Without Hope escrita por Borboleta Negra


Capítulo 3
Perdê-lo




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Dois meses se passaram após aquele incidente e acordei naquele dia sentindo-me mal. Fui ao banheiro e lavei o rosto, tentando sem o mínimo de sucesso desinchá-lo e tirar as olheiras. Meus olhos continuaram vermelhos por causa do choro na madrugada. Apoiando-me na pia, olhei para o espelho. Meu estado era deplorável. Mas eu não me importo, não é? Eu não preciso impressionar ninguém. Peguei uma escova de cabelo e desembaracei meu cabelo, prendendo a parte da franja com grampos na lateral da cabeça.

Tirei a camisola e pus meu uniforme. Peguei o material e antes de sair, acordei Gina, que ainda dormia pesadamente. Cheguei ao Salão Principal antes de todos. Apenas a silhueta de um gato na escuridão, que logo foi trocado por uma lucidez repentina, vindo das velas. Á minha frente, em cima da mesa, McGonagall me olhava com a mesma rigidez nos olhos que tinha em sua forma humana. O gato pulou agilmente da mesa amadeirada, mas o que tocou nos chãos foram as solas das botas da ex-professora, agora diretora, de Hogwarts.

_Bom dia, Srta. Granger._A voz firme da diretora tomou a sala como uma lufada de vento repentina.

_Bom dia, McGonagall._Respondi em um fio de voz.

Ela parou em minha frente.

_Não dormiu bem?_Ela perguntou com a mesma frieza na face.

_Não, Senhora._Respondi.

_Tem certeza que não quer um dia de folga dos estudos?

Apenas sinalizei que não, olhando para o chão.

_Tenha um bom dia._Ela disse rispidamente, passando por mim com passadas rápidas.

Virei meu corpo para a esquerda e depois de me sentar, depositei os livros que antes cobriam meus seios sobre minhas coxas. Comecei á deleitar da comida apetitosa feita pelos pequenos e desastrados Elfos Domésticos e antes que algum aluno pudesse chegar ao salão, fui para a Torre de Astronomia.

Pulando de dois em dois degraus, com os livros na frente do corpo, cheguei ofegante ao alto da torre. Deixei meu material no chão e olhei por uma das grandes janelas, debruçando-me sobre a mesma. Deixei meus pés descansarem no ar, enquanto meu corpo balançava para frente e para trás, enquanto os meus braços firmes aturavam o peso de meu corpo sobre o para-peito da janela. E olhando para o gramado lá em baixo, perguntei-me como seria morrer.

Acho engraçado e ridículo ao mesmo tempo o fato de que ninguém nunca descobriu isso. Fechei os olhos sentindo a brisa levar e voltar com meus cabelos, enquanto eu balançava como uma criança. Até que fui surpreendida por um par de braços em volta de meu corpo. Eles me puxaram da janela e me pousaram no chão. Depois duas mãos pegaram meus ombros e me viraram. Olhei chocada para aquele par de olhos verdes.

_Hermione, você está louca?_Harry perguntou gritando. Uma mistura de ira e preocupação pairava sobre seus olhos brilhantes e vividos._Você não tem nada na cabeça? Pensei que era inteligente! Mas ficar se balançando que nem um bebê é o cumulo do absurdo e da burrice!

_A ultima coisa que eu sou é burra Harry._Levantei a voz, odiava ter minha inteligência sendo insultada._Se eu estava ali, sabia o que estava fazendo!

_Então você quer morrer?_Ele gritou de volta.

_Se eu quiser o problema é meu!_Gritei irada olhando fixamente seus olhos e depois de ver o vulto de descrença e medo passando por seu rosto, percebi o que havia falado.

Mas eu não falei nada, afinal, era contra meus princípios... Mentir. Não que eu estivesse convencida á me atirar da janela, mas poderia cogitar a possibilidade.

Suas palavras se esvaíram rapidamente, Harry abriu e fechou a boca duas vezes. Teria o feito novamente se os dois não ouvissem palmas solitárias ao seu lado.

_Bravo, bravo, foi a demonstração mais linda de amor que eu já vi pelos dois pombinhos!_A voz excêntrica e irônica de Malfoy encheu a torre._Vocês merecem flores.

