Eu, Ele e o Bebê - Rumo Argentina escrita por Camila_santos


Capítulo 12
Namoro ou amizade?




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Eu me mexia feito minhoca na cama. Não sei se pela presença do Felipe ou pelo despertar do pesadelo, eu não conseguia dormir.

-Isso é insônia. Tem que tomar maracujina. –Ele disse indiferente.

-Talvez seja. –Me levantei da cama, acendi a luz e comecei andar de um lado para o outro. A procura do meu sono.

-Jaqueline? Venha cá. –Ele me chamou ficando sentado na cama.

-O que? –Eu não fui até ele. Eu tenho medo, sabe? É bem tentador um Sr. Tanquinho misterioso na sua cama.

-Já que não consegue dormir, a gente podia fazer outra coisa. –Ele riu, e deu uma piscadinha.

-Vai tomar banho Felipe! –Falei irritada com o comentário fútil dele.

-Se você for junto... –Ele disse safado.

-Deixa meu pai ouvir você falando isso. –Disse ainda andando.

-Ele é bonzinho.

-Você nem o conhece! Deixa quando conhecer. –Ele riu sem graça e abaixou a cabeça.

-Você entendi tudo errado! Eu disse para a gente fazer outra coisa, né? Outra coisa eu me referia a ver TV. O que acha? –Disse ele voltando ao assunto.

-Não. Tenho que dormir. Amanhã vou sair bem cedo. –Falei séria, e diria que um tanto triste.

-Você vai mesmo? –Ele me encarou chateado.

-Vou. –Falei triste. –Vou tentar dormir. –Disse apagando a luz e voltando a cama.

-Deixa eu te abraçar? –Felipe disse ousado.

-Não. Melhor não. –Falei puxando minha coberta.

Virei para o lado oposto ao dele e deixe escorrer algumas lagrimas. Eu não queria deixá-lo. Eu gostava dele. Adormeci pensando nele.

Segundos antes de dormir De mim você vai lembrar.

((Musica Fresno))

(...)

-Está mesmo decidida a ir? –Felipe disse enquanto eu juntava minhas coisas.

-Estou. Vamos descer para o café? –Falei.

-Vamos. –Ele disse sonolento. –Vá descendo que eu já vou.

Quando ele fala assim, mau sinal. Fingi que ia descer e fiquei na escada para ouvir. Não demorou um minuto, ele estava dependurado no celular ligando. Uma ligação misteriosa... Como sempre.

-Oi. É o Felipe. Olha, não da mais! O senhor precisa interferir. –Ele disse no telefone.

Oh céus! É mesmo uma quadrilha, para ele falar em interferir, só porque eu disse em ir embora. Depois de ouvir isso desci correndo. Ficar perto das pessoas para eles não me fazerem nada. Depois eu pego minhas coisas e vou embora.

-O que vai comer, Jaqueline? –Felipe disse tranqüilo. Quem olhava aquela carinha até achava que era meu protetor.

-Um pão. Já to indo buscar. –Falei saindo rápido de perto dele. Nessa hora meu celular tocou. Achei que era Pedro, ou minha mãe. Mas minha mãe era marrenta e não interferia nas minhas decisões. Ela não ia ligar. O numero não estava na minha agenda. Atendi rápido, morrendo de curiosidade e até de medo.

-Aló?

-Oi, Jaqueline.

-P-pai? –Eu conhecia muito bem aquela voz. Meu pai!

-Filha! Que saudades!

-Pai? É você mesmo? Como conseguiu meu celular? Por que não ligou antes?

Eu estava bem confusa. Se ele tanto queria falar comigo e com a Julinha por que ele não ligou para o meu celular? Já que ele sabia o numero.

-Isso não importa! Eu preciso ser rápido. Sei que você está em São Paulo. Está querendo vim atrás de mim.

-Quem te disse? –Eu estava bem confusa.

-Jaqueline, ouça! Estou na Argentina. Acho arriscado você vim sozinha. Eu vou buscá-la.

-Pai, mais... Como?

-Eu viajo daqui um mês para ai. Mas enquanto isso fique onde está.

-Hãm?

-Não saia do hotel que está! Eu te ligo.

