Eu, Ele e o Bebê - Rumo Argentina escrita por Camila_santos


Capítulo 23
Triângulo Amoroso


Notas iniciais do capítulo

Oi Gente estou bem feliz! Estou fazendo dezessete aninhos hoje (23/02/12) *---*
Hoje entusiasmei com o capitulo e resultado: saiu grandão!
Espero que gostem, estou com muitas idéias e quero incentivo. Por favor, quem estiver lendo, seria legal ter sua opinião!
Aproveitando a oportunidade, tenho que agradecer a Mila Pink e a Patresina! Elas não abandonaram nenhum capitulo e estão sempre comentando, sugerindo. Fico muito, muito feliz mesmo... Vocês não imaginam o quanto. Agradeço também aos que comentaram antes.
Se a fic está em reta final é porque houve inspiração e se houve inspiração é porque vocês contribuíram com isso, incentivando. Porque que a verdade seja dita, escrever pra fantasmas não dá...
Muito obrigada mesmo... O capitulo de hoje é totalmente dedicado a vocês!



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E naquela noite eu pude ter certeza que minha vida estava tomando outros rumos, e que talvez fosse minha sina mudar fatos decisivos em questão de poucos dias ou meses. E que os planos que eu e Felipe fizemos talvez nunca se cumprissem, incluindo o de estar ali naquele parque no meu próximo aniversário como o de dezoito anos. Com o nosso filho e quem sabe grávida novamente, curtindo nossa família. Não, isso não aconteceria. E me doía muito só em pensar.

No outro dia de manha meu pai nos buscou, ele estava bem preocupado, ainda mais porque não pode me acompanhar, por ser permitida só a entrada do mesmo sexo para passar a noite. Mas sua expressão logo mudou quando disse que eu estava bem e não estava sentindo nada além de vontade de descansar. Fui paparicada o dia todo, e tive que brigar com minha mãe para levantar da cama, por ela eu ficaria deitada até o dia de ganhar meu bebê.


Eu já não agüentava mais de saudade do Felipe. Minha vontade era pegar o telefone e implorar que ele voltasse, mas meu orgulho não deixava, e nem o dele o deixaria voltar. Sendo assim eu não tinha escolhas ao não ser esquecer. O certo era eu focar em meu bebezinho, sendo assim comecei por um detalhe essencial que ainda não havia feito esperando o auxilio do pai dele, mas não esperaria mais.


“Gustavo, Guilherme, Vinicius, Thiago, Arthur...”


Que nome eu daria ao meu bebê? Era difícil escolher. Pensei em fazer uma lista. Pensei em colocar o nome do meu pai, mas desistir, apesar de ser o nome do meu pai eu não gostava muito do nome. Então veio em minha mente ‘Gabriel’, nome de anjo. Que tem como significado enviado de Deus. Meu filho era o meu anjinho, e o meu presente de Deus. O nome lhe cairia bem. Queria que Felipe estivesse aqui para aprovar a escolha.


(...)


Minha barriga crescia rápido, e eu aproveitava para tirar fotos, registrar os momentos da minha gravidez. Minha mãe já se sentia familiarizada com a câmera de Pedro, a qual ela agora usava para tirar as minhas fotos. Por diversos momentos ela se sentia uma verdadeira fotografa me mandando sentar inclinando o rosto para frente, ou sorri com as mãos na quina da porta na altura da cabeça. Enquanto tirava uma foto sentada no meu puff ouvi o barulho de água caindo em cima das telhas, me inclinei em direção à janela e percebi que estávamos tendo um temporal. Minha mãe também percebendo a chuva saiu desesperada reclamando que tinha roupa no varal e molharia. Percebi que era hora de parar as fotos, e que continuássemos outro dia. Comecei a ajeitar a bagunça que tínhamos feito em meu quarto, enquanto pegava uma peça de roupa na cama vi da janela que Pedro conversava com minha mãe enquanto ele ajudava a recolher as roupas do varal. Vi minha mãe gesticular para cima, com certeza Pedro estava vindo em meu quarto. Tentei arrumar tudo o mais rápido que pude, mas logo o vi encostado na porta, mexendo em seus cabelos, estava molhado e tinha uma linha séria no rosto tentando esconder um sorriso maldoso.