_Cale a boca, Malfoy!_Harry disse.

Eu perdera a conta de quantas vezes aquilo havia saído dos lábios finos de Harry. Malfoy apenas deu um sorriso malicioso e voltou os olhos cinzentos para mim. Seu sorriso sumiu, transformando-se em uma carranca de repúdio.

_E você, Granger, nenhum insulto oportuno?_Ele perguntou cuspindo as palavras sobre meu.

_Eu não devo nada á você, Malfoy.

_Malfoy._Ele sorriu de lado de novo._É assim que eu gosto, cumprindo minhas ordens.

Arregalei meus olhos.

_Eu não cumpri nenhuma ordem vinda de você, Malfoy._Respondi virando meu corpo para ele.

_Que eu me lembre, eu que lhe pedi que me chamasse de Malfoy.

_Parem._Só a voz de Harry fez-me relembrar que ele estava parado ali._Hermione, vamos._Ele foi ríspido, olhando para mim enquanto em fitava Malfoy com raiva.

Peguei meu material e segui Harry, deixando Draco para trás, enquanto ele me fitava e sorria torto. Odiei o modo que ele sorriu quando deixei a torre. Franzi meus lábios. Foi de certa forma, sensual. Mas eu não iria admitir isso mais uma vez.

_Hermione, você não me deixaria, deixaria?_Harry perguntou ao meu lado e olhei para seu rosto.

Ele havia feito a mesma expressão quando vira Dumbledor deitado pálido ao gramado em frente á Torre de Astronomia no 6º ano. A mesma expressão quando olhou para os olhos de Sirius perdendo a vida. A mesma expressão quando olhava o retrato de seus pais, quando viu o corpo desfalecido de Rony dentro de um caixão de vidro em um cemitério de Londres. Mas eu não o respondi, apenas deixei um suspiro de derrota escapar por entre meus lábios.

_Hermione._Ele me segurou pelos ombros, meus livros caíram por resposta ao puxão repentino, e quando percebi os olhos lacrimejantes de Harry estavam á centímetros do meu, profundos e penetrantes como de costume._Você não pode fazer isso comigo.

Tentei escapar de seu olhar, mas era impossível. Ele nunca me olhara daquele jeito. Era como se eu dissesse que iria morrer daqui á alguns poucos dias.

Queria ter a mesma força que ele.

_Me prometa Hermione._Ele disse, sua voz beirava a melancolia._Me prometa que não vai me deixar.

Olhei para ele uns poucos segundos e, me desvencilhando de suas mãos, fiz uma coisa que há muito tempo eu não fazia com ninguém, uma coisa que espantou tanto á mim quanto á ele. O abracei. E por um momento ele hesitou pela surpresa, mas depois me acolheu com os braços fortes e quentes. E então, senti como se precisasse daquele abraço. Um abraço acolhedor, de carinho. E eu sentira saudades daquilo. Oh, como eu sentia. E só percebi quando afundei meu rosto em seu peito quente.

Só percebi as lágrimas quando elas já escorriam de encontro á roupa de Harry, quando um soluço escapou de minha garganta.

        Então eu percebi, que quando eu precisasse rastejar, Harry rastejaria também.

Se eu precisasse, ele estaria ali do meu lado sussurrando palavras reconfortantes e quando eu precisasse de forças, ele ás doaria solidariamente para mim. E eu só percebi quando o abracei, quando abracei meu amigo.

Oh, como eu o amava.

E eu não queria perdê-lo. Sob nenhuma condição.


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Notas finais do capítulo

UUUUL
Não pensem, queridas (omg, tenho mto mais leitoras *-* beijos molhados pra vc, que está lendo agora o/) leitoraSSSS auhahusas, que Harry está apaixonado por ela ou vice-versa, pq eu acho isso horrivel u.u
Harry continua com Gina, esse amor é amor de amigo e se você não tem um amor assim, procure, é mto bom *-*
Enfim, até amanhã (espero) :*:* e continuem comentando, PLEASE, falem o que está faltando, deem ideias, falem o que está bom e o que eu posso melhorar!
Lizzie B.