que era mágico

E poderia até matar.

Ele enfrentava-a,

Tentava matá-la,

E com sua esperteza,

Conseguiu quebar o colar

Usando sua espada,

Para depois cravá-la em seu peito.

Foi então que ao conseguir

A vitória,

A Deusa caira ao chão

E a transformação ocorreu.

Já não era uma Deusa das Trevas,

Em seu lugar havia uma moça jovem,

Uma bela moça,

Mas não respirava,

Estava morta e,

Ao seu lado,

Seu coração petrificado.