–Pode falar Pedro! Está querendo rir de que? –Indaguei.

–Ah sei lá Line! Pode ser da bagunça, das escritas na sua barriga, ou sei lá dos cachecóis jogados. Virou um estúdio isso hein?

–Pois é. –Eu ri meio sem graça. Depois da “confissão” de que ele me amava as coisas ficaram diferentes entre nós. Nessas duas semanas que cheguei aqui mal havíamos conversado e o tempo todo Pedro me olhava como se quisesse mais de mim. Embora eu e ele soubéssemos que isso era quase impossível. Mas ai que está! Existe o ‘quase’ e enquanto houver ele ainda lutará. –E você está todo molhado, isso também me faz rir. Cuidado para não gripar.

–Pode deixar, -Ele riu maliciosamente. –agradeço a preocupação, mas não me molhei tanto assim. –Ele passou as mãos no rosto tentando se enxugar, eu peguei uma toalha que estava em meu guarda roupa e joguei para ele. Ele agradeceu com um sorriso e depois começou a dizer. –Falta exatamente três meses em? Pra chegada do Gabriel. –Ele disse reluzente, como se assim como eu estivesse ansioso, parecia que ele queria que eu entendesse que ele queria ser pai do meu filho.

–Se nascer no dia previsto! –Falei seca, eu não queria dar esperanças o tratando como antes.

–Jaqueline, você tem que me dar uma chance, -Ele disse mudando o rumo da conversa e entrando de vez em meu quarto. Sabendo que a conversa ia ser longa eu sentei na cama e o olhei com negação, para que ele não repetisse tudo de novo. –eu amo você! E farei o melhor para nós, inclusive o Gabriel. Escuta o Felipe por melhor que tenha sido não vai voltar. E eu ainda não te mostrei meu amor, você só conhece minha amizade.

–Pedro, -Eu ri para despistar o nervoso. –sua amizade já é ótima e já me basta. Olha, eu não vou conseguir amar você. Mesmo que eu tente, quando o Felipe chegar aqui é para ele que eu vou correr.

–Mas ele não vai chegar. E eu vou estar com você... sempre! –Pedro se aproximou de mim, ajoelhou em minha frente e segurou meu rosto com suas mãos, aquilo me parecia confortável, me dava à idéia de segurança, embora eu soubesse que não o amava e que nada mudaria. Pedro se inclinou e senti minha testa encostar-se à dele, como que um consolo, e depois nossos narizes como um beijo de esquimó, senti a respiração acelerada dele e por um minuto me pareceu certo beijá-lo. Assim o fiz, não posso dizer que foi ruim e me arrependo, porque não foi. Ele me encarou ao final do beijo e disse que eu era exatamente a pessoa que ele queria ir dormir e acordar ao lado todos os dias, percebendo que já havia mexido comigo o suficiente ele saiu.

Coloquei as mãos na testa e abaxei sobre a barriga, eu sabia o que tinha feito e tinha medo disso. Veio um milhão de vozes na minha cabeça reclamando “Você está o iludindo! Você ama o Felipe!” E outras milhões retrucando “ Mas o Felipe não vai voltar!” Bastava eu decidir em quem acreditar. Ouvi um limpar de garganta, olhei para frente e lá estava meu pai, me perguntei se ele havia visto o beijo.


–Tudo bem, princesa? –Ele perguntou sério me fitando.

–Não. Mas preferia não falar. –Meu pai insistente se sentou no puff a minha frente, como que esperando que eu mudasse de idéia e contasse.

–Tem a ver com aquela carinha assombrada que Pedro saiu daqui?

–Sim. –Falei trincando os dentes, me odiando por isso.

