Eu treinei com as minhas irmãs e depois treinei esgrima. Quando eu fui pra arena, entrei lá e vi Austin, que acenou pra mim com um sorriso nos lábios. Ele veio até mim.

-Oi, Ruby. - Ele disse, me dando um abraço de... Amigo? O que me deixou mais calma pra explicar tudo aquilo pra ele. Eu o abracei de volta.

-Oi, Austin.

-Ruby, eu tenho que...

-Conversar comigo? - Ele assentiu, me olhando preocupado. -Se for sobre ontem a Monique me contou.

-Me desculpe, eu...

-Cara, relaxa! - Eu disse sorrindo e ele me olhou surpreso e ao mesmo tempo aliviado. -Você gosta da Nick? Mesmo, mesmo?

-Eu não a conheço direito...

-Você gostou da festa de ontem que você foi com ela? Gostou de beijar ela? - Ele assentiu e eu abri um grande sorriso.

-Mas...

-Olha, eu queria conversar com você, também... Austin, eu... Gosto de você, mas não como eu gostava antes, sabe. Você é um cara incrível, engraçado e foi sempre muito legal comigo, mas eu não posso mentir pra você... - Ele olhou pra mim e sorriu.

-Tudo bem...

-Sobre a Nick, ela está doida pra te ver de novo.

-Ela é muito legal, e muito linda também.

-Não vamos esquecer do “doida”, ela é mesmo muito doida. - Eu disse rindo e ele também riu.

-Ruby, me desculpe também... Eu não devia ter saído com a Monique antes de falar com você.

-Não se preocupe, está tudo bem. E eu realmente quero que dê tudo certo entre vocês.

-Obrigado. - Ele disse sorrindo radiante.

-Eu e o Nico... Aconteceram algumas coisas. Acho que eu e o Nico estamos juntos agora... - Eu disse corando. -Ah e não pensa que eu esqueci.

-Esqueceu o que? - Ele me olhou confuso.

-Hoje é seu aniversário, duuuh.

-Caramba, nem eu estava lembrando disso! - Ele riu.

-Parabéns e... Muitos anos de vida ao lado da Nick.

-Obrigado. - Ele corou, mas continuava sorrindo.

-Bom, agora eu tenho que ir.

-Ok, Ruby. Tchau, a gente se vê.

-Tchau. - Eu disse sorrindo e saindo da arena. Acho que nunca foi tão fácil terminar com alguém. Austin era compreensivo, mas o melhor era saber que ele estava bem sem mim.

Já estava quase escurecendo e eu ia falar com o Nico, falar que eu já tinha falado com o Austin e agora, não tínhamos que esconder de ninguém o nosso namoro. Eu estava sorrindo tanto que meu rosto doía, mas eu não parava de sorrir. Andei até o chalé de Hades, mas eu não estava nada bonita. Tinha treinado a tarde toda. Eu estava com o meu vestido meio rasgado e chamuscado. Nunca fique perto de uma filha de Héstia treinando, é tudo o que eu tenho a dizer. Héstia é casta e bla bla bla, mas ela pode ter filhos também. É como Atena. Mas Atena é por causa da inteligência, ela faz aquela telepatia e tudo mais. Héstia é por emoções. Tentei dar uma ajeitada no cabelo e bati na porta do chalé de Hades. Nico abriu a porta e eu ouvi a voz da Clara lá dentro, reclamando.

-E eu não posso dormir no chão! Eu tenho problema de coluna! - Nico olhou pra mim e sorriu, ignorando a irmã. Eu beijei seus lábios por um bom tempo, e ele ficou meio impressionado por eu ter beijado ele na porta do chalé, mais pra fora do que pra dentro, onde todos podiam ver.

-Amor, tenho novidades. - Eu disse sorrindo e olhando nos lindos olhos escuros dele.

-Novidades? - Ele disse me dando um selinho.

-É! Tipo...  Eu falei com o Austin e disse pra ele que eu não gostava mais dele... Ele aceitou isso bem, ele está afim da Monique, uma das minhas irmãs por parte de Íris.

-Espera aí... Você deixou um filho de Apolo? Por mim?

-Ué, por que parece tão surpreso? - Eu disse rindo. Ele saiu do chalé e fechou a porta atrás dele.

-É que eu sou só... Filho de Hades.

-Você é muito mais que isso. E eu amo você. - Ele sorriu radiante, me beijou e colocou os braços em volta de mim. Ele me ergueu e me rodou em seus braços, eu comecei a rir.

