Charlie Team 2 - By Goldfield escrita por Goldfield


Capítulo 21
Capítulo 20




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Capítulo 20

 

Enfrentando os predadores.

 

Vitória abriu fogo contra um dos mortos-vivos, as balas rompendo sua carne podre e liberando esguichos de sangue coagulado. O som dos tiros pareceu atiçar as criaturas, que avançaram contra os prisioneiros com maior voracidade. Estes notaram que os zumbis usavam uniformes em frangalhos de faxineiros, guardas... Alguns até traziam junto aos corpos mutilados fardas do Exército chinês. Concluíram com isso que aqueles monstros um dia haviam sido funcionários da prisão, transformados pelo vil doutor Petroni em bestas canibais depois de ele ter tomado o lugar.

         O que diabos nós vamos fazer? – berrou Hayter, fitando desconsolado a face decomposta de cada um dos oponentes.

Chun Li tomou a frente do grupo, encarando os inimigos de um dos lados do corredor. Pareceu se concentrar por um momento, acumulando coragem e energia. Rafael continuava a observá-la com atenção, e deduziu que ela estava prestes a fazer algo que impressionaria todo o grupo... Aquela chinesa era mesmo uma mulher de encantos e habilidades praticamente ilimitados.

Abrindo espaço, a delegada Zang deu alguns poucos passos na direção dos mortos-vivos e saltou... Em seguida, para espanto de todos, ela, com uma agilidade fantástica, virou de ponta-cabeça no ar e seu corpo começou a girar sobre o tronco, suas pernas bem abertas e esticadas realizando um movimento similar ao das hélices de um helicóptero. Dessa maneira deslocou-se cerca de cinco metros adiante sem encostar-se ao chão, seus pés arrancando as cabeças dos zumbis ao redor como se fossem lâminas, enquanto gritava:

         Spinning Bird Kick!

Os membros do Charlie presenciaram estupefatos a ação de Chun Li, que atravessara o bando de criaturas intacta. Decapitara boa parte delas, e as que não foram eliminadas acabaram caindo sentadas ou deitadas pelo chão, e levariam alguns instantes até se recuperarem. O caminho estava aberto, ao menos numa das direções da passagem. Todos sem pestanejar correram dali, deixando para trás os outros famintos predadores, que por muito pouco não conseguiram subjugar as presas...

         Como você fez aquilo? – indagou O’Brian a Zang enquanto fugiam.

         Bem, na verdade eu não achava que seria capaz de realizar algo assim novamente, já que faz muito tempo desde que deixei de ser uma lutadora de rua... – afirmou a chinesa, um tanto encabulada. – Mas é tudo uma questão de treino e concentração!

Lutadores de rua... Rafael ouvira algo a respeito durante seus tempos de CIA: experts em diversos tipos de artes marciais que vagavam pelo mundo em busca de outros para confrontar, seja por razões pessoais ou simplesmente para aprimorar suas técnicas. Contudo, até onde sabia, esses indivíduos haviam saído de cena quando do fim da organização criminosa “Shadow Law”, que possuíra ramificações em todo o planeta e diversas vezes tentara incorporar tais lutadores ao seu exército. Esses mestres do combate corpo-a-corpo então se desvincularam do passado, adotando vidas normais dentro da sociedade... Chun Li Zang, agora chefe de polícia de Hong Kong, era uma dessas pessoas.

         Temos de encontrar uma saída! – exclamou Redferme, inspecionando uma curva do corredor. – Este local parece um labirinto!

Nem mesmo os três integrantes que antes haviam deixado a cela para visitar Petroni conheciam aquela área do prédio, já que o carcereiro os conduzira pelo caminho que estava agora bloqueado pelo resto dos zumbis. Logo encontraram um bloco de escadas, pelo qual subiram apressadamente. Atrás deles, os altos gemidos e grunhidos dos mortos-vivos podiam ser ouvidos: estavam no encalço dos fugitivos.

Chegando ao andar superior, logo no início do primeiro corredor que encontraram havia uma grande porta de metal reforçado numa das paredes lodosas, sem meio aparente de ser aberta. Parando por um momento na frente da misteriosa entrada, Raphael Redfield perguntou-se em voz alta:

         O que será que pode haver aí atrás?

         Seja o que for, eu não faço questão de descobrir! – riu Falcon, correndo junto com os colegas.

O segundo piloto do Charlie, apesar de muito intrigado com aquilo, voltou a acompanhar os demais. Passaram por mais celas trancadas, pensando que talvez dentro delas pudesse haver mais cativos do insano cientista que os capturara... Mais almas presas dentro daquele pesadelo. Fong Ling parou diante de uma das portas, olhando através da pequena abertura gradeada para o interior do cárcere, verificando se existiam mesmo outras pessoas ali na mesma situação...

Quando de repente um rosto repleto de feridas, pus e sangue surgiu diante da chinesa, exibindo os dentes afiados enquanto agarrava as barras de ferro, tentando arrancá-las com as mãos descarnadas. Fong recuou de imediato, horrorizada. Mais um zumbi... E provavelmente um dia fora também um prisioneiro. Ela e os amigos precisavam escapar dali... Não podiam acabar tendo o mesmo destino daquele pobre homem.

 

Um helicóptero Black Hawk se deslocava pelo céu vespertino, cruzando as terras do norte chinês. Trazia em seu interior apenas Slaughter, que o pilotava, Sniper Nemesis e a agente Maya. Estes dois últimos terminavam de preparar suas armas e equipamentos, o italiano admirando a Magnum prateada da jovem enquanto ela a carregava com munição, quando aquele que guiava a aeronave exclamou:

         Eu ainda não acredito que ninguém mais quis vir conosco... Todos os mercenários daquela maldita base são uns covardes!