E assim ele desligou. Preciso dizer que estou muito confusa? O problema é que agora vou ter que ficar aqui. Do lado do Felipe. E a tal quadrilha? O Felipe tinha telefonado há instantes. E se ele tivesse alguma coisa a ver com o telefonema do meu pai? Que confusão! Resta-me aguardar. Pensando assim voltei para a minha mesa.

-Acabaram os pães? –Felipe perguntou.

-Que pães? –Falei sonsa.

-Ora, os que você ia buscar.

-Ae! Eu... é... –Eu não sabia como falar. –Depois conversamos. –Eu disse indo em direção a saída do hotel.

-Ei, moça! –Me virei e aquela recepcionista cúpida estava me encarando. –Seu namorado é muito bonito viu? Com todo o respeito. Não fica brigando com ele não, porque hoje em dia homem é difícil, muito difícil. –Ela disse triste.

-Ok. –Falei com pouco caso, saindo do hotel.

Eu precisava colocar minha cabeça em ordem. Eu precisava pensar com clareza. Que mistério todo era aquele. Eu não podia confiar em mais ninguém. E isso me doía muito. Como eu queria que Pedro estivesse aqui. Meu amigo que nunca me abandonava.

Eu estava a tão pouco tempo nessa viagem, e com tantas duvidas. Quando sai do hotel, percebi que eu estava como aquele trânsito, tumultuada e acelerada. Eu não estava conseguindo assimilar todos os últimos acontecimentos. Caminhei sem rumo, eu não conhecia nada por ali, mas isso não me importava agora. Era como se eu quisesse fugir de mim mesma.

-Jaqueline! Jaqueline! –Era Felipe me gritando. Não tenho mesmo paz.

-O que é? –Disse me virando para ele.

-Não acha que já andou demais? Você já percorreu uns três quarteirões.

-Está me seguindo? –Falei desanimada.

-Estou. Venha aqui. –Ele me chamou para perto dele, sorte que ele estava ali. Porque primeiro: Eu não ia conseguir voltar sozinha. E segundo: Eu queria abraçar alguém, mesmo que esse alguém fosse quem eu mais desconfiava no momento.

-Posso te abraçar? –Pedi.

-Claro. Aquele abraço de ontem ainda está de pé. –Ele disse erguendo os braços. Joguei-me literalmente em cima dele. E acho que dei o abraço mais demorado de toda minha vida. E foi no ombro dele que eu chorei tudo que estava entalado há muito tempo. Ele não disse nada em momento algum, mas me ofereceu o que eu mais necessitava, seu ombro.

-É acho melhor irmos mesmo. –Falei me soltando dele. Ele pegou minhas mãos e caminhamos até o hotel.

-Jaqueline, você precisa se distrair. Que tal irmos a uma balada hoje?

-Sabe que eu nunca fui em nenhuma. –Falei animada com a idéia.

-Hoje será seu primeiro dia. –Ele riu.

Mesmo que eu desconfiasse dele, era bom estar com ele. Ele era sim meu porto seguro. Era meu porto seguro misterioso! Eu não sabia quase nada dele, só sabia que ele estava ali. E no momento bastava para mim.

Almoçamos e passamos um bom tempo jogando dama. Ele tinha um tabuleiro na mochila. E posso dizer que foi uma das tardes que mais sorri. Enquanto jogávamos, ele fazia umas piadas idiotas, as quais mesmo idiotas eu ria muito.

Depois de muito jogar dama, ele me convidou para andar de skate.

-Ah. Eu tenho medo.

-Onde está a sua coragem toda? Quem foge de casa não tem medo não. –Ele me animou.

-Cadê o skate? –Falei. Ele riu e tirou de uma mala um skate. –Nossa, você tem de tudo nessa mala.

-Sou um homem prevenido.

-E muito convencido! –Completei.

Fomos para a pista. Felipe sabia andar, e muito bem nas ruas movimentadas de São Paulo. Não demorou muito para que estivéssemos na tal pista.

Tinha um monte de jovens lá também. E eles eram muito bons. Lembrei logo de Pedro.

-E ai vai ficar só olhando? –Felipe me disse apontando para o skate.

-Vai primeiro.

E lá se foi ele. E ele era muito bom.

-Uau! Você é muito bom. –Falei batendo palma.

-Sua vez. –Ele disse. Meu coração gelou. Eu nunca tinha subido em um skate.