-Eu também amo você. - Ele disse, parando de me rodar e me colocando no chão, acariciando meus cabelos e olhando pra mim. Clara abriu a porta do chalé, tempestuosa e olhou pra fora.

-NICO DI ANGELO, EU ESTOU FALANDO COM VO... - Então ela olhou pra mim. -Ó, Lady Ruby! - Ela disse fazendo a bendita reverência que ela fazia ao me ver. Eu ri e olhei pra ela, levantando a mão e acenando.

-Oi, Clara.

-Minha senhora, fala pra esse sem educação do seu namorado que eu não posso dormir em um colchão no chão. Eu que tenho que dormir na cama.

-Clara, o problema não é quem fica com a cama, e sim o que você quer fazer com ela. - Disse Nico, com os braços em volta da minha cintura, olhando pra Clara.

-Você acha mesmo que eu poderia dormir em um lugar tão depressivo? O que tem demais? Eu só quero dar mais cor ao seu chalé.

-Rosa não é cor de homem e eu gosto de preto.

-O chalé não é só seu.

-Mas eu sou o líder e sou o mais velho, você tem 13 anos e eu tenho 16. - Disse Nico, sorrindo, só pra irritar Clara, que olhou pra mim e apontou pro Nico, aparentemente horrorizada com a falta de cor do lugar. Nico tinha feito 16 anos uma semana depois que nos conhecemos, mas eu não sabia o dia do seu aniversário ainda. Voltando ao assunto das cores, eu imaginei o que Clara queria fazer com o chalé e isso me fez estremecer. Eu gostava do chalé como era. E como a minha palavra, pra Clara é lei...

-Clara, o chalé é legal assim... Você não pode sair mudando isso, esse lugar foi feito em homenagem a Hades, ele não ia gostar de ver tudo colorido. - Ela rolou os olhos e eu ri. Ela saiu batendo o pé e foi pra dentro do chalé, murmurando algo como "Hades, qual é o seu problema com cores?"

Nico olhou pra mim de novo, sorrindo e me beijou carinhosamente e devagar, como se quisesse aproveitar cada segundo. E com certeza, eu queria aproveitar cada milésimo.

-Ruby, eu e minha irmã vamos passar o fim de semana fora... - Ele disse suspirando. Eu olhei pra ele e passei os dedos em seus cabelos, tão negros e lisos, desarrumados e lindos ao mesmo tempo.

-Por quê?

-Não sei se eu já te falei isso, mas eu passo alguns finais de semana no submundo, no castelo do meu pai, muito raramente. Agora que Clara chegou, ele quer ver ela e é claro que eu vou junto.

-Posso ir com vocês? - Ele me olhou, pensando que era piada, então viu que eu estava falando sério.

-Pro submundo? E o que você iria fazer lá?

-Eu conheceria seu pai e o submundo? Eu sempre quis ir lá pra dar uma voltinha.

-Você é doida, Ruby. - Ele disse rindo e dando um beijo no canto da minha boca.

-Eu já sei disso. - Eu disse rindo também. -Então, posso ir ou não?

-Não creio que meu pai te mataria, pois ele deu a benção dele pra você uma vez e tudo mais... Mas ele não é simpático e ele é bem nervosinho, então... Não sei... Pode ser meio perigoso, Ruby.

-Ah não se preocupe, vou ficar bem. - Eu disse sorrindo. -Por favor, deixa? - Eu olhei no fundo dos olhos dele, fazendo olho de cachorrinho que caiu da mudança. Ele ficou olhando nos meus olhos por um bom tempo, sem falar nada. Ou estava pensando muito, ou estava prestando atenção demais nos meus olhos. Então ele suspirou, ainda olhando pra mim, tentando não se distrair de novo.

-Você não aceitaria um “não” como resposta, aceitaria? - Eu balancei a cabeça, rindo.

-Tudo bem, pode vir conosco. Saímos amanhã de manhã, às 6 horas.

-Ok, vou falar pra alguém falar com o Percy depois que eu já tiver partido.

-Você é uma irmã muito má. - Ele disse rindo.

-E quem disse que eu não era? - Olhei pra ele e levantei uma sobrancelha, com um sorriso malicioso.

-NICOOOOOOOOOOOOOOOOOO! - Ouvi Clara gritando.

-A gente se vê amanhã cedo, amor. - Ele assentiu e eu dei um beijo demorado e intenso em seus lábios, antes de ir pro meu chalé.

-Até amanhã. - Ele devolveu o beijo e entrou em seu chalé, pra ver o que Clara queria.

Amanhã seria um dia e tanto.