Eu, Ele e o Bebê - Rumo Argentina escrita por Camila_santos


Capítulo 27
Entre tapas e beijos


Notas iniciais do capítulo

Olá!!
Notas no final! Leiam, por favor! Boa leitura!



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POV Soraia on


E mais uma vez eu o via partir, e como isso doía. Em minha mente passava cada pequeno detalhe da primeira vez que ele se foi, do modo que eu o insultei e de quantas ameaças eu fiz. Hoje entendo que minha atitude foi insânia, e que ela afastou Tadeu de minhas filhas por tempo demais desnecessariamente, e o afastou de mim para sempre. Não há como eu pedir que ele fique se eu mesma o expulsei da minha vida por uma coisa que ele nem fez - me trair -, mas o destino traz e leva as pessoas de nós. Hoje estamos separados e não há nada que eu possa fazer ao não ser chorar, com esse pensamento me aproximei do meu grande e agora impossível amor e o abracei, com tanta força que temia ate machucá-lo.


–Soraia. –Ele murmurou em meu ouvido, e como eu desejei tê-lo de novo.

–Eu sempre te amei. –Falei entre choro, presa naqueles braços que outrora eram meus. Minha mente vagou para o dia que casamos, e aquilo era tão perfeito. Vi os olhos de Tadeu a minha espera no altar, naquela época ele possuía traços totalmente juvenis, e tinha muito mais cabelo do que hoje. Lembrei-me de quando contei da minha gravidez, da escolha do nome de Jaqueline, do quanto éramos felizes e unidos. E lamentei por Julinha não ter o pai tão ausente quanto Jaqueline teve. Se eu pudesse mudar a noite que eu o expulsei, como eu me odiei por tudo aquilo.

–Soraia, escute! –Ele se desprendeu de mim, me encarando. –Eu sei como está se sentido e garanto que não está pior que eu. Eu queria que tudo fosse diferente, queria te ter de volta. Sinto falta da nossa família. –Ele balançou a cabeça negativamente. –Oh céus o que eu estou falando?

–Que me ama, assim como eu.

–Isso não é certo com Luiza. E aprendi que tenho que amar quem me ama. –Ele falou ríspido, parecendo lembrar-se de uma magoa antiga, mas que com certeza sangrava.

–Não precisa me lembrar dela.

–Acontece que um dia eu a abandonei. Deixei toda a vida que eu tinha construído na Argentina, vim para o Brasil conheci você e de uma hora pra outra tudo muda por causa de um passado distante, por uma filha que eu nem sabia que existia.

–O passado sempre vem átona.

–Mas ele não precisa destruir o presente. –Ele olhou dentro dos meus olhos.

–Eu sei. E lamento por ter achado que era uma traição. Por não ter ouvido e nem acreditado em você.

–Isso não vai adiantar agora, passou, como dizem a fila andou. –Ele pisou e ainda sapateou em meu coração.

–Ok. Luiza merece o seu amor. E eu vou lamentar por EU não ter merecido, por resto da vida. –Enxuguei as lágrimas, e virei o rosto pronta para sair dali, e não ver por muito tempo o rosto de Tadeu.

–Espera?! –Tadeu me puxou para perto de si. A respiração dele era acelerada, e por um momento eu era a mesma garota de muitos anos atrás, boba e desesperadamente apaixonada por um cara que se achava, e que possuía um sotaque levemente argentino, cheio de sonhos e planos. –Posso beijar você? –Ele me perguntou todo gentil. Minha vontade era responder “claro que sim”.

–Não seria certo. –Falei olhando para os pés.

–Mas seria bom, eu posso? –Eu não tive coragem de responder, dei um sorriso leve e sentir meu corpo arrepiar com o toque de suas mãos ao redor da minha cintura, e depois subindo a minha nuca. Como eu sentia saudade do toque dele, e num ato de digamos desespero eu o puxei para mim, e ali nos envolvemos em um beijo de luxuria, de amor e de desejo. Aqueles minutos voaram de nós, e agora meus olhos o via partir. Desejei que tudo fosse um pesadelo e que logo eu acordasse, mas não! Era real demais, ele partirá.


POV Soraia off


–Demorou lá fora em mãe?! –Falei assim que D. Soraia entrou enxugando as lágrimas.