–Jaqueline, onde está o anel que Felipe lhe deu de aniversario? –Meu pai perguntou encarando meus dedos lisos.

–Eu tirei desde que cheguei. Por que reparou só agora? –Indaguei.

–Porque notei que seu coração está abrindo vagas para nosso vizinho aqui. –Meu pai apontou para a direção da casa de Pedro.

–Não, não está. –Me alterei com medo que realmente tivesse. –Ele é meu amigo, pai. Eu amo o pai do meu filho.

–E quem sabe não seja o melhor amar quem ama e CUIDA da gente? –Ele disse passando a mão em meus cabelos. –Não duvido que Felipe te ame, mas ele não tem cuidado de você.


Falando isso meu pai saiu do quarto e me deixou ainda mais duvidosa. Agarrei com a mão direita o colar com um menininho que eu havia ganhado no dia do meu aniversario de Felipe. E com a outra mão acariciei minha barriga. Tentei me livrar dos pensamentos, concentrando na bagunça que havia em meu quarto. Minha mente estava um grande redemoinho: Felipe – Pedro – Gabriel – Noivado – Aliança – Amigo – Gravidez – Futuro...


O que seria de mim? Acho que só o tempo responderia, sendo assim tentei me concentrar no que muitos dizem e poucos fazem: Viver um dia de cada vez!

Era bom ter meu pai ali, e meu coração doía de pensar que daqui três dias ele voltaria. O verdadeiro motivo de ele estar a duas semanas naquela casa era Julia. Ele ainda não tinha conseguido se aproximar dela, e estava tentando ao máximo. Minha mãe já havia conversado com ela e ela parecia entender que Tadeu era seu pai, mas ainda sim o tratava como estranho. Meu pai sofria com isso e o tempo todo queria se aproximar dela. O relacionamento deles melhorava ao passar dos dias, mas todos nós sabíamos que após três dias iria regredir novamente já que meu pai voltaria à Argentina e ficaria meses sem vê-la.

Eu me perguntava se meu pai estava realmente mexido com esse tempo que passou ao lado da minha mãe ou se era só impressão. Mas apesar de não conhecer Luiza eu também lamentava por ela, pelo que eu sabia, ela amava meu pai, e por fim meu pai estava na mesma situação que eu. Um triângulo amoroso. A Luiza o ama, e ele e minha mãe ainda também se amavam. Era como se Luiza fosse Pedro, minha mãe Felipe e meu pai fosse eu. Conclui então que meu pai também passava pelo mesmo que eu e entendia minha dúvida. E que por fim ele faria o que tinha me aconselhado: ele iria amar quem AMA E CUIDA dele. E talvez isso fosse o certo. Eu só lamentaria de ter minha família dividida e ver minha mãe com o Luiz. Ouvi alguns barulhos vindos da cozinha e resolvi ver o que era, quando cheguei me assustei ao ver minha mãe aos prantos. O que havia acontecido?


–O que está havendo aqui? –Perguntei analisando a cena. Que por sinal não era boa, meu pai estava em cima de Luiz com as mãos em seu pescoço. Minha mãe estava paralisada. –Ei gente? Expliquem-me! –exigi sem sucesso. –Pai, para. Briga não leva a nada, para! –Eu pedi, sabendo que eu não poderia simplesmente entrar no meio. Se eu não estivesse grávida faria isso, mas com o Gabriel dentro de mim não arriscaria jamais. Meu pai levantou os olhos me encarou assustado e como uma criança travessa sendo repreendido pelos pais ele o soltou enquanto o xingava. Luiz saiu da cozinha ofegante como se seus batimentos cardíacos ainda não tivessem no lugar, retrucando como pode os xingos que meu pai havia feito. Minha mãe estava imóvel, eu pedi que ela sentasse e lhe dei um copo de água. –Pai o que aconteceu? Fala? –Implorei. Meu pai deu um suspiro.

–Aquele filho de uma... –Ele pareceu se segurar, sua voz estava exaltada e ele parecia não se controlar. –Ele teve a coragem de insultar e bater na cara da sua mãe. –Ele disse por fim, com uma ira visível.

–Mas por que isso? –Perguntei indignada.

–Porque ele não quer seu pai aqui, e acha que eu e ele estamos “voltando” –Minha mãe respondeu.

–Até que não ia ser má idéia. –Eu dei um leve sorriso e minha mãe deu os ombros. –Mãe a senhora ama o Luiz? –perguntei indiscretamente, minha mãe respirou fundo, limpou a sujeira inexistente da blusa e disse um não baixinho, quase inaudível. –Por que está com ele então?

–Talvez para esquecer meu único amor. –Ela disse e voltou a chorar saindo rápido da cozinha, meu pai parecia congelado. Eu também fiquei, percebendo o que acabara de provocar. Meu pai me olhou triste, um olhar que dava dó e só ergueu a sobrancelha gesticulando para eu ir atrás dela.

–Mãe? –Eu disse dando uma leve batidinha na porta enquanto entrava, minha mãe coitada estava sentada na cama passando uma mão na outra, feito criança abandonada, aquilo me partiu o coração. –Posso sentar aqui? -Eu disse apontando para seu lado. Ela assentiu e eu respirei fundo. O que eu falaria para ela? Por um momento Luiz veio em minha mente e fiquei me perguntando onde ele estaria agora? E se voltaria? Tomara que não. –Sabe, mãe eu acho à senhora uma pessoa forte e decidida... –Comecei sem saber ao certo o que dizer, aliás, eu não sabia nada do que estava dizendo. Ela me encarou e soltou um sorriso de leve.

–Você está tentando ajudar, Jaqueline?

–Sim. –Admiti sem graça.

–Obrigada, filha. Mas acho que você não leva muito jeito. –Nós rimos.

–Mãe, eu sempre achei que a senhora amava o Luiz. Vocês viviam grudados, e por muito tempo nós brigamos por culpa dele.

–Eu tentava enganar a mim mesma. Jaqueline, depois que seu pai foi embora eu pensei que não agüentaria. Apesar de ter me sentido traída eu o amava. Por esse motivo quis afastá-lo ate de vocês, para que não fosse necessário eu vê-lo. Eu sabia que vê-lo ia me doer ainda mais. E com o tempo acabei ficando com Luiz, e me entregando ao máximo achando que assim eu esqueceria seu pai. Achando que assim eu estaria amando quem me ama.


Nesse momento ficamos em silêncio e as palavras de minha mãe pairaram no ar “Achando que assim eu estaria amando quem me ama.” Com Pedro seria assim. Com isso me senti ainda mais confusa. De um lado meu pai me aconselhava a amá-lo (é o que ele faria, ele ficaria com Luiza, mesmo amando minha mãe) e por outro minha mãe que tinha tentado amar quem cuidava dela, mas quando viu meu pai teve certeza que jamais amaria outro alguém.


–Perdoe meu egoísmo? –Ela disse com pesar, tirando-me dos pensamentos.

–Está tudo bem, mãe. –Falei passando a mão em seu ombro. –Mãe, por que não manda o Luiz embora? –Minha mãe arregalou os olhos, pensei que não devia ter perguntado.

–É. Isso parece o certo. Não vou conseguir amá-lo mesmo. E depois do que ele fez hoje, percebi que ele também não merece.

–Meu pai defendeu a senhora, não é? –Perguntei me lembrando de ter visto meu pai praticamente enforcando o Luiz.

–Sim. –Minha mãe disse com um brilho diferente nos olhos, depois sorriu. –Ele descia as escadas quando viu Luiz gritar comigo. E assim que Luiz bateu em meu rosto seu pai em um piscar de olhos já estava perto de nós jogando Luiz no chão.

–Ah!!! Tinha que ser meu pai. –Disse orgulhosa.


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Notas finais do capítulo

Comentários? Ia ser bom neeh gente! Ainda mais que hoje é meu aniversario... *---*
Bjinhos e obrigada por lerem!



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