         Depois daqueles bichinhos que enfrentamos no subsolo da clínica em Hong Kong, não fico admirado... – afirmou Sniper, pendurando algumas granadas junto ao colete.

         Parece que estamos nos aproximando da prisão da qual Marie falou...

O ex-mafioso e a moça se aproximaram das janelas do helicóptero para olhar. A britânica tinha quase certeza: era mesmo aquele o lugar. Mais ao fundo, a Grande Muralha se desenhava bela e imponente: um monumento certamente grandioso. Voltou-se então para os companheiros e disse:

         É aqui mesmo, podemos pousar!

         Primeiro eu quero dar uma olhada no local mais de perto... – falou Slaughter.

         Será que é seguro? – inquiriu o ex-mafioso, entrando na cabine.

         Eu realmente não sinto nenhuma ameaça lá embaixo... O prédio está acabado, daqui de cima já dá para perceber... Se houver mesmo alguma coisa, deve estar no subterrâneo! Desconfio da existência de algum elevador de acesso...

         Se você diz...

Mesmo Slaughter não sendo nenhum especialista em estratégia ou defesas, Sniper confiava em seu julgamento. Afinal, ele já participara de inúmeras missões arriscadas e saíra com vida. Assim o Black Hawk diminuiu de altitude e aproximou-se da prisão, uma construção cinza e morta...

Era dividida em quatro blocos dispostos em quadrado, com um pátio interno no centro. Cada um deles possuía cerca de quatro andares, sem contar os prováveis subsolos. Havia rachaduras por toda a estrutura, além de sinais de incêndio e desabamento aqui e ali. Apesar de render um ótimo esconderijo, não era um bom local para desenvolver determinados tipos de atividades, principalmente envolvendo pesquisas biogenéticas. O piloto parecia mesmo ter razão: as instalações mais importantes deviam se encontrar ocultas debaixo daquele morto-vivo de concreto.

O helicóptero sobrevoou a prisão... Tudo aparentemente quieto, vazio... Slaughter notou tarde demais um sujeito de pé no terraço de um dos blocos, uniforme preto, segurando algo que apontava para cima. Era um... Lança-foguetes!

         Merda! – praguejou o mercenário.

         Que houve? – gritou Nemesis, assustado.

         Aconteça o que acontecer, se segurem!

O míssil foi disparado na direção da aeronave, atingindo-a em cheio na parte de trás. A explosão consumiu a hélice traseira e boa parte da cauda, tudo se perdendo em meio à violência das chamas. O Black Hawk passou a decair em altitude vertiginosamente, a caminho de se espatifar contra o telhado ou paredes da prisão... Em seu interior, todos temiam imensamente por suas vidas, agarrados ao que podiam... Num dado momento, uma barra de ferro se desprendeu de algum lugar, ferindo Sniper Nemesis no braço esquerdo...  O helicóptero girou, zuniu... E segundos depois tudo era barulho, destruição e poeira...

 

O time Charlie corria desesperadamente por outro corredor, os zumbis quase os alcançando. Era incrível como alguns deles conseguiam atingir incrível velocidade com as pernas, mesmo estas estando podres e tortas. Nisso, os policiais chegaram ao final da passagem... Só para descobrirem que ela não tinha saída!

         Droga! – berrou Leon.

Novamente encurralados pelas criaturas famintas, os fugitivos se prepararam para o pior. A Uzi de Vitória ficara sem balas: nem ela podia mais fazer algo pelos colegas. Estavam em tal momento angustiante quando, sem mais nem menos, houve um estrondo bem atrás do grupo...

Seguiu-se uma série de sons de metal sendo retorcido e paredes desmoronando. Tudo foi imerso numa intensa nuvem de poeira, parte do teto também entrando em colapso. Os prisioneiros instintivamente se jogaram no chão, protegendo-se do que quer que fosse aquilo. Aos gemidos, alguns zumbis foram esmagados por tijolos e vigas que caíam, outros sendo ceifados pelo que pareciam ser hélices... Quando a destruição pareceu cessar, Goldfield, depois de rastejar por alguns instantes, levantou-se vagarosamente do piso, olhando em volta sem entender nada. Virando-se para trás, deu de cara com a carcaça de um helicóptero, que por algum motivo invadira o corredor, abrindo um grande rombo na estrutura do prédio.

         Mas o que...

Perguntas pipocavam em sua mente, até que ouviu um repentino ruído gutural atrás de si. Demorara demais para perceber a aproximação do inimigo: um zumbi o agarrou com força por um dos ombros, aproximando sua boca pútrida do pescoço do hacker, visando arrancar dele um belo naco de carne... Pego totalmente de surpresa, Goldfield não via nem como reagir, até que um forte disparo ecoou pelo local...

E a cabeça do morto-vivo, logo depois, não mais existia...

O cadáver definitivamente morto veio ao chão rapidamente, seu braço ainda segurando o ombro da presa por mais alguns instantes de forma sinistra, antes de finalmente se soltar. E, voltando-se na direção de onde viera o tiro, o técnico em informática viu uma bela jovem de cabelos rubros, corpo lindíssimo e olhos verdes simplesmente hipnotizadores, que, com algumas escoriações pela face, ainda apontava uma Magnum prateada para onde antes estivera o monstro a ameaçar o rapaz.

         Vo-você... – balbuciou ele, confuso e impressionado, principalmente em relação à sua desconhecida salvadora. – Quem é...

Não teve tempo de terminar, e a jovem também não teria tempo de responder: um coral de gemidos se fez ouvir, os mortos-vivos que estavam caídos tornando a se levantar... E a luta pela sobrevivência recomeçou.

 

Continua...


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