–Foi necessário. –Ela respondeu séria. Um silêncio constrangedor pairou sobre nós. Até que decidi falar alguma coisa:

–Tem leite quente na cozinha, se quiser.

–Obrigada. –Ela disse ignorando, subiu as escadas. Provavelmente ela ia para seu abrigo, ou o que chamam de quarto.


Sentada no sofá com um moletom velho eu olhava cada parte da minha casa, e lembrava-me do lugar que antes era mais feliz. O meu pai não saia da minha mente, e o quanto eu queria que tudo fosse diferente. Minha vida não estava boa. Eu era uma mãe solteira, com a família cheia de dores e remoço, estava sem o meu grande amor –sob tortura dele-, e totalmente sem direção. Contudo chorei mais uma vez, deitei no sofá e lamentei todo e qualquer tipo de dor que me afligia. Ouvi passos e tentei reprimir os soluços e fingir estar dormindo ou algo do tipo.


–Jaqueline eu sei que está acordada! –Ouvi aquela voz charmosa do meu Felipe, parecia bobeira continuar “fingindo” que dormia.

–É infelizmente eu estou. –Falei sentando no sofá e enxugando o rosto. Felipe se sentou ao meu lado me fintando. –Não fica me olhando, eu estou toda vermelha.

–Não tá nada. –Ele deu uma risadinha abafada. –As coisas estão difíceis para você? –Ele perguntou amigo.

–Não imagina o quanto. –Sorri torto, sem saber o que dizer. –Até porque eu não choro a toa. Você sabe que eu sou muito durona.

–Durona? –Ele repetiu, balançando a cabeça. –Qual é Jaqueline? –Ele riu. –Sua mascara de durona, revoltada e fujona já caiu há muito tempo. Hoje te vejo como uma mulher sensível, e que mesmo medrosa é corajosa, mais ainda do que antes quando fugiu.

–Ai que está o problema. Não tenho certeza se tenho coragem e nem força para lutar.

–Tem sim. –Ele se ajeitou no sofá. –Eu sei que tem!

–Está querendo que eu lute por você? –Eu virei o encarando melhor. –Quer que eu me arraste e implore para te ter de volta?

–Não. Você é forte para superar. –Ele disse se levantando. Como bala no peito, me fez sangrar.

–Isso mesmo Felipe! Agora vai sair e me deixar sangrando aqui, não é?

–Mesmo grávida você ainda menstrua? –Ele disse irônico, segurei para não rir. E por fim saiu uma gargalhada meio abafada.

–Bobo! Eu me refiro a me machucar por dentro.

–Eu sei Jaqueline. –Ele riu. –Eu não estava saindo, só ia pegar um copo de água, para conversar melhor com você. Fica tranqüila que vou ficar ai te vendo sangrar. –Ele brincou começando a ir para a cozinha.

–Ah engraçadinho! –Falei enquanto ele se aproximava com um copo de água.

–Não é bom para o bebê você ficar chorando. –Ele disse se sentando novamente perto de mim.

–É uma pena que você só se preocupe com ele. –Murmurei triste.

–E você se preocupa comigo? –Ele perguntou sério.

–É claro que sim. –Falei rápido. –Você sabe que eu te amo.

–Jaqueline, você não se preocupa. Não liga com o que se passa comigo.

–Porque está falando isso? –Perguntei já sabendo que a conversa seria longa, e que provavelmente ele iria me torturar com suas “meias palavras”.

–Quando veio embora você se preocupou? –Indagou.

–Claro que sim. Eu só vim porque precisava resolver essa questão de “fuga” com minha mãe. Felipe você tem que entender. Isso foi melhor para o bebê também! –Falei totalmente convicta que fiz o certo.

–Para o bebê? –Ele balançou a cabeça e riu com ironia. –Claro! Jaqueline, você nunca pensou no quanto ia me doer ficar sem vocês. Simplesmente achou oportuno vim a Minas Gerais e veio.

–Do mesmo jeito que você foi para a Argentina. Não adianta, sua vida é lá do mesmo jeito que a minha é aqui. –Falei sem nem pensar.

–Então o nosso destino é viver cada um onde ‘lhe caiba’ ou seja, vivermos separados? –Ele perguntou firme.

–Não. O seu destino é o meu, e a minha vida é a sua. –Respondi com os olhos brilhando.

