Eu, Ele e o Bebê - Rumo Argentina escrita por Camila_santos


Capítulo 31
Sentimentos confusos


Notas iniciais do capítulo

Desculpem a demora, mas está tenso aqui viuu...
Boa leitura!



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Minha mãe entrou no quarto, logo que Felipe saiu. Sentou emburrada na cadeira perto da porta e eu nem cogitei a ideia de tocar no nome Luiza. Ela estava impaciente e não conseguia se manter sentada, andava de um lado para o outro, e isso estava me deixando nervosa. Por fim não aguentei e acabei falando grossa “Mãe, chega! Isso já cansou!”. Minha mãe me olhou com os olhos arregalados e se sentou fazendo minha consciência doer , pedi desculpa, falando que ela não precisava ficar assim.

-Ficar assim? Ah Jaqueline, quer que eu fique como? –Ela retrucou exaltada, fiz um ‘shhiuuu’ pra ela.

-O bebê está dormindo, mãe. –Reclamei.

-Filha, o que ela tem melhor do que eu? –Minha mãe perguntou feito adolescente insegura.

-Aff, mãe para! Papai só está com ela pelo que aconteceu, papai ama mesmo é a senhora, mãe. –Falei convicta, mas logo me arrependi, porque querendo ou não eu estava dando esperanças à mamãe, e mesmo que eu soubesse que ele amava mesmo minha mãe eu sabia que meu pai não largaria Luiza por ela. Até mesmo por uma questão de ética. 

-E agora, como se não bastasse ela veio para roubar minha filha e meu neto. –Ela murmurou, e então percebi que o ciúme de mamãe não era só do meu pai, mas de toda a família.

-Relaxa mãe! Ela não vai roubar nada da senhora, ok?

 E era isso que eu temia, afinal eu ainda vou à Argentina, isso faz parte do meu destino. Não passei por toda aquela fuga em vão. Embora eu obtivesse um relacionamento mais próximo com meu pai, e o Felipe e meu filho –que foram além das minhas expectativas- eu não desistiria do meu plano, detesto deixar as coisas inacabadas, penso até mesmo que eu tenho um destino lá, algo que eu não possa simplesmente dizer que não vou fazer e pronto. Onde estaria meu espirito corajoso e aventureiro se eu parasse aqui? Interrompemos a viagem, sim! Mas breve estarei rumo à Argentina novamente, ou melhor, dessa vez não será só ‘rumo’ e sim estarei na Argentina, é o que espero.

Sei que minha mãe iria se sentir roubada, mas é algo inevitável. Eu preciso fazer isso, só não sei como e nem quando. Agora o que me importa é cuidar do Gabriel, e as coisas aos poucos se ajeitam.  Soraia continuou reclamando de Luiza, parece que vamos ter guerra, e isso me preocupa tanto. Com muito custo minha mãe se cansou e admirou o neto e logo em seguida se instalou na cadeira do lado da minha cama, eu avisei que ia dormir um pouquinho, e logo apaguei. Ganhar neném cansa, eu ri com esse pensamento.

A melhor sensação que uma mãe pode ter é acordar com o rostinho de seu filho. Foi à primeira coisa que eu vi na manhã desse Sábado, ele estava no colo da minha mãe, e chorava muito. Minha mãe disse que não queria me acordar, eu dormia parecendo estar exausta, mas eu fiquei feliz em acordar com o chorinho do meu bebê, peguei aquela coisinha miúda e o beijei delicadamente, ele ficou mais calminho. Ele devia estar com fome, eu não havia o amamentado desde pouco tempo após seu nascimento.

-Tadinho mãe. Ele está faminto... –Falei me sentindo a pior mãe do mundo.

-Não se preocupe filha! –Minha mãe me tranquilizou. –Ele já se alimentou, eu pedi à enfermeira que providenciasse, para que não fosse preciso te acordar. Além do mais, você não tem muito leite.

-E isso é normal? –Preocupei.

-Sim, nos primeiros dias. Seu corpo está se adaptando.

Continuei ali com meu bebê, passando a mão em seus traços, eu não sabia dizer com quem ele parecia, mas garanto que ele não tinha cara de joelho, como todos os recém-nascidos. Fiquei imaginando como seriam as primeiras palavras do meu bebê, como seria sua voz, que cor seus cabelos ficariam, como seria seus primeiros passos. O que me aliviava era saber que ele era meu, e eu só não estaria com ele se Deus não permitisse, do contrario eu ia ver todos os dias aquele sorriso, que iluminava toda minha vida. Lembrei-me do sonho, que tive logo após saber que estava gravida, procurei o colar que Felipe me deu em meu pescoço, e fiquei feliz em sentir o pingente de menininho. Representava o meu menino. Senti de não estar também com o anel que simbolizava o meu noivado –ainda secreto- com Felipe, contudo me conformei em saber que logo, logo eu teria uma aliança no dedo esquerdo.

Eu queria que chegasse logo esse dia, como sempre eu quero as coisas para ontem. E por isso sou precoce em tudo, sei que é um defeito, mas tem coisas que não tem como controlar. Eu queria ter a minha casa com a minha nova família, queria chamar minha mãe para almoçar na minha casa aos domingos, dia esse que meu filho estaria brincando na sala com o pai, enquanto eu estaria fazendo uma lasanha para mamãe, ou quem sabe almondegas que Julinha tanto gosta. Haveria também os dias que papai viria me ver, nesses dias eu faria omeletes recheada, que sei que são suas preferidas. Monique poderia até morar conosco, eu não queria me separar dela mais uma vez, e penso que nem ela ia querer se separar de Pedro, tinha romance no ar.

