2005

Gritos e gemidos eram ouvidos nos quartos ao lado, e impediam o sono de seus colegas. Duas vozes se misturavam. Todos imaginavam que uma briga estava acontecendo naquele quarto, afinal, as duas pessoas trancadas lá eram rivais. Mas não era exatamente isso que acontecia. Acontecia uma luta, mas internamente em cada um.

O albino caiu do chão, sentindo suas costas batendo sobre ele. Não teve tempo de falar palavra nenhuma: logo sua blusa estava sendo rasgada e uma língua já dominava a sua, percorrendo-o completamente sua boca. As mãos do mais velho percorriam toda a extensão do corpo do menor, apertando-lhe com força em algumas partes, intencionalmente deixando-lhe marcas roxas. Aquilo sim era a luta deles. Enquanto Mello, o mais velho, lutava para conseguir arrancar uma reação de Near, o mais novo apenas lutava para conseguir pertencer à Mello. Lutas que venciam todas as noites.

Mello queria ser o número 1. Sempre detestara Near por ele conseguir ser perfeito em tudo o que fazia sem esforço algum, e por ele conseguir esconder seus sentimentos tão facilmente. Nunca demonstrava raiva, felicidade ou qualquer outra reação. Já o mais velho era totalmente diferente. Mostrava-se irritado quase que o dia todo, e tinha um humor ácido. Nunca escondia o que pensava, e sempre se metia em confusões por ser dessa forma. A única coisa que tinham em comum era o desejo pelo outro. Near queria saber como era não reprimir tudo o que sentia, e Mello queria saber como era provocar Near, e receber respostas da parte dele.

Mello quebrou o beijo e olhou para Near. Ele estava com os olhos fechados, rosto afogueado e marcas pelo corpo. Marcas de Mihael. Marcas arroxeadas e amareladas, a maioria recente. Sorriu, malicioso. Near abriu os olhos lentamente e os olhos do mais velho encaravam os dele, provocando-o. Começou a passar a mão em sua barriga lisa. Near fechou olhos olhos, mas logo Mello se manifestou.

 – Mantenha os olhos abertos.

Near abriu os olhos com dificuldade e continuou encarando Mello. Suas mãos percorriam a pele branca e marcada do menor, observando-o enquanto ele tentava se conter. Seu rosto ficou ainda mais vermelho, estava embaraçado. Era assim que Mihael queria ver o garoto. Ouviu o gemido de Near, música para seus ouvidos, quando passou o polegar levemente sobre seu mamilo rosado. Era assim que descontava sua raiva. Assim que descontava seu ódio. Desprezo. Desejo.

2010

Os passos de Mello ecoavam no corredor. Ele sabia que aquilo não daria certo. Desde o início. Não deveria ter provocado Kira, não deveria ter encontrado e usado Halle, não deveria ter ido na SPK. Não deveria ter encontrado ele. Nate River. Near. Sentia seu coração doer à cada passo que dava. Ao parar num corredor, ouviu passos silenciosos e apressados em sua direção. Olhou para trás e Near estava correndo na sua direção. Não esperou que o mais novo chegasse até ele: deu 5 passos longos e o puxou pela camisa, logo o empurrando contra a parede e beijando-o.

Não pareciam que 5 anos haviam se passado desde a última vez que haviam se tocado daquela forma. Eles ainda sabiam o caminho do corpo do outro. Mello ainda sabia que Near arrepiava quando ele arranhava suas costas, e Near ainda sabia que o loiro amava que ele tocasse seu pescoço enquanto o beijava.

O corpo do menor já estava sendo prensado contra a parede, enquanto beijos, carícias e suspiros eram trocados entre os dois. Sentiam falta daquilo. Sentiam falta do passado. Queriam se completar novamente. Pararam o beijo somente quando ficaram sem ar, e então Mello encostou sua testa na de Near, com os olhos fechados. Ofegavam, mas queriam mais.

 – Senti a sua falta... – Near sussurrou, fazendo o coração do germânico doer.

 – Eu também senti a sua... Não consigo entender... Não consigo nos entender... Somos rivais. Sinto meu estômago doer apenas ao ouvir seu nome. Meu peito dói quando penso em você. Eu deveria te odiar, Near... – Mello levantou o rosto e ficou encarando-o com seus olhos azuis-escuros. Uma lágrima descia pelo rosto de Nate, e o mais velho não hesitou em enxugá-la com seu polegar – Mas eu simplesmente não consigo. Não consigo deixar de amar você.

 – Nem eu, Mello.

O loiro deu um sorriso e voltou a beijar Near. Pertenciam um ao outro. Desejavam-se. Amavam-se. Era algo que não conseguiam evitar. Odiavam a si mesmos. Amavam ao outro. Extremamente contraditórios.

"Eu odeio tudo sobre você,
Por que eu ainda te amo?"