–Ae? Não me diga! Na hora de sair sem nem ligar comigo, você saiu.

–Felipe, você tem que entender. Tem que ter paciência. Tudo para mim mudou de uma vez só, eu precisava colocar tudo em ordem. Era só um tempo longe de você, embora eu não quisesse isso, eu queria que tivesse vindo comigo. Mas assim como você tinha uma vida, uma família na Argentina para cuidar, eu tenho aqui. Tudo era só questão de tempo.

–Tempo? Meu filho ia nascer longe de mim. Você ia querer criá-lo aqui, e duvido muito que voltaria.

–E por que eu que tenho que ir para Argentina? Por que você não pode vim comigo, e participar de tudo isso, constituir aqui uma família? Respeitar o meu tempo? E entender que toda minha família está em um momento difícil.

–Acontece que quem escolheu ir para a Argentina foi você. Eu não te obriguei. Antes mesmo dessa historia de namoro, de noivado, de filho você já ia para lá. Eu abandonei minha vida para te ajudar com sua “fuga”. –Ele falou sem nem tomar um fôlego, de um jeito que eu nunca vi. Toda a doçura, alegria e força desapareciam dele ao som de cada palavra.

–E por que não pode abrir mão de novo? –Perguntei sem saber ao certo o que falar.

–Por que não adianta só um de nós abrir mão.

–Felipe, minha mãe está em um momento difícil eu não posso deixá-la. Eu também quero que meu filho nasça aqui. Tenha paciência por... –Ele começou a caminhar rumo à escada ignorando o fato de que eu estava falando. –Ei? Felipe? –Subi a voz em algumas oitavas enquanto o chamava indignada. –Eu ainda estou falando!

–Oh, é mesmo? Nem sabia. –Ele ironizou, e aquilo me fez tremer de raiva. Trinquei o maxilar e reprimi a vontade de avançar nele.

–Volte aqui! –Eu gritei.

–Silêncio Jaqueline! –Ele disse colocando a mão na boca. Caramba! Ele sabia como estava me alterando com esse jeito irônico e grosso, que eu nem sabia que existia. –Tem gente dormindo. Já é tarde!

–Não me importo! –Dei de ombros. –Volte aqui!

–Não. –E assim ele subiu as escadas sumindo de vista.


Eu subi atrás, mas desisti quando ele bateu a porta de madeira como se estivesse na casa dele. Entrei para meu quarto cuspindo fogo. A cama que minha mãe tinha arrumado para Monique estava vazia, imaginei que Julinha tivesse a arrastado para dormir com ela. Andei pelo quarto de um lado para outro, sem saber o que fazer. Dormir eu sei que não conseguiria. Era estranho por mais que eu tivesse certeza que eu e Felipe não ficaríamos bem, eu não tinha forças de desistir. Abri a gaveta do meu guarda roupa e comecei a procurar minha caixinha rosa, onde estava meu anel de noivado, logo que achei o admirei por um tempo e fui ao quarto de Felipe. Eu não dormiria assim, não mesmo. Era preciso mudar tudo isso, e quanto antes melhor.


–O que esta fazendo aqui? –Felipe olhou assustado quando me viu na porta, fui entrando sem bater, ou pedir licença. E para minha alegria, ou talvez para me deixar pior, ele estava lá só de cueca. Deitado e olhando para o teto.

–Preciso conversar com você. –Falei sentando na beira da cama dele.

–Já conversou demais hoje. –Ele disse se sentando, e puxando o cobertor para si.

–Não o suficiente.

–Então fala. –Ele deu os ombros.

–Felipe sabe isso aqui? –Eu o mostrei meu anel de noivado. Ele fez que sim com a cabeça. –Pois então, isso é um compromisso firme, que não pode acabar assim de uma hora para outra. –Percebi que eu estava fazendo o contrario do que eu iria fazer, e sem querer balancei a cabeça como se eu estivesse no discurso errado. –Eu não ia fazer isso! –Falei meio perdida.

–O que ia vim fazer? –Ele perguntou confuso.

–Te entregar o anel. Mas de certa forma, sei que não seria o certo. –Eu ri do modo que meu coração falou mais alto que minha razão. –Vale à pena lutar por você. Eu te amo!

–Eu também te amo! –Ele disse mais maleável. –mas só isso não basta!

