Eu, Ele e o Bebê - Rumo Argentina escrita por Camila_santos


Capítulo 5
Insônia




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Bateu uma insônia! Não conseguia dormir de jeito nenhum. Mexia para cá mexia para lá e nada. Minha ultima noite aqui, noite da despedida. Isso me dava insônia.

Já que eu não ia conseguir dormir mesmo levantei. E comecei a olhar meu quarto, minhas coisas. Ajeitei minhas coisinhas que iam ficar para trás. E soquei na bolsa o que eu não queria de maneira alguma deixar para trás.

Estava sentada na minha cama, depois de muito mexer em meu quarto. Olhando a paisagem. Sem nada o que fazer. Até que meu telefone FIXO toca. Telefone em plena uma da madrugada!

-Oi.

-Quem está falando?

-Pedro?

-Oie! Você ainda está aí? UFA!

-É acho que eu estou né! Se eu atendi, seu bobo. –Ele riu. E aquilo era como musica para mim. –Por que não ligou no celular?

-Estou juntando credito para ligar depois. Estou no fixo.

-Ata.

-Eu precisava falar com você.

-Pode falar.

-Não. Não é nada demais. Só ouvir sua voz mesmo.

-Argh!

-Promete que vai me ligar, mandar cartas.

-Prometo. Agora durma.

-Não consigo!

-Então somos dois!

Ficamos conversando, sem ter o que falar. E depois de um bom tempo ele desligou.

Tomei um banho para relaxar, demorado por sinal. Fui à cozinha comi alguma coisa, e raptei as barrinhas de cereal da geladeira. Nunca se sabe né? Peguei uns biscoitos também.

Fui para o quarto de Julinha e a admirei, depois dei um abraço em despedida. E ela acordou. Oh céus ela acordou! E agora? Se ela fosse um bebê, eu balava e pronto. Mas não ela é uma garotinha de quase quatro anos.

-Queline, já amaneceu?

-Não. Pode dormir.

-Po que tava abraçando eu?

-À toa Julinha. Pode dormir.

-Não quelo mais mimi. –Ela cruzou os braços. E pelo amor de Deus, não arruína minha fuga, plis? E como ela é esperta, hein?

-Quer que eu cante? Para você dormir?

-Quelo.

-Mas antes escute. Eu nunca vou te abandonar viu? Nunquinha.

-Canta Queline. –Ela pareceu nem ouvir minha despedida. Tudo bem ela é uma criança, não entende. :/

Cantei e cantei. E OMG! Eu dormir lá. Provavelmente enquanto eu cantava, eu debrucei na cama e dormir.

Acordei assuntada, olhei o relógio rápido e era quatro e meia. QUATRO E MEIA? Oh céus! Eu tinha que sair bem cedo, eu tinha que esta saindo agora! Levantei correndo. Beijei Julinha e nem deu tempo das lágrimas correrem de novo.

Vesti-me rápido, uma blusa azul de manga com umas flores, uma calça jeans, uma jaqueta por cima e meu all star como sempre, e os cabelos presos ao alto.

Peguei minha bolsa, dei a ultima olhada no quarto, na casa. Uma espiadinha no quarto de D. Soraia e sai rápido.

Fechei a casa sem barulho e perna para quem tem. Corri, corri até o ponto de ônibus. E por sorte ônibus já estava saindo. Agora era rumo à rodoviária. Sorte que minha casa não ficava tão longe de lá.

(...)

Sentada na rodoviária esperando meu ônibus, rumo Rio de Janeiro, e como dizem quando está com pressa tudo dá errado.

Uma vizinha fofoqueira como ninguém, apareceu. E o que eu faço? Meu ônibus devia chegar daqui uns cinco minutos, e assim que ele chega, ele sai. O relógio da rodoviária batia forte, parecia que acompanhava o ritmo do meu coração. A vizinha se aproximando, eu virando a cara. O jeito foi sai de lá. E torcer para ela também sai para eu voltar.

Na pressa de sair de lá, sai feito doida sem nem olhar para os lados. E BAFLT!!!! Trombei numa pessoa.

-Ei você é doida menina? –Falou uma mulher, eu fiquei de cabeça baixa. Ela usa uns belos saltos.

-Desculpa dona. –Falei de cabeça baixa.

-Dona? Não dona não! Vinte anos ainda não é considerada DONA. –Ela cuspiu a ultima palavra, e eu que ainda não tinha visto a cara dela, olhei. Ela era uma MOÇA muito elegante e bonita.

-Desculpe Moça.

-Desculpado. Perdida? Fugindo?

-A 2ª opção. –Falei sem nem pensar no risco.

-Entendo. Vai para o Rio de Janeiro?

-Vou sim. Como sabe? –Perguntei curiosa, ela pareceu pensar depois respondeu.

-Oras, pelo lugar que está! Está perto do ponto de embarque para o Rio.

-Você também vai?

-Sim, acho que no mesmo ônibus que você.

-Ai!

-O que? –Ela perguntou assustada.