Ele me estendeu a mão e me ajudou a equilibrar, me deu umas dicas e depois me soltou. E eu estava sozinha enquanto o skate andava. Ele corria do meu lado, para as eventuais quedas.

E sorte que ele estava lá. Se não fosse aqueles braços eu estaria com uma baita dor nas costas. Quando eu estava caindo para trás ele me segurou, e ainda parou o skate.

-Você é mesmo muito bom! Eu desisto de aprender. Senão vou estar quebrada para a balada! Vai que eu te assisto.

-Tem certeza? –Ele me perguntou.

-Sim.

E lá se foi o menino. Feliz da vida em seu skate. Fazendo suas manobras e rindo para mim. Fiquei sentada olhando um bom tempo. Lembrei muito e Pedro, aquele meu amigo.

-E ai, Jack? Vamos. –Felipe me chamou até suado. –Temos uma balada.

Já eram umas oito horas. Fomos rápido, enquanto eu pensava que roupa vestir. Felipe, dizia que eu ia gostar do lugar, e eu torcia para gostar mesmo. Eu não era muito de dançar.

-Pode tomar banho primeiro. –falei para Felipe assim que chegamos.

-Ok.

Enquanto ele foi tomar banho comecei analisar minhas roupas. O que eu mais tinha era all star e jeans. Há muito tempo não uso vestido, nem salto. Mas sorte que eu trouxe. Sou uma mulher prevenida. Peguei meu vestido tomara que caia preto, um pouco curto (não é daqueles que a pessoa abaixa e vê até o útero não). E uma sandália de salto. Felipe não demorou muito no banho e saiu de bermuda e sem camisa. Ele gosta de mexer com meu coração né? Nunca vi. Precisa exibir o físico? Precisa?

-Pode ir. –Ele disse. Fofo! Aquele cabelinho molhado. UI.

Tomei um banho relaxante e demorado. Lavei meus cabelos enormes e sai. Eu tinha mania de tomar banho e me trocar no quarto ao invés de trocar no banheiro. E logo hoje esqueci que tem cavalheiro ao redor. Pena que me lembrei disso tarde demais.

-Nossa. –Ele disse me olhando dos pés a cabeça.

-Me desculpe, eu me esqueci que você estava ai. –Falei sem graça. Para piorar a situação minha toalha era meio curta.

-Não esquenta. Pode trocar aqui. Finja que eu não estou aqui.

-Me erra Felipe. –falei pegando minha roupa e voltando para o banheiro.

Vesti-me, aproveitei e penteie os cabelos e os deixei soltos. Eles estavam enormes. Voltei para o quarto para pegar meus brincos e minha maquiagem. Felipe não estava lá. Talvez tivesse ido dar os telefonemas secretos dele, ou talvez não.

Maquie-me, e ajeitei os últimos detalhes.

-Jaqueline, a gente preci... –Ele parou de falar me analisando. Ele estava de boca aberta e então pude descontar do que ele tinha dito anteriormente.

-Fecha a boca, fofo! Mosquito não tem freio.

-Er... Está doida? Eu não estava de boca aberta. –Ele disse tentando ser convincente.  Ainda me reparando. Ele não sabe nem despistar.

-Tá. Eu finjo que acredito. –Disse ajeitando minha bolsa. Minhas roupas estavam todas esparramadas. Eu virei literalmente à bolsa para achar uma peça de roupa. Felipe me encarava ainda. Tanto que eu chegava a ficar sem graça. –Vou cobrar.

-Cobrar o que?

-Por me olhar. Não cansa não é.

-Não estou te olhando. –Ele disse saindo.

Continuei ajeitando minhas roupas e ele dessa vez sentou na cama e ficou me analisando, ainda mais que antes.

-Felipe! Desse jeito eu não consigo arrumar. Eu estou ficando sem graça.

-Então deixa isso para lá, e vem cá. –Ele me disse já me puxando. Colocou-me bem perto dele. A ponto que eu ouvia a respiração dele. –Preciso lhe dizer que está linda? Que cabelos lindos você tem. –Ele começou a mexer nos meus cabelos, depois desceu a mão para meus ombros.

-Obrigado. -Falei sem graça.

