Vida Dupla de Claer - Round Two escrita por Razi


Capítulo 13
XII - Cemitério


Notas iniciais do capítulo

Espero que agrade.



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Acordei sentindo a velha preguiça querendo dominar meu corpo, mas não deixei que ganhasse a luta de hoje, pois seria um dia, pelo menos a manhã seria longa e cheia de nostalgia por ir ao tumulo de Camyla e Juliette.

Bocejei enquanto me espreguiçava, logo depois me levantei tirando minha camisola de cetim negro antes de entrar no banheiro e ver no espelho do armário meus olhos frios e opacos.

Fazia quanto tempo que eles eram assim?

A resposta eu nem queria saber e tinha raiva de quem soubesse.

Entrei no Box, indo direto para debaixo do chuveiro. Girei a torneira deixando a água fria tomar conta do meu corpo, levando quando descesse pelo ralo todos os meus pecados.

Depois de alguns minutos de banho, resolvi que era hora de sair, minha pele estava começando a ficar enrugada.

Caminhei rumo ao meu closet onde revirei atrás de peças que combinassem com meu humor pela manhã e o lugar para onde ia.

Preferi usar um conjunto preto composto com uma blusa de gola alta, calça jeans justa e botas cano curto. Como acessórios, já que podia abusar deles, peguei uma pulseira de pingentes em formato de estrela, argolas nas orelhas e um colar tendo como pingente uma meia lua. Já como maquilagem resolvi apenas usar o básico, corretivo, sombra clara, lápis de olho e batom cor de boca.

Olhei para o relógio que ficava em cima da cômoda encostada na parede repleta de quadros romancistas.

Ainda era cedo, e talvez fosse melhor tomar café na casa da minha equipe. Primeiro por não ter nada na geladeira de meu agrado para preparo e segundo porque Sandro cozinhava bem à beça.

Peguei apenas meu celular e a chave do carro saindo logo em seguida me deparando com a vizinha da frente chegando com varias sacolas de compras. Ofereci minha ajuda que ela aceitou meio relutante por não sei qual razão.

Deixei as sacolas sob a mesa de acrílico da cozinha arrumada de maneira meio retro e sai do apartamento deixando um sorriso como resposta pelo agradecimento dela.

Enquanto seguia para o elevador meu celular tocou, entrei apertando o botão para o térreo levando ele depois ao ouvido.

-Senhorita Hale? – indagou uma voz feminina hesitante

-A própria – disse me encostando na parede atrás de mim

-Não sei como fazer isso, mesmo que ele tenha me dito – desabafou ela com um tom meio histérico.

-Olha respira fundo e conta até dez – instrui vendo que era alguém que iria acabar fazendo algo indesejado por impulso.

Esperei em silencio ouvindo sua respiração descontrolada.

-Quero que dêem um jeito em meu namorado – contou ela decidida e firme que por um segundo pensei que fosse outra pessoa.

-Certo – concordei – Posso saber quem é ele?

-Chama-se Steve Sparks – respondeu ela trancando uma porta talvez enquanto eu saia do elevador – Estuda no Drivinal High School, cursa o terceiro ano...

-Apenas o nome já me adiantaria – a cortei abrindo a porta do meu carro – Tem certeza que quer que matemo-lo?

-Matar? – sibilou ela surpresa – Não! Isso jamais me passou pela idéia. Quero apenas que ele tenha um pouco de medo, um susto talvez.

-Para que depois vá correndo para seus braços – conclui entediada, fala serio.

-Ele não viria mesmo com isso – murmurou ela tristemente

-Olha não quero ser ríspida, mas já sendo por que não o coloca na parede e resolvem a situação de vocês? – indaguei enquanto dava a partida – Sinceramente acho a melhor solução do que você pagar para cuidarmos dele.

-Mais não quero fazer isso! – exclamou ela irritada – Quero que ele sofra e muito por ter me largado com um filho na barriga!

Girei o volante para esquerda desviando de um carro que ficara na minha frente.

Mais essa agora.

-Então você quer vingança – conclui diminuindo a velocidade para minha irritação

-Pensando melhor é isso sim – confirmou ela seria – Pago o quanto for, mas o quero morto.

-Sei – disse desconfiada – Sabe que isso vai te custar uma grana muito alta.

-Diga o preço – ordenou ela autoritária

Olhei um segundo para o meu celular.

Aquela mulher deveria ter algum distúrbio.

-20 mil – disse solene enquanto fazia uma curva

Ouvi então o silencio que agradeci por haver. Esperava que ela pensasse direito, mas é o mesmo que pular na ponte mais próxima.

-Muito bem – concordou ela – Ele é todo seu.

Soltei um suspiro e depois desliguei.

Tinha gente que ia adorar isso.

Quando cheguei a casa Irian estava do lado de fora apenas de calça deixando o peitoral bronzeado a vista enquanto consertava algo no telhado e deixando um sorriso escapar dos lábios ao me ver ao segundo que rolei meus olhos ao ver as vizinhas taradas o secando sem discrição.

-Depois troca a torneira da minha pia, viu Irian – satirizei antes de entrar na casa.

Ouvi sua alta gargalhada enquanto sentia o cheiro de torradas vindo da cozinha.

-Cheguei em boa hora – disse entrando no cômodo ficando surpresa ao ver que quem cozinhava era Russel e não Sandro como era de costume – O que ela quer de você, Sandro?

Ele deixou sua xícara pousar no pires novamente enquanto me olhava.

-Bom-dia pra você também – disse ele com escárnio – Quer que eu a leve a festa deste fim de semana no racho dos Collins.

