Dormi na Sala Precisa, mas acordei em meu quarto, na torre da Grifinória. Levantei-me ligeiramente atordoada e olhei para Ginny, que dormia serena ao meu lado. Suspirei. E se tudo fosse apenas um sonho? Levantei-me da cama e pus-me á me vestir. Peguei meu material e saí do quarto.

Enquanto caminhava para o Salão Principal, meus pensamentos vagavam por um certo loiro, de olhos acinzentados e corpo perfeito. Não percebi quando cheguei á mesa da Grifinória, mas me toquei enquanto me sentava na mesa. Harry já estava ao meu lado, o que fez um arrepio correr por todo o meu corpo. Ele logo me encheria de perguntas... Novamente.

(Draco Malfoy’s POV)

_Hey, Malfoy!_Ouvi a voz de Teodoro Nott chegando lentamente._Como vai amigo?_Ele pôs a mão no meu ombro, na qual eu fiz questão de tirar rapidamente.

_Não suje minhas vestes com seu toque, Nott.

_Mau humor logo pela manhã, hein?_Ele falou num tom inocente de quem não sabe o que está havendo._Mas tudo bem.

_Draco!_Pansy veio saltitando até mim e se enganchou em meu pescoço._Como vai?

_Pior agora._Pus um pedaço de pão distraidamente na boca, enquanto falava em tom indiferente.

Ela fez um careta estranha, mas logo o sorriso estava exposto no rosto novamente.

_Mau humor logo pela manhã, Draquinho?

_Por que não vai transar com Nott, Pansy, vocês formam um casal perfeito._Respondi com o mesmo tom de antes.

_Porque tenho outros interesses._Ela passou seus dedos sobre meu tórax.

_Bom para você._Levantei-me pegando meu material, o que a fez cair no chão pelo ato repentino.

A mesa da Sonserina se encheu de risos enquanto eu andava em passos calmos até a porta. Tive minha aula de Herbologia, de Astronomia, Runas Antigas e fui almoçar. Logo após, Poções e Magia Contra as Artes das Trevas. Eu já estava ficando chateado e ansioso com toda essa perda de tempo, certamente fui o primeiro á sair da sala de aula quando a mesma acabou e fui a passos rápidos até a Sala Precisa. Um engano fora cometido quando avistei a cabeleira castanha clara na sala. É, eu não fui o primeiro á sair.

Ela lia um livro atentamente, com uma perna sobre a outra. Seus olhos avelãs corriam atentamente pelas paginas, enquanto ela distraidamente mexia na poção de cor esverdeada. Não percebi o leve sorriso que se formou em meus lábios quando ela olhou para mim com a expressão levemente assustada. Depois ela sorriu corando e rapidamente se voltou para a poção.

_Bom dia._Falei chegando mais perto e deixando os meus livros sobre o sofá ao seu lado.

_Bom dia... Como vai?_Ela olhou para mim com as bochechas rubras, o que me fez sorrir.

_Bem, e quanto a você?

_Como sempre._Ela murmurou destruída, colocando algum item nela.

Sentei-me no sofá e me pus á ler um livro qualquer que estava jogado dentro de minha bolsa. Á cada página, letra, palavra e linha lida, mais era o meu tédio e desinteresse com o assunto. Deixei o livro cair sobre minhas pernas e olhei para Hermione, que ainda lia seu livro atentamente.

_Conte-me uma história._Falei para ela, que me olhou curiosa.

_Uma história?

_Sim. Uma história com um final triste... Que aconteceu com você.

_Bom, se quer assim..._Ela se virou para mim, encostando as costas no braço do sofá._Era uma vez... Uma camponesa pequena e frágil. Ela colhia, certa manhã, frutos por toda a extensão de seu jardim e então, sem procurar, avistou um coelho. A pequena menina correu até o animal branco que era de um altura um pouco abaixo de seus joelhos, rezando para que ele não saísse correndo. Então o coelho começou á saltitar, opondo-se aos desejos da garota, e entrou em uma pequena toca. Triste, a garota foi embora, mas no dia seguinte voltou àquele lugar, encontrando o pequeno coelho novamente. Vários dias se passaram com a menina sempre perseguindo o coelho e o mesmo se escondendo em sua pequena toca. Até o dia em que aconteceu algo.

Ela parou um pouco, olhando para mim. Apenas levantei uma sobrancelha.

_O coelho não se moveu. Nem apenas um centímetro._Continuou._Então a garota foi ao seu encontro, lentamente, até poder tocar e acariciar seus pelos brancos. Ela acariciou os pelos dele até sua mãe lhe chamar. Desde aquele dia, dia após dia a pequena menina ia se encontrar com seu novo amigo coelho, contando-lhe estórias.

Ela parou de falar, olhando para mim.

_E então?_Perguntei esperando por algo mais.

_É só.

_E o final?

_Bom, tem um final triste, mas eu não disse que iria lhe contar.

_Você é estranha._Refleti._E onde você se encaixa nessa história?

_Eu sou a camponesa.

_Sério?

Ela apenas confirmou com a cabeça e voltou ao seu livro. Resolvi deixar para lá, afinal fora apenas uma ideia boba pedir-lhe para contar uma história para mim... Um dia, não muito distante, eu saberia o final.