-Você anda sempre com eles presos. Como você está ainda mais linda hoje. Seus olhos, sua pele...

-Tá bom. Obrigado. –Falei tentando afastar dele. Mas já era tarde demais. Ele já me segurava forte e me beijava. –Felipe, temos que ir. –Falei me soltando.

-Temos mesmo? –Ele perguntou fazendo biquinho.

-Sim. E você estragou minha maquiagem. –Falei dando um tapinha no braço dele.

-Você está linda mesmo assim!

Fomos para a balada. Eu era com certeza um peixe fora d’ água. Felipe tentou me enturmar. Até que estava divertido. Dançávamos felizes até...

-Felipe? Você aqui?  -Disse uma menina, grudando no pescoço dele. –Ainda lembro-me do nosso tempo que saudade. –Que coincidência horrível, essa menina aqui. Sempre tem uma para aparecer nas piores horas.

-Oi Vanessa. Que bom te ver. –Ele disse me olhando, fiz um super bico de propósito. –Essa é Jaqueline.

-Oi Jaqueline. –Ela disse tentando ser meiga. (Acho que novamente temos alguém aqui se roendo de ciúme).

-Jaqueline essa é Vanessa.

-Oi. –Falei de má vontade. Eu não sei ser falsa. Não vou fingir que estou feliz em conhecê-la.

-Ela é minha namorada. –Ele disse para a Vanessa enquanto me fitava. Aqueles olhos penetrando em mim. Se eu ouvi bem ele disse NAMORADA! O máximo que consegui foi sorrir para ele. Eu não devia! Não devia mesmo. Mas fala isso pro meu coração?

Não demorou dois segundos e Vanessa caçou o caminho da roça (traduzindo: foi embora). Comemorei mentalmente.

Continuamos dançando. E não demorou muito para que aparecesse outra pessoa para tirar nossa paz. Dessa vez quem morreu de ciúme não fui eu.

-Oi gatinha! Vem sempre aqui. –Um carinha bem saradinho começou a puxar assunto.

-Nunca vim. –Sou educada, vou responder. Mas não é só isso é claro, quero fazer um ciuminho básico. Descontar.

-Oi. –Felipe disse entrando no meio.

-Quem é esse cara? –O carinha saradinho perguntou.

-Meu... –Eu ia dizer AMIGO para deixá-lo com raiva. Mas Felipe interveio antes.

-Namorado dela, por quê? –Ele disse e ainda cruzou os braços, como se diz vai encarar.

-Atá. Ela é linda. –O cara disse, e vi Felipe trincar os dentes. Que ciumento.

-Eu sei muito bem disso. –Ele disse, e me puxou. Achei que era para sair de perto do cara, mas quando vi já estávamos fora da boate.

-Ei? Eu não queria ir embora agora.

-Ficamos muito tempo lá. E, além disso...

-Você estava morrendo de ciúme. –O interrompi completando.

-Não. E, além disso, tenho que acordar cedo amanhã.

-Você não disse isso antes de sair. –Falei.

-Quer meu cronograma agora? –Ele ironizou.

-Seu grosso.

-Largue de drama. Vem cá! –Ele me carregou enquanto corria para o carro.

-Ei? Você está me raptando? –Falei enquanto ele corria comigo nos braços para o carro.

-Acaso a gente rapta o que é nosso? –Ele riu torto. Ti fofo!!!

-Felipe... –Comecei a dizer encostada ao carro, ele me encarava de frente. –Você disse NAMORADA, lá na boate?

-Foi. Por quê?

-Só para tirar a menina do seu pé? –Perguntei torcendo para ele dizer que não.

-Não. –Ele disse. UFA!

-Então é namoro ou amizade? –Falei por fim.

-Você ainda tem duvida? –Ele piscou para mim.

-Bem dúvida eu tenho de um monte de coisa, mas fala isso para o meu coração?

-Eu disse DUVIDA a respeito do namoro, não as outras perguntas.

-Eu nem recebi um pedido!

-A senhorita quer namorar comigo? –Ele disse brincalhão.


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Notas finais do capítulo

Este é o look da Jaqueline:
http://www.bymk.com.br/looks/1070110

Oii...
Me desculpem pela demora!
Semana super tumultuada...
Se alguem tiver sugestoes, são muito bem vindas!