Runaway escrita por Ravennah


Capítulo 1
Uma Carta


Notas iniciais do capítulo

Oi...
Bem, essa fanfiction foi inspirada em fatos reais, coisas que aconteceram comigo quando eu era mais nova - tinha catorze anos, para ser exata. Como a protagonista, não posso explicar direito porque tomei as decisões que tomei, mas elas só fizeram de mim uma menina melhor e hoje sou muito feliz. Claro que alguns fatos da história foram inventados - ela não ficaria tão emocionante se eu somente relatasse a realidade, certo? - e acrescentados.
Peço que deixem reviews, pois além de me deixaram feliz e agradecida, eles realmente ajudam na hora de escrever, são um incentivo - quem é escritora e está lendo sabe isso melhor do que ninguém.
Espero que vocês gostem, fiz isto com todo o coração.
Beijos.
Ravennah.



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     -Tem certeza disso ? - disse Erik perguntou, avaliando-me. Sorri para ele pela quarta vez, sentindo meu peito esvaziar-se.

      -Erik... – eu disse carinhosamente. – Já conversamos sobre isso.

      -Mas, Ruby, seus pais, seus amigos...

      -Você é meu único amigo. Meus pais... bem, minha vida não tem sentindo sem minha mãe, e meu pai parece estar no mundo da fantasia. – eu disse.

      -Se eu soubesse que você iria ter essa idéia nunca teria lhe contado...

      -Erik! Você me contou que pretendia fugir, passar uns tempos viajando. Eu apenas disse que queria ir junto. Somos amigos, melhores amigos. E melhores amigos fazem as coisas junto.

      Erik me encarou com seus grandes olhos cor de chocolate. Por fim, suspirou.

     -É a última vez que pergunto, juro. Depois, não tem volta. Eu coloco suas malas no carro e nós vamos embora daqui. Você tem certeza?

       -SIM! – gritei, rindo. Erik me olhou com pesar.

      -Ruby, você nem é maior de idade ainda. Eu tenho dezenove, mas você só tem dezessete. – ele disse. Eu dei a ele um dos meus melhores olhares e ele se calou.

        Ele pegou minhas duas grandes malas e levou para fora, para a caçamba de sua picape velha da Chevrolet. Olhei em volta. Eu estava abandonando meu lar, a casa em que tive tantas experiências boas... e ruins. Onde minha mãe me alegrara cada dia de minha vida, até sua morte misteriosa. Olhei para os retratos de Katherine, minha madrasta, que antigamente eram de minha mãe. Senti uma lágrima salgada trilhar um caminho por meu rosto.

       Eu tinha de fazer aquilo.

       Após a morte de minha mãe, eu me perdera. Não sabia mais quem eu era de verdade. E meu pai, estava tão mudado! Um mês depois da morte de mamãe se casara com Katherine e já tinha dois filhos (gêmeos, mais mesmo assim, dois!). Eu estava me perdendo cada vez mais. Não podia continuar assim. E tinha de aproveitar que minha família estava no parque para ir embora.

       Talvez você não esteja entendendo nada.

        Vou explicar.

        Erik é e sempre foi meu melhor amigo. Ele não tem pais, mora sozinho em seu minúsculo apartamento no centro. Nos conhecemos na escola, quando eu estava no primeiro ano e ele no terceiro. Ficamos amigos na hora. Ele me tratava como sua irmã mais nova e eu como meu irmão mais velho. Eu sabia que ele não era feliz, então tínhamos isso em comum. Foi a duas semanas, quando ele me contou seu plano. Disse que pretendia fugir. Fugir de tudo, da vida, do trabalho. Apenas entrar em sua muito velha picape e sair pelo mundo, conhecendo de tudo um pouco e um pouco de tudo. Eu fiquei desesperada, como assim, ele ia me abandonar?! Então tive a ideia. Falei a ele que iria junto. Pretendia voltar, é claro, mas gostaria de explorar um mundo por algum tempo, sem me importar com nada. Ele colocou um monte de barreiras, claro, a escola, a família... Mas nada mais me importava. Eu precisava encontrar a identidade que perdera a muito tempo atrás.

