Kuuchuu Buranko escrita por Kurotsuki Kayuri


Capítulo 1
único.




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Em minha mão só resta a solidão,
É adeus.

O pequeno ergueu os olhos do mangá para poder  encarar o garoto que estava do outro lado do pátio da escola. Suspirou pesadamente, sentindo a dor em seu coração.

Como era ingrata, a vida, não? Lá estava ele, largado, sozinho e amargando um pé-na-bunda enquanto Shinji Amano, o garoto mais popular do colégio se agarrava com Takashi Sakamoto, o segundo garoto mais popular do colégio.

Alguém havia mencionado que ele, Kousuke Uematsu, era o ex-namorado chifrado de Shinji? Suspirou, arrumando os óculos de aro quadrado no rosto, voltando a esconder-se atrás da Shonem Jump, ignorando a vontade de chorar e o quão perdido se sentia.

"Sinto muito, Keiyuu... mas eu sempre amei Takashi." Fora o que Shinji dissera.  Antes de deixar um beijo em seus lábios e sair porta afora, indo se encontrar com o loiro. Keiyuu nunca se sentira pior em todos os seus dezessete anos de vida. Nem Maiccho o vira chorar tanto.Mas agora era diferente. Ele estava forte.

Ele não iria rezar para ter Shinji de volta.

Persiga-me mais e mais; agarre minha mão levemente, e desfaça a indiferença em meu peito.
Com certeza eu estaria rindo sinceramente, como sempre; eu estou aqui - descubra-me, por favor.

-Esse é Ishihara Takamasa. - a voz do sensei encheu os ouvidos de todos os estudantes do segundo ano, enquanto ele escrevia na lousa o nome do garoto recém chegado.

Cabelos de todas as cores possíveis, piercings demais, tatuagens demais. E um sorriso bonito demais para mexer com Keiyuu daquela forma. Engoliu em seco ao perceber que as pérolas negras do garoto recaíam sobre si, afundando-se ainda mais na carteira, acabando por quase sumir embaixo do objeto.

-Pode sentar-se ao lado de Uematsu-kun, Ishihara-kun. - o sensei apontara na sua direção e Keiyuu queria morrer. O aluno novo iria sentar-se ao seu lado? Assim, sem mais nem menos?

Nem mesmo registrou os passos dele vindo em sua direção, apenas escutou a voz rouca e melodiosa ecoando ao seu lado, e virou-se, deparando-se com um sorriso ainda mais bonito que o primeiro, fazendo suas bochechas corarem violentamente.

-Sou Ishihara Takamasa. Mas você pode me chamar de Miyavi.

-"Elegante"? Perguntou rindo, arrancando uma risada do outro também, de uma forma muito estranha, ele gostava daquilo. Sorriu largamente. -Sou Uematsu Kousuke. Mas me chama de Keiyuu.  

Eu não preciso definir as coisas de alguma forma. A tristeza é retirada através de lágrimas.
Está tudo bem. Este sou apenas eu.
Com a palma direita vazia, a afeição restante é apenas um problema.

Suspirou novamente ao ver Shinji adiante, andando de mãos dadas com Sakamoto. Meses de namoro e declarações de amor falsas jogadas no lixo. Seu coração jogado no lixo. E ele se sentia a pessoa mais miserável do mundo. Talvez ele não fosse tão forte quanto pensava.

Talvez... ele amasse Shinji de verdade, para ser orgulhoso daquela forma e não chorar. Mesmo que sozinho, escondido no quarto.

-Ne, Keiyuu... O que você acha de irmos naquela sorveteria perto da estação hoje? - Yasuno disse, tentando animar o amigo, andando ao lado de Mai e Yuura. Todos eles estavam tentando animar o pequeno, odiando vê-lo daquela forma, sofrendo calado. Kousuke nunca reclamava, nunca dizia nada. Era alguns minutos de choro silencioso e logo ele estava sorrindo, como se nada houvesse acontecido. Isso machucava a eles.

-Tudo bem, eu só... eu vou passar no banheiro, alguém vem comigo? - Yuura se prontificou, acompanhando o pequeno. Lançou um último olhar aos amigos, que acenaram.

-Keiyuu está mal, não é? - Yasuno perguntou, vendo Mai acenar com a cabeça. Suspirou, passando os dedos pelos fios violetas.

-E o que nós vamos fazer para mudar isso, Cérebro? - o menor perguntou, sabendo que o garoto mais alto sempre teria um plano para ajudar o amigo.

-O que fazemos todas às vezes, Pinky. Arranjar alguém digno o suficiente para ele. Ou tentar. - o rapaz de pele amorenada sorriu sem-graça, lembrando que Shinji fora apresentado a Keiyuu por eles, depois de um término do pequeno. E eles nunca davam uma dentro.

Mas o que os fazia continuar, era a esperança de, algum dia, Keiyuu sentir-se realmente feliz em acordar, sem nunca esconder os sentimentos. Era assim a amizade, afinal.

Converse apenas sobre o futuro, o mistério é hoje.
Sem tocar nem mesmo as evidentes cicatrizes.

Keiyuu ergueu os olhos da taça de sorvete particularmente grande, encarando o garoto de piercings que cumprimentava seus amigos, sentando-se à sua frente. Como assim eles se conheciam e ninguém nunca havia lhe dito nada? Piscou algumas vezes, tentando assimilar a idéia, vendo Yuura sorrir para si e começar a falar em um tom sereno.