-Despista! Ajuda-me! Esconde-me.

-Hãn? –Ela perguntou confusa.

-Vem aqui. –Eu a puxei, para dentro do banheiro. E ela veio me acompanhando confusa, arrastando a mala, desengonçada.

-Você não é normal, isso é FATO! –Ela disse metida.

-Aquela mulher não pode me ver. Nossa e desculpa mais uma vez.

-Pelo que menina?

-Por te puxar para cá. Você nem precisava vim aqui.

-Não esquenta. Eu ia morrer de curiosidade se não soubesse o que era! –Ela riu.

-Olha, eu estou fugindo.

-Daquela mulher? Ela é sua mãe?

-Não. Minha vizinha. Acho que ela está chegando de viagem.

-Mas a ala de chegada é para lá. –Ela retrucou.

-Ah, então eu não sei. Só sei que ela não pode me ver. Ela é fofoqueira.

-Mas ela parece que não vai sair dali tão cedo.

-Isso que me preocupa. –Falei triste.

-Posso ajudar?

-Pode. –Sorri.

-Me ajude a me arrumar, irreconhecivamente.

-Claro. Eu adoro isso. –Ela riu maldosa. –Vamos rápido, não temos muito tempo!

Ela me ajudou, e rimos com meu resultado. Eu estava uma típica garota RIQUINHA. Logo eu que não gostava nem um pouco de vaidade, e dessas coisas fúteis, que muitas garotas põem como prioridade. Estava com óculos escuros, batom forte, e roupas que me tamparam por completo, o cabelo meio no rosto.

-Obrigada! Como é bom achar alguém legal.

-Agradeça depois, vamos ver se funcionará primeiro.

Passamos rápido conversando. Entramos no ônibus, e sorte eles não me pediram documentos.

E quanto a minha vizinha, ela estava lá parada encarada nos ônibus, mas não me reconheceu, eu acho.

-Ei como chama? –Me perguntou a moça, quando estávamos mais calmas, já dentro do ônibus.

-Jaqueline. E você?

-Monique. Prazer conhecê-la. –Ela riu.

-Igualmente Monique. –Sorri de volta. –Olha já vou tirar suas coisas viu.

-Não, não. É arriscado ainda. Espere!

Depois de uns minutos o ônibus partiu. Despedi mentalmente da minha cidade. Mas logo a tristeza sumiu, graças a Monique. E sorte tê-la por perto senão numa hora dessas estaria chorando.

Contei a historia a Monique, não sei se era certo confiar logo de cara numa pessoa. E logo eu que fugia de amizade, que achava todos falsos. Mas eu precisava desabafar.

Ela me contou um pouco sobre ela. Quando eu perguntava algo ela fugia um pouco do assunto. Mas uma coisa eu tinha certeza, ela era filinha de papai.

-Identidade, por favor? –O acompanhante do motorista pediu. E desde quando eles pedem? Sempre viajei, e se apresentava isso na porta. Porque se fosse menor de idade já não adiantava voltar.

-E agora? –Murmurei baixinho.

-Olha Jaqueline, fica esperta. Pode ser sua mãe que desconfiou e mandou perguntar. Já que para comprar a passagem não foi preciso dar o nome. Ela deve ter pedido para olhar se você está no ônibus.

-Isso é bem estranho! Logo no meio da viagem.

Não demorou muito para que o homem chegasse até nós. Eu não tinha conseguido pensar em nada. E com o coração gelado, eu olhei para Monique.

-Calma já sei o que fazer, fique normal. E não pegue sua identidade.

-Identidade, por favor? –Era um homem jovem e bonito.

                                          

Meu coração gelou, e deu até vertigem. Monique muito esperta, influente e sedutora riu para o homem.

E eu entendi o plano dela. Ela estendeu a identidade dela, e começou a conversar com ele.

O papo fluía e o homem nem prestava mais a atenção na identidade.

O homem entregou a dela e me olhou depois de um longo tempo.

-Ela está com você?

-Sim. Minha... É prima. –Ela disse por fim.

-É maior de idade?

-Claro. Quer a identidade dela? –Perguntou inocente.

-Não. Se você diz.

-Ei vê se me liga!

-Claro.

Ele saiu e eu respirei aliviada.

-Você deu telefone para ele? –Perguntei incrédula.

-Dei. Mas é de mentira. –Ela falou baixinho.

-Nem vi você falando de telefone.

-Também né. Com esse seu nervosismo. Tem que aprender a levar os problemas numa boa. –Alertou.

-Caramba! Você é boa nisso. –Sorri. – Obrigado.

-Não há de que. Um dia te dou umas aulinhas. –Ela riu.

-Vou aceitar. O cara nem falou nada comigo, só falou com você. Te perguntou, como sei lá, como se eu não soubesse falar.

-Quer que eu o chame para conversar contigo? –Perguntou irônica.

-Doida! Jamais. –Nós rimos.


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Notas finais do capítulo

Obrigado pelos reviews!! =D