–Caramba Felipe! O que basta então?

–Jaqueline, sabe aquele dia que falei com você da diferença de quem ama e de quem gosta?

–Sei.

–Eu me referia a minha ex. –Felipe falou super natural, e me segurei para não falar nada. Ele estava me comparando com a ex dele? Ta doido? –Ela largou a vida dela toda por mim.

–Ela era uma idiota. –Murmurei sem perceber.

–Não. Ela me amava! Você só gosta e PENSA que ama. –Ele disse e meu coração doeu. Na verdade eu queria concertar tudo aquilo, mas naquela hora eu queria avançar nele e descontar toda a minha raiva.

– Não vou discutir isso com você. – Falei, sentindo meu corpo tremer de raiva. – Não vale à pena. – Completei, começando a sair do quarto.

–Jaqueline? –Ele chamou, e eu paguei com a mesma moeda. Eu não iria correr mais atrás. Aquilo tinha sido pior do que qualquer dor que eu já tinha sentido. Entrei para o quarto e percebi que ele vinha atrás de mim.

–Chega Felipe! Quer sua aliança? Toma! –Eu joguei a aliança nele, ele se abaixou e pegou a mesma do chão.

–Calma? –Ele pediu. E eu comecei a chorar, enquanto batia nele.

–Por que Felipe? Por quê? Eu só queria que tudo ficasse bem. –Continuei batendo no peitoral dele.


Felipe segurou meus braços e os aproximou dele. E quando percebi eu estava envolvida em um beijo forte, profundo... Como se o mundo todo não existisse mais. Como se eu afundasse naquele beijo. Como se eu pudesse esquecer qualquer coisa ao meu redor. Um beijo cheio de saudade, de vicio e de amor. Como se nunca houvesse existido nada alem de nós.

Demorei a voltar a nossa realidade. Sentei na minha cama, sem saber o que dizer, ou o que fazer.


–Você está só de cuequinha. –Eu ri, com a imagem de Felipe em pé de Box na minha frente.

–Desculpe. –Ele disse se sentando no puff perto de mim, sem me olhar fixamente.

–Sabe, eu amo quando você FINGE que não olha para mim. –Falei, Felipe deu um sorriso torto, e tudo pareceu normal, bom e confortável.


Mas ainda sim meu coração doía, e as duvidas me afligiam. E sem saber qual o motivo ao certo comecei a chorar –por mais clichê fosse-,não consegui controlar. Felipe me abraçou e depois enxugou as minhas lágrimas enquanto ele sorria.


–Você está sorrindo enquanto eu choro? –Perguntei magoada com a atitude dele. –Eu estou toda triste e você rindo?

–Escuta, Jaqueline. –Ele segurou meu rosto com as duas mãos. –Você está chorando não é de tristeza, é só porque não sabe o que fazer. Estou sorrindo porque no fundo eu sei que você vai fazer o certo e tudo ficará bem.


E mais uma vez tudo me pareceu normal, bom e confortável. Apeguei-me as palavras dele, e me senti bem. No final tudo dá certo, e como dizem: “Se ainda não deu certo é porque não chegou ao fim!”. Felipe se ajeitou comigo na cama, e eu encostei-me a seu peito, fechei os olhos e tentei não pensar em nada. O calor dele me fazia bem, e no fundo era tudo igual. Ainda nos amávamos.


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Notas finais do capítulo

Tudo bem povo?
Agradei ou desagradei com o capitulo? Espero que tenham gostado da atitude de Jaqueline. Eu temi ter radicalizado demais (minha cabeça hoje está bem confusa), mas espero que não tenha influenciado a história. Gente eu quero agradecer de novo a todos que estão lendo, e obrigada por comentarem! E agradecer também a Larissa, minha amiga que tem sempre ajudado muito. Inclusive no capitulo anterior eu me esqueci de dizer, aquela parte que eu disse que quando uma história tem muitas vírgulas está na hora de por um ponto final, lembra? A adaptação dela de incluir um parágrafo resultou de um conselho dado pela Larissa para mim (um fato da minha vida mesmo, que me inspirou no capitulo todo). Ela tem acompanhado, e tem me deixado muito feliz também. Obrigada!
Gostaria de verdade que todos que lêem comentassem! Vou esperar por isso... rsrs
Beijinhos !



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