Na tarde desse dia Pedro e Monique foram me ver, e eu percebi olhares. Pedro me tratou realmente como amiga, e tratou Monique como algo a mais. Senti algo estranho diante disso, mas sei que é ciúme de amigo, Pedro era a única pessoa em que eu confiava, e me parecia estranho dividi-lo com Monique. Mas as coisas são assim, não podemos ter todos só para nós, e eu torcia que ambos fossem felizes, tanto quanto mereciam. Monique era mais velha que Pedro, mas isso nem era notável, já que Monique parecia uma bonequinha, e tinha traços tão juvenis, já o meu amigo cada dia que passava se tornava mais homem, e aquele seu jeito moleque eu quase não percebia quando ele estava ao lado da minha irmã.

Quando o sol já estava se pondo Felipe chegou ao hospital, achei estranho que ele não tenha ido antes, mas preferi não procurar motivos para brigar. O médico já tinha nos dado alta, mas minha mãe estava esperando Felipe para que voltássemos, não entendi o porquê me fizeram ficar ali essas horas desnecessárias.

-Vamos para casa, amor? –Felipe falou sorrindo.

-Vamos. –Falei me levantando. Mamãe e Felipe me ajudaram a levantar e pegar minhas coisas, mamãe carregou Gabriel e saímos do hospital, Felipe me abraçava, e eu estava feliz em começar a nossa vida, porém preocupada de como seria essa nossa vida. Felipe dirigia o carro do meu pai, e mesmo com a língua coçando de vontade de perguntar se ele ficaria lá em casa, eu resisti.

Quando chegamos, meu amor me ajudou a descer, minha mãe entrou na frente e Felipe carregou Gabriel, entrei distraída, com o pensamento em o que eu faria de agora em diante.

-Surpresa!!!! –Opa! Temos festinha! Foi o que pensei. Monique, meu pai, Luiza, Pedro, os pais de Pedro, Rafael estavam reunidos rodeados de balões e uma faixa com os dizeres: “Sejam bem vindos”. Fiquei meio travada, eu não esperava um gesto desses, mas achei super fofo. Abracei um por um, enquanto ouvia as exclamações e votos de felicidades. Festinha com direito a bolos, doces e salgados. Eu estava exausta então fiquei mais sentada, mas ninguém reparou afinal é normal para alguém que pariu recentemente.

-Jaque, olha se gosta disso. –Pedro trouxe uma caixinha até mim. Felipe se aproximou olhando serio para Pedro, e eu fechei a cara para que ele parasse com isso. De um lado Felipe o fitava e de outro Monique o vigiava.

-Não precisava, Pedro. –Falei feliz com a caixinha embrulhada de azul. Abri devagar e encontrei lindos sapatinhos, de bebê. –Que lindo! Obrigada.

-De nada, Jaque. Quando o Gabriel estiver maiorzinho comprarei tênis de skatista pra ele. –Pedro falou nos fazendo rir. Não demorou muito para que Monique se aproximasse provavelmente movida pelo ‘ciuminho’.

- Meu bonito, você viu o meu sobrinho? –Monique perguntou para Pedro, fiquei confusa se tinha ouvido bem, se ela tinha mesmo chamado Pedro de “meu bonito”.

-Lindo! Parece com a titia. –Pedro disse em um tom meloso semelhante ao de Monique. Espera ai! O filho é meu e ele fala que é lindo, que parece com a Monique? Faça-me favor né? Só não retruquei porque poderia parecer ciúme, e é logico que não estou com ciúmes, estou?

-Jaque, bem, eu e Pedro... –Monique começou falar assim que Pedro saiu. –nos beijamos. –Monique disse com o rosto corado.

-Beijaram? Que bom. –Falei tentando não demostrar sentimento algum. Era estranho eu me sentir assim, com ciúme. Logo agora que eu estava tão bem com  o Lipe.

-O Pedro é um máximo, ele é carinhoso, divertido... –Ela começou enumerar o que eu já sabia, mesmo sem nunca ter namorado com ele.

-Ok, ok. –Eu cortei.

-O que Jaque, tem algum problema? –Ela me encarou assustada.

-Não, nenhum. Vou pegar o Gabriel. –Falei levantando.

-O que você tem, amor? –Felipe me parou no meio do caminho. –Está com semblante estranho.

-Estranho como? –Perguntei de má vontade.

-Não sei explicar, Jaque. Mas não gosto nada de te ver assim. –Felipe disse pesaroso. –Quer descansar.

-Não, não é nada... Estou bem.

-Jaque, você não está não! –Ele insistiu.

-Que saco Felipe! Já falei que não é nada! –Falei sem rumo enquanto ele impedia minha passagem. Minha mãe se aproximou de nós com Gabriel em seus braços perguntando se estava tudo bem.  –Está, mãe!

-Relaxa, Felipe! Toda mulher passa por esse estresse após o nascimento do bebê.

-Tomara que seja isso viu, D. Soraia. A Jaqueline nunca me respondeu assim. –Felipe respondeu com uma carinha de dar dó, me senti mal com isso. Mas fingi não perceber, peguei meu bebê dos braços de Soraia e sai com a desculpa de amamenta-lo.

Eu não sabia o que estava acontecendo comigo, seria mesmo ciúme?


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Notas finais do capítulo

Em ritmo de enem gentee! Alguém ai vai fazer a prova? Boa prova! Espero que tenham gostado do capítulo... Sugestões serão super aceitas! Bjinhos e ótima tarde!



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