      Erik voltou e me olhou seriamente. Meus olhos encheram-se de lágrimas que eu me recusava a derramar.

      -Vamos? – perguntou.

      -Espere um minuto. – respondi.

         Peguei um guardanapo velho e uma caneta qualquer. Com a mente confusa, escrevi:

Papai, Tommy, Timmy e Katherine .

      Não sei como explicar nada direito. Mesmo para mim mesma, tudo está confuso. De uma hora para outra as coisas ficaram tão... escuras. Realmente, acho impossível explicar-me sem me entender. E espero que não tentem fazer isso por mim.

     Precisava ser feliz. Encontrar quem sou. Entende? Preciso me redescobrir.

    Pai. Para você, gostaria de poder dizer tantas coisas... no entanto, falta-me a habilidade de escrevê-las. Você escolheu o seu caminho ao casar com a Katherine. Um caminho diferente do meu. Você mudou tanto, mais do que eu até. Tento me lembrar de meu antigo pai, aquele que sorria e brincava, e que amava a esposa e a família. Entretanto, acho que é impossível. Todas as memórias, simplesmente, se dissolveram de minha mente. O que aconteceu?, pergunto de novo. Pois não posso aceitar o fato de você estar assim agora. Você vai mudar novamente, voltar a ser o que era? Não sei se há alguém que possa responder a essa pergunta. E então, a você deixo apenas suspiros de uma garota que já chorou de mais. Você costumava me chamar de sua luz. E não percebe que você mesma a apagou, apagou a luz. Agora tudo o que resta é um passado bom e um futuro sombrio, que vêem me assombrar durante meus sonhos – ou pesadelos. Por que você ficou com a Katherine? Por que era jovem, loura e peituda? Ou porque queria, simplesmente, substituir a mamãe? Ora, isso nunca será possível, pai. Espero que compreenda o porque disso sem eu precisar explicar.

    Tommy & Timmy eu amo vocês. Sei que são tão pequenos e nem sabem ler, então espero que alguém leia para vocês. Bem, queria poder ficar mais aqui, passar mais tempo com meus dois irmãos adorados. Saibam que se algo deu errado, definitivamente não foi por culpa de vocês, de jeito algum.

     Será que eu deveria dedicar algumas palavras a Katherine? Duvido que ela mereça. Ainda assim vou fazer isso. Bem Katherine, as vezes me pergunto se teria sido sua amiga, se tivesse lhe conhecido antes de se casar com meu pai ou se nunca tivesse se casado com ele. A resposta é oculta para mim, pois não sei dizer. Acho que não. Não gosto de seu jeito e sempre me esforcei para deixar isso bem claro. Você é mimada, fútil e manipuladora. E, sinceramente, estragou minha vida. Me deu dois lindos e maravilhosos irmãos, mas ainda assim estragou minha vida. Ou talvez sim, eu tivesse sido sua amiga. Mas eu seria uma amiga falsa e certamente riria de suas frescuras pelas costas. É a realidade. Se estou sendo injusta ou cruel? Não me importo. Cansei de esconder meus sentimentos por tanto tempo.

    Talvez vocês não sintam minha falta. Talvez eu nem me importe. Mas eu vou voltar. Pois eu tenho um compromisso com algo que antigamente poderia se chamar família.

    Mais uma vez espero que compreendam, e não mandem polícia ou algo do tipo atrás de mim. Quero ser apenas uma fugitiva, viver sem destino, sem maneira, sem regras.

     E apesar de tudo...

     Desejo a vocês o melhor e apenas o melhor.

     Ruby. 20/09/2010.


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Notas finais do capítulo

O primeiro capítulo ficou realmente pequeno, mas era apenas e somente uma introdução. Espero que tenham gostado.
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