A Morte Lhe Dá Boas Vindas escrita por Ledger
Único - Maldição
Poderíamos dizer que era normal. Estudava, tirava notas ruins em matemática, algumas boas em inglês... Gostava de alguém, e sempre fazia uma noite do pijama com as amigas. Essa era sua rotina de vida, e ela seguia-a sem reclamações.
Até certo dia, em que tudo mudou.
...
Corria. Era a única coisa que fazia. A única coisa que podia fazer no momento. Jamais imaginara que isso pudesse acontecer em sua vida – e mesmo ela tendo que fazer isso apenas no dia 31 de outubro -, e também, que conseguiria faze-lo. Certamente estava apavorada. Apavorada por ser tão idiota, fútil, e sem coração. Como poderia ter feito aquilo? Justo com ele? Aquele que ela sempre teve certeza...
Flash Back On
-Eu tenho de contar-lhe algo, Eric.
O menino dos cabelos loiros encarou-a, confuso.
-\t - O que é? – perguntou, desconfiado.
-\t - E-eu... – como poderia falar isso a ele, justo agora? Justo agora que tinha certeza de que o que sentia era também correspondido, de que ele poderia dar a ela uma chance... Ela estragaria tudo? Quebraria todos os tijolos que usou para construir sua casa?
O menino passou as mãos nos compridos cabelos dela; eles estavam soltos, de modo que se a diretora os visse assim, certamente lhe mandaria uma detenção por não estar usando o penteado adequado.
O vento soprou; sua rajada forte a fez encolher e observar o céu. Era noite. 31 de outubro. Dias das bruxas.
-\t - E-eu... – repetiu ela, reunindo as forças para falar – eu carrego uma maldição comigo.
Eric olhou para a mesma como se não entendesse nada que dissera.
-\t - O que quis dizer com isso, Kat?
A menina Katherine observou-o. Ele certamente estava cada vez mais confuso com sua reação, com o que ela poderia falar ou fazer.
-\t - Nasci hoje – respondeu ela, soltando um longo suspiro – e sou amaldiçoada desde então.
-\t - Seu... Aniversário é hoje? – perguntou-lhe, ignorando completamente à parte que se referia à maldição.
Katherine assentiu.
-\t - E, quando eu completasse 16 anos, de acordo com a maldição... – ela suspirou novamente – eu me tornaria A Morte.
Certamente, Eric achava que estava ficando louca. E estaria?
-\t - Então... – ele viu que lágrimas desciam pelo rosto da menina que um dia fora alegre – a morte lhe dá boas vindas.
E dizendo isso, tirou sua foice das costas, e arrancou-lhe a cabeça.
Flash Back Of
O vento era cortante, mas a garota não interrompeu sua corrida. As lágrimas desciam sem dó por seu rosto, e a dor que habitava em seu coração era maior do que qualquer dor que já sentira. Matara ele. Matara o menino que amava. O menino que a amava.
Parou quando chegou ao cemitério. Entrou vagarosamente no mesmo, e percebeu que quando passou ao lado das abóboras, elas ganharam vida. Os corpos, ao passar, iam levantando-se vagarosamente, e o grito de medo e pavor insistia em ficar preso em sua garganta. Ela caminhou rapidamente ao que seria um trono, e ao chegar lá, ajoelhou-se.
-\t - Porque? – perguntou, as lágrimas escorrendo dos olhos – porque tive de fazer isso com ele? Justo com ele?
Uma risada maligna ecoou por todo o cemitério, espantando todos os urubus que ali estavam. Katherine tremeu. Odiava ter de obedecer a ele, fazer as coisas para ele, só por não ter ninguém.
-\t - Oras, porque Katherine? Raciocine você mesma – a risada maligna ecoou novamente pelo cemitério – não pode ter laços com ninguém. Não pode amar. A Morte não ama.
-\t - Eu... Não quero isso... - a garota disse, engasgando.
- Oras, mas porque Katherine? – O esqueleto levantou-se de seu trono e sorriu, se é que isso era possível – isso é apenas o começo.
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