-Esse é Miyavi, Kei-chan. É nosso amigo. Ele está na sua sala, não é? - e Takamasa sorriu para si. E era impossível não sorrir de volta.

-Sim... Miyavi-kun está na minha sala. É um cara legal. - e limitou-se a voltar para seu sorvete, com vergonha. Era impossível não corar diante do garoto sorridente, que bagunçava seus cabelos.

-Keiyuu-chan também é legal, ele me ajudou nas lições e... por que está corando, Keiyuu-chan? - perguntou ingenuamente, ou era o que parecia, vendo o pequeno levantar-se, balbuciando algo ininteligível, saindo quase correndo.

Yasuno e Mai trocaram olhares, cada um se inclinando mais na direção do tatuado com sorrisos gentis e inocentes nos rostos. Mas os olhares os entregavam e Yuura sabia que eles estavam aprontando alguma. Grande.

-O que acha do nosso Kei-chan, Meevs? - soaram em uníssono.

OH NÃO.

Na minha mão direita há afeição, algum dia ela vai brilhar sobre alguém
O ritmo começa a acelerar. Meu coração gritando por seu nome.

Dois meses haviam se passado. Entre sentir dor ao ver Shinji ao longe com Sakamoto e a alegria súbita que o tomava toda vez que via Takamasa. E toda vez que o garoto maior (bem maior, diga-se de passagem) sorria para si. Entre tudo isso, Kousuke ia levando a vida, tentando ser feliz ou, simplesmente, ignorar os momentos ruins.

E havia aquela vontade de abraçar Takamasa e ser abraçado. E... uma estranha vontade de beijá-lo, que abateu-se sobre si, em uma tarde particularmente quente, em que eles não tinham nada para fazer e descansavam à sombra de uma árvore.

Balançou a cabeça, tentando espantar os pensamentos, deitando-se em sua cama e encarando o teto. Miyavi era seu amigo, e ele ainda... amava Shinji, não é?

Não é somente ressentimento, o que ele sentia pelo ex-namorado? E o que ele sentia por Takamasa? Afundou um travesseiro contra o rosto, gritando de frustração. Ele não podia estar se apaixonando. Não de novo.

E a forma como ele era volúvel era assustadora.

Mas... talvez ele fosse forte, não era? Pelo menos era o que pensava, enquanto atendia uma ligação de Takamasa, alegremente.

O vento muda
Com fragrâncias da estação fria
Isso brilha
Isso notou meus sentimentos honestos
Estou tremendo, eu quero estar com você e rir
Minhas flores sem nome, queria que elas pudessem florescer
fora de estação

-O que quer conversar, Taka? - Keiyuu não o chamava pelo apelido. Dizia que se todos o chamavam de Miyavi, ele queria ser diferente. Especial. E Keiyuu nem fazia idéia do quanto era especial para Takamasa.

-É que... bem, eu sei que você gosta de sorvetes. Estamos na sorveteria, afinal. - Riram, enquanto pegavam suas casquinhas e saiam dali, indo para um canto mais afastado dos olhos das pessoas, passando a dividirem a mesa. Mas sentados de frente um para o outro, a distância parecia tão longa...

Takamasa suspirou, passando uma das mãos pelo rosto, tentando saber por onde começar.

-Eu sei que dois meses é muito pouco tempo, mas... eu precisava fazer isso, sabe? Para provar que você é especial. - murmurou, inclinando-se para frente e tomando os lábios de um surpreso e confuso Kousuke com os seus. E fora feliz demais, quando o sentiu corresponder. Levou uma das mãos até os fios castanhos, os acariciando com todo seu amor.

Mais ao longe, em uma mesa mais afastada, três pares de olhos observavam atentamente a cena. Ainda não acreditando.

-Bem... - começou Yasuno, sorrindo. - Uma coisa nós não podemos negar. Esses garotos vão longe. 

Eu aperto esta mão e isto porque não estou com medo
Eu sempre estive levando você por todos os lugares
Pequenas cicatrizes - unicamente abertas e indiferentes, mas
por amar você eu não sinto mais nada

Era bom e reconfortante passear de mãos dadas com Taka pela rua. Mais ainda sentir o sol bater em seu rosto, a brisa nos cabelos de ambos... e a certeza que a vida poderia ser muito boa mesmo. Melhor ainda era saber que ele era sim, bastante forte para agüentar quantas pancadas a vida resolvesse dar nele.

E agora, aos vinte anos recém-completos, cursando música junto com seus amigos e seu amor, Uematsu Kousuke se dizia uma pessoa feliz.

-Ne, koi. O que você queria me dizer hoje? - Keiyuu estranhou Takamasa levá-lo para jantar em um dos restaurantes mais caros da cidade, sendo que não era nenhuma data especial. Ergueu uma sobrancelha. - O que você aprontou Ishihara?

-Nada. - Miyavi até tentara soar inocente, mas não conseguira. O sorriso travesso tomando conta de seu rosto mais uma vez, enquanto tirava a caixinha de dentro do paletó estilizado e a abria bem diante dos olhos de um abismado Kousuke. - Eu só quero casar com você.

E  Keiyuu nunca poderia responder algo diferente de "Sim".


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Notas finais do capítulo

Não está láaa essas coisas, ne, mas é minha tentativa de sair da seca.
Algum review? ;^;



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