-Quem são esses? – perguntei tomando um lugar na mesa

-Os idiotas do time de futebol – respondeu Zafira aparecendo com o cabelo desarrumado, a cara de sono e vestindo apenas uma blusa velha de Sandro – Ou seja, os populares.

Retornei meu olhar para Russel que acabava de tirar os ovos mexidos da frigideira.

-Não vai me dizer que não poderei ir? – indagou ela colocando o prato repleto de ovos com bacon e outras coisas mais na minha frente

-Isso não está envenenado, não é? – indaguei sugestiva

-Ser insuportável – resmungou ela enquanto amarrava seu cabelo

Deixei um sorriso escapar de meus lábios antes de me servir com um pouco de suco de manga.

-Poderei ir não é? – indagou ela enquanto se sentava na minha frente

-Claro – concordei levando meu copo á boca – Terão que trabalhar por lá mesmo.

-Como assim? – perguntou Sandro me olhando

-Steve Sparks deve ser amigo de vocês, não? – respondi deixando meu copo repousar na mesa

-Está se referindo ao idiota metido a retardado mais conhecido da escola? – indagou Zafira retórica enquanto cortava um pedaço de bolo

A olhei franzindo minha testa.

-Por que iremos matá-lo? – perguntou Irian aparecendo na cozinha

Russel ergueu seu olhar para ele cheio de malicia.

-Olha que do jeito que você está estou tendo mil fantasias – disse ela com um meio sorriso

-Ainda bem que só são fantasias – ironizou Zafira debruçando-se na mesa para pegar a garrafa cheia de café.

-Como você é nojentinha – resmungou Russel fazendo uma careta para ela.

Zafira revirou os olhos antes de se voltar para mim.

-O que retardado fez para irmos atrás dele? – perguntou ela da maneira casual de sempre

-Ham, vejamos, engravidou uma garota e depois deu um pé na bunda dela e agora ela está querendo vingança e pediu que o matássemos – respondi sarcástica.

-Pela primeira vez estou sentindo pena da vadia que ele pegou – refletiu ela

-Poupa seu vocabulário sujo de ser escutado – pediu Russel se voltando para mim – Pode ser um bom motivo para ele, mas ela deve ser uma desequilibrada agora e vai se arrepender depois disso.

-Nisso tenho que concordar – intrometeu-se Zafira – Ele pode ser um filho da mãe, mas merece viver mais um pouco, pelo menos até que ele nos faça vencer o campeonato.

A olhei sugestiva.

-Sei que somos apenas pagos para matar – ela disse antes que eu pudesse falar – Mais estou supondo como brinde nisso.

Dei-lhe um beliscão vendo os arranhões em seu braço.

-Millers foi selvagem – brinquei

-Quero ainda um vestido novo – exigiu ela fazendo um bico.

-Claro – concordei me levantando enquanto Irian finalmente se sentava com o cabelo pingando – Muito sexy, não acha?

Ele apenas sorriu para mim antes de colocar um pouco de café na sua xícara.

-Em todo caso – disse me voltando para Russel e Sandro – Cuidem disso e a propósito levem Zafira com vocês.

-Sem chance! – exclamaram ela e Russel juntas

Os rapazes novamente sorriram.

-Agora, não vai por que Irian? – perguntei cruzando os braços

-Tenho um racha para ir – respondeu ele desinteressado.

-Francamente – resmunguei – Até a volta crianças.

Ouvi um xingamento vindo de Zafira antes que fechasse a porta e logo em seguida fui para meu carro.

Dirigi por meia hora até chegar ao cemitério onde minhas duas amigas estavam enterradas. Quando me aproximei do tumulo de Camyla vi seu ex-namorado debruçado sobre a lapide, parecia chorar.

Deixei um suspiro cansado sair de minha boca, fazia cinco anos e ele ainda não tinha se livrado disso. Não que eu pudesse falar algo a mais sobre isso, mas poxa! Ela certamente gostaria que ele seguisse em frente com a vida que tem.

Notei ao longe que os demais estavam na lapide de Juliette, me aproximei de Lins que ao me ver, correu na minha direção me abraçando com força.

-Claer! – exclamou ele com a voz embargada pelo choro

-Oi, Lins – disse afável afagando suas costas – Pensei que o veria em um estado melhor.

-Desculpe – disse ele limpando seu rosto – Mais não consigo evitar isso quando venho aqui.

-Então sugiro que deixe de vir – pedi ríspida – Isso não está te fazendo bem, você tem uma vida pela frente Lins, vai encontrar alguém que lhe dará o mesmo amor que Camyla te deu. Agora te peço para sair agora desse cemitério e não voltar tão cedo. Pelo menos enquanto não tiver superado isso.

-Claer...

-Não – o interrompi – Não tem nada de desculpas, é uma ordem Lins.

Ele me olhou por um segundo e depois assentiu indo embora logo em seguida de colocar sua mão em meu ombro. Respirei fundo e contemplei a lapide de Camyla por um bom tempo até sentir que alguém estava ao meu lado.

Não ergui meu olhar, pois sabia quem era.

-Não sei o que veio fazer aqui – disse com certa rispidez

-Hale – disse Luzt suave – Eu gostava dela com a mesma intensidade que você.

-Não brinca – ironizei me virando para olhá-la – Adoro seu lado solidário, mas te toca que não tem como as coisas voltarem a ser como eram antes, Luzt. Você está noivo, é o dono da King e meu chefe, apenas isso.

Seus olhos endureceram enquanto me fitavam.

-Você se tornou fria como gelo afinal – refletiu ele

-Méritos seus – retorqui me afastando dali


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Notas finais do capítulo

Então o que acharam?
Até